Trump diz que palestinos não serão autorizados a retornar a Gaza em seu plano

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os quase dois milhões de palestinos que ele quer deslocar da Faixa de Gaza não seriam permitidos a retornar ao território sob seu plano hipotético de reconstruí-lo.

Em um trecho de uma entrevista ao canal Fox News programada para ir ao ar na noite desta segunda-feira, 10, Trump elaborou sobre sua recente proposta para uma tomada liderada pelos americanos de Gaza. Perguntado se os palestinos que seriam removidos do território enquanto ele é limpo teriam o direito de eventualmente retornar à sua pátria, ele disse: "Não, eles não teriam. Porque eles vão ter moradias muito melhores - em outras palavras, estou falando sobre construir um lugar permanente para eles."

A noção de Trump de que os EUA tomem Gaza e reassentem sua população tem recebido ampla condenação internacional, com alguns críticos comparando-a a limpeza étnica. A deportação forçada ou transferência de uma população civil é uma violação do direito internacional e um crime de guerra, segundo especialistas.

Trump anteriormente sugeriu que a população de Gaza fosse relocada para a Jordânia e Egito, uma ideia que ambos os países prontamente rejeitaram. Mas na entrevista Trump disse, "Eu acho que eu poderia fazer um acordo" com a Jordânia e Egito.

Em comentários separados no domingo, 9, Trump reiterou sua proposta para os Estados Unidos tomarem Gaza, dizendo a repórteres no Air Force One, o avião presidencial americano, que a faixa de terra era "um grande espaço imobiliário" que os Estados Unidos "vão possuir."

Os comentários mais recentes de Trump adicionaram ainda mais confusão em torno da proposta, que ele anunciou pela primeira vez na semana passada em uma coletiva de imprensa na Casa Branca ao lado do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.

Oficiais de topo na administração Trump tentaram minimizar os comentários do presidente na quarta-feira, 5, um dia após ele anunciar a ideia pela primeira vez. Eles insistiram que o republicano não se comprometeu em enviar tropas americanas para Gaza e que qualquer realocação de palestinos seria temporária.

Mas no domingo, enquanto Trump estava viajando para assistir ao Super Bowl em Nova Orleans, ele levantou a proposta novamente. "Não haverá ninguém lá," disse Trump no Air Force One segundo as gravações. "Hamas não estará lá. Nós vamos construir [moradias] com ajuda de outros países muito ricos no Oriente Médio; eles estarão construindo alguns locais belíssimos para as pessoas, os palestinos, morarem," ele disse.

Netanyahu, em uma reunião de seu gabinete no domingo quando retornou dos EUA, elogiou a visão de Trump para a região após a guerra. "Existem oportunidades para possibilidades que eu acho que nunca sonhamos, ou pelo menos alguns meses atrás não pareciam possíveis - mas são possíveis," ele disse.

"O presidente Trump veio com uma visão completamente diferente," para o futuro de Gaza, disse Netanyahu, "muito melhor para o Estado de Israel, uma visão revolucionária e criativa, sobre a qual estamos discutindo. Ele está muito determinado a realizá-la."

Quando Trump introduziu a proposta na Casa Branca na semana passada, sua administração não havia feito nem mesmo o planejamento mais básico para examinar a viabilidade da ideia, segundo pessoas com conhecimento das discussões. Isso envolveria deslocar dois milhões de palestinos de Gaza.

Na coletiva de imprensa ao lado de Netanyahu, Trump disse que os Estados Unidos assumiriam a Faixa de Gaza, "e nós trabalharemos lá também." Ele disse que os EUA seriam responsáveis por se desfazer de munições não detonadas e reconstruir Gaza, transformando-o no que ele chamou de "a Riviera do Oriente Médio."

A proposta inicial de Trump provocou uma rápida rejeição da Arábia Saudita, um importante aliado do país na região, e provocou raiva em países próximos, incluindo a Jordânia , que já abrigam milhões de refugiados palestinos. O líder da Jordânia, o rei Abdullah II, deve se encontrar com o presidente em Washington na terça-feira, 11.

O plano para a Faixa também foi recebido com alarme imediato pela ONU e outros que disseram que violaria o direito internacional. "Qualquer deslocamento forçado de pessoas equivale a uma limpeza étnica", disse o porta-voz da ONU Stéphane Dujarric quando questionado sobre as propostas do presidente dos EUA.

A repórteres no domingo, Trump disse que consideraria permitir que alguns palestinos se estabelecessem nos Estados Unidos caso a caso.

"É estranho, no momento, estar em um período em que a arte de governar parece ter sido substituída pela arte imobiliária", disse Tom Fletcher, chefe humanitário da ONU, falando em uma entrevista no domingo, depois de visitar o território palestino ocupado.

Ele acrescentou que os palestinos devem fazer parte de qualquer conversa sobre o futuro do enclave. "Eu estava perguntando a muitas pessoas o que elas pensavam, e cada uma delas disse: 'Não vamos a lugar algum. Vamos reconstruir nossas casas de novo e de novo e de novo como sempre fizemos.'" (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em outra categoria

Citada em uma investigação que apura a "venda" de emendas parlamentares por parte de deputados federais do PL, por supostamente ter recebido um pagamento de R$ 5 mil do empresário Eduardo José Barros Costa, o Eduardo DP, a atual secretária nacional de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo, Cristiane Leal Sampaio, trabalhou por 18 anos no Ministério da Saúde e foi assessora especial da Secretaria Especial de Relações Institucionais da Secretaria de Governo da Presidência da República por quatro meses no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2020.

Eduardo DP é investigado como suposto sócio oculto da empreiteira Construnorte e foi preso pela PF em novembro de 2023, acusado de operar um esquema de venda de emendas parlamentares.

Ao Estadão, Cristiane disse não se lembrar do pagamento e que, por essa razão, não comentaria. Já Eduardo DP recebeu e visualizou as mensagens da reportagem, mas não respondeu. Procurado, o Ministério do Turismo não se pronunciou.

"Nunca fui notificada ou instada a prestar esclarecimentos. Também não me recordo de qualquer relação com o empresário que menciona. Diante disso, e de desconhecer o teor do referido inquérito, não tenho como contribuir com seus questionamentos neste momento", diz Cristiane.

Lotada no Ministério do Turismo desde 10 de agosto de 2023, foi nomeada na gestão do ministro Celso Sabino. Dois meses depois, assumiu o posto de secretária nacional de Políticas de Turismo.

Após as revelações do Estadão, o Ministério do Turismo designou nesta terça-feira, 11, no Diário Oficial da União, Fabio Augusto Oliveira Pinheiro para exercer o cargo de substituo eventual do cargo de secretário nacional de Políticas de Turismo durante "os afastamentos e impedimentos legais ou regulamentares do titular, no período de 8 a 15 de fevereiro de 2025".

O relatório da PF aponta que Cristiane recebeu o repasse de R$ 5 mil no dia 7 de março de 2022, período em que a secretária era assessora do líder do governo do Congresso Nacional, senador Eduardo Gomes (PL-TO). Entre as funções apontadas por Cristiane em seu currículo disponível no site do Ministério do Turismo está o atendimento direto ao líder de governo, a gestão de emendas parlamentares de interesse da liderança e a indicação e o acompanhamento da execução orçamentária e financeira com os ministérios.

No relatório da PF, a atual secretária do Ministério do Turismo aparece prestando informações a um ajudante do deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL-MA), João Batista de Magalhães, sobre a liberação de dinheiro em três convênios celebrados entre a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Franscisco, a Codevasf, e os municípios maranhenses de Bacabeira e Santa Rita - no último caso, são dois convênios.

No período em que trabalhou como assessora da Presidência da República, entre outubro de 2019 e fevereiro de 2020, sob o comando do ministro Luiz Eduardo Ramos, o general Ramos, Cristiane era responsável, segundo as atribuições descritas em seu currículo, pelo atendimento direto a parlamentares, a gestão da execução orçamentária e financeira das emendas parlamentares e o "manuseio de sistemas de execução das emendas parlamentares e programações ministeriais".

O histórico de prestações de serviços de controle orçamento de Cristiane ao Estado vem de longa data. Entre 2015 e 2019, ela atuou como assessora parlamentar no gabinete do ministro da Saúde nas gestões de Marcelo Castro, Ricardo Barros, Gilberto Occhi e Luiz Henrique Mandetta, nas gestões Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro.

Foi responsável pela "assessoria direta ao ministro, participar e acompanhar as agendas do ministro e do chefe de gabinete do ministro em que houvessem parlamentares ou temas afetos aos mesmos, atendimento a parlamentares pelo gabinete do ministro; gestão da execução de emendas parlamentares; gestão da interface com a secretaria de governo da Presidência da República na realização e execução dos programas de governo afetos ao ministério, acompanhamento de demandas parlamentares de interesse do ministro da Saúde", entre outras atividades.

Câmara dos Deputados

De 2013 a 2015, Cristiane foi nomeada secretária parlamentar e assessora orçamentária da Liderança do PSD na Câmara dos Deputados. Entre as atividades dela estavam assessoria direta a parlamentares do partido, acompanhamento da execução de emendas parlamentares, manuseio de sistema interno de demandas e de acompanhamento da execução e empenho das emendas dos parlamentares da bancada.

Ministério da Saúde

Por 14 anos ininterruptos, Cristiane foi lotada em setores do Ministério da Saúde, entre 1998 e 2012. Passou pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (2011-2012), a subsecretaria de Planejamento e Orçamento do Ministério da Saúde (2004-2011), a Assessoria Especial do Gabinete do Ministro da Saúde (2003-2004) e a Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Saúde (1998-2003).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a parceria entre o governo federal e os prefeitos independentemente de posições ideológicas, ao discursar na abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, nesta terça-feira, 11, em Brasília.

Na ocasião, ele afirmou que não discriminará prefeitos que não são do PT ou que não tenham votado em sua candidatura ao Palácio do Planalto. "Não haverá, em hipótese alguma, de um banco como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o BNB ou o BNDES, deixar de atender interesses de um governador, os interesses de uma cidade, por questão ideológica", declarou.

Na sequência, Lula fez uma referência implícita à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, segundo ele, não recebia os governadores e prefeitos da oposição.

"Nós sabemos que, no Brasil, isso sempre aconteceu, nós sabemos como a oposição era tratada neste País, e não faz muito tempo. Muitos governadores passaram quatro anos no governo e não foram recebidos pelo presidente da República, e muito menos o presidente da República visitou as cidades para conversar com o prefeito", afirmou.

O presidente também afirmou que quer estabelecer "uma relação altamente civilizada" com os prefeitos. "Voltei a governar este País com a única responsabilidade de provar mais uma vez que este País tende a ser altamente desenvolvido, e ele só será desenvolvido se a cidade for desenvolvida", declarou. "Não há Estado rico com cidade pobre. É preciso que haja compartilhamento das coisas entre o governo federal e o governo municipal".

Lula também brincou: "Eu atendo tanto os prefeitos que o Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, além de pegar dinheiro todo dia, ele quer que eu devolva ao Rio a capital do País. Aí não é possível, porque a Bahia reivindicou, porque já foi capital primeiro do que o Rio".

O evento teve a participação dos presidentes do Congresso Nacional, de ministros, governadores, presidentes de bancos públicos, entidades municipalistas e demais autoridades. Na ocasião, representantes de municípios reivindicaram um redesenho do pacto federativo, a criação de programas sociais para municípios pequenos com emendas parlamentares e a aprovação de uma proposta que institui novo parcelamento para o pagamento de dívidas municipais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira, 11, que, ao final de seu terceiro mandato, prefeitos e prefeitas do Brasil pedirão que ele "fique" no cargo. A afirmação foi realizada durante a abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, em Brasília. "Quando terminar o meu mandato, vocês vão dizer: 'Lulinha, fica', porque nós precisamos de um presidente que goste de nós", afirmou o presidente ao final do discurso.

A declaração foi aplaudida pelo público e por políticos e ministros que acompanhavam Lula, como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais e o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), entre outros.

No ano passado, em mais de uma ocasião, o presidente afirmou esperar "não ter que concorrer" novamente. Nesta terça, fez uma declaração mais enfática sobre sua participação na disputa ao Planalto de 2026.