Japão: homem é condenado à morte por ataque incendiário a estúdio de anime que matou 36 pessoas

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Um tribunal japonês condenou um homem à morte após considerá-lo culpado de assassinato e outros crimes na quinta-feira, 25, por realizar um ataque incendiário a um estúdio de anime em Kyoto que resultou na morte de 36 pessoas.

 

O Tribunal do Distrito de Kyoto afirmou que considerou o réu, Shinji Aoba, mentalmente capaz de enfrentar a punição por seus crimes e anunciou a sentença de pena de morte após um intervalo em uma sessão na quinta-feira.

 

Aoba invadiu o estúdio nº 1 da Kyoto Animation em 18 de julho de 2019 e o incendiou. Acredita-se que muitas das vítimas tenham morrido por envenenamento por monóxido de carbono. Mais de 30 outras pessoas ficaram gravemente queimadas ou feridas.

 

O juiz Keisuke Masuda afirmou que Aoba queria ser um escritor, mas não teve sucesso, e buscou vingança, acreditando que a Kyoto Animation havia roubado romances que ele havia enviado como parte de um concurso da empresa, de acordo com a emissora de televisão nacional NHK.

 

A NHK também informou que Aoba, desempregado e enfrentando dificuldades financeiras após mudar de emprego repetidamente, havia planejado um ataque separado em uma estação de trem ao norte de Tóquio um mês antes do ataque incendiário ao estúdio de animação.

 

Aoba planejou os ataques depois de estudar casos criminais passados envolvendo incêndios criminosos, disse o tribunal na sentença, observando que o processo mostrava que Aoba havia premeditado o crime e estava mentalmente capacitado.

 

"O ataque que transformou instantaneamente o estúdio em um inferno e tirou as preciosas vidas de 36 pessoas causou a elas uma dor indescritível", disse o juiz, de acordo com a NHK.

 

Durante o julgamento, Aoba pediu desculpas às famílias das vítimas, mas não mostrou arrependimento sincero, e havia pouca esperança de correção, afirmou a sentença. Aoba, de 45 anos, ficou gravemente queimado e foi hospitalizado por 10 meses antes de sua prisão em maio de 2020. Ele apareceu no tribunal em uma cadeira de rodas. Seus advogados de defesa argumentaram que ele não estava mentalmente apto a ser considerado criminalmente responsável.

 

Cerca de 70 pessoas estavam trabalhando dentro do estúdio no sul de Kyoto, a antiga capital do Japão, no momento do ataque. Um dos sobreviventes disse que viu uma nuvem negra subindo do andar de baixo, depois um calor escaldante veio e ele pulou de uma janela do prédio de três andares, ofegante por ar.

 

A empresa, fundada em 1981 e mais conhecida como KyoAni, produziu uma série de anime de grande sucesso sobre garotas do ensino médio, e o estúdio treinava aspirantes à profissão. A mídia japonesa descreveu Aoba como um encrenqueiro que mudava repetidamente de empregos temporários e apartamentos, e brigava com vizinhos.

 

O incêndio foi o mais mortal do Japão desde 2001, quando um incêndio no congestionado distrito de entretenimento de Kabukicho, em Tóquio, matou 44 pessoas.

 

O secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, afirmou que o ataque à Kyoto Animation foi "um caso altamente trágico" e que o governo intensificou as restrições às vendas de gasolina, incluindo verificações obrigatórias de identificação dos compradores. No entanto, Hayashi se recusou a comentar sobre a decisão de pena de morte.

 

O Japão manteve a pena de morte apesar das crescentes críticas internacionais. Autoridades do Ministério da Justiça afirmam que é uma resposta justificada a crimes hediondos e violentos contínuos. Uma pesquisa do governo japonês mostrou uma esmagadora maioria da população apoiando as execuções.

 

As execuções são realizadas em alto sigilo no Japão, onde os prisioneiros não são informados de seu destino até a manhã em que são enforcados. Desde 2007, o Japão começou a divulgar os nomes daqueles executados e alguns detalhes de seus crimes, mas as divulgações ainda são limitadas.

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O Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu afastar por 60 dias o desembargador Marcelo Lima Buhatem, do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), por publicações de cunho político-partidário em redes sociais.

Segundo o CNJ, Buhatem compartilhou mensagens de grande alcance que questionavam a credibilidade dos sistemas judicial e eleitoral. Para o órgão, as publicações fomentaram a desconfiança social acerca da justiça, da segurança e da transparência das eleições.

Em outubro do ano passado, o desembargador chegou a ter suas redes sociais suspensas em uma decisão inédita do ministro Luis Felipe Salomão, então corregedor nacional de Justiça. Salomão alegou que o magistrado reincidiu na conduta, "mesmo depois de já instaurado procedimento investigatório" na Corregedoria.

Entre os conteúdos usados como base para o afastamento, está uma mensagem enviada por lista de transmissão no WhatsApp que associava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Comando Vermelho. Buhatem compartilhou uma reportagem sobre a visita de Lula a uma favela onde a polícia teria sido proibida de realizar operações e disse que "Lula é convidado de honra do Comando Vermelho".

Em outra postagem, o desembargador divulgou a capa do jornal Folha de S.Paulo com uma pesquisa do Datafolha publicada antes do primeiro turno de 2022, acompanhada do comentário: "Isso sim, tinha que está (sic) no Inquérito das Fake News! Ato contra democracia!". A Corregedoria Nacional do CNJ identificou ainda críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e conteúdo alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A defesa do desembargador afirmou que ele apenas curtiu postagens institucionais de Bolsonaro, sem fazer manifestações pessoais sobre o conteúdo. Sustentou ainda que as interações ocorreram em 2023, após o período eleitoral, o que afastaria a imputação de apoio à candidatura do agora ex-presidente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal afirma que os irmãos Alex Rezende Parente e Fábio Rezende Parente, empresários do ramo de construção investigados na Operação Overclean, montaram um "sofisticado e estruturado esquema de lavagem de capitais e ocultação patrimonial".

O Estadão pediu manifestação da defesa. Em nota na terceira fase da Overclean, deflagrada neste mês, o advogado Sebástian Mello, que representa os empresários, afirmou que "todos os fatos serão oportunamente esclarecidos perante as autoridades competentes, assim que tiverem pleno acesso à decisão e demais elementos dos autos".

A PF descobriu que, em novembro de 2024, eles constituíram três empresas offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal no Caribe, - a Lexpar Capital & Assets Corp, a Biopar Capital & Assets Corp e a Flap Jet Assets Management Corp.

"A criação dessas estruturas offshore denota o claro objetivo de dificultar o rastreamento dos recursos ilícitos e assegurar a blindagem patrimonial dos valores provenientes do esquema criminoso em investigação", afirma a PF em um relatório da Overclean.

Os investigadores agora buscam identificar o valor exato remetido ao exterior. Segundo a PF, o "caráter insidioso e complexo do método empregado" vem dificultando o trabalho.

A Polícia Federal tomou conhecimento das empresas a partir de mensagens encontradas no celular de Fábio e de documentos apreendidos na sede da empresa Larclean Saúde Ambiental Ltda.

Além da constituição das offshores, os empresários também teriam usado contratos particulares, conhecidos como "contratos de gaveta", para ocultar a propriedade de imóveis comprados com recursos ilícitos, segundo a PF.

Alex é apontado como "responsável por deliberações estratégicas do planejamento à execução das ações ilícitas". Fábio seria o operador financeiro e mentor do esquema.

Quando a primeira fase da operação foi deflagrada, em dezembro de 2024, policiais federais apreenderam R$ 1,5 milhão com Alex Parente em um jatinho em Brasília.

O inquérito da Operação Overclean foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) porque o deputado Elmar Nascimento (União-BA), que tem foro privilegiado, foi citado. Ele nega irregularidades e afirma que o parlamentar que indica emendas "não tem competência e nem se torna responsável pela execução das verbas e pela fiscalização das respectivas obras e serviços".

O procurador Bradson Tiberio Luna Camelo, procurador do Ministério Público de Contas da Paraíba (MPC-PB), citou a música sertaneja "Evidências", da dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó, para defender uma medida cautelar nesta sexta-feira, 18. Segundo Bradson, Allana Galdino, indicada ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), deve devolver verbas obtidas por suposta improbidade administrativa e não pode "negar as evidências e viver fingindo". Os valores apontados pela auditoria do TCE-PB são de R$ 646.972,40.

"Por fim, lembro de frase repetida reiteradamente por todos os conselheiros: Esse Tribunal julga fatos, não pessoas! Como na célebre canção, aqui no Tribunal de Contas do Estado, não podemos negar as aparências e disfarçar as evidências, não podemos viver fingindo", escreveu o procurador.

O Estadão procurou a defesa de Allana Galdino, mas não havia obtido um retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Allana Galdino foi indicada ao TCE-PB e teve o nome aprovado pela Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) no último dia 18 de março. Ela é filha do presidente da Casa Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos). A Justiça do Estado chegou a suspender a nomeação dela por indícios de nepotismo, mas a decisão foi revogada um dia depois.

O procurador do MPC-PB acusa Allana, através de uma auditoria do TCE-PB, de ter sido uma servidora fantasma quando trabalhou na Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). Além do caso, configurado como descumprimento da idoneidade moral, o MP diz que a indicação fere a proibição do nepotismo em cargos públicos, já que o pai foi o responsável por conduzir a sessão que aprovou o nome dela para a Corte de Contas.

Na representação enviada nesta sexta, Bradson pede que a nomeação e a posse de Allana sejam suspensas até que o pedido do MPC-PB seja julgado. O procurador também quer que o governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), e dois secretários dele forneçam explicações sobre a suposta atuação de Allana como "funcionária fantasma".

Caso o TCE-PB condene Allana a não poder assumir a Corte de Contas, Bradson também pediu que a filha do deputado devolva todo o dinheiro que recebeu enquanto esteve locada na Seplag.