Autoridades dos EUA investigam queda de helicóptero no rio Hudson, em NY, que deixou 6 mortos

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Um helicóptero turístico em Nova York partiu-se no ar e caiu de cabeça para baixo no rio Hudson na quinta-feira, 10, matando o piloto e uma família de cinco turistas espanhóis, no mais recente desastre aéreo nos EUA, segundo autoridades.

 

As vítimas incluíam o executivo da Siemens Agustín Escobar, sua mulher, Mercè Camprubí Montal, gerente global em uma empresa de tecnologia energética, e três filhos, além do piloto, disse à Associated Press uma pessoa com conhecimento da investigação. A fonte não pôde discutir detalhes publicamente e falou sob condição de anonimato.

 

Fotos postadas no site da empresa de helicópteros mostravam o casal e os filhos sorrindo ao embarcar pouco antes do voo decolar. O voo partiu de um heliporto no centro da cidade por volta das 15h e durou menos de 18 minutos. Dados de radar mostraram que ele voou para o norte ao longo do horizonte de Manhattan e depois retornou para o sul em direção à Estátua da Liberdade.

 

Um vídeo da queda mostrou partes da aeronave girando no ar e caindo na água, perto da costa de Jersey City, Nova Jersey. Uma testemunha, Bruce Wall, disse que viu o helicóptero "se despedaçando" no ar, com a cauda e o rotor principal se soltando. O rotor principal, que dá sustentação ao helicóptero, ainda girava sem o helicóptero enquanto caía. Dani Horbiak estava em casa, em Jersey City, quando ouviu algo que parecia "vários tiros em sequência, no ar." Ela olhou pela janela e viu o helicóptero "caindo em vários pedaços no rio."

 

O helicóptero girava fora de controle com "muita fumaça saindo" antes de bater na água, disse Lesly Camacho, uma recepcionista de um restaurante à beira do rio em Hoboken, Nova Jersey.

 

Na frequência de rádio do controle de tráfego aéreo, um piloto de helicóptero da polícia de Nova York pode ser ouvido dizendo: "Atenção, temos uma aeronave caída. Túnel Holland. Por favor, fiquem atentos a qualquer pessoa na água".

 

Barcos de resgate cercaram a aeronave submersa em poucos minutos, perto do final de um longo cais de manutenção de uma torre de ventilação do Túnel Holland. As equipes de recuperação içaram o helicóptero danificado da água pouco depois das 20h com a ajuda de um guindaste flutuante.

 

Os corpos também foram recuperados do rio, disse o prefeito Eric Adams. O voo era operado pela New York Helicopters, segundo autoridades. Ninguém atendeu os telefones nos escritórios da empresa em Nova York e Nova Jersey.

 

Uma pessoa que atendeu o telefone na casa do proprietário da empresa, Michael Roth, disse que ele se recusava a comentar. Roth disse ao jornal New York Post que estava devastado e "sem ideia" do motivo da queda. "A única coisa que sei, vendo o vídeo do helicóptero caindo, é que as pás do rotor principal não estavam no helicóptero", disse ele ao Post. Ele acrescentou que nunca viu algo assim em seus 30 anos de experiência no setor de helicópteros, mas observou: "Essas são máquinas, e elas quebram". E-mails pedindo comentários foram enviados a advogados que representaram Roth no passado.

 

O que pode ter causado a queda?

 

O vídeo do acidente sugere que uma "falha mecânica catastrófica" não deu chance ao piloto de salvar o helicóptero, disse Justin Green, advogado especializado em aviação e ex-piloto de helicóptero na Marinha dos EUA. É possível que as pás do rotor principal tenham atingido a cauda do helicóptero, rompendo-a e fazendo com que a cabine despencasse, disse Green.

 

"Eles estavam mortos no momento em que o que quer que tenha acontecido aconteceu", afirmou. "Não há indicação de que tivessem qualquer controle da aeronave. Nenhum piloto poderia ter evitado esse acidente depois de perder a sustentação. É como uma pedra caindo no chão. É de partir o coração."

 

A Administração Federal de Aviação identificou o helicóptero como um Bell 206, modelo amplamente utilizado na aviação comercial e governamental, incluindo por empresas turísticas, emissoras de TV e forças policiais. Ele foi inicialmente desenvolvido para o Exército dos EUA antes de ser adaptado para outros usos. Milhares foram fabricados ao longo dos anos.

 

A Junta Nacional de Segurança no Transporte disse que investigará o caso.

 

Os céus sobre Manhattan estão rotineiramente cheios de aviões e helicópteros, tanto particulares quanto comerciais e turísticos. Manhattan possui diversos heliportos que transportam executivos e outros para destinos pela região metropolitana.

 

Pelo menos 38 pessoas morreram em acidentes com helicópteros na cidade de Nova York desde 1977. Uma colisão entre um avião e um helicóptero turístico sobre o Hudson em 2009 matou nove pessoas, e cinco morreram em 2018 quando um helicóptero de aluguel com "portas abertas" caiu no East River.

 

Tragédia atinge família espanhola

 

Escobar trabalhou para a empresa de tecnologia Siemens por mais de 27 anos, sendo mais recentemente CEO global de infraestrutura ferroviária na Siemens Mobility, segundo seu perfil no LinkedIn. No fim de 2022, assumiu brevemente como presidente e CEO da Siemens Espanha. Em uma publicação sobre o cargo, agradeceu à família: "minha fonte inesgotável de energia e felicidade, pelo apoio incondicional, amor... e paciência".

 

Escobar frequentemente publicava sobre a importância da sustentabilidade no setor ferroviário e viajava internacionalmente a trabalho, tendo estado na Índia e no Reino Unido no último mês. Ele também era vice-presidente da Câmara de Comércio Alemã para a Espanha desde 2023.

 

"Estamos profundamente entristecidos pelo trágico acidente de helicóptero no qual Agustín Escobar e sua família perderam a vida. Nossas mais sinceras condolências a todos os entes queridos", disse a Siemens em comunicado na sexta-feira de manhã.

 

Camprubí Montal trabalhava em Barcelona, Espanha, para a Siemens Energy há cerca de sete anos, inclusive como gerente global de comercialização e gerente de digitalização, segundo seu perfil no LinkedIn.

 

Autoridades do governo regional espanhol disseram que a família residia em Barcelona.

 

"(Estou) consternado com o trágico acidente de helicóptero no rio Hudson, em Nova York, que custou a vida de seis pessoas, cinco das quais eram membros de uma família de Barcelona", escreveu no X o presidente regional da Catalunha, Salvador Illa. Outro representante regional disse que Agustín Escobar era natural de Puertollano, uma cidade no centro da Espanha.

 

"Quero expressar minha dor pelo trágico acidente de helicóptero em Nova York que tirou a vida de Agustín Escobar e sua família", escreveu no X o presidente regional de Castilla-La Mancha, Emiliano García-Page. "Agustín é natural de Puertollano e, em 2023, o nomeamos Filho Predileto de Castilla-La Mancha."

 

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

Em outra categoria

O Hospital DF Star informou nesta sexta-feira, 18, que o ex-presidente da República Jair Bolsonaro permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em acompanhamento pós-operatório. Segundo nota à imprensa, Bolsonaro mantém boa evolução clínica, sem dor e sem outras intercorrências e mantém melhora laboratorial dos marcadores inflamatórios. Não, há, porém, previsão de alta da UTI.

O boletim médico também informa que o ex-presidente realizou tomografias de controle, sem evidência de complicações ou intercorrências, e segue em jejum oral, com nutrição parenteral exclusiva e com o programa de fisioterapia motora (caminhada fora do leito) e respiratória.

De acordo com o Hospital, persiste a recomendação de não receber visitas.

Bolsonaro foi encaminhado ao DF Star, em Brasília, no último fim de semana, para passar por um procedimento de desobstrução no intestino.

O ex-presidente foi submetido a uma cirurgia de 12 horas no domingo, 13 de abril.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou nesta sexta-feira, 18, por meio de sua conta no X ter acionado a Polícia Legislativa para acompanhar a investigação de um ataque a tiros ao carro do deputado federal Sargento Portugal (Podemos-RJ).

O automóvel do deputado foi alvo de tiros na manhã da quinta-feira, 17, em Antares, no bairro de Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro.

De acordo com a Secretaria de Estado da Polícia Militar, o veículo era blindado e não havia informações oficiais sobre feridos.

"Conversei há pouco com o deputado @sargentoportuga (Podemos/RJ). Ele sofreu um ataque a tiros na manhã desta quinta-feira. Prestei minha solidariedade e coloquei a Polícia Legislativa para acompanhar e ajudar na investigação deste caso", manifestou Motta, em postagem em uma rede social.

Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o caso foi registrado na 36.ª Delegacia de Polícia, de Santa Cruz.

Agentes da polícia civil realizavam diligências "para apurar as circunstâncias do ocorrido e identificar a autoria do crime", informou a corporação, em nota.

O Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu afastar por 60 dias o desembargador Marcelo Lima Buhatem, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), por publicação de mensagens de cunho político-partidário em redes sociais. Segundo o CNJ, Buhatem compartilhou mensagens de grande alcance e postagens que questionavam a credibilidade do sistema judicial e eleitoral. Para o órgão, as publicações fomentaram a desconfiança social acerca da justiça, segurança e transparência das eleições.

Em outubro do ano passado, o desembargador chegou a ter suas redes sociais suspensas em uma decisão inédita do ministro Luis Felipe Salomão, corregedor nacional de Justiça.

Salomão alegou que o desembargador reincidiu na conduta, "mesmo depois de já instaurado procedimento investigatório" na Corregedoria.

Entre os conteúdos usados como base para o afastamento, está uma mensagem enviada por lista de transmissão no WhatsApp que associava o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Comando Vermelho (CV).

Buhatem compartilhou uma reportagem sobre a visita de Lula a uma favela onde a polícia teria sido proibida de realizar operações acompanhada da mensagem: "Lula é convidado de honra do Comando Vermelho."

Em outra postagem, o desembargador divulgou a capa do jornal Folha de S.Paulo com uma pesquisa do Datafolha publicada antes do primeiro turno, acompanhada do comentário: "Isso sim, tinha que está (sic) no Inquérito das Fake News! Ato contra democracia!"

A Corregedoria Nacional do CNJ identificou outras postagens, incluindo críticas a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), questionamentos sobre a integridade do sistema eleitoral e conteúdo alinhado ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL).

Um dos exemplos citados é uma nota publicada por Buhatem, na condição de presidente da Associação Nacional de Desembargadores (Andes), em que ele critica os ataques do ex-deputado federal Roberto Jefferson à ministra do STF, Cármen Lúcia, mas insere comentários que, segundo a Corregedoria, indicam apoio a Bolsonaro, então candidato à reeleição.

Na nota, Buhatem chama Jefferson de "lobo solitário", o que foi interpretado como uma tentativa de influenciar a percepção de que o ex-parlamentar agia sozinho, sem a colaboração de grupos próximos a Bolsonaro.

O termo "lobo solitário" foi usado pela Polícia Federal na conclusão do caso Adélio Bispo, autor da facada a Bolsonaro na campanha presidencial de 2018.

Em seu interrogatório, Buhatem afirmou que utilizou o termo "lobo solitário" apenas para indicar que Roberto Jefferson agiu sozinho, sem qualquer relação com Bolsonaro.

Além das publicações político-partidárias nas redes sociais, o desembargador foi investigado por suposta quebra de imparcialidade, paralisação de processos em seu gabinete e omissão sobre sua suspeição em casos envolvendo uma advogada com quem tinha vínculo de parentesco. No entanto, não foram encontradas provas suficientes para essas acusações.

Apesar de o relator do caso, conselheiro Alexandre Teixeira, ter votado pela pena de afastamento por 90 dias, a maioria do Plenário seguiu o voto divergente do conselheiro Caputo Bastos, que propôs uma penalidade de 60 dias. O julgamento ocorreu na terça-feira, 8 de abril.

Defesa

A defesa do desembargador afirmou que ele apenas "curtiu" postagens institucionais do então presidente Jair Bolsonaro, sem fazer manifestações pessoais sobre o conteúdo.

Sustentou ainda que as interações ocorreram em 2023, após o período eleitoral, o que afastaria a imputação de apoio à candidatura do agora ex-presidente.

Também negou envolvimento nos atos golpistas do 8 de janeiro e afirmou que as capturas de telas não podem, isoladamente, provar manifestações em conversas de WhatsApp.