Não há alternativa para a Otan e defesa da Europa sem participação dos EUA, diz Mark Rutte

Internacional
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O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, afirmou nesta quarta-feira, 26 que "não há outra alternativa" para o grupo ou para a Europa, caso os Estados Unidos interrompam sua participação em recursos de defesa e envio de tropas. "Não é a hora de separar Europa e EUA, de enfrentarmos desafios sozinhos", disse, em coletiva de imprensa no período da tarde. "Não tem como imaginar defesa da Europa, nada pode substituir o guarda-chuva nuclear dos EUA."

O chefe da aliança militar reiterou que assegurar a paz na Ucrânia é essencial para garantir a segurança de todo o continente europeu e que a Europa "precisa saber que os EUA estão ao seu lado".

Na contramão, Rutte comentou que é "justo" que os países-membros da Otan façam sua parte "sem quaisquer restrições ou limites" com relação ao aumento nos gastos de defesa, classificando esta ação como "absolutamente necessária". "E não vamos aumentar esses investimentos somente a pedido de Donald Trump", afirmou, se referindo a críticas de longa data do presidente americano aos gastos do grupo com defesa.

Para Rutte, o aumento em recursos de defesa deve fazer frente a reconstrução rápida de poder militar da Rússia.

O secretário da Otan alega que o presidente russo, Vladimir Putin, "não desistiu da guerra" contra a Ucrânia, que "continua a todo vapor" e com muitas incertezas sobre como irá terminar. "Putin não está sozinho. Ele conta com o apoio da China, do Irã e da Coreia do Norte, e não tem quaisquer limites".

Questionado sobre a liderança dos EUA nas negociações de paz, Rutte afirmou que as autoridades americanas e Trump "não são ingênuos, sabem lidar com a Rússia e estão comprometidos em alcançar uma paz duradoura". Por outro lado, ressaltou que "não é possível confiar em Putin", que rejeita "consistentemente" sua culpa e responsabilidade pela guerra e só deve aceitar um acordo de paz "no último momento".

O chefe da aliança militar também esclareceu falas à imprensa desta manhã, quando alertou que qualquer ataque contra a Polônia ou outro aliado da Otan terá uma resposta "devastadora". "Não somos uma organização de ataque, nosso foco é em defesa. Mas nossa mensagem é que outros países não devem se atrever a nos atacar", disse.

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), entrou com um processo na Justiça Federal da Paraíba solicitando a retirada de outdoors espalhados pela cidade no contexto da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Blindagem, mas seu pedido foi negado.

A decisão foi emitida pela 4ª Vara da Justiça Federal, com julgamento do juiz federal Vinícius Costa Vidor. No despacho, o magistrado também marcou uma audiência para esta quarta-feira, 27, reunindo as partes envolvidas, mas não houve conciliação entre elas.

Os outdoors exibiam fotos de Hugo Motta acompanhadas de frases como "Eles votaram sim para proteger políticos que cometeram crimes" e "O povo não vai esquecer isso", além da logomarca do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica da Paraíba (Sintef-PB).

Nas redes sociais, o Sintef-PB afirmou: "A tentativa de silenciar manifestações revela medo do debate público. Mas seguimos firmes: manifestação não é crime, é direito constitucional, e ninguém vai cercear a voz do povo".

A defesa de Motta, realizada por advogados da Câmara dos Deputados, argumentou que os outdoors violavam os limites da liberdade de expressão e poderiam ser difamatórios.

No entanto, o magistrado destacou que, como figura pública ocupando um cargo público, Motta está mais sujeito a críticas, e que o material não configurava intenção de difamação, sendo apenas críticas contundentes a uma proposta legislativa e ao comportamento do presidente da Câmara durante sua tramitação.

Os conteúdos foram espalhados pelas cidades de Campina Grande e Cajazeiras, no Sertão, e incluíam nomes de outros deputados paraibanos.

A reportagem entrou em contato com a Advocacia da Câmara dos Deputados, mas não obteve resposta até a publicação. O canal permanece aberto. Os outdoors já foram retirados de circulação.

O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), anulou nesta quinta-feira, 27, o voto do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na sessão referente à análise dos vetos do governo Lula à Lei de Licenciamento Ambiental e ao projeto de socorro aos estados endividados, conhecido como "Propag".

Eduardo Bolsonaro havia votado a favor da derrubada de vetos impostos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na justificativa, Alcolumbre informou que o regimento não permite a votação de forma remota por parlamentares fora do País, exceto em missão oficial.

"Foi constatado o registro irregular de votação pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro. Esta presidência declara a nulidade do referido registro de votação e determina a retificação de seu resultado", afirmou Alcolumbre.

Eduardo está nos Estados Unidos desde o início deste ano. Nesta quarta-feira, 26, o Supremo Tribunal Federal (STF) formalizou a decisão que tornou Eduardo réu, com o entendimento de que o parlamentar contribuiu para obstruir o processo da trama golpista, na qual seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, é apontado como o principal articulador.

Na decisão, Alcolumbre mencionou uma determinação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), desta terça-feira, 25, que proíbe a participação e votação pelo aplicativo de deputados que estejam fora do país sem integrar missão oficial autorizada.

A decisão de Hugo Motta referia-se ao deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), mas também se aplica a Eduardo.

Ramagem integra o "núcleo 1" dos condenados pela trama golpista que tentou abolir o Estado Democrático de Direito. Ele deixou o país em setembro, após ser condenado pelo Supremo, e atualmente é considerado foragido pela Justiça brasileira. Sua defesa não foi localizada. O parlamentar ainda corre o risco de ter o mandato cassado.

O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou ser simpático à prisão perpétua no Brasil diante do elevado número de sucessivos crimes que são praticados por um único criminoso. As declarações foram feitas nesta quinta-feira, 27, no Annual Meeting realizado pela XP Asset Management.

"Já chegamos a prender ladrão do celular aqui 33 vezes e esse cara é liberado em audiência de custódia", afirmou, acrescentando que o cidadão quer ver o recurso de bens apreendidos voltando para o Estado e sendo utilizado no combate ao crime organizado.

"E aí a mudança de legislação é bem-vinda e necessária, algumas mudanças que sejam até radicais. Eu não acho, por exemplo, nenhum absurdo você ter a prisão perpétua no Brasil", disse.

Tarcísio citou como exemplo a eventualmente ser seguido a política de segurança pública do presidente Nayib Bukele, de El Salvador, de tolerância zero ao crime organizado e uso da força bruta para seu combate. "Veja o que foi feito em El Salvador, o que era e o que é", disse. O presidente de El Salvador é frequentemente criticado por adotar política autoritárias para ampliar seu poder, com violações de direitos humanos nas prisões.