Trump ignora ordem de juíza federal para repatriar imigrante deportado

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O governo do presidente Donald Trump desafiou nesta sexta-feira, 11, uma ordem da juíza federal Paula Xinis de fornecer um cronograma de repatriação de Kilmar Abrego Garcia, um imigrante que vivia legalmente nos EUA e foi deportado para El Salvador em março.

Em uma petição de duas páginas, os advogados do Departamento de Justiça alegaram não ter tido tempo para definir um plano de ação. A recusa em cumprir a ordem judicial colocou o governo em rota de colisão com a Justiça e ameaçou criar um confronto direto entre os poderes Executivo e Judiciário.

Para desarmar uma crise constitucional, a juíza então ordenou que o governo fornecesse apenas "atualizações diárias" sobre a repatriação de Garcia. Ao exigir detalhes das intenções e prometer acompanhar "tudo o que o governo está fazendo e não está fazendo", a juíza evitou temporariamente um conflito, mas não pacificou o caso.

Casado com uma americana, Garcia foi preso em 12 de março por agentes de imigração e expulso três dias depois junto com mais de 200 pessoas para uma prisão em El Salvador. O governo americano acusou o grupo de pertencer à gangue venezuelana Tren de Aragua, declarada como uma organização terrorista por Trump.

Erro

O Departamento de Justiça, no entanto, não apresentou provas e reconheceu posteriormente que a prisão do salvadorenho foi fruto de um "erro administrativo", admitindo ainda que ele não tinha antecedentes criminais.

Garcia vivia nos EUA legalmente desde 2019, quando um juiz determinou que ele não deveria ser deportado por correr perigo em El Salvador. Depois de ter sido deportado, o governo americano afirmou que não poderia corrigir o erro porque ele já está preso.

Mais tarde, a Casa Branca defendeu que, apesar do erro administrativo, "informações de inteligência confiáveis" indicavam que Garcia estava envolvido com tráfico de pessoas e era um líder de uma gangue, não o Tren de Arágua, mas a MS-13.

Na semana passada, a juíza Xinis não viu provas de que o salvadorenho seja integrante de gangues e pediu ao governo que "facilite e efetue" o retorno do imigrante, no mais tardar até 7 de abril. O governo levou o caso à Suprema Corte, que suspendeu a decisão de primeira instância para avaliar o caso em plenário.

Na quinta-feira, 9, os nove magistrados da Suprema Corte deram razão à juíza Xinis por unanimidade. Eles exigiram que o governo americano facilite o retorno e "garanta que sua situação seja tratada como teria sido se ele não tivesse sido enviado indevidamente a El Salvador".

Brecha legal

Na decisão de quinta-feira, no entanto, a Suprema Corte não definiu o que queria dizer com "facilitar e efetivar" o retorno de Garcia, deixando a questão para que a juíza Xinis esclarecesse. Por isso, na petição de ontem, os advogados do governo pediram que ela fizesse o esclarecimento antes de qualquer ação para repatriar Garcia.

"É irrazoável e impraticável exigir que o réu (o governo) revele medidas antes que tais medidas sejam analisadas, acordadas e avaliadas", escreveram os advogados. "As relações exteriores não podem operar de acordo com cronogramas judiciais, em parte porque envolvem considerações sensíveis e específicas de cada país."

Direitos humanos

O caso de Garcia, porém, não é a única dor de cabeça causada pela deportação de imigrantes sem o aval da Justiça. Ontem, a ONG Human Rights Watch (HRW), que monitora violações de direitos humanos, acusou os EUA pelo "desaparecimento forçado e detenção arbitrária" das 200 pessoas deportadas para El Salvador.

A HRW fez um apelo para que seja dada transparência sobre as identidades das pessoas e o paradeiro de cada uma delas em território salvadorenho - informações que nem sequer as famílias que vivem nos EUA receberam. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue internado no Hospital Rio Grande, em Natal, e evoluiu de "forma estável" nas últimas 24 horas. De acordo com boletim divulgado pela unidade hospitalar neste sábado, Bolsonaro teve uma "noite tranquila" e todos os sinais vitais e exames complementares estão "dentro da normalidade". A pressão arterial e os batimentos cardíacos também seguem normais, sem necessidade de medicamentos para controle.

"(Bolsonaro) apresenta excelente estado de humor, redução do quadro de distensão abdominal e permanece sem necessidade de analgesia. Todos os sinais vitais e exames complementares mantêm-se dentro da normalidade, sem intercorrências clínicas até o presente momento", diz o boletim, assinado pelo médico Luiz Roberto Leite Fonseca, diretor-geral do Hospital Rio Grande.

O hospital informou que o ex-presidente "segue em hidratação venosa por meio de cateter central, em uso de nutrição parenteral, manutenção da antibioticoterapia previamente instituída, com sonda nasogástrica aberta e uso regular das demais medicações prescritas".

Além disso, o hospital comunicou que, por decisão pessoal, Bolsonaro será transferido para Brasília neste sábado, a fim de dar continuidade ao tratamento. A expectativa é que ele seja encaminhado para o hospital DF Star.

Na sexta-feira, 11, o ex-presidente sentiu fortes dores abdominais e foi atendido com urgência no Hospital Municipal Aluízio Bezerra, em Santa Cruz (RN). Em seguida, foi transferido para o Hospital Rio Grande, em Natal, onde ainda está internado.

Segundo boletim médico divulgado na sexta-feira, Bolsonaro deu entrada com "quadro de distensão abdominal e dor". Nas redes sociais, ele atribuiu o problema a uma complicação no intestino delgado, resultado das cirurgias feitas após o atentado a faca sofrido em Juiz de Fora (MG) durante a candidatura presidencial de 2018.

Veja a íntegra do boletim médico divulgado pelo Hospital Rio Grande neste sábado de manhã:

O Hospital Rio Grande informa que o paciente Jair Messias Bolsonaro, ex-Presidente da República Federativa do Brasil, permanece internado sob os cuidados de nossa equipe multidisciplinar, evoluindo de forma estável nas últimas 24 horas.

O paciente teve uma noite tranquila, com mais de oito horas de sono, apresentando estabilidade hemodinâmica, sem necessidade de suporte com aminas vasoativas, em oxigenoterapia espontânea em ar ambiente, confortável e com bom padrão respiratório.

Segue em hidratação venosa por meio de cateter central, em uso de nutrição parenteral, manutenção da antibioticoterapia previamente instituída, com sonda nasogástrica aberta e uso regular das demais medicações prescritas.

Apresenta excelente estado de humor, redução do quadro de distensão abdominal e permanece sem necessidade de analgesia. Todos os sinais vitais e exames complementares mantêm-se dentro da normalidade, sem intercorrências clínicas até o presente momento.

Por decisão pessoal do senhor ex-Presidente, em conjunto com sua família, e visando dar continuidade ao tratamento com o suporte e proximidade de seus entes queridos, está programada para o decorrer do dia de hoje sua transferência para a cidade de Brasília/DF.

O paciente permanece sob acompanhamento e assistência integral da equipe médica e multiprofissional desta instituição.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) aconselhou, neste sábado, 12, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos) a "exercer o papel que a Constituição lhe entrega", elogiou a atuação do parlamentar e afirmou que "divergências internas" estão gerando "instabilidade" no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O emedebista participou do primeiro painel da 11ª edição da Brazil Conference, realizada em Harvard pela comunidade de estudantes brasileiros da instituição, nos Estados Unidos.

Temer afirmou que apesar de jovem, Motta deverá ter boa atuação na Casa, assim como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil). Segundo o emedebista, os dois farão um "belíssimo papel" à frente do Legislativo. "Tenho absoluta convicção, conhecendo, como os conheço, que eles vão cumprir rigorosamente os termos constitucionais" e vão contribuir para a "democracia plena" no País, afirmou.

O ex-presidente ressaltou ainda a importância da harmonia entre os três Poderes e elogiou o trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF), que, nas palavras dele, "fez um esforço extraordinário para manter em pé inteira a democracia brasileira". No último mês, a Primeira Turma do STF declarou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados réus por tentativa de golpe de Estado.

O emedebista afirmou também que há um equívoco sobre o papel da oposição ao governo. Segundo ele, a oposição existe para fiscalizar a gestão e "impedir o poder absoluto". "Se eu disputar a eleição e perder, eu devo destruir aqueles que ganharam a eleição? É uma incivilidade política. É contra os interesses do povo", disse.

Para Temer, 'divergências internas geram instabilidade' no governo Lula

Segundo o ex-presidente "divergências internas" dentro do governo Lula acabam "gerando instabilidade" na gestão petista. "Eu vejo uma certa dificuldade no econômico, sem embargo do esforço do Haddad (ministro da Fazenda), eu vejo que há muita divergência interna no governo. Isso não é útil", disse.

"Quando um ministro piscava feio para o outro, eu chamava os dois, acertava as coisas na minha sala. Aquilo não ia para a imprensa. Eu acho que neste momento o que há é isto. Seja em função do partido, seja em função do ministério, há muita divergência. Isto causa uma certa instabilidade", afirmou o emedebista.

Questionado também sobre o que o diferenciou da gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), já que obteve níveis de reprovação superiores ao da petista, Temer disse que "fez as reformas necessárias" e que sua gestão tinha "uma equipe muito harmoniosa".

O emedebista também fez comentários sobre Brasil e Estados Unidos, afirmando que ao longo dos anos, a relação passou de política para comercial e que adotou-se uma "simpatia de certos presidentes por certos candidatos" o que, na avaliação dele não contribuiu para a troca entre os países.

"A relação não é de Donald Trump com o Luiz Inácio Lula da Silva. A relação é entre o presidente da República Federativa do Brasil com o presidente dos Estados Unidos da América. É uma relação, portanto, institucional. As pessoas têm que ter consciência disso".

Durante a corrida eleitoral norte-americana, o petista declarou apoio a então candidata do Partido Democrata, Kamala Harris, na disputa pela Presidência dos Estados Unidos, afirmando que ela era a "opção mais segura para o fortalecimento da democracia" no país.

Apesar do posicionamento, Lula parabenizou Trump após o resultado das eleições, dizendo que "a democracia é a voz do povo" e que deveria ser respeitada. O petista destacou a necessidade de dialogar e trabalhar em conjunto com o presidente norte-americano.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será transferido para Brasília na tarde deste sábado, 12, em uma UTI aérea. Ele deve ser encaminhado para o Hospital DF Star. A informação foi confirmada pelo senador e ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN).

Na sexta-feira, 11, o ex-presidente sentiu fortes dores abdominais e foi atendido com urgência no Hospital Municipal Aluízio Bezerra, em Santa Cruz (RN). Em seguida, foi transferido para o Hospital Rio Grande, em Natal, onde ainda está internado.

Segundo boletim médico divulgado na sexta-feira, Bolsonaro deu entrada com "quadro de distensão abdominal e dor". Nas redes sociais, ele atribuiu o problema a uma complicação no intestino delgado, resultado das cirurgias feitas após o atentado a faca sofrido em Juiz de Fora (MG) durante a candidatura presidencial de 2018.

"Momentos assim nos lembram da fragilidade da carne e da fortaleza que vem da fé, da família e daqueles que permanecem ao nosso lado, mesmo à distância", escreveu no Instagram, agradecendo "médicos, enfermeiros e a eficiência no transporte realizado pela Polícia Militar do Rio Grande do Norte". Depois de passar por atendimento de emergência, o ex-presidente foi levado até um heliponto em ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), de onde foi conduzido ao Hospital Rio Grande, na capital do estado.

Ontem, o médico de Bolsonaro, Antônio Luiz Macedo, disse ao Estadão que não indicou a realização de cirurgia, embora ela não esteja totalmente descartada.

Antes de passar mal, o ex-presidente estava em uma turnê pelo Nordeste, batizada de "Rota 22", com o objetivo de se aproximar do eleitorado da região. Na última eleição, Lula (PT) venceu Bolsonaro nos nove Estados nordestinos com ampla vantagem. A iniciativa foi idealizada por Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado. O Estado de Marinho foi escolhido como o pontapé da iniciativa.