Senador republicano diz que Congresso tem projeto bipartidário de sanções à Rússia e aliados

Internacional
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O senador republicano Lindsey Graham afirmou nesta segunda-feira, 17, que o Congresso dos Estados Unidos está avançando com um projeto de lei de sanções contra a Rússia, que conta com amplo apoio bipartidário e fornecerá ao presidente americano, Donald Trump, mais ferramentas para pôr fim à guerra da Ucrânia.

"A legislação permitirá que Trump imponha sanções e tarifas secundárias - a seu critério - sobre países que continuam comprando petróleo e gás russo a baixo custo, sustentando a máquina de guerra de Vladimir Putin", escreveu Graham na rede X.

Esta legislação, segundo ele, visa dar ao presidente mais flexibilidade e poder para pressionar o Kremlin a negociar a paz, atacando tanto a Rússia quanto países, como o Irã, que a apoiam.

"O projeto de lei de sanções dará continuidade ao movimento para encerrar esta guerra de forma honrosa, justa e definitiva", acrescentou o senador.

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O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), designado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) para relatar na Casa o PL Antifacção, disse nesta quarta-feira, 19, em entrevista à GloboNews que "os ruídos" sobre a Polícia Federal (PF) serão resolvidos no Senado. Ele avaliou que é preciso chegar a um texto "consensual" e que o conteúdo aprovado nesta terça-feira, 18, pela Câmara dos Deputados já está muito próximo do que a PF pretende.

"Vamos entregar um texto apto a ser votado no Senado ainda este mês e, com certeza (com as alterações que serão feitas) deverá voltar à Câmara dos Deputados", adiantou Vieira, que também faz parte do colegiado da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado.

A Câmara aprovou o projeto de lei antifacção, nos termos do substitutivo apresentado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Governistas reclamaram das atribuições da PF e de questões relacionadas ao financiamento da corporação. O texto-base foi aprovado por 370 votos a 110, e a redação final da proposta foi chancelada em votação simbólica. A proposta que cria o Marco Legal do Combate ao Crime Organizado no Brasil vai agora ao Senado, sob relatoria de Vieira.

Após a aprovação na Câmara, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que no debate sobre o texto "não existiram heróis e vilões". "Políticos podem fazer valer suas narrativas, mas verdadeiro vilão é o crime organizado e o herói é o povo brasileiro", afirmou. Segundo Mota, a Câmara 'faz história' por entregar uma "resposta dura contra criminosos".

A votação contou com resistência da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que agora se prepara para tentar modificar pontos do texto no Senado, especialmente quanto à destinação dos bens do crime para fundos federais. Governistas tentaram adiar a deliberação e votar o projeto original encaminhado à Câmara, mas sem sucesso.

O deputado Guilherme Derrite (PP-SP) divulgou na noite desta terça-feira, 18, uma sexta versão de seu parecer sobre o projeto antifacção, com alterações em um dos agravantes para o crime de "domínio social estruturado" e também nas previsões sobre as audiências de custódia por videoconferência. A sessão que votará o texto está em andamento na Câmara.

No artigo que descreve as condutas enquadradas como "crimes cometidos por membros de organização criminosa ultraviolenta" são listadas as respectivas penas e agravantes. Nesse trecho, Derrite propôs mais uma hipótese para aumentar a pena de eventuais réus: quando o "crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica com a extração ilegal de recursos minerais ou a exploração econômica não autorizada".

Derrite também detalhou o regramento sobre as audiências de custódia via videoconferência, prevendo, por exemplo, que todos os estabelecimentos prisionais terão salas próprias, "com disponibilização de mecanismos de videoconferência estáveis".

O relator ainda fez um ajuste na redação sobre o perdimento extraordinário de bens. Agora, a previsão é de que a medida seja aplicada quando "restar clara a origem ilícita do bem, independente de condenação penal", nem necessidade de haver risco de dissipação de patrimônio.

Com o projeto de lei Antifacção prestes a ser votado no plenário da Câmara, a bancada bolsonarista articula a aprovação de uma emenda para equiparar o crime de organização criminosa armada ao de terrorismo.

A menção ao terrorismo havia sido retirada da terceira versão do relatório do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), diante da pressão do governo federal e de outros setores. Mas bolsonaristas mantêm a cobrança pela pauta.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), pousou em Brasília nesta tarde para se encontrar com parlamentares e dar impulso à iniciativa. O assunto não consta no projeto original, elaborado pelo Ministério da Justiça - que é contra a equiparação.

Caiado afirmou ao Estadão que viajou para Brasília para articular junto a bolsonaristas a aprovação de um destaque do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). O texto, protocolado minutos atrás, às 14h42, aplica as normas da Lei Antiterrorismo, de 2016, para os crimes previstos no PL Antifacção.

O aditivo prevê a vedação de anistia, graça, indulto e fiança a organizações criminosas e o cumprimento de pena em estabelecimento prisional de segurança máxima. Também iguala as hipóteses de extradição, cooperação jurídica internacional e perda de bens às da Lei Antiterrorismo.

"A equiparação de que trata o caput não depende de motivação ideológica, política ou religiosa, bastando que as condutas praticadas tenham por finalidade intimidar a população ou constranger o Estado, mediante violência ou grave ameaça, para obter domínio territorial, econômico ou social", prevê a emenda.

Sóstenes justifica o destaque protocolado em razão de Derrite ter retirado a menção a terrorismo de seu relatório.

"Entretanto, as condutas descritas no texto - como ataques armados a instituições públicas, destruição de infraestrutura essencial, sabotagem de serviços públicos e domínio territorial mediante violência - são idênticas, na prática e na gravidade, aos atos de terrorismo previstos na Lei nº 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo)".

Sóstenes diz que a reintrodução da equiparação tem "caráter técnico e simbólico, reforçando o entendimento de que tais práticas configuram verdadeiros atentados à ordem pública e ao Estado de Direito, devendo receber tratamento jurídico máximo de rigor".

"Com isso, assegura-se coerência normativa entre o Marco Legal do Combate ao Crime Organizado e a Lei Antiterrorismo, fortalecendo a repressão penal e processual contra organizações que, por meio da intimidação coletiva, buscam enfraquecer a autoridade do Estado e instaurar o medo na sociedade", diz.

Na semana passada, Caiado e outros três governadores (o mineiro Romeu Zema, o fluminense Cláudio Castro e o catarinense Jorginho Mello) pediram ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que o PL Antifacção fosse adiado por pelo menos 30 dias para dar tempo de discutir um texto mais robusto. Motta, no entanto, pautou a votação para esta terça-feira, 18.

Pressionado pela insatisfação da direita à esquerda, o deputado apresentou a quinta versão do parecer em menos de duas semanas.

Como começou a polêmica

A repressão a terroristas é de competência exclusiva federal. Propor alteração nessa legislação específica deixaria as polícias dos Estados de fora da apuração, como mostrou o Estadão. Derrite fez uma primeira mudança: incluiu que parte dos crimes seria de competência dos Estados.

Essa alteração levou a PF a reclamar. A cúpula do órgão federal alertou que o novo texto retiraria sua liberdade de também investigar as organizações criminosas. Nesta terça-feira, Derrite chegou a dizer que bastaria a PF solicitar a autorização ao governo do Estado. Mas novamente foi criticado.

O próprio Motta se posicionou em relação a críticas que apontavam que essa classificação poderia vulnerabilizar a segurança nacional. "Quero dizer que não vamos permitir que nenhuma discussão na Casa coloque em risco a soberania do nosso País", afirmou. Mais cedo, o presidente da Câmara também disse que não iria permitir perda de prerrogativas da Polícia Federal.

A equiparação de facções brasileiras a terroristas faz também parte da agenda do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Uma comitiva do governo americano esteve em Brasília em maio e sondou, numa reunião com membros do Ministério da Justiça, o governo do Brasil sobre a possibilidade de classificar esses grupos como terroristas. Os brasileiros negaram a proposta, como mostrou o Estadão.