Os ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Comunicação Social) e o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), visitaram o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) no Congresso neste sábado, 12. Em protesto ao seu pedido de cassação na Casa, Glauber está em greve de fome há mais de 96 horas.
Ao sair da Câmara, os representantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disseram que foram prestar solidariedade a Glauber, ao PSOL e à esposa do parlamentar, a também deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Eles também criticaram o processo de cassação, o qual classificaram como "injusto e desproporcional".
"Ele está bem, forte e disposto a continuar até conseguir o objetivo dele, que é continuar um deputado atuante que sempre lutou e representou as causas populares", afirmou Sidônio.
Segundo a ministra das Relações Institucionais, o governo está preocupado com a saúde do deputado do PSOL. Gleisi disse ainda que o Planalto espera que a Câmara reveja a decisão de perda do mandato do parlamentar.
"Esperamos que a Câmara reveja essa decisão, tem ainda recursos a serem feitos e eles vão impetrar esses recursos. Glauber está bem, obviamente a gente tem preocupação com a saúde dele até pelo período prolongado que pode se dar essa greve de fome", afirmou.
Os ministros e o líder do PT na Câmara manifestaram preocupação pelos próximos dias. Em virtude da Páscoa, o Congresso estará esvaziado na próxima semana e, na visão deles, isso pode comprometer a saúde de Glauber.
Lindbergh afirmou que está em contato com lideranças parlamentares no intuito de encontrar uma "saída negociada" para o que chamou de "crise". Ele e Gleisi, porém, não conseguiram falar com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que está em viagem com a família dele.
"A gente quer achar uma saída para isso. Isso aqui é uma crise, tem um deputado em greve de fome nas dependências da Casa. A gente quer chamar atenção de que uma saída negociada tem que acontecer", afirmou o líder do PT na Câmara.
Ele tem dormido no chão do plenário 5 da Câmara, o mesmo onde teve o parecer da cassação aprovado pelo Conselho de Ética da Casa nesta quarta-feira, 9. Glauber diz já ter perdido dois quilos.
O deputado do PSOL chegou a fazer exames de sangue e de urina, e tem consumido soro fisiológico a pedido da equipe médica, que visita o parlamentar duas vezes por dia. Segundo a assessoria do parlamentar, as coletas de sangue apontam que ele está bem de saúde, e o resultado do exame de urina será divulgado na próxima semana.
O médico Bernardo Ramos, responsável pelo atendimento do deputado, afirmou que Braga "está em bom estado, apesar de algum abatimento, o que certamente se explica pelo seu jejum". O parlamentar tem ingerido líquidos intercalando entre água, solução isotônica e água de coco.
A equipe de Glauber também disse que o deputado tem dormido quatro horas por noite e que, durante a última madrugada, assistiu uma série e conversou com servidores da Câmara. Além dos ministros e do líder do PT da Câmara, o sábado foi "dedicado à família", segundo a assessoria dele.
O Conselho de Ética decidiu, por 13 votos a 5, que Glauber deve perder o mandato por quebra de decoro parlamentar. O parlamentar do PSOL vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para tentar barrar o processo antes que ele chegue ao plenário.
O processo se dá por conta de um episódio de violência na Câmara ocorrido em abril do ano passado, quando Glauber expulsou aos chutes Gabriel Costenaro, militante do Movimento Brasil Livre (MBL).
Durante a apreciação do parecer pela cassação, o relator Paulo Magalhães (PSD-BA) defendeu a cassação de Glauber e afirmou que a agressão do parlamentar do PSOL foi "totalmente desproporcional" às ofensas feitas pelo militante do MBL. Costenaro fez insinuações sobre a mãe do deputado do PSOL, a ex-prefeita de Nova Friburgo Saudade Braga, que estava doente e morreu 22 dias depois.