China vê Irã como 'parceiro estratégico', critica EUA e declara apoio a diálogo nuclear

Internacional
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O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, criticou os Estados Unidos por impor "tarifas de forma abusiva" e por "se isolar da comunidade internacional", defendendo uma maior união global em prol do multilateralismo. Em encontro com o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, também abordou as negociações nucleares entre Teerã e Washington, com a China reafirmando seu apoio a uma solução diplomática para a questão.

Yi classificou o Irã como um "parceiro estratégico integral" no Oriente Médio e elogiou a cooperação recente na luta contra o "unilateralismo e a coerção", segundo comunicado.

Em relação às tensões comerciais, o chanceler chinês alertou para o "aumento da instabilidade" no cenário mundial e condenou medidas protecionistas.

Ele ainda sugeriu que ambos os países intensifiquem a coordenação em fóruns como a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e o Brics.

Yi reiterou o apoio da China a uma "solução política e diplomática" para o impasse referente ao programa nuclear iraniano, manifestando-se contra as "sanções unilaterais ilegais" e o uso da força. "A China elogia o compromisso do Irã de não desenvolver armas nucleares e defende seu direito ao uso pacífico da energia nuclear", declarou.

O ministro chinês também se mostrou favorável ao diálogo direto entre Teerã e Washington, destacando que as negociações são essenciais para "proteger os direitos legítimos" do Irã e garantir a "paz e estabilidade regionais".

Araghchi afirmou que a parceria estratégica com a China vive seu "melhor momento histórico" e que não será afetada por "fatores externos".

Ele condenou as "tarifas arbitrárias e a coerção dos EUA" e garantiu que o Irã continuará ao lado de Pequim na luta contra o "unilateralismo". O chanceler iraniano também destacou que o Irã pretende expandir a cooperação bilateral, incluindo em fóruns como a ONU e o Brics.

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Representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) apresentaram nesta terça-feira, 22, o projeto de restauração da Praça dos Três Poderes, em Brasília. O investimento total estimado para a execução das obras é de R$ 22 milhões, inseridos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O início das obras está previsto para julho deste ano, com conclusão no segundo semestre de 2026. É no local, alvo de ataques em 8 de janeiro de 2023, que ficam os edifícios que representam os Três Poderes da República: o Palácio do Planalto, do Executivo, o Supremo Tribunal Federal (STF), do Judiciário, e o Congresso Nacional, do Legislativo.

As principais intervenções previstas são a recuperação completa do piso e das estruturas comprometidas, o restauro de obras de arte, a iluminação da praça e dos monumentos, melhorias na acessibilidade para pessoas com deficiência (como piso podotátil e rampas de acesso) e na drenagem e sinalização, além da instalação de câmeras de segurança e novos bancos.

As obras que passarão por restauro são a escultura "Os Candangos", o Museu da Cidade, as esculturas de Israel Pinheiro, de Juscelino Kubitschek e Tiradentes, o Pombal, o espaço Lúcio Costa e o Marco Brasília.

Segundo o Iphan, as prioridades foram definidas após consulta popular que ouviu pouco mais de 100 cidadãos sobre melhorias sugeridas no local.

Após o atentado a bomba realizado em novembro do ano passado, em que um homem morreu após disparar explosivos em frente ao STF, o órgão também se reuniu com representantes da Suprema Corte, do Senado e da Câmara para discutir medidas de segurança a serem implementadas, tais como a manutenção de grades e o aumento das câmeras na região.

De acordo com o presidente do Iphan, Leandro Grass, as obras vão "oferecer à praça mais conforto, mas sem desviar do seu projeto original". Ele ressaltou que é necessário que o local "esteja seguro" e lembrou que, durante os ataques às sedes dos Três Poderes, os vândalos utilizaram as pedras portuguesas que fazem parte do piso para atacar policiais.

Além da Praça dos Três Poderes, recursos do Novo PAC serão empregados em outros dois projetos de restauro: R$ 500 mil para o Museu Vivo da Memória Candanga e R$ 200 mil para o Catetinho, ambos em parceria com o governo distrital.

A manutenção do local estava sob responsabilidade do governo do Distrito Federal, mas o governo federal decidiu assumir a obra após a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, fazer críticas à conservação do local. A praça tem pedras soltas, mato crescido, estruturas quebradas e áreas manchadas.

O local é patrimônio tombado e faz parte do projeto original de Brasília, elaborado por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. A restauração será a primeira, desde a inauguração da Capital em abril de 1960, que levará em conta as instalações arquitetônicas e aspectos históricos do espaço cívico.

Com um histórico de indiretas e farpas trocadas nas redes sociais e nos bastidores, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro acenam uma aproximação em meio a mais uma cirurgia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tratar complicações abdominais. No gesto mais recente, Carlos afirmou nesta terça-feira, 22, que a madrasta está cuidando do ex-chefe do Executivo de "maneira excepcional" e como uma "leoa".

"A maior parte do tempo quem fica com ele é a Michelle, que está cuidando dele de uma maneira excepcional. Ela está ali (como) uma leoa, tomando conta do que pode e do que não pode", disse Carlos.

O vereador da capital fluminense afirmou ainda durante live no canal de Bolsonaro no YouTube que Michelle "está fazendo um papel fundamental" na recuperação do pai.

"Acredito que não vai demorar muito para o velho sair do hospital e voltar para a sua labuta diária. Difícil será segurá-lo, porque foi a cirurgia mais agressiva desde a tentativa de assassinato, os problemas aqui fora são constantes e não param de crescer e ele tem que ocupar espaços. Então, segurá-lo vai ser difícil, mas acho que a Michelle está fazendo um papel fundamental para que consiga segurar o velho e coloque um freio nele de vez em quando, porque a vontade dele de demonstrar a verdade é gigante, e ele passa por cima da própria saúde para que isso aconteça", afirmou.

É a primeira declaração pública de Carlos com elogios à madrasta. Os dois não mantêm uma relação cordial há anos. O vereador é filho de Rogéria Bolsonaro - a primeira mulher de Bolsonaro, mãe dos três filhos mais velhos do ex-presidente - e acumula atritos com a atual mulher do pai. Rogéria e Bolsonaro se separaram entre 1997 e 1998.

De acordo com aliados dos Bolsonaro, Carlos é um dos filhos mais próximos e "apegados" à mãe e não teria reagido bem, à época, à separação dos pais, o que teria causado um mal-estar com Michelle, a terceira mulher do ex-presidente. Antes, Bolsonaro se casou com Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan. Os atritos perduraram e se tornaram públicos após a ascensão do líder da família da zona oeste do Rio à Presidência, em 2018.

"Centralizador" e "sistemático", como definem aliados, Carlos amenizou o tom em relação à madrasta após a última cirurgia do pai. Michelle e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente, foram os responsáveis por decidirem a nova equipe médica que trataria Bolsonaro.

A ex-primeira-dama tem feito movimentos de aproximação com o vereador do Rio. No ato pró-anistia na Avenida Paulista, no início deste mês, Michelle deu um beijo no rosto ao cumprimentar Carlos no trio eletrônico usado como palco na capital paulista - cena, vista por aliados, como improvável até meses atrás.

A relação estremecida foi confirmada por Bolsonaro em fevereiro deste ano. O ex-presidente definiu, em entrevista ao canal Leo Dias TV, que a relação de Michelle com seus três filhos "tem altos e baixos". "Tem um filho meu que não fala com ela, o Carlos. Tem um problema lá atrás. A Michelle tem seu gênio, talvez, algum problema de ciúmes, não sei. Mas, também, o Carlos amadureceu muito, tem uma filha agora."

'É uma pessoa que eu não quero conviver'

Em março deste ano, a ex-primeira-dama falou sobre sua relação com o enteado. Em entrevista ao jornalista Alexandre Garcia, ela contou que, embora já tenha perdoado o vereador, não queria conviver com o enteado.

"A gente não se fala, mas eu fui uma intercessora do Carlos. Mas eu respeito porque o Jair teve dois relacionamentos e não deu certo. E ele tinha aquela questão por eu ser mais nova, 27 anos mais nova, e ele não gostou muito. Ele tem o gênio dele, eu tenho o meu gênio. Ele tem a verdade dele, eu tenho a minha verdade. Não desejo nenhum mal para ele, mas é uma pessoa que eu não quero conviver. Não tenho nenhum problema, o que tivemos no passado eu já perdoei, meu coração está limpo em relação a isso", afirmou a ex-primeira-dama.

Michelle disse ainda que sua decisão era respaldada pela Bíblia e que preferia manter distância do vereador para evitar desentendimentos.

"Eu não sou obrigada a conviver, a Bíblia me dá esse respaldo. Não proíbo o meu marido jamais de ter relacionamento com ele, mas não consigo conviver. Ele tem a liberdade de ir ver a Júlia, a netinha dele, a hora que quiser. Viajar junto, vão pescar juntos. É o filho dele, eu respeito. Não gostaria que fosse assim, mas ele tem o jeito dele e eu tenho o meu. Algumas coisas eu não concordo e, para não ter problema maior, eu prefiro me afastar", disse.

Os dois chegaram a trocar farpas nas redes sociais no ano passado. Depois de o vereador reclamar do próprio pai no Instagram, a ex-primeira-dama reagiu. Carlos havia incluído um comentário abaixo de foto publicada pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), em que Bolsonaro aparece com Aurora, filha do parlamentar, no colo.

"Legal o cara fazer isso com sua filha e com a minha não", disse Carlos. Horas depois, Michelle escreveu "que Deus livre e guarde Aurora de toda inveja e maldade". O próprio Carlos quis dar visibilidade à crítica e republicou o comentário feito na rede social X (antigo Twitter).

Michelle e Carlos têm um grande histórico de indiretas trocadas. Depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vencer a eleição presidencial contra Bolsonaro em 2022, Michelle e o marido deixaram de se seguir no Instagram. O incidente levou Michelle a ter que desmentir que houve uma desunião entre ela e Bolsonaro.

"Conforme o Jair já explicou em várias lives, quem administra essa rede não é ele", afirmou Michelle na época. Carlos foi o responsável por criar e comandar as redes de Bolsonaro por mais de dez anos, até 2023, quando afirmou que deixou a função.

Um oficial de Justiça esteve nesta quarta-feira, 23, no hospital DF Star, em Brasília, para intimar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a abertura da ação penal do plano de golpe. Bolsonaro está internado desde 13 de abril, quando fez uma cirurgia de 12 horas para retirar aderências no intestino e reconstruir a parede abdominal.

A intimação serve para comunicar o ex-presidente oficialmente sobre o início do processo. O prazo para apresentar a defesa começa a contar a partir da notificação.

O oficial de Justiça esteve no quarto onde Bolsonaro está internado. O Estadão apurou que o ex-presidente recebeu a intimação.

Os outros seis réus foram intimados entre os dias 11 e 15 de abril. Bolsonaro era o único que ainda não havia sido citado no processo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) informou que, em virtude da internação do ex-presidente, orientou o oficial de Justiça a aguardar uma "data adequada". Como Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo nesta terça, 22, o tribunal considerou que ele "demonstrou a possibilidade de ser citado e intimado hoje".

Bolsonaro e outros seis investigados do "núcleo crucial" do golpe vão responder a um processo penal por cinco crimes - organização criminosa armada, golpe de estado, tentativa de abolição violenta do estado democrático, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União. As penas em caso de condenação podem chegar a 43 anos de prisão.