Parlamento russo aprova lei para confiscar bens de críticos da guerra

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O Parlamento russo aprovou nesta quarta-feira, 31, uma lei que permite que as autoridades confisquem dinheiro, propriedades e bens de quem for condenado por criticar ou difundir informações falsas sobre o Exército e a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia.

 

A lei, aprovada em tempo recorde pela Duma (Câmara Baixa), na terceira e última votação, seguirá para o Conselho Federal (Câmara Alta), onde também se espera uma tramitação rápida, antes da sanção do presidente Vladimir Putin.

 

A Rússia proibiu críticas à guerra e já colocou vários opositores atrás das grades. "Difamar" ou propagar "informações falsas" sobre as Forças Armadas são crimes contra a segurança nacional que podem render até 15 anos de prisão.

 

Repressão

 

O presidente da Duma, Viacheslav Volodin, disse que a lei pretende conter os "canalhas e traidores que cospem nas costas de nossos soldados". "Precisamos punir os canalhas, incluindo figuras culturais que apoiam nazistas", afirmou. "Qualquer um que tente destruir e trair a Rússia deve ser punido como merece."

 

Volodin foi um dos coautores da lei, patrocinada por outros 395 deputados, que elaboraram um texto que muitos críticos compararam com os confiscos realizados durante o período soviético. "Não estamos propondo um confisco. Não temos nenhum desejo de voltar ao período soviético. Não precisamos dele", respondeu Pavel Krasheninkov, presidente do comitê parlamentar que analisou a legislação. Segundo ele, a União Soviética aplicava o confisco como "uma espécie de castigo". A lei aprovada ontem é "uma medida de caráter penal", que envolve apenas os recursos utilizados para cometer um crime.

 

A legislação prevê ainda que as autoridades confisquem dinheiro recebido por jornalistas ou pesquisadores condenados por escrever "informações falsas" sobre a invasão da Ucrânia, incluindo o confisco de carros, casas ou apartamentos, como alternativa.

 

Oposição

 

Apesar do domínio completo da política russa, o Kremlin terá de lidar nos próximos meses com uma dor de cabeça inesperada. O opositor Boris Nadezhdin, que defende a paz com a Ucrânia, apresentou ontem à Comissão Eleitoral Central (CEC) as assinaturas necessárias para registrar sua candidatura para as eleições de 17 de março.

 

Nadezhdin, de 60 anos, precisava recolher 100 mil assinaturas, mas conseguiu o dobro - 200 mil. Ele recebeu apoio unânime da oposição - na prisão e no exílio - para sua promessa de acabar com a guerra, que ele chama de "erro fatal", embora não tenha demonstrado disposição de devolver a Kiev os territórios anexados.

 

A campanha para recolher assinaturas tornou-se a primeira manifestação massiva e legal de rejeição à guerra desde a invasão, em fevereiro de 2022. Analistas e opositores, porém, acreditam que Nadezhdin tem poucas chances de ser registrado, uma vez que o governo teme que ele reúna todos os insatisfeitos com a guerra e com as tendências autoritárias de Putin. A presidente da CEC, Ella Pamfilova, já rejeitou anteriormente a inscrição e registro de opositores críticos do Kremlin por razões infundadas.

 

Sede de poder

 

Na segunda-feira, 29, Putin registrou sua candidatura. Concorrendo como "independente", ele teria de apresentar 300 mil assinaturas - mas entregou 3,5 milhões. Embora tenha garantido que não o faria, o presidente russo mudou a Constituição em 2020 para concorrer à reeleição, algo que ele poderá voltar a fazer daqui a seis anos, o que lhe permitiria permanecer no Kremlin até 2036.

 

Putin, de 71 anos, é aprovado por 80% dos russos, segundo pesquisas oficiais. Ele deve vencer as eleições com mais folga do que em 2018, quando obteve mais de 76% dos votos. A CEC registrou até agora quatro candidatos: além de Putin, o comunista Nikolai Kharitonov, o ultranacionalista Leonid Slutski e o representante do Novo Povo, Vladislav Davankov. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira, 4, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 11 aliados no caso envolvendo as joias sauditas, revelado pelo Estadão. Ex-ministros e aliados políticos saíram em defesa do ex-presidente alegando que ele é vítima de perseguição.

O inquérito enquadra o ex-presidente nos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro pela venda ilegal. Somadas, as penas variam entre 10 a 32 anos de prisão.

Flávio Bolsonaro, Eduardo e Carlos: 'Perseguição'

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse no X (antigo Twitter) que o indiciamento do ex-presidente é uma "perseguição declarada e descarada" a Jair Bolsonaro. O senador alegou que os presentes concedidos ao ex-presidente foram devolvidos ao patrimônio da União, não havendo "dano ao erário".

Sugeriu parcialidade na atuação dos investigadores, afirmando que um grupo na PF foi "escalado a dedo" para as diligências. O texto de Flávio foi replicado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL).

Sóstenes Cavalcante: 'Solidariedade total'

O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) replicou em seu perfil do X o texto publicado por Flávio Bolsonaro. Além disso, afirmou que o indiciamento da PF é "pura perseguição" e reforçou sua "solidariedade total e irrestrita" ao ex-presidente.

"Fazem de tudo, mas todo o Brasil sabe que Jair Bolsonaro não é corrupto", sugeriu Cavalcante.

Ciro Nogueira: 'Homem de bem'

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente é "um homem de bem" de caráter e honestidade insuperáveis entre brasileiros. "Igual a Bolsonaro até pode ter, mas mais ('de bem' e honesto)… É impossível", afirmou Nogueira no X.

Rogério Marinho: 'Precedente' a Lula

O senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro e líder da Oposição no Senado, disse que o indiciamento desta quinta é um "precedente" preocupante ao presidente Luiz Inácio da Lula (PT), pois o petista também esteve envolto a um imbróglio jurídico sobre presentes conferidos a ele entre 2003 e 2010.

Como mostrou o projeto Comprova, em parceria com o Estadão Verifica, a insinuação de Marinho é enganosa. Em 2016, o Tribunal de Contas da União (TCU) fez auditoria no acervo de presentes recebidos em Lula e pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Após o pente-fino, a Corte de contas determinou a localização e incorporação ao patrimônio da União de 568 peças dadas a Lula e de 144 itens conferidos a Dilma. Até então, não havia clareza na legislação sobre a destinação desses bens.

Segundo o TCU, esta determinação foi cumprida pelos petistas. Apenas oito itens do acervo de Lula não foram localizados. De acordo com registros do Sistema de Informação do Acervo Privado Presidencial (Infoap), os presentes em posse de Lula foram estimados em R$ 11.748,40. Este montante, segundo o TCU, foi restituído à União em 10 parcelas de R$ 1.174,84.

Sérgio Moro: 'Diferença de tratamento'

O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, relativizou a "diferença de tratamento" entre o ex-presidente e Lula. O ex-juiz aludiu ao caso dos contêineres e relembrou que, nesta ocasião, Lula não foi indiciado por peculato, "dada a ambiguidade da lei" vigente.

"Há uma notável diferença de tratamento entre situações similares, afirmou Moro.

Gustavo Gayer: 'PF virou Gestapo'

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) comparou a PF à Gestapo, a polícia secreta do regime nazista. Segundo o deputado federal, a PF brasileira, a mando do ministro do STF Alexandre de Moraes, trabalha para perseguir opositores políticos. "Estão desesperados para desgastar o líder político que leva milhões pras ruas", disse Gayer.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu as acusações de que está "cansado", na esteira de apontamentos etaristas que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vem recebendo. O chefe do Executivo, então, convidou aqueles que o acusam de estar cansado para acompanhar suas agendas.

"Estou vendo vários artigos de colunistas dizendo que estou cansado por causa do Biden, nos Estados Unidos", comentou o presidente. "Então, todos que acham que eu estou cansado, eu convido a fazer uma agenda comigo durante o meu mandato", afirmou.

"Se ele aguentar acordar às 5h e dormir meia-noite todo dia, aí pode dizer que estou cansado", rebateu. "Quero ver quem fala que estou cansado, que está sentado com a bunda na cadeira escrevendo, se tem coragem de levantar e ir para a rua andar."

As declarações ocorreram nesta sexta-feira, 5, durante cerimônia de inauguração do Edifício Acadêmico e Administrativo da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (EPPEN - Unifesp) em Osasco, São Paulo. Na fala, Lula citou as diversas visitas a Estados que fez nas últimas semanas, de olho nas eleições municipais.

O presidente, então, disse que a primeira-dama, Rosângela da Silva, é "testemunha ocular" de sua condição física. "Quando eu falo que tenho 70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20, estou falando com conhecimento de causa."

O Exército brasileiro vai incorporar uma tecnologia capaz de equipar os drones Nauru 1000C - adquiridos pelas Forças Armadas com a empresa brasileira XMobots - com mísseis. Será o primeiro drone das Forças Armadas com poder ofensivo. Os primeiros testes armados do Nauru devem ocorrer em 2025.

O Exército planeja adquirir os sistemas equipados com mísseis até 2027, no atual ciclo de planejamento estratégico da Força. Atualmente, os drones Nauru já contam com um sistema de câmeras, podem alcançar uma velocidade de 110 quilômetros por hora e têm autonomia de dez horas. Eles são utilizados para reconhecimento aéreo de esconderijos, vigilância de alvos e missões de inteligência. Com a nova tecnologia, os sistemas ganham em poder ofensivo.

O Nauru 1000C - que será equipado com míssil - tem quase oito metros de envergadura e três de comprimento. O drone conta com oito motores com baterias independentes, permitindo a realização de decolagens e pousos verticais automáticos e possibilitando a decolagem e aterrissagem em ambientes críticos.

De acordo com o Exército, a versão armada do Nauru encontra-se em "fase final de avaliação".

"As capacidades relacionadas aos Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARP), mais conhecidos como drones, fazem parte do escopo de três Programas Estratégicos do Exército Brasileiro: Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras(SISFRON), Aviação do Exército (AvEx) e Astros. Há a previsão de obtenção, ainda no atual ciclo do Planejamento Estratégico do Exército (2024-2027), de sistemas equipados com mísseis, tendo como base a plataforma NAURU 1000(XMOBOTS), cuja versão ISR encontra-se em fase final de avaliação", confirma o Exército.

O primeiro drone Nauru foi recebido pelo Exército em dezembro de 2022 no 2º Batalhão de Aviação do Exército (BAvEx), em Taubaté (SP). À época, o general de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, então Comandante Militar do Sudeste, disse que os drones seriam utilizados "em operações de fronteira, operações em ambientes urbanos e nas operações convencionais".

"Está colocando o Exercito Brasileiro em outro patamar em termos de tecnologia, inteligência e aquisição de alvos. Esta tecnologia vai nos ajudar muito nas operações na faixa de fronteira, operações em ambientes urbanos e nas operações convencionais mesmo", disse o general Tomás.

Como mostrou o Estadão, a compra dos drones e prosseguimento dos projetos estratégicos já existentes para a modernização do Exército - como o sistema de foguetes Astros - vão pouco a pouco recuperando a atenção dos militares para o dia a dia das coisas da caserna, afastando a tropa das questões vinculadas à política partidária.

Confira o vídeo aqui