Mitch McConnell, senador republicano que 'congelou' em entrevistas, anuncia aposentadoria

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O republicano Mitch McConnell, líder mais velho do Senado na história dos Estados Unidos, irá se aposentar do cargo em novembro. Aos 82 anos, McConnell anunciou a decisão nesta quarta-feira, 28, durante a sessão legislativa.

 

Durante quase duas décadas, o senador conseguiu manter seu poder em meio às crises internas do Partido Republicano. Ele chegou ao Senado americano em 1985 e, legislatura após legislatura, ganhou lugares mais confortáveis, reservados aos líderes dos partidos. "Um dos talentos mais subestimados da vida é saber a hora de passar para o próximo capítulo da vida", disse o senador.

 

A decisão dá destaque a uma transição ideológica do Partido Republicano, do conservadorismo tradicional e fortes alianças internacionais de Ronald Reagan até o populismo e isolacionismo de Donald Trump.

 

McConnell planeja cumprir o restante do mandato no Senado, que termina em janeiro de 2027, mas em um "assento diferente".

 

Segundo seus assessores, a decisão não está relacionada à saúde do senador, que 'congelou' duas vezes no ano passado durante entrevistas coletivas. Os episódios ocorreram após McConnell sofrer concussão em uma queda, mas colegas reafirmam que ele se recuperou por completo nos últimos meses, apesar de algumas limitações físicas.

 

O senador tem estado sob pressão crescente da ala republicana aliada à Donald Trump, caracterizada por comportamentos hostis e inquietos. Ele e o ex-presidente estão afastados desde dezembro de 2020, quando McConnell se recusou a aderir a tese de eleições fraudas que Trump espalhou após perder a presidência para o democrata Joe Biden.

 

Embora a pressão dos trumpistas tenha crescido sobre ele, McConnell manteve seu apoio interno estável na conferência do Partido Republicano, sinalizando a habilidade política que o senador possui e a capacidade de compreender as necessidades dos colegas.

 

No discurso que leu no Senado, McConnell não oferece uma razão específica para a decisão, que considera há meses, mas cita a morte de sua cunhada mais nova como um momento que o fez refletir. "O fim das minhas contribuições está mais próximo do que eu gostaria", afirmou.

 

Trajetória e visão política

 

Durante a campanha em 1984, pelo Kentucky, Mitch McConnell foi chamado por Ronald Reagan de "Mitch O'Donnell", sinal de que se tratava de um desconhecido no meio político. Elegeu-se senador naquela eleição e no início se sentia feliz quando alguém o chamava pelo nome correto.

 

Desde então, McConnell endossou a visão de Reagan sobre o papel dos EUA no mundo. Recentemente, persistiu ante à oposição republicana que o Congresso deveria incluir um pacote de assistência externa de US$ 60 bilhões para a Ucrânia. "Não estou em conflito com o que há de bom em nosso país e com o papel insubstituível que desempenhamos como líderes do mundo livre", disse.

 

Contra todas as probabilidades, ele conseguiu garantir 22 votos republicanos para o pacote, que se encontra em análise na Câmara.

 

O senador também ressaltou que sabe das contradições atuais do Partido Republicano. "Eu tenho muitos defeitos. A má compreensão da política não é uma delas", declarou. "Dito isto, acredito mais do que nunca que a liderança global dos EUA é essencial para preservar as ideias que Ronald Reagan imaginou. Enquanto eu respirar nesta terra, defenderei o excepcionalismo americano."

 

McConnell e Trump trabalharam juntos durante todo o mandato do republicano. O senador teve um papel importante para as mudanças do Supremo Tribunal dos EUA e de todo o sistema judicial, tornando-os mais conservadores, e na legislação fiscal. Entretanto, os dois também se desentenderam desde o início.

 

A cooperação entre os dois piorou após as acusações infundadas de Donald Trump contra o sistema eleitoral americano e acabou com os ataques ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. McConnell responsabilizou Trump e disse que ele deveria ser julgado pelas ações.

 

Os críticos do senador insistem que ele poderia ter feito mais, incluindo votar a favor do impeachment de Trump no segundo julgamento, em fevereiro de 2021. McConnell se recusou, alegando que o republicano não estava mais no cargo e, portanto, não estava mais sujeito a impeachment.

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O Supremo Tribunal Federal (STF) reagiu neste sábado, 19, às críticas feitas em artigo da revista The Economist que diz que o ministro Alexandre de Moraes tem "poderes excessivos" e que o tribunal enfrenta "crescentes questionamentos". Em nota assinada pelo presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, o STF defendeu a atuação de Moaes e negou que haja uma crise de confiança na instituição.

"O enfoque dado na matéria corresponde mais à narrativa dos que tentaram o golpe de Estado do que ao fato real de que o Brasil vive uma democracia plena, com Estado de direito, freios e contrapesos e respeito aos direitos fundamentais", afirmou o tribunal.

A revista inglesa afirmou que o Supremo poderia agravar sua crise de confiança diante dos brasileiros caso o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguisse na Primeira Turma do tribunal, em vez de ser levado ao plenário. O texto também fez críticas a Barroso, aos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, e apontou que Moraes tem "poderes excessivos" nas decisões da Corte.

Em resposta, o STF afirmou que o julgamento de ações penais contra autoridades segue o rito previsto no procedimento penal, que determina que esses casos sejam analisados pelas turmas, e não pelo plenário. "Mudar isso é que seria excepcional", destacou a nota assinada por Barroso.

Barroso rebateu a sugestão de suspender Moraes do julgamento de Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente ofendeu quase todos os integrantes do Supremo e, "se a suposta animosidade em relação a ele pudesse ser um critério de suspeição, bastaria o réu atacar o tribunal para não poder ser julgado". Ele ainda classificou Moraes como um juiz que "cumpre com empenho e coragem o seu papel, com o apoio do tribunal, e não individualmente".

O STF também negou que exista uma crise de confiança na instituição e citou dados do Datafolha, divulgados em março de 2024, para sustentar o argumento. Ao mencionar os dados, no entanto, Barroso usou o percentual atribuído ao Poder Judiciário como um todo, cuja confiança é maior, se comparada à da Corte, com 24% que confiam muito, 44% que confiam um pouco e 30% que não confiam.

Segundo a pesquisa, 21% dos entrevistados disseram confiar muito no Supremo, 44% confiam um pouco e 30% não confiam. Para a Corte, isso demonstra que a maioria da população mantém algum nível de confiança no tribunal.

A nota ainda destacou que decisões monocráticas citadas pela revista foram posteriormente ratificadas pelos demais ministros. Entre elas, a suspensão do X (antigo Twitter), que foi determinada pela ausência de representante legal da empresa no Brasil, e não por algum conteúdo publicado na plataforma. A medida foi revertida após a indicação de um representante.

"Todas as decisões de remoção de conteúdo foram devidamente motivadas e envolviam crime, instigação à prática de crime ou preparação de golpe de Estado. O presidente do Tribunal nunca disse que a Corte 'defeated (derrotou) Bolsonaro'. Foram os eleitores", declarou o STF.

Barroso afirmou ainda que, apesar de a reportagem citar "algumas das ameaças sofridas pela democracia" no País, deixou de mencionar as tentativas de invasão da sede dos três Poderes em Brasília nos ataques de 8 de janeiro por uma "multidão insuflada por extremistas" além das tentativas de explosão de bomba no STF e no aeroporto de capital. A nota cita ainda o plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), além do ministro Alexandre de Moraes.

"Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do leste Europeu à América Latina", concluiu Barroso.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue internado na unidade de terapia intensiva (UTI) uma semana depois da cirurgia realizada em 13 de abril. Um novo boletim médico divulgado pelo Hospital DF Star e compartilhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro neste domingo, 20, informa que inda não há previsão de alta da UTI, mas que o ex-presidente apresenta boa evolução clínica.

A nota do hospital ainda diz que Bolsonaro apresenta pressão arterial sob controle, após o episódio de alteração relatado no boletim deste sábado, 19. Ele permanece em jejum oral, ou seja, sem se alimentar pela boca, e tem intensificado a fisioterapia motora e as medidas de reabilitação.

No domingo passado, 13 de abril, Bolsonaro fez uma cirurgia de 12 horas para retirar aderências no intestino e reconstruir a parede abdominal.

A operação foi feita após o ex-presidente passar mal, dois dias antes, durante uma agenda no interior do Rio Grande do Norte. Bolsonaro teve uma obstrução devido a uma dobra intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal. Na cirurgia, a complicação foi desfeita. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".

A defesa do ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Garcia Martins pediu permissão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para circular livremente por Brasília entre segunda-feira, 21, e a quarta-feira, 23. A defesa de Martins também quer que ele não perca a liberdade condicional caso seja fotografado ou gravado por profissionais da imprensa.

Nesta quinta-feira, 17, Moraes permitiu que Filipe Martins possa acompanhar presencialmente o julgamento da Primeira Turma do STF na próxima terça-feira, 22. Neste dia, o colegiado vai começar a julgar se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-assessor e outras cinco pessoas por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Moraes garantiu a presença de Filipe Martins no julgamento e o autorizou a "se deslocar tão somente entre aeroporto, hotel e o local da sessão de julgamento". O desembargador Sebastião Coelho, que defende o ex-assessor, argumenta que ele deve ter o direito de circular pela capital federal, mas se resguardar no período noturno.

"Com o devido respeito, tal formulação impõe uma restrição mais severa do que aquela já observada pelo Requerente em sua comarca de origem (Ponta Grossa-PR), onde cumpre medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno, com monitoramento eletrônico, mas com possibilidade de circulação durante o período diurno dentro dos limites da comarca", disse Coelho.

Segundo o desembargador, caso Martins fique limitado a transitar entre o aeroporto, o hotel e o STF, o ex-assessor poderá ser submetido a "constrangimentos operacionais e jurídicos desnecessários, inclusive no acesso à alimentação, cuidados pessoais, reuniões com a defesa técnica ou deslocamentos imprevistos".

Ao ganhar o direito à prisão domiciliar, em agosto do ano passado, Martins teve que seguir medidas cautelares como o uso de tornozeleiras eletrônicas e a proibição de conceder entrevistas e a proibição de utilizar redes sociais, com uma multa de R$ 20 mil por publicação feita por ele.

O advogado de Filipe Martins pediu a Moraes que não o puna por "imagens, vídeos ou registros" feitos por pessoas comuns ou profissionais de imprensa. No último dia 7, o ministro do STF multou o ex-assessor em R$ 20 mil por ele aparecer em uma publicação de Sebastião Coelho feita em outubro do ano passado.

"Que seja integrada e esclarecida a decisão, com a inclusão expressa de ressalva quanto à responsabilização do Requerente por imagens, vídeos ou registros feitos por terceiros, inclusive profissionais da imprensa, para que tais exposições involuntárias não sejam interpretadas como violação das medidas cautelares impostas, sobretudo diante da publicidade inerente ao julgamento e da impossibilidade fática de controle sobre a circulação de registros audiovisuais em ambiente digital", solicitou o defensor.

Martins passou seis meses preso preventivamente durante a condução do inquérito dos atos golpistas. A justificativa foi de que ele teria tentado fugir do Brasil para escapar da investigação. O nome do ex-assessor constou em uma lista de passageiros do avião presidencial que decolou para Orlando, nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022. A defesa, posteriormente, defendeu que ele não embarcou e estava no Brasil naquele dia e o ex-assessor foi solto.

A PGR imputou a ele a confecção de uma das minutas do golpe, aquela que previa prender Moraes, o também ministro do STF Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), então presidente do Senado.

Além de Martins, a Primeira Turma do STF vai decidir, a partir das 14 horas da terça, se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Fernando de Sousa Oliveira, Marcelo Costa Câmara, Marília Ferreira de Alencar, Mário Fernandes e Silvinei Vasques.