Empresário de criptomoedas nega ter subornado irmã de Milei

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Após a publicação de capturas de tela com mensagens escritas por Hayden Davis, um dos criadores da criptomoeda $Libra, afirmando que fazia pagamentos e "controlava" o governo de Javier Milei, assessores dele desmentiram a informação e afirmaram que tais conversas não existem.

 

Nas mensagens, obtidas pelo jornal La Nación e pelo site especializado em criptoativos Coin Desk, Davis teria afirmado que fazia pagamentos a Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da presidência. O objetivo seria obter influência na Casa Rosada.

 

Uma das principais mensagens teria sido enviada em 11 de dezembro, antes do escândalo. Era para um executivo de uma empresa de investimento em criptomoedas.

 

Davis buscava lançar um memecoin (ativo financeiro digital baseado em tendências, ou memes, da internet, como a própria $Libra) vinculado a Milei. "Genial, também podemos fazer com que Milei compartilhe no X, faça reuniões com a pessoa e promova. Eu controlo esse nigga (termo racista em inglês)", escreveu o empresário. "Envio dinheiro à sua irmã [KARINA MILEI]e ele assina o que digo e faz o que quero."

 

Até o momento, não há evidências de que os pagamentos tenham realmente ocorrido, e a Casa Rosada não comentou o teor das mensagens. Michael Padovano, porta-voz de Davis, falou com o site Coindesk e negou a veracidade das conversas. "São completamente falsas", afirmou.

 

Influência

 

Karina Milei, apelidada de "El Jefe" pelo próprio presidente, é considerada a principal porta de acesso à Casa Rosada. É um papel que ela sempre teve, encorajar e aconselhar seu irmão mais velho. Mas, como secretária da presidência, ela também se tornou responsável por autorizar ou negar as visitas que Milei recebe.

 

Além de se reunir com Davis, Milei se encontrou com Julian Peh, diretor executivo da KIP Protocol, outra das empresas implicadas no lançamento da $Libra. Em ambos os casos, o nexo foi Mariano Novelli, dono de uma empresa de formação financeira, a N&W Professional Partners, na qual Milei deu aulas. Ele foi um visitante frequente da Casa Rosada nos últimos meses.

 

Em 15 de janeiro, em um chat de cripto, Davis revelou que seu objetivo era "tirar o máximo" possível da operação, diante da pergunta sobre se pretendia manter o aumento do valor da $Libra ou distribuir rapidamente os lucros. Um mês depois, em 14 de fevereiro, Milei recomendou a $Libra em um tuíte, apresentada como um "projeto privado" dedicada a "incentivar a economia argentina".

 

Distância

 

A partir desse momento, a demanda pela criptomoeda disparou, até que os investidores majoritários retiraram lucros de US$ 90 milhões, e a $Libra entrou em colapso. Em meio a questionamentos e acusações de fraude, Milei apagou o tuíte e alegou que "não estava familiarizado" com o projeto.

 

Assessores de Milei tentaram afastar o presidente da crise. Em conversas reservadas, funcionários da Casa Rosada disseram ao jornal Clarín que ele teria sido enganado pelos operadores da moeda virtual. No sábado, o governo argentino anunciou que o caso seria investigado pelo Gabinete Anticorrupção, o que foi criticado por opositores, já que seria um órgão do Executivo investigando o próprio Executivo.

 

Internamente, o governo reconhece que ocorreram várias reuniões com os traders por trás da criptomoeda, mas nega que Milei tenha responsabilidade sobre o prejuízo milionário das pessoas que investiram na $Libra, segundo o Clarín.

 

Na segunda-feira, 17, em entrevista ao canal Todo Noticias, o presidente comparou o investimento com jogos de azar. "Se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual a reclamação?", questionou. "É um problema entre privados. O Estado não tem nenhum papel nisso. Eu não promovi, apenas divulguei."

 

Imagem

 

O escândalo, porém, já afeta a imagem do presidente argentino. Uma das primeiras pesquisas divulgadas após o caso mostrou que a imagem negativa de Milei cresceu mais de dez pontos porcentuais - apesar de ele ainda ter mais avaliações positivas. De acordo com a consultoria Giacobbe, em janeiro, 50,5% dos argentinos avaliavam bem o presidente. Agora, são 49,6% (-0,5%). A imagem negativa, que era de 36,2%, subiu para 46,6% (+10,4%). (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil