O que se sabe sobre incêndio na casa do governador da Pensilvânia, nos EUA

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Um homem está enfrentando acusações após ter invadido no meio da noite a mansão do governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, ateado fogo e causado danos significativos, além de ter forçado o governador, sua família e convidados a desocuparem o local durante o feriado judaico da Páscoa (Pessach).

Os bombeiros apagaram o incêndio na manhã do último domingo, 13, e ninguém ficou ferido. O suspeito, identificado como Cody Balmer, de 38 anos, foi preso nas proximidades mais tarde no mesmo dia, segundo a polícia.

Balmer, que se entregou à polícia, teve fiança negada na segunda-feira, 14, pelas acusações de tentativa de homicídio, terrorismo e incêndio criminoso. Ele disse às autoridades que pretendia agredir Shapiro com uma marreta pequena, caso o encontrasse, segundo documentos judiciais.

As autoridades estão investigando como alguém conseguiu driblar a segurança e invadir a residência do governador, localizada em Harrisburg. Ainda não se sabe se o ataque teve motivação política ou religiosa.

O coronel da Polícia Estadual da Pensilvânia Christopher Paris afirmou que o incêndio foi um ataque cuidadosamente planejado, mas destacou que a investigação continua. Ele não apontou uma possível motivação.

De acordo com a polícia, Balmer escalou uma cerca de ferro de aproximadamente 2,1 metros de altura, monitorada por câmeras de segurança. A polícia percebeu a invasão e iniciou uma busca no local, mas não conseguiu localizar ninguém imediatamente.

Balmer teria invadido a ala sul da residência, entrando em uma sala usada para recepções e exibição de arte, onde ateou fogo com um dispositivo incendiário caseiro. Duas garrafas de cerveja de vidro quebradas contendo gasolina foram encontradas. O incêndio causou danos consideráveis à sala, carbonizando paredes, mesas, pratos, um piano e utensílios de buffet. Vidros e tijolos ao redor das janelas e portas ficaram enegrecidos.

Segundo as autoridades, Balmer ficou cerca de um minuto dentro da residência antes de fugir. A casa, construída em 1968, não possuía sistema de chuveiros automáticos no caso de incêndio, segundo o chefe dos bombeiros de Harrisburg, Brian Enterline, que estimou os danos em milhões de dólares.

Suspeito enfrenta acusações

As autoridades disseram que Balmer se entregou depois que a polícia recebeu uma ligação de sua ex-parceira, que relatou que ele havia confessado. Balmer caminhou por cerca de uma hora desde sua casa até a residência do governador. Segundo um depoimento policial, ele "admitiu nutrir ódio pelo governador Shapiro", sem explicar os motivos.

Nos últimos dez anos, Balmer já enfrentou acusações criminais por agressão simples, furto e falsificação, com penas de liberdade condicional após admitir culpa em alguns casos. Uma acusação de agressão de 2023 ainda não foi resolvida.

No tribunal, ele disse à juíza que não tem problemas com drogas ou álcool, mas reconheceu ter faltado a algumas audiências. As autoridades não informaram se Balmer tem advogado. Um endereço recente vinculado a ele em Harrisburg foi interditado em 2022.

A mãe de Balmer disse à Associated Press que tentou obter ajuda para questões de saúde mental do filho nos últimos dias, mas "ninguém ajudou". Ela afirmou que ele tem transtorno bipolar e esquizofrenia, embora a AP não tenha conseguido verificar a informação.

"Ele não estava tomando os remédios e é só isso que quero dizer", disse Christie Balmer, da casa da família em Harrisburg. No entanto, no tribunal, Cody Balmer afirmou educadamente à juíza que não sofria de nenhuma doença mental. "Esse é o boato, mas não, senhora", disse ele.

Balmer, que conversou com um defensor público durante a audiência, também declarou ser soldador desempregado, sem renda ou economias, e com "muitos filhos". Ele não apresentou um pedido formal em relação às acusações.

Governador é estrela em ascensão no partido Democrata

Josh Shapiro, 51 anos, é governador de primeiro mandato no quinto estado mais populoso dos EUA, considerado um campo decisivo nas eleições presidenciais. Isso o tornou uma estrela em ascensão no Partido Democrata, com potencial para disputar a presidência em 2028.

Shapiro, que é judeu, disse que ele, sua esposa, os quatro filhos, dois cachorros e outra família celebravam a Páscoa judaica na residência no sábado e que foram acordados por policiais estaduais batendo nas portas por volta das 2h da manhã de domingo.

Em sua campanha para governador em 2022, ele usou o primeiro anúncio para contar histórias familiares e declarar seu compromisso de estar em casa às sextas-feiras para o jantar de Shabat, com imagens dele e dos filhos à mesa. "Família e fé são meu alicerce", afirmou.

Em discursos e na noite da vitória eleitoral, ele costumava citar uma antiga máxima rabínica: "Ninguém é obrigado a terminar a tarefa, mas também não somos livres para nos isentar dela."

O presidente dos EUA, Donald Trump, comentou na segunda-feira, 14, que Balmer não parecia ser seu fã. "O agressor basicamente não gostava de ninguém", disse. "E, certamente, algo assim não pode ser permitido".

Páscoa Judaica

O ataque aconteceu durante a celebração da Páscoa judaica (Pessach), que começou ao entardecer de sábado. A data comemora a libertação dos israelitas da escravidão no Egito antigo e sua jornada de 40 anos pelo deserto. É uma das festas mais sagradas do judaísmo, celebrada com um jantar especial chamado Seder, que inclui o consumo de matzá (pão sem fermento) e a releitura da história do Êxodo.

Shapiro havia celebrado o Seder na residência oficial com sua família e membros da comunidade judaica na mesma sala onde o incêndio foi iniciado, segundo as autoridades.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

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A Polícia Federal (PF) intimou o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, e o ex-número 2 da agência, Alessandro Moretti, para prestar depoimento na quinta-feira, 17, sobre esquemas de espionagem ilegal.

As oitivas vão ocorrer na sede da PF em Brasília e fazem parte do inquérito da "Abin paralela", que investiga suposto esquema de monitoramento ilegal de políticos, jornalistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). As informações são da CNN.

A convocação dos dois ocorre depois de uma reportagem do UOL revelar denúncias de espionagem contra autoridades do Paraguai em 2022. Dois agentes da Abin afirmam que o Brasil fez um ataque hacker para obter informações de negociações relacionadas à Usina Hidrelétrica de Itaipu, o que fez a Polícia Federal abrir uma apuração sobre o caso.

Alessandro Moretti, que era diretor-adjunto da agência, foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início do ano passado. Diligências da Polícia Federal indicaram, na época, que ele e outros integrantes dificultaram as apurações sobre a "Abin paralela" e estariam agindo em "conluio" com servidores investigados.

O diretor-geral Luiz Fernando Corrêa disse à CNN que está à disposição das autoridades "para prestar quaisquer esclarecimentos, seja no âmbito administrativo, civil ou criminal, sobre os fatos relatados na imprensa e que remetem a decisões tomadas em gestão anterior da Agência".

Ele sucedeu no cargo o deputado bolsonarista Alexandre Ramagem (PL-RJ), investigado no STF no processo da "Abin paralela" e réu, junto ao ex-presidente Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado.

Ramagem e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL-RJ) são os principais investigados pela aparelhagem da Abin apontada pela PF para espionar adversários políticos, blindar os filhos do ex-presidente em processos judiciais e atacar a credibilidade do sistema eleitoral.

Em 2024, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, seguiu uma recomendação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e rejeitou pedido da PF para compartilhar provas da Operação First Mile, que investigou o caso, com a Corregedoria da Abin para abertura de sindicâncias internas.

Na decisão, Moraes afirmou que o compartilhamento não era "adequado para o presente momento investigatório". Já o parecer da PGR ressaltou a possibilidade de interferência da agência no processo, já que, em fases anteriores da investigação, foram detectados indícios da "intenção de evitar a apuração aprofundada dos fatos".

A empresa MM Consultoria Construções e Serviços LTDA, do empresário José Marcos Moura, o "Rei do Lixo", movimentou R$ 861.412.612,79 em operações classificadas como suspeitas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O empresário é apontado como articulador político e "operador de influência" do esquema de desvio de emendas investigado pela Polícia Federal na Operação Overclean. Contratos com prefeituras na Bahia, Tocantins, Amapá, Rio de Janeiro e Goiás estão no radar da PF.

O Estadão pediu manifestação da defesa, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

O próprio banco fez uma série de comunicações ao Coaf alertando para operações atípicas da MM Consultoria Construções e Serviços.

As notificações apontaram a movimentação de valores incompatíveis com o faturamento mensal da empresa, o pagamento de despesas pessoais de terceiros, incluindo agentes públicos, e transferências contumazes de recursos de alto valor, sem justificativa econômica.

"A estrutura financeira da empresa é incompatível com sua atividade declarada", afirma a Polícia Federal em relatório da Operação Overclean.

Segundo a PF, a empresa recebeu pagamentos milionários de prefeituras da Bahia "sem evidência clara de prestação dos serviços correspondentes".

Duas transações em particular chamaram a atenção da Polícia Federal. Os investigadores descobriram uma transferência de R$ 435 mil para "uma autoridade detentora de foro privilegiado", sem justificativa econômica aparente. A autoridade não é identificada no relatório da PF. A segunda operação suspeita envolve a compra de um imóvel, avaliado em R$ 1,2 milhão, por R$ 8 milhões.

A Polícia Federal afirma que José Marcos Moura "mantém possíveis vínculos obscuros com diversas pessoas" e movimentou R$ 80,2 milhões em transações suspeitas em suas contas pessoais.

"Marcos Moura recebeu transferências diretas, foi beneficiado com pagamento de boletos e títulos bancários e realizou operações incompatíveis com seu perfil financeiro, como investimentos e saques de valores elevados", afirmam os investigadores.

Foram identificados padrões suspeitos, como recebimento de valores incompatíveis com a renda declarada, o que levantou suspeitas sobre possível ocultação patrimonial, transferências fracionadas, depósitos e saques em espécie sem origem identificada e "relacionamento financeiro" com agentes públicos, incluindo pagamentos de despesas pessoais.

José Marcos Moura é apontado um dos líderes do "núcleo central" do suposto esquema de desvio de emendas. Ele é descrito na investigação como uma pessoa influente e bem relacionada no mundo político, sobretudo junto a prefeituras baianas. Mas não só. Segundo a Polícia Federal, o empresário teria interferido em nomeações até na prefeitura de Belo Horizonte.

O "Rei do Lixo" chegou a ser preso na investigação, mas conseguiu habeas corpus para aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. Ele foi alvo de buscas novamente na terceira fase da Operação Overclean. A PF chegou a pedir um novo mandado de prisão contra o empresário, mas o ministro Kassio Nunes Marques, relator da investigação no Supremo Tribunal Federal, negou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deixou a economia de lado durante passagem pela fábrica da Nissan e deu um depoimento pessoal sobre as inspirações que o levaram a entrar na política. Entre elas, citou a transformação social e a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições presidenciais vencidas em 1989 por Fernando Collor.

"Gostava de política, mas tinha muita dúvida se ia ocupar um cargo, se eu iria participar de um governo. Mas duas coisas me motivaram. A primeira delas foi o aparecimento do Lula, da figura do Lula, que me motivou a pensar diferente a política", disse o ministro da Fazenda em discurso na cerimônia que marcou o início da produção de um novo modelo pela Nissan.

"Em 1989, morava fora do Brasil, morava no Canadá. E não acreditei quando recebi a notícia pela TV de que o Lula tinha passado para o segundo turno", lembrou Haddad, ao lado do presidente da República.

Ele afirmou que, na época, arrumou as malas para votar no Brasil.

Referindo-se ao discurso feito um pouco antes por uma funcionária da montadora, Haddad disse que o segunda razão que o levou para a vida pública foi o objetivo de transformar a realidade social. "É uma mulher negra, filha de um homem solteiro, que 20 ou 30 anos atrás não tinha nenhuma oportunidade de estudar, de trabalhar numa multinacional, de poder se desenvolver, de poder sonhar."

"São depoimentos como o dela que nos fazem permanecer na vida pública e acreditar que é possível ter um país mais justo", reforçou Haddad, antes de encerrar o discurso parabenizando a Nissan pelos investimentos no Brasil.

*O repórter viajou a convite da Nissan