Eleições EUA: Republicana Nikki Haley anuncia desistência de disputa à Casa Branca

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A republicana Nikki Haley anunciou nesta quarta-feira, 6, a retirada da sua candidatura à presidência pelo Partido Republicano após os resultados desfavoráveis obtidos nesta Superterça. Com isso, o ex-presidente Donald Trump não tem mais rivais nas primárias republicanas e se confirma como nomeação do partido, em uma reedição da disputa eleitoral de 2020 contra o democrata Joe Biden.

O anúncio foi feito durante em um discurso final da conservadora para apoiadores em Charleston, Carolina do Sul, onde ela foi governadora. "É hora de suspender a minha campanha", afirmou. "Eu disse que queria que as vozes dos americanos fossem ouvidas. Eu fiz isso. Não estou arrependida".

Ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU e ex-governadora da Carolina do Sul, Haley venceu apenas em um dos 15 Estados, Vermont, que realizaram as primárias na Superterça. O restante foi vencido por Trump, que totalizou 995 delegados contra 89 da republicana. São necessários 1.215 para confirmar a nomeação.

Antes desta terça-feira, 5, Haley havia vencido Trump nas primárias de apenas um outro Estado, Washington, e possuía 43 delegados. A vitória do ex-presidente era esperada, mas havia dúvidas se Haley iria se manter na disputa até as convenções partidárias, em julho, na expectativa de Trump ser retirado da disputa por alguma questão jurídica - tese praticamente selada após a Suprema Corte decidir no dia 4 que o ex-presidente pode concorrer à reeleição.

Única mulher na corrida republicana e última grande rival de Trump, Nikki Haley se apresentou nas primárias como representante de uma mudança geracional que poderia agregar mais eleitores aos republicanos. Ela foi a primeira candidata a desafiar Trump e a última a retirar a candidatura, em uma eleição primária que possuía outros adversários, vistos no início como mais viáveis que Haley para derrotar o ex-presidente.

A campanha da ex-governadora da Carolina do Sul, no entanto, não encontrou o apelo necessário em uma base republicana que se tornou majoritariamente apoiadora do ex-presidente.

As pesquisas mostram que Haley teve força entre independentes e mulheres suburbanas, grupos-chave nas eleições gerais. No final da campanha, ela agregou os diferentes grupos opositores, atraindo financiadores ricos, ativistas e outros republicanos que perderam a influência nos últimos anos, mas não foi suficiente para ameaçar o domínio de Trump sobre o partido.

Agora que ela retirou a candidatura, resta a dúvida se esses grupos irão ampliar a base apoiadora de Donald Trump. Há pelo menos três grupos entre eles, identificados em uma reportagem do The New York Times após entrevistar mais de 40 eleitores de Haley na Carolina do Sul: os que não irão votar; os que votarão em Trump, apesar da insatisfação; e os que cogitam votar em Biden.

Nas primárias, o ex-presidente republicano conseguiu reverter a seu favor o dano das 91 acusações criminais que enfrenta na Justiça americana, que serviram para mobilizar a sua base. Entretanto, não se sabe se Trump terá o mesmo sucesso entre grupos que estiveram com Haley, ou mesmo se irá buscar o apoio destes.

No discurso de encerramento nesta quarta-feira, a ex-embaixadora ampliou sua agenda política para pautas mais alinhadas à agenda de Donald Trump, citando preocupações com os gastos públicos, apoio à Ucrânia e limite de mandatos, no que pareceu uma tentativa de aproximar seus apoiadores do republicano. Ela também afirmou sempre apoiar o candidato republicano, independente da escolha. "Parabenizo-o e desejo-lhe boa sorte. Desejo felicidades a qualquer um que seja o presidente da América", declarou.

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A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, esteve em São Paulo nesta quinta-feira, 4, onde compareceu ao espetáculo "Fernanda Montenegro lê Simone de Beauvoir", dirigido e protagonizado pela atriz brasileira de 94 anos. O evento ocorreu no Sesc 14 Bis, no bairro Bela Vista, no centro da capital.

"Fernanda Montenegro é uma das maiores e mais conhecidas atrizes brasileiras de todos os tempos. A força de sua presença é inexplicável e seu talento é admirável em muitos níveis", disse a primeira-dama em suas redes sociais, em postagens com fotos do encontro, em que aparece de mãos dadas com a atriz, e em que aguarda Fernanda autografar a primeira folha de um livro com o nome dela.

O espetáculo dirigido e interpretado pela atriz é inspirado na obra A Cerimônia do Adeus, da filósofa francesa Simone de Beauvoir. Janja afirmou na publicação que poder "abraçar e presenciar" Fernanda lendo "outra mulher tão histórica", referindo-se a Simone, "é um privilégio sem tamanho".

O livro de 1981, publicado no Brasil pela Nova Fronteira, narra os dez últimos anos da vida do filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980), companheiro de vida de Beauvoir. Os dois viveram um relacionamento polêmico - descrito por ela como libertário, de igual para igual - e mantinham relações com outras pessoas. O espetáculo, portanto, fala da complexidade do amor, da velhice e da morte.

Assim que as vendas para o monólogo iniciaram, houve filas enormes e ingressos esgotados. Foram 10 mil vendidos, para os 20 dias de apresentação.

Na última semana, no dia 26, Janja compareceu, acompanhada da ministra da Cultura, Margareth Menezes, à peça de Minha Vida em Marte, apresentada por Mônica Martelli, em Brasília. A primeira-dama também usou as redes sociais para exaltar o teatro brasileiro. "Incentivar o teatro brasileiro e conferir de perto nossas artistas mulheres ao lado da Ministra da Cultura, @MargarethMnzs é sempre uma honra", escreveu.

O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta quinta-feira, 4, que pretende transformar a data de 2 de Julho em um segundo dia oficial da Independência do Brasil.

A declaração foi dada durante o lançamento da pedra fundamental Orion em Campinas (SP). O petista discursava sobre a necessidade de valorizar o País e a história nacional. Ele afirma que a verdadeira independência ocorreu após a data que hoje é comemorada, o 7 de setembro de 1822.

"Tem a independência que foi o grito do imperador, que a gente nem sabe se deu o grito mesmo [...] Mas nós tivemos a verdadeira independência do Brasil, que foi o resultado final da expulsão dos últimos portugueses em 2 de julho em Salvador, na Bahia. Ali houve luta e houve mulheres heroínas. Muitas mulheres que lutaram para garantir a independência", disse o petista.

A data em questão é celebrada anualmente na Bahia como símbolo histórico de quando os portugueses foram expulsos do País.

Desde 1822, os baianos reivindicavam a soberania nacional e um governo composto por brasileiros. A coroa portuguesa não aprovava a revolução, pois não queria perder o controle da colônia. A partir disso, batalhas foram travadas até chegar em Salvador, em 2 de julho de 1823, quando os últimos portugueses perderam a disputa definitivamente e tiveram que abandonar o País.

Nesta semana, pela terceira vez, Lula participou ativamente da comemoração em Salvador. Com fanfarras, a presença de políticos e grupos populares, o presidente atravessou as ruas da cidade acompanhando o desfile na última terça-feira, 2. O governador do Estado, Jerônimo Rodrigues (PT), relatou que Lula quer adicionar aos livros didáticos das escolas brasileiras a história hoje celebrada na Bahia.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) pegará entre 10 e 32 anos de reclusão se for condenado no caso das joias sauditas, de acordo com a legislação vigente.

Nesta quinta, 4, a PF finalizou o inquérito das joias sauditas e indiciou doze envolvidos, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF vê indícios de Bolsonaro e seus aliados 'atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente para posteriormente serem vendidos no exterior'.

O caso foi revelado pelo Estadão em março de 2023. Para a PF, há indícios de que Bolsonaro e aliados atuaram para desviar os presentes recebidos em razão do cargo que ocupavam.

A pena mais rígida é de associação criminosa (art. 288-A, do Código Penal). Quando três ou mais pessoas se associam para pratica criminosa poderão pegar entre cinco e dez anos de reclusão e multa.

Caso fique comprovado que Bolsonaro ocultou ou dissimulou "a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal", poderá ser condenado entre três e 10 anos. Há ainda previsão de pagamento de multa para lavagem de dinheiro.

Por fim, o crime de peculato está previsto no artigo 312 do Código Penal. "Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio", diz a lei. Para o crime, a pena varia entre dois e 12 anos de reclusão.

Além do ex-chefe do Executivo, foram indiciados o próprio Wajngarten, o advogado Frederick Wassef e outros 9 investigados:

- Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, ex-ministro de Minas e Energia - indiciado por peculato e associação criminosa;

- José Roberto Bueno Junior, ex-chefe de gabinete de Bento Costa - indiciado por peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa;

- Julio Cesar Vieira Gomes, ex-chefe da Receita Federal - indiciado por peculato, lavagem de dinheiro, crime funcional de advocacia administrativa perante a administração fazendária;

- Marcelo da Silva Vieira, capitão de corveta da reserva ex-chefe do setor de documentação histórica da presidência Rio - peculato e associação criminosa;

- Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e delator - peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa;

- Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque - peculato e associação criminosa;

- Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro - lavagem de dinheiro e associação criminosa;

- Mauro César Lourena Cid, general pai de Mauro Cid - lavagem de dinheiro e associação criminosa;

- Marcelo Costa Câmara, coronel ex-ajudante de ordens de Bolsonaro - lavagem de dinheiro;

'Conselho jurídico não é crime'

Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, classificou seu indiciamento pela Polícia Federal no caso das joias sauditas como uma iniciativa "arbitrária, injusta e persecutória". Enquadrado pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, ele diz que foi indiciado "por cumprir a lei". "Conselho jurídico não é crime", reagiu.

O advogado postou um longo texto em seu perfil no X endereçando pesadas críticas à PF e ao delegado que o indiciou, de quem não citou o nome. "Recorrerei a todas as instâncias da Justiça para conter o abuso de poder e essa atitude arbitrária de um integrante da PF, que não pode ser confundido com a corporação como um todo", narrou.

O advogado de Bolsonaro sustenta que foi indiciado por "defender um cliente".

"Sendo específico: fui indiciado pela razão bizarra de ter cumprido a Lei! Explico. Minha orientação advocatícia foi a de que os presentes recebidos pelo ex-presidente da República fossem imediatamente retornadas à posse do Tribunal de Contas da União, em defesa de qualquer dúvida sobre questionamentos em relação ao interesse público. E conselho jurídico não é crime. Minha sugestão foi acolhida e os presentes entregues imediatamente e integralmente recolhidos ao TCU", narrou.

Wajngarten afirma que vai recorrer à Ordem dos Advogados do Brasil para "garantir seu direito constitucional de trabalhar sem intimidações".

"A PF sabe que não fiz nada a respeito do que ela apura, mas mesmo assim quer me punir porque faço a defesa permanente e intransigente do ex-presidente Bolsonaro. Se a intenção é a de me intimidar, não conseguirão", diz.

COM A PALAVRA, FREDERICK WASSEF

Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho a público reafirmar que não foi Jair Bolsonaro e nem o coronel Cid quem me pediram para comprar o Rolex. Eu estava em viagem nos Estados Unidos por quase um mês e apenas pratiquei um único ato, que foi a compra do Rolex com meus próprios recursos, para devolver ao governo federal. Entreguei espontaneamente à Polícia Federal todos os documentos que provam isto. Nem eu e nem os demais advogados do ex-presidente tivemos acesso ao relatório final, o que choca a todos, o vazamento à imprensa de peças processuais que estão em segredo de justiça. Estou passando por tudo isto apenas por exercer advocacia em defesa de Jair Bolsonaro.