Após explosão em hospital, médicos de Gaza fazem cirurgias no chão para tentar salvar vítimas

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Confrontados com a escassez de suprimentos hospitalares, médicos na Cidade de Gaza realizaram cirurgias no chão, muitas vezes sem anestesia, em uma tentativa desesperada de salvar vítimas gravemente feridas pela explosão que matou civis abrigados em um hospital na terça-feira, 17.

Nesta quarta-feira, 18, palestinos continuavam encontrando corpos no hospital devastado. "Nunca vi nada parecido na minha vida", diz Ahmed Tafesh, depois de horas recolhendo restos humanos. Entre os veículos queimados, voluntários recolhem corpos e restos mortais e os colocam em sacos para cadáveres, enquanto outros corpos são enrolados em cobertores e invólucros brancos.

Ghassan Abu Sitta, cirurgião plástico que trabalha no Al-Alhi, disse ter ouvido uma forte explosão e o teto de sua sala de cirurgia desabou. "Os feridos começaram a tropeçar em nossa direção", escreveu ele em uma conta postada no Facebook. Ele viu centenas de pessoas mortas e gravemente feridas. "Coloquei um torniquete na coxa de um homem que teve sua perna arrancada e depois fui cuidar de um homem com uma lesão penetrante no pescoço."

Autoria do ataque

A explosão no hospital Al-Ahli aumentou a tensão na guerra entre Israel e os terroristas do Hamas e gerou uma troca de acusações.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governado pela ala política do Hamas, responsabilizou o governo de Israel pela explosão, gerada pela queda de um foguete. O exército israelense, por sua vez, disse que o hospital não estava entre os seus alvos e responsabilizou a Jihad Islâmica, um outro grupo palestino, como autor do disparo.

Nesta quarta, Israel divulgou uma gravação de uma suposta ligação interceptada entre dois integrantes do Hamas, na qual discutem como o hospital Al-Ahli teria sido atingido por um foguete fracassado disparado de dentro da Faixa de Gaza. "Estão dizendo que (o foguete) pertence à Jihad Islâmica Palestina", diz um dos terroristas.

Em visita a Tel Aviv, o presidente dos EUA, Joe Biden, endossou a versão de Israel. "Fiquei profundamente triste e indignado com a explosão em um hospital de Gaza ontem. E, pelo que vi, parece ter sido obra do outro lado", disse Biden ao primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu.

A Jihad Islâmica nega a autoria do disparo. As autoridades de saúde do enclave, governado pelo Hamas, disseram que 471 pessoas morreram com a explosão.

Imagens gravadas por jornalistas locais mostraram o terreno do hospital repleto de corpos dilacerados, muitos deles de crianças pequenas, enquanto o fogo engolfava o prédio. A grama estava repleta de cobertores, mochilas escolares e outros pertences após o ataque.

Yahya Karim, 70 anos, foi ao hospital nesta quarta-feira em busca de notícias de seus parentes. "Não sei quantos deles morreram ou quantos ainda estão vivos", diz Karim, que considerou ficar no hospital antes da tragédia de terça-feira. Adnan al Naqa, outro residente de Gaza, disse que cerca de 2 mil pessoas estavam refugiadas no hospital na noite de terça-feira. "Todo o lugar estava em chamas, havia corpos por toda parte, crianças, mulheres e idosos", diz Naqa.

A diretora do hospital, Suhaila Tarazi, disse que as consequências da explosão foram "diferentes de tudo que eu já vi ou poderia imaginar". "Nosso hospital é um lugar de amor e reconciliação", disse ela. "Somos todos perdedores nesta guerra. E isso deve acabar.

Ambulâncias e carros particulares levaram cerca de 350 vítimas para o principal hospital da Cidade de Gaza, al-Shifa, que já estava lotado de feridos de outros ataques, disse seu diretor, Mohammed Abu Selmia. Os médicos recorreram à realização de cirurgias no chão e nos corredores, principalmente sem anestesia.

'Precisamos de tudo'

"Precisamos de equipamento, precisamos de medicamentos, precisamos de camas, precisamos de anestesia, precisamos de tudo", disse Abu Selmia. Ele alertou que o combustível para os geradores do hospital acabaria em poucas horas, forçando um desligamento total, a menos que os suprimentos entrassem na Faixa de Gaza. (Com agências internacionais).

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O vereador Lucas Pavanato (PL) foi condenado pela Justiça de São Paulo a indenizar por danos morais uma estudante da USP por conta de um vídeo gravado nas dependências da universidade, em agosto de 2023, e postado em suas redes sociais. Segundo a decisão judicial, de fevereiro deste ano, houve "abuso" do réu por "fazer uso indevido da imagem de terceiro".

A indenização, fixada em R$ 8 mil, já foi paga, e os posts não são mais encontrados para visualização. A exclusão da publicação em questão de todas as plataformas em que foi postada também consta na peça como parte da sentença.

A doutoranda Luana Fernanda Luiz alegou no processo que teve a sua imagem e honra maculada pelo réu. Na ocasião, antes das eleições, Pavanato era influenciador digital e foi à USP para gravar um conteúdo em que apresentava imagens de personalidades históricas para que participantes adivinhassem de quem se tratava. O objetivo seria mostrar que figuras da direita eram menos conhecidas entre os alunos da instituição.

Ao Estadão, Luana contou que foi "constrangedor" ver sua imagem em um vídeo que estava circulando amplamente. "Ele não disse que estava gravando, não pediu para gravar e muito menos informou que o vídeo seria publicado em redes sociais. O que parecia ser brincadeira virou um show de horrores", disse.

"Ele ocupa um cargo importante de representatividade da sociedade civil, e tem muita visibilidade. Muitos viram o vídeo em que aparece minha imagem sem autorização", relata. Lucas Pavanato foi o vereador mais votado da cidade de São Paulo e de todo o Brasil nas eleições municipais de 2024, com 159.925 votos.

No processo, Luana alegou que foi abordada por ele na universidade e que o então influencer prometeu certa quantia em dinheiro por cada pergunta que respondesse. Posteriormente, soube da exposição de sua imagem em redes sociais. A doutoranda considerou a sentença uma "reparação".

O vídeo estaria disponível nas plataformas Instagram, Facebook e YouTube. Ele não é mais encontrado para visualização. As únicas publicações da data são sobre um confronto entre Pavanato e integrantes do movimento estudantil que pediam a saída dele da universidade. O episódio teria ocorrido depois da gravação.

Procurado pelo Estadão, o vereador Lucas Pavanato disse que, no dia em que o vídeo foi gravado, ele e Luana chegaram a se despedir. "Não houve nenhuma discussão com ela, nenhuma piada." Segundo ele, a decisão judicial "não é uma sentença, é um roubo".

"É um processo em que a própria juíza disse que não havia como quantificar os danos, então ela mesmo se contradisse". Em trecho da peça, a magistrada, definida por ele como "juíza de esquerda que já publicou livros sobre feminismo" escreve que faltaram elementos para mostrar que a autora ainda sofre com a conduta do réu.

Ela também entendeu que Lucas não produziu provas de que Luana teria consentido com a publicação da "entrevista" em suas redes. O valor da multa foi considerado "suficiente" para impor uma sanção ao ato e impedir casos semelhantes no futuro.

O vereador afirma que não lhe foi dada a possibilidade de recorrer. O recurso não teria sido reconhecido devido à ausência do pagamento dos custos com os Correios, que Pavanato diz não terem sido informados a seu advogado, após tentativas de obtenção da informação.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou nesta segunda-feira, 31, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), a viajar para São Paulo entre os dias 1º e 7 de abril para acompanhar uma competição esportiva da filha. Cid se tornou réu por tentativa de golpe de Estado, após decisão da Primeira Turma da Corte.

Cid pediu autorização para viajar até a capital paulista para acompanhar a premiação da filha na categoria "Jovem Cavaleiro", pela Confederação Brasileira de Hipismo, e participar de uma competição que acontecerá dentro do Jockey Club de São Paulo.

Na decisão, Moraes destacou que a autorização "não dispensa o requerente do cumprimento das demais medidas cautelares" já impostas, como a proibição de manter contato com outros investigados e não utilizar as redes sociais. O ministro também determinou que a Administração Penitenciária do Distrito Federal envie ao STF, no prazo de 48 horas após o retorno, um relatório detalhado do monitoramento por tornozeleira eletrônica referente ao período da viagem.

Mauro Cid foi preso em maio de 2023, acusado de participar de um esquema de fraude para inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. Ele foi solto ainda naquele ano após firmar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal.

De acordo com as investigações, Cid teria contribuído para a redação da minuta golpista e participado do planejamento de ações violentas ao lado de militares das Forças Especiais. Também teria estado presente em reuniões que discutiram possíveis atentados contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

O advogado Mauro Cezar Bitencourt afirmou que Cid atuou com "dignidade" e "grandeza" sendo apenas o delator no processo e não teve papel central nos crimes investigados.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o último recurso que poderia enterrar a ação de improbidade movida pelo Ministério Público de São Paulo contra o ex-chefe da Corregedoria da Fiscalização Tributária da Secretaria estadual da Fazenda, Marcus Vinícius Vannucchi, com quem a Polícia Federal apreendeu US$ 180 mil e 1,3 mil euros em um bunker secreto.

A ex-mulher dele, Olinda Alves do Amaral Vannucchi, que também responde ao processo por suspeita de ajudá-lo a receber propinas, deu entrada em uma série de recursos questionando a ação. O último deles transitou em julgado no dia 27 de março.

A defesa nega que Olinda tenha contribuído para o aumento patrimonial suspeito do ex-marido e afirma que as acusações do Ministério Público não estão baseadas em "indícios mínimos suficientes da veracidade dos fatos e do dolo imputado".

Olinda alega também que foi arrastada para o processo exclusivamente por ser ex de Vannucchi e sustenta que não sabe do que se defender porque, segundo seus advogados, o Ministério Público não informou quais seriam suas movimentações suspeitas.

Após o Tribunal de Justiça de São Paulo rejeitar os pedidos para pôr um fim na ação, o caso chegou ao Superior Tribunal de Justiça. O ministro Benedito Gonçalves, relator do recurso, manteve a decisão da Justiça estadual.

A defesa recorreu novamente e a Primeira Turma do STJ bateu o martelo em decisão unânime: a ação de improbidade deve seguir seu curso. O julgamento ocorreu no plenário virtual entre os dias 4 e 10 de fevereiro. Os ministros consideraram que a defesa não comprovou a necessidade de uma intervenção excepcional do STJ.

O Ministério Público de São Paulo afirma na ação que Marcus Vannucchi usou familiares para "ocultar patrimônio arrecadado ilicitamente em sua função pública". Empresas abertas em nome da ex-mulher e da mãe dela teriam sido usadas para escoar propinas sem chamar a atenção dos órgãos de investigação, segundo o processo.

O ex-fiscal nega irregularidades. Ele foi absolvido das acusações na esfera criminal. A Justiça de São Paulo concluiu que Ministério Público de São Paulo não foi capaz de provar a origem irregular do dinheiro.