Lula e Macron lançam submarino e defendem ampliar parceria militar

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Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o francês, Emmanuel Macron, defenderam ontem uma parceria militar durante o batismo e lançamento ao mar do submarino Tonelero, no estaleiro de Itaguaí (RJ). A embarcação foi construída por brasileiros e franceses dentro do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Marinha.

 

Macron terminou nesta quarta, 27, seu segundo dia de visita ao Brasil em São Paulo. Em discurso na capital paulista, ele disse que o acordo negociado entre União Europeia e Mercosul é "muito ruim". "Façamos um novo acordo, que seja responsável do ponto de vista de desenvolvimento, clima e biodiversidade", disse.

 

O acordo comercial entre Mercosul e UE se arrasta há 25 anos. Ele prevê, entre outras coisas, a isenção ou redução na cobrança de impostos de importação de bens e serviços produzidos nos dois blocos. Em 2019, durante a presidência de Jair Bolsonaro, o tratado foi assinado, mas para entrar em vigor ele precisa passar por uma revisão técnica e pela ratificação dos Parlamentos de todos os países envolvidos.

 

Na Europa, a maior resistência ao acordo vem da França, a segunda maior economia da UE, onde historicamente o setor agrícola teme a concorrência de produtos mais baratos da América do Sul - por isso, o governo francês insiste em padrões comuns de "desenvolvimento, clima e biodiversidade", como disse ontem Macron.

 

Segurança

 

Além de aspectos comerciais, parte da agenda de Macron no Brasil está ligada à segurança e defesa. O presidente francês repetiu ontem que os dois países compartilham a mesma visão de mundo e se recusam a ser prisioneiras da disputa entre potências.

 

"A paz constrói equilíbrios e isso exige que sejamos fortes. Temos de ser capazes de usar a firmeza e a força, porque não queremos ser lacaios dos outros. Temos de defender a ordem internacional", afirmou Macron, que vem insistindo em uma atuação mais soberana da UE e menos dependente dos EUA.

 

A cooperação com o Brasil na indústria de defesa é antiga. O Tonelero - que foi batizado pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja - é o terceiro submarino convencional construído no Brasil pelo Prosub, programa que teve origem em acordo firmado com a França, em 2008, no segundo mandato de Lula.

 

O Prosub se utiliza da transferência de tecnologia para o desenvolvimento de quatro submarinos convencionais da classe da embarcação francesa Scorpène e a fabricação do primeiro submarino nuclear brasileiro. O plano é entregar os cinco submarinos até 2033. Dois já estão em operação: Humaitá e Riachuelo. Outro é o Tonelero, entregue ontem. Os outros dois estão em construção: o SCPN Álvaro Alberto, com propulsão nuclear, e o Angostura.

 

"O Tonelero é a vitória da vontade e da determinação de um homem, Lula, com uma visão que soube marcar uma ambição que, em 2008, parecia desmedida. A França acreditou e aderiu a essa aventura. Com a Marinha e a indústria brasileira, conseguimos construir", disse Macron.

 

Cautela

 

A França transferiu a tecnologia para a construção dos quatro submarinos convencionais, mas recusou-se a cooperar no desenvolvimento do propulsor nuclear naval do quinto submersível devido às salvaguardas globais para esta tecnologia. Brasília busca convencer Paris a aumentar sua transferência de tecnologia para integrar o reator e vender equipamentos ligados à propulsão nuclear.

 

"Quando terminar a nossa conversa", disse Lula a Macron, "volte para a França e diga aos franceses que o Brasil está querendo os conhecimentos da tecnologia nuclear, não para fazer guerra, mas para garantir a todos os países que querem paz, que saibam que o Brasil estará ao lado de todos." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

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A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

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