Egito abre fronteira brevemente e ajuda chega à Gaza pela 1ª vez

Internacional
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Um comboio de 20 caminhões transportando ajuda humanitária cruzou a fronteira do Egito com a Faixa de Gaza nesta sábado, 21, pela primeira vez após dias de negociação diplomática para levar alimentos, água e remédios ao enclave. Com o bloqueio total de Israel ao território palestino, os suprimentos estão acabando e os hospitais se aproximam cada vez mais do colapso.

O lote de ajuda é o primeiro a ser fornecido aos moradores desde os ataques terroristas do Hamas contra Israel, no dia 7. Ele foi possível após um acordo entre EUA, Israel e Egito.

Organizações que atuam na região como ONU e Médicos Sem Fronteira saudaram o avanço, mas dizem que a chegada é insuficiente. A ONU diz serem necessários ao menos 100 caminhões diários para ajudar os 2,4 milhões de moradores de Gaza.

A principal preocupação é com a falta de combustíveis em hospitais, que impede a manutenção de UTIs e necrotérios, bem como de aparelhos vitais.

Segundo a agência da ONU para refugiados, a Acnur, o governo de Israel vetou a entrada de combustível, com o temor de que o insumo pudesse ser desviado pelos terroristas do Hamas. As próximas remessas de ajuda, assim como a primeira, devem entrar em Gaza após uma inspeção conjunta de israelenses, egípcios e da ONU, mas, por enquanto, não há previsão de entrega de combustível.

O secretário de Estado americano, Anthony Blinken, alertou o Hamas para não tentar desviar a ajuda humanitária sob pena de que ela seja suspensa.

A passagem de fronteira de Rafah, que liga a Península do Sinai, no norte do Egito, à Faixa de Gaza abriu seus portões brevemente ontem pela primeira vez durante o atual conflito. Centenas de voluntários e mais de 200 caminhões carregando cerca de 3 mil toneladas de ajuda estão em fila para ter acesso à passagem há dias, mas apenas uma pequena parte foi liberada ontem.

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou na quarta-feira um acordo com o Egito para permitir um primeiro comboio, mas ele demorou a ser posto em prática.

Centenas de portadores de passaportes estrangeiros - incluindo um grupo de 30 brasileiros - também esperam para atravessar de Gaza para o Egito e escapar do conflito. Mas não estava claro quando isso poderia ocorrer. Segundo o jornal The New York Times, Cairo continua extremamente relutante em permitir a entrada de qualquer pessoa vinda de Gaza no seu território.

Cerco

Israel impôs, no dia 9, um cerco total à Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, que dois dias antes lançou uma incursão sem precedentes em solo israelense, matando 1,4 mil e fazendo 210 reféns, segundo número atualizado ontem pelo Exército.

Dentro de Gaza, mais de 4,3 mil palestinos foram mortos em bombardeios da retaliação israelense, segundo o Ministério da Saúde do território. A abertura da fronteira ocorreu horas depois que o Hamas libertou uma mulher americana e sua filha adolescente - as duas também com cidadania israelense -, as primeiras do grupo de reféns a serem soltas.

'Cúpula da Paz'

Países europeus, africanos, entre outros, reuniram-se no Cairo ontem para uma "cúpula da paz", mas depois de horas de discursos, não houve nenhum consenso. A reunião expôs divisões, com líderes árabes criticando os ocidentais pelo seu silêncio sobre os ataques aéreos de Israel contra civis palestinos em Gaza.

"A mensagem que o mundo árabe ouve é alta e clara", disse o rei da Jordânia, Abdullah II. "As vidas dos palestinos importam menos que as de Israel. Nossas vidas importam menos do que outras vidas. A aplicação do direito internacional é opcional e os direitos humanos têm limites - eles param nas fronteiras, param nas raças e param nas religiões."

O Brasil também participou e, em seu discurso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu uma negociação para uma pausa humanitária no conflito em Gaza.

Um dos objetivos da reunião era uma declaração conjunta. Mas líderes europeus se opuseram a assinar um projeto apresentado pelo Egito que não mencionava o direito de Israel de se defender contra o Hamas, segundo fontes citadas pelo New York Times. No final, nenhuma declaração foi emitida. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O relator de representação contra o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Paulo Magalhães (PSD-BA), apresentou, nesta quarta-feira, 2, parecer recomendando a cassação do mandato do parlamentar carioca. A decisão foi alvo de protesto de correligionários e apoiadores do psolista.

O processo por quebra de decoro, aberto em 2024, foi em razão do episódio em que Glauber expulsou um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) da Casa aos chutes.

"Diante das provas produzidas nos autos, verifica-se que Glauber Braga extrapolou os direitos inerentes ao mandato, abusando, assim, das prerrogativas que possui", afirmou Magalhães em seu relatório.

No dia 16 de abril de 2024, Glauber expulsou da Câmara o influenciador Gabriel Costenaro, integrante do MBL, aos chutes. Na ocasião, Costenaro fez insinuações sobre a ex-prefeita de Nova Friburgo Saudade Braga, que na época estava doente. Ela faleceu 22 dias após o ocorrido.

A expectativa é que o texto seja votado na próxima semana, após pedido de vista (mais tempo para análise) feito por Chico Alencar (PSOL-RJ) nesta quarta-feira.

Em sua defesa, Glauber chamou Costenaro de "provocador", afirmou que essa conduta faz parte do "modus operandi" do MBL e lembrou da posição de um dos líderes da bancada da bala, Alberto Fraga, que disse que se o fato ocorresse com ele, iria "quebrar na porrada" o manifestante.

"O depoimento do deputado Fraga neste Conselho de Ética foi um depoimento de absolvição ou de arquivamento do procedimento", disse.

Glauber também disse que agiu para "defender a honra da mãe" e que tal conduta era um "dever de vida".

A Comissão de Ética contou com a presença da bancada do PSOL na Casa. O principal ponto de reclamação desse grupo foi o fato de que o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), preso há mais de um ano sob a acusação de ser o mandante do assassinato da ex-vereadora do Rio Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ainda mantém o mandato parlamentar enquanto o plenário não julga a representação contra ele.

"A gente quer caçar um deputado lutador por emitir sua opinião. Essa foi a Casa que está deixando um deputado que mandou possivelmente executar uma vereadora recebendo dinheiro. A pena para ele seria de 40 anos de prisão, e ele ainda é deputado mesmo sendo acusado de mandar matar uma vereadora eleita", disse Talíria Petrone (RJ), líder do PSOL na Câmara.

Como mostrou o Estadão, Brazão já custou aproximidamente R$ 1,8 milhão aos cofres públicos durante o período em que ele está preso e não pode exercer as principais funções de um deputado em Brasília.

Outros aliados de Glauber presentes na sessão levaram faixas com a frase "Glauber fica" e chamaram o relator de "capacho de Lira".

Durante toda a tramitação do processo, o psolista disse que o relatório foi "comprado" pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que exercia o cargo no ano passado. Glauber ainda chamou Lira em diferentes oportunidades de "bandido". Glauber repetiu a crítica contra Lira. ""Quem escreveu o seu relatório foi o senhor Arthur Lira", afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou a ida à cerimônia de 60 anos do Banco Central (BC) nesta quarta-feira, 2. A atualização consta na agenda oficial da presidência da República, divulgada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom). A previsão era de que o chefe do Executivo marcasse presença no evento às 14h30. Não houve, até o momento da publicação desta nota, informações sobre a razão do cancelamento. O único compromisso oficial do petista durante o período da tarde é com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, às 16h30.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta quarta-feira, 2, à noite com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e líderes da Casa, apurou o Estadão/Broadcast Político. A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também deve participar da agenda. O encontro será na residência oficial do Senado.

A ida do presidente da República à casa do presidente do Senado não é usual. Normalmente, as reuniões do chefe do Executivo com parlamentares são feitas no Palácio da Alvorada. A reunião não consta da agenda oficial da Presidência da República. O último compromisso do dia de Lula, segundo a divulgação, é uma reunião com a ministra Gleisi no Palácio do Planalto às 16h.

Já na semana que vem, Lula deve se reunir com os líderes da Câmara e o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). O encontro deve ser no mesmo formato do desta quarta.

O encontro é um desdobramento da viagem que Lula fez na semana passada à Ásia que contou com a presença de parlamentares. Dentre os integrantes da comitiva, estavam os presidentes do Senado e da Câmara e seus aliados e antecessores, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL). Expoentes do Centrão, inclusive nomes ventilados para a relatoria do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda, também participaram da viagem.

Como mostrou o Estadão/Broadcast Político, congressistas avaliaram que a viagem foi positiva e citaram que Lula fez brincadeiras e se mostrou descontraído durante a agenda. Integrantes da comitiva alegam que precisavam de oportunidades de se sentirem mais próximos do chefe do Executivo, o que foi possibilitado durante os dias que passaram no exterior.

A próxima etapa, segundo eles, é que Lula faça reuniões com presidentes de partidos e bancadas do Congresso. Para aliados do chefe do Executivo, tais agendas podem, inclusive, trazer avanços nas tratativas em relação à reforma ministerial.

No ano passado, o petista fez encontros com lideranças da Câmara e do Senado, diante do descontentamento por parte do Congresso em relação à falta de diálogo direto com Lula. Na época, aliados do chefe do Executivo prometeram que essa agendas ocorreriam com mais frequência, o que não se concretizou.

Agora, a expectativa dos congressistas é de que Lula busque um entrosamento com parlamentares como mantinha em seus mandatos anteriores. A disposição do presidente no início de 2025 se soma, ainda, ao novo perfil da articulação política, liderada agora por Gleisi Hoffmann. Segundo fontes, a ex-presidente do PT está se mostrando empenhada em melhorar a relação do governo com o Parlamento.