EUA designam Arábia Saudita como 'aliada importante fora da Otan' após anúncio de novo acordo

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Logo depois de anunciar que os investimentos sauditas nos Estados Unidos, hoje na casa de US$ 600 bilhões, "podem se tornar US$ 1 trilhão", o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que Washington e Riad firmaram um acordo que facilitará transferências de armamentos e ampliará a cooperação militar. Segundo ele, a Arábia Saudita será designada "aliado importante fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)", status que aprofunda a relação de defesa, mas "não inclui uma garantia de segurança".

Trump afirmou que "um aliado mais forte e mais capaz promoverá os interesses de ambos os países e servirá ao mais alto interesse da paz", durante jantar de gala na Casa Branca ao lado do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, líder de fato do reino.

A categoria de aliado importante fora da Otan (MNNA, na sigla em inglês) concede benefícios em comércio de defesa, pesquisa conjunta, uso de estoques militares americanos e prioridade no recebimento de equipamentos excedentes, entre outras prerrogativas. Contudo, o próprio governo dos EUA destaca que o status é simbólico e não implica compromissos automáticos de proteção.

Com a decisão, a Arábia Saudita se somará a outros 19 países que já integram essa lista: Argentina, Austrália, Bahrein, Brasil, Colômbia, Egito, Israel, Japão, Jordânia, Quênia, Kuwait, Marrocos, Nova Zelândia, Paquistão, Filipinas, Catar, Coreia do Sul, Tailândia e Tunísia. Além deles, Taiwan é tratado como MNNA sob legislação específica.

O movimento ocorre após a sinalização de aprofundamento da parceria econômica e tecnológica. Na terça-feira, Trump também disse estar trabalhando para "aprovar envio de chips avançados para a Arábia Saudita".

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A CPI do Crime Organizado no Senado começará a ouvir governadores e secretários de Segurança Pública na primeira semana de dezembro, conforme anunciou o presidente do colegiado, senador Fabiano Contarato (PT-ES), nesta quarta-feira, 19. Ao todo, 22 autoridades de 11 unidades da Federação foram convidadas, com requerimentos aprovados por unanimidade no início dos trabalhos. A ordem das oitivas ainda será definida por Contarato e pelo relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que pretendem aprofundar o diagnóstico sobre o avanço das facções criminosas e a atuação dos estados no enfrentamento à violência.

O tema da segurança pública ganhou novo fôlego após a megaoperação realizada no final de outubro nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes e reacendeu o debate nacional sobre combate ao crime organizado. A instalação da CPI ocorreu justamente na esteira das críticas à condução da operação e da pressão por respostas estruturais. Na terça-feira, 18, os governadores Cláudio Castro (PL-RJ) e Ronaldo Caiado (União-GO) estiveram em Brasília para acompanhar na Câmara a tramitação do chamado "PL Antifacção".

Nas primeiras sessões, o colegiado já ouviu o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que defendeu que o crime organizado não seja equiparado ao terrorismo, e o diretor de Inteligência Penal da Secretaria Nacional de Políticas Penais, Antônio Glautter de Azevedo Morais. Em seus depoimentos, foram abordados temas como o déficit carcerário e a falta de padronização entre os sistemas prisionais estaduais. Contarato classificou como "inadmissível" a existência de uma "justiça paralela" operada por facções dentro das penitenciárias, já que ordens criminosas muitas vezes circulam com mais rapidez que informações oficiais.

Entre os convidados para as próximas audiências estão os governadores Clécio Luís (AP), Jerônimo Rodrigues (BA), Raquel Lyra (PE), Elmano de Freitas (CE), Paulo Dantas (AL), Jorginho Melo (SC), Ratinho Júnior (PR), Eduardo Leite (RS), Ibaneis Rocha (DF), Cláudio Castro (RJ) e Tarcísio de Freitas (SP), além de seus respectivos secretários de Segurança Pública. Segundo Contarato, a fragmentação entre Estados, cada um com métodos e estruturas distintas, favorece a articulação nacional das facções. A CPI seguirá ouvindo autoridades nas próximas semanas, com expectativa de consolidar propostas para fortalecer a coordenação entre os entes federativos e enfrentar a expansão do crime organizado no País.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o texto do projeto de lei de combate às facções criminosas aprovado pela Câmara "enfraquece" o enfrentamento ao crime organizado e "gera insegurança jurídica".

Essa foi a primeira manifestação do presidente após a Câmara ter aprovado, por 370 votos a 110, o projeto de lei enviado pelo próprio governo ao Congresso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), escolheu como relator o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), licenciado do cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo no governo de Tarcísio de Freitas.

Derrite fez uma série de mudanças no texto e desagradou ao governo, que cobrou, desde a semana passada, alterações no texto. Todos os deputados do PT presentes votaram contra o texto.

"Precisamos de leis firmes e seguras para combater o crime organizado. O projeto aprovado ontem pela Câmara alterou pontos centrais do PL Antifacção que nosso governo apresentou. Do jeito que está, enfraquece o combate ao crime e gera insegurança jurídica. Trocar o certo pelo duvidoso só favorece quem quer escapar da lei", disse o presidente em sua conta no X.

Lula pediu ao Senado que tenha "o diálogo e a responsabilidade na análise do projeto", indicando que um caminho para o governo seja alterar o texto na Casa Alta do Congresso. O relator será o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), conforme anunciado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

"O compromisso do Governo do Brasil é com uma agenda legislativa que fortaleça as ações da Polícia Federal, garanta maior integração entre as forças de segurança e amplie o trabalho de inteligência para enfrentar as facções nos territórios onde elas tentam se impor, mas especialmente para atingir as estruturas de comando que sustentam e financiam seus crimes", declarou.

O presidente disse que o governo está "do lado do povo brasileiro" e que não abrirá mão de "combater de verdade toda a cadeia do crime organizado".

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) confirmou nesta quarta-feira, 19, a intenção de recusar o pedido para disputar o governo de Minas Gerais em 2026, tal como quer o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Pacheco mirava a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal, mas foi informado na segunda-feira, 17, que Lula deve indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias.

"O presidente disse que tinha tomado uma decisão que seria anunciada em breve e desejava a minha candidatura ao governo do Estado. A conversa dele foi nesse sentido, a minha conversa também nessa que já foi reportada, uma conversa de pessoas civilizadas que se respeitam muito e que se gostam", declarou Pacheco a jornalistas.

O senador reafirmou a intenção de deixar a vida política após o fim de seu mandato como senador, em 2026: "Já havia esse encaminhamento para o qual eu estava me programando, o encerramento da vida pública. É sempre um ciclo. E nós temos uma data de entrada, eu sempre tive uma previsão de data de saída, e essa data está próxima."

Segundo ele, porém, a decisão só será concretizada depois de conversar com lideranças de Minas Gerais, o que está previsto para ocorrer até o fim do ano. "A decisão definitiva disso, até por respeito e deferência, tem que ser tomada com alguns companheiros meus que sempre estiveram ao meu lado, que são deputados federais, deputados estaduais, prefeitos, vereadores, que a gente precisa conversar para poder ter esse alinhamento para que fique tudo bastante esclarecido, sem nenhum tipo de aresta", disse.

Perguntado se articulará pela indicação de Messias no Senado, Pacheco respondeu: "Vamos aguardar a indicação. A partir da indicação, a gente faz essa avaliação".

O indicado ao STF precisa ser sabatinado e aprovado pelo Senado. Tanto o presidente da Casa como a maioria dos senadores defendem a escolha do nome de Pacheco. Dado o cenário, senadores veem a possibilidade de que a votação fique para 2026, a fim de dar tempo de o governo coletar os votos.

Na terça, 18, Alcolumbre mostrou descontentamento com a provável escolha de Messias: "Tem que esperar a indicação, fazer o quê? Se eu pudesse, eu faria a indicação", afirmou.