Negociações de paz travam após recuo dos EUA e rejeição da Ucrânia em ceder territórios

Internacional
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As negociações de paz entre Rússia e Ucrânia enfrentaram novo revés após o cancelamento de uma reunião de alto nível em Londres. O encontro, que contaria com diplomatas dos EUA, Reino Unido, França e Ucrânia, foi reduzido a representantes de menor escalão após o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, desistir da viagem.

O vice-presidente norte-americano, JD Vance, afirmou que as tratativas chegaram a um "momento da verdade" e defendeu uma proposta que congelaria as linhas territoriais próximas às atuais, exigindo concessões de ambos os lados, o que foi prontamente rejeitado por Kiev.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reiterou que não aceitará ceder território, afirmando que "não há o que discutir, é a nossa terra".

A proposta dos EUA, discutida também em Paris, permitiria que a Rússia mantivesse controle sobre áreas ocupadas, como Crimeia, Donetsk e Kherson.

Moscou, por sua vez, rejeitou um cessar-fogo imediato de 30 dias ao impor exigências amplas.

Apesar do recuo dos EUA, a delegação ucraniana chegou a Londres e reiterou o compromisso com uma solução pacífica.

"A Ucrânia segue empenhada na busca por um cessar-fogo total e incondicional", disse Andrii Yermak, chefe do gabinete presidencial.

Combates continuam intensos

Enquanto isso, os combates continuam intensos. Um ataque de drone russo matou nove pessoas em Marganets nesta quarta-feira.

Analistas apontam que a Rússia, com vantagem no campo de batalha, não tem urgência em negociar.

Já aliados europeus dividem-se entre preservar a integridade territorial da Ucrânia e buscar um cessar-fogo com base na atual linha de frente. Fonte: Associated Press.

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o projeto para aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda tem "apelo muito maior" que o da anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. As declarações foram dadas nesta quarta-feira, 23, durante o evento CNN Talks, promovido pela CNN Brasil e CNN Money, em Brasília.

Na ocasião, Motta participava de um debate com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney. O deputado havia sido questionado sobre qual projeto pretende pautar primeiro no plenário da Câmara, a isenção do Imposto de Renda ou a anistia.

"As matérias legislativas têm a sua ordem de chegada. Mas eu penso que, para a população brasileira, numa ordem de prioridade, a matéria do Imposto de Renda tem, sim, um apelo muito maior, porque nós estamos tratando de possibilitar às pessoas que menos têm terem uma renda a mais", afirmou.

Motta continuou: "E isso é muito bom. E eu penso que será uma matéria que não teremos oposição dentro da Casa, até porque procuraremos construir da melhor maneira possível".

O presidente da Câmara afirmou ainda que é preciso focar em "ações que vão levar para quem mais precisa mudanças na melhoria da qualidade de vida".

Segundo o parlamentar, a anistia é uma pauta recorrente e que divide a Casa. O deputado afirmou ainda que tem dialogado com os líderes partidários, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o Judiciário sobre a anistia, "para que o nosso País possa sair mais forte dessa discussão". Para ele, num cenário de crise internacional, o Brasil não precisa de uma "crise institucional".

O presidente da Câmara disse também que a comissão especial sobre o projeto do Imposto de Renda será instalada em breve. "Deveremos instalar a comissão nos próximos dias. A comissão apresentará um calendário para que a matéria possa ser discutida e votada. Após a matéria sair da comissão, nós vamos levar ao plenário também, com toda a prioridade que o tema requer, até porque o prazo é até o fim do ano", disse.

"Não vamos permitir que outras pautas, não só a anistia, como qualquer outro projeto, prejudique o andamento de um projeto de isenção", afirmou Hugo Motta.

Durante o painel, o deputado disse que a ideia da comissão especial é aprofundar o debate sobre a ampliação da isenção do Imposto de Renda e que a função do Congresso é melhorar a proposta enviada pelo governo. A isenção em si é um ponto pacífico, mas a discussão maior é sobre a compensação da arrecadação, disse Motta.

Além disso, afirmou que o relator, Arthur Lira (PP-AL), foi escolhido "por sua experiência e capacidade de diálogo".

A decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que prorrogou o afastamento de quatro desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado atendeu a um pedido da Polícia Federal. Em relatório enviado ao STF, a corporação afirma ter encontrado provas do envolvimento dos magistrados na venda de decisões e defende que os indícios são suficientes para abrir um processo criminal. Cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se oferece ou não denúncia.

Os desembargadores Alexandre Aguiar Bastos, Marcos José de Brito Rodrigues, Sideni Soncini Pimentel e Vladimir Abreu da Silva e o conselheiro Osmar Jeronymo estão há 180 dias fora das funções, desde outubro de 2024, e são monitorados por tornozeleiras eletrônicas, por ordem do ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que depois enviou o inquérito ao STF. Embora estejam afastados, recebem suas remunerações normalmente.

O advogado Pierpaolo Bottini, que representa o desembargador Sideni Pimentel, afirma que todas as suas decisões foram fundamentadas, que ele nunca atuou em casos em que seus filhos fossem advogados e que jamais recebeu qualquer vantagem indevida no exercício da jurisdição.

"A defesa apresentou um extenso parecer técnico contábil no qual aponta a origem de todas as receitas do desembargador, todas explicadas ilícitas. O desembargador prestou depoimento na Polícia Federal e esclareceu todos os fatos, não havendo motivo para continuidade de seu afastamento", afirma o criminalista.

O advogado Murilo Marques, que representa Osmar Jeronymo, afirma que não teve acesso ao relatório da Polícia Federal e nem foi intimado da decisão que prorrogou o afastamento do conselheiro. A defesa afirma que o afastamento "causa muita estranheza".

O Estadão busca contato com as demais defesas.

O ministro Cristiano Zanin, que assumiu a relatoria da investigação no Supremo, renovou nesta terça, 22, o período de afastamento. A decisão é provisória até que a PGR se manifeste sobre as conclusões da Polícia Federal. Depois disso, os afastamentos podem ser mantidos ou revogados, a depender do parecer da Procuradoria-Geral da República.

"Considerando a iminência do vencimento do prazo originalmente estabelecido pelo Ministro Francisco Falcão para vigência das cautelares, impõe-se, por medida de cautela e sem prejuízo de reavaliação oportuna, deferimento do pedido da Polícia Federal de prorrogação imediata da vigência das cautelares de afastamento da função pública", escreveu Zanin.

Os magistrados e o conselheiro estão proibidos de acessar os prédios do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas e os sistemas de processos e também não podem manter contato com servidores das Cortes.

Ontem, o Tribunal de Mato Grosso do Sul informou que os desembargadores haviam retornado ao trabalho. Com a decisão de Zanin, eles voltam a ser afastados. O servidor Danillo Moya Jeronymo, sobrinho do conselheiro do TCE, também foi afastado.

O inquérito da Operação Ultima Ratio tramita no STF porque há suspeita de envolvimento de servidores de ministros do Superior Tribunal de Justiça no esquema de negociação de decisões. Até o momento, segundo o STJ, não há indícios que desabonem a atuação de nenhum ministro da Corte.

A Polícia Federal acredita que os desembargadores negociaram decisões e pagamentos por meio de familiares. As suspeitas envolvem sobretudo filhos dos magistrados, em sua maioria advogados, que segundo a PF usariam os escritórios para receber propinas sem chamar a atenção dos órgãos de investigação.

De acordo com a Polícia Federal, os magistrados e seus filhos mantinham uma relação próxima que se estendia para além do ambiente de trabalho. Fotos obtidas na investigação mostram reuniões informais, churrascos e até viagens em grupo. A PF também encontrou vínculos societários entre as famílias e decisões cruzadas que beneficiaram clientes de seus filhos.

COM A PALAVRA, AS DEFESAS

O Estadão busca contato com as defesas dos desembargadores Alexandre Aguiar Bastos, Marcos José de Brito Rodrigues e Vladimir Abreu da Silva. O espaço está aberto para manifestação

Levantamento do Paraná Pesquisas divulgado nesta quarta-feira, 23, mostra que 57,4% dos brasileiros desaprovam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outros 39,2% aprovam a gestão, enquanto 3,4% não souberam opinar ou não responderam.

A desaprovação é a maior do atual mandato de Lula na Presidência O instituto realiza essa pesquisa desde agosto de 2023. A aprovação, por sua vez, é a menor.

O aumento da reprovação foi de sete pontos porcentuais neste ano Em janeiro, era 50,4%. Já a aprovação, que era de 46,1% no mesmo mês, caiu para 6,9 pontos.

Já sobre a avaliação do governo Lula, 48% consideram a gestão "ruim" ou "péssima". Para 26,6%, é "ótima" ou "boa". Outros 24,4% avaliam o governo como "regular". E 1% não sabe ou não opinou.

A pesquisa entrevistou 2.020 pessoas entre os dias 16 e 19 de abril de 2025, em 160 municípios das 27 unidades federativas do País. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais, com nível de confiança de 95%.

Pesquisa eleitoral para 2026

Nesta terça-feira, 22, uma pesquisa do instituto mostra o presidente Lula e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) tecnicamente empatados em eventual disputa pela Presidência.

Em outro cenário estimulado, em que os nomes dos candidatos também são apresentados aos entrevistados, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), substituindo Michelle como o principal nome da direita, perderia para o petista.