Trump está certo ao dizer que Europa precisa ser mais responsável por defesa, diz comissário

Internacional
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O comissário de Economia e Indústria da União Europeia (UE), Valdis Dombrovskis, afirmou que o presidente dos EUA, Donald Trump, está certo ao dizer que o bloco precisa ser mais responsável por sua própria defesa. Citando as incertezas geradas por tarifas e pela guerra entre Ucrânia e Rússia, Dombrovskis disse que este ambiente traz desafios e oportunidades para a Europa, simultaneamente.

"Podemos usar nossa previsibilidade como força, investir em infraestrutura e defesa e explorar parcerias ao redor do mundo", comentou Dombrovskis, em discurso preparado para evento do Atlantic Council.

Ele disse que os países-membros devem facilitar e encorajar investimentos na indústria de defesa. "Vamos garantir que nossa indústria não seja superada por concorrentes e vamos eliminar problemas de burocracia", afirmou.

O comissário europeu afirmou que os mercados financeiros estão "recompensando" a postura previsível e confiável da Europa, citando como exemplo a valorização recente do euro. "Esperamos que políticas domésticas, como o aumento dos investimentos com defesa, impulsionem o euro como ativo seguro", disse.

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O relatório do senador Marcelo Castro (MDB-PI) sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da reeleição para os cargos de presidente da República, governador e prefeito foi lido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal nesta quarta-feira, 23. No entanto, um pedido do senador Carlos Portinho (PL-RJ) fez com que a votação fosse adiada para o mês de maio.

A votação já tinha sido adiada no início do mês, quando Marcelo Castro pediu mais tempo para ajustar seu parecer sobre o tema. Segundo a proposta, os chefes do Poder Executivo a nível nacional, estadual e municipal teriam mandatos prolongados, mas não poderiam concorrer à reeleição. As eleições também seriam unificadas e ocorreriam a cada cinco anos.

Desde que foi enviado para apreciação da CCJ, o projeto teve quatro emendas sugeridas, em relação à duração dos mandatos dos senadores, do número de senadores por unidade da federação, substituição da eleição alternada por simultânea e calendários alternativos de transição.

O voto do relator, senador Marcelo Castro, é pela rejeição das quatro e pela proposição de um texto alternativo. Nesta quarta-feira, 23, o presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD-BA), concedeu vista coletiva aos senadores, ou seja, mais tempo para análise da alternativa proposta pelo relator.

Segundo a regra de transição prevista nela, o fim da reeleição ocorreria apenas para quem fosse eleito em 2034. O tópico gerou discordância entre os senadores, já que alguns defendem que a regra seja válida já em 2026. Marcelo Castro sugeriu que um acordo poderia ser feito para chegar em um meio-termo, antecipando a regra para os eleitos em 2030.

Segundo ele, a reeleição causou prejuízos ao País. "Resultou num viés pernicioso, de estímulo aos chefes do Poder Executivo pela opção de agendas imediatistas, de fácil retorno eleitoral, em prejuízo de projetos estruturantes, de longa maturação, apesar de preferíveis", defendeu Marcelo Castro.

Para o senador Omar Aziz (PSD-AM), existe o risco de que uma nova leva de legisladores decida mudar a regra novamente antes de 2034. "Ninguém sabe se a gente vai estar aqui ainda", disse.

Se for aprovada pela CCJ, a PEC será analisada no Plenário do Senado, onde precisa de pelo menos 49 votos favoráveis em cada um de dois turnos de votação.

PEC do fim da reeleição

A proposta de emenda à Constituição prorroga os mandatos do Poder Executivo de 4 para 5 anos e unifica todas as eleições para o mesmo ano.

De autoria de Jorge Kajuru (PSB-GO), o projeto justifica que a reeleição é um para a renovação dos mandatos eletivos e a derrota de candidatos à recondução ao cargo ocorre apenas "em circunstâncias muito particulares".

"A renovação da representação política é sempre desejável. Permite o surgimento de novas lideranças e dá às antigas, retiradas momentaneamente do exercício do mandato, a oportunidade de, no convívio com suas bases eleitorais, atualizar sua agenda e suas propostas", defende a proposta.

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) sua absolvição sumária na ação penal do golpe. Ex-ajudante de ordens da Presidência no governo Jair Bolsonaro (2019-2022), Mauro Cid fechou acordo de delação premiada e colaborou com a Polícia Federal na investigação.

Ao pleitear a absolvição sumária, a defesa busca livrar o tenente-coronel do processo antes do julgamento. A tendência, no entanto, é que o pedido seja rejeitado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.

O processo criminal foi instaurado no dia 11 de abril, após a publicação do acórdão da Primeira Turma do STF que recebeu a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), e não tem previsão para ser julgado.

A ação só estará pronta para julgamento após a chamada fase de instrução processual, quando são ouvidas testemunhas e podem ser produzidas novas provas.

O Código Penal permite a absolvição sumária - antes do fim do processo - quando o crime estiver prescrito ou quando houver excludentes de ilicitudes ou de culpabilidade.

Os advogados Cézar Bitencourt, Vânia Bitencourt e Jair Alves Pereira, que representam o tenente-coronel, afirmam que Mauro Cid não pode ser punido porque era um "simples porta-voz" do ex-presidente. A defesa argumenta que suas atividades como ajudantes de ordens "estavam limitadas e vinculadas ao estrito cumprimento de seu dever funcional".

"Era a sua obrigação legal vinculada ao estrito cumprimento de seu ofício, e como tal, abrigada por uma excludente de ilicitude devidamente prevista no Código Penal", afirma a defesa.

Os advogados pedem ainda que a conduta do tenente-coronel seja avaliada "no contexto fático de suas próprias informações que foram prestadas em colaboração premiada e corroboradas pelas mensagens disponibilizadas em seu aparelho celular e computador particular".

A defesa também indicou nove testemunhas para serem ouvidas se a absolvição sumária for rejeitada. São militares de alta patente do Exército, alguns da ativa, que precisam de autorização dos superiores hierárquicos para prestar depoimento.

Veja a lista de testemunhas indicadas por Mauro Cid:

- General Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército;

- General Júlio César de Arruda;

- General de Divisão Flávio Alvarenga Filho;

- General de Divisão João Batista Bezerra Leonel Filho;

- General de Divisão Edson Diehl Ripoli;

- Coronel Fernando Linhares Dreux;

- Capitão Raphael Maciel Monteiro;

- Capitão Adriano Alves Teperino;

- Sargento Luís Marcos Dos Reis.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara pautou para esta quinta-feira, 24, em sessão às 9h, a leitura do recurso do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) contra a decisão que recomenda a perda do mandato e a inelegibilidade por oito anos.

O documento de 94 páginas foi protocolado nesta terça-feira, 22. Em vídeo publicado nas redes sociais, Glauber se mostrou surpreso com a rapidez com que seu pedido entrou na pauta da comissão, afirmando não ter "um dia de paz".

Segundo o regimento da Casa, a comissão tem até cinco dias úteis após ter o pedido protocolado para dar um parecer sobre o caso.

No recurso, como mostrou a Coluna do Estadão, Glauber disse que adotou uma reação "proporcional" ao agredir um integrante do MBL que havia xingado sua mãe doente, e que tem sido perseguido pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). Ainda segundo o parlamentar, não houve direito de defesa no processo e o relator do caso no Conselho de Ética, Paulo Magalhães (PSD-BA), teve postura "sempre desejosa de uma condenação".

Caso o recurso seja aceito, o processo vai retornar ao Conselho de Ética, onde será nomeado um novo relator. Caso não, a cassação segue o processo normal e será votada no plenário da Casa. Lá, é preciso que a maioria absoluta vote pela punição, ou seja, 257 deputados. Se o número não for atingido, o processo será arquivado e Glauber vai permanecer com o mandato.

Em protesto contra a decisão do Conselho de Ética, que votou pela cassação do mandato, por 13 votos a cinco, Braga fez uma greve de fome que durou nove dias. Entre 9 e 17 deste mês, ele dormiu no plenário de uma comissão da Câmara e fez a ingestão somente de água, soro fisiológico e isotônico.

A greve só foi suspensa após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), prometer adiar a votação da cassação do parlamentar em plenário para o segundo semestre, por 60 dias.