'Nunca tinha sentido um tremor tão intenso antes', diz taiwanês sobre terremoto

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Pelo menos nove pessoas morreram e 821 ficaram feridas depois que um forte terremoto de magnitude superior a 7 graus abalou Taiwan nesta quarta-feira, 3. As autoridades taiwanesas afirmaram que o terremoto e os tremores secundários foram os mais intensos na ilha em 25 anos e alertaram que outros sismos podem acontecer nos próximos dias.

 

Todas as mortes aconteceram no condado de Hualien, o ponto mais próximo ao epicentro do terremoto, no leste da ilha, informou o Corpo de Bombeiros. "Tudo tremeu de maneira violenta. Os quadros na parede, a televisão e o armário de bebidas caíram", afirmou um morador da cidade Hualien ao canal local SET TV.

 

A pouco mais de 150 quilômetros de distância, na capital Taipé, telhas caíram de edifícios mais antigos e as escolas levaram os alunos para os campos de futebol, equipando-os com capacetes de segurança. Algumas crianças usaram livros didáticos para se protegerem contra a queda de objetos à medida que os tremores secundários continuavam.

 

Em Nova Taipé, norte, um armazém desabou e 60 pessoas foram retiradas dos escombros, segundo a prefeitura.

 

"Eu me acostumei com (terremotos). Mas hoje foi a primeira vez que fiquei assustado com um terremoto", disse Hsien-hsuen Keng, um morador que mora num apartamento no quinto andar em Taipei. "Fui acordado pelo terremoto. Eu nunca tinha sentido um tremor tão intenso antes."

 

Túneis e rodovias atingidos

 

O tráfego ao longo da costa leste ficou paralisado após o terremoto, com deslizamentos de terra e destroços atingindo túneis e rodovias. O serviço ferroviário foi suspenso em toda a ilha de 23 milhões de pessoas, com alguns trilhos retorcidos como efeito do terremoto, assim como o serviço de metrô em Taipei, onde seções de uma linha elevada recém-construída se separaram, mas não ruíram.

 

As autoridades mobilizaram equipes para remover as rochas que bloqueavam as estradas na direção de Hualien. As rodovias que seguem até a cidade passam por muitos túneis e as autoridades temem que veículos tenham ficado presos nas passagens subterrâneas.

 

"Temos que verificar minuciosamente quantas pessoas estão presas e socorrê-las rapidamente", disse o vice-presidente Lai Ching-te, que assumirá a presidência em maio.

 

O United Daily News local informou que três caminhantes morreram em deslizamentos de rochas no Parque Nacional Taroko, que fica em Hualien, e que um motorista de van morreu na mesma área quando pedras atingiram o veículo.

 

As autoridades também disseram ter perdido contato com 50 pessoas em micro-ônibus no parque nacional depois que o terremoto derrubou as redes telefônicas. Outras seis pessoas ficaram presas em uma mina de carvão, onde um resgate estava em andamento.

 

Alerta de tsunami suspenso

 

O Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS) informou que o terremoto desta quarta-feira atingiu 7,4 graus de magnitude e aconteceu pouco antes das 8h locais (21h de terça-feira, 2, em Brasília). A Agência Meteorológica de Taiwan calculou um fenômeno de 7,2 graus, enquanto a Agência Meteorológica do Japão anunciou 7,5.

 

O epicentro foi localizado 18 quilômetros ao sul de Hualien, com uma profundidade de 34,8 km, segundo o USGS. "O terremoto foi próximo da superfície e pouco profundo. Foi sentido em toda Taiwan e nas ilhas (...) foi o mais forte em 25 anos", disse Wu Chien-fu, diretor do Centro Sismológico taiwanês.

 

O terremoto desencadeou alerta de tsunami em Taiwan, nas ilhas do sudoeste do Japão e em várias províncias das Filipinas, que foram suspensos após algumas horas.

 

Taiwan é frequentemente abalada por terremotos e a sua população está entre as mais bem preparadas para este tipo de fenômeno, mas as autoridades disseram que esperavam um terremoto relativamente leve e, portanto, não enviaram alertas.

 

O país fica ao longo do "Anel de Fogo" do Pacífico, a linha de falhas sísmicas que circunda o Oceano Pacífico, onde ocorre a maioria dos terremotos do mundo.

 

A cidade de Hualien foi atingida pela última vez por um terremoto mortal em 2018, que deixou vitimou 17 pessoas e derrubou um hotel histórico. O pior terremoto de Taiwan nos últimos anos ocorreu em 21 de setembro de 1999, com magnitude de 7,7, causando 2, 4 mil mortes, ferindo cerca de 100 mil e destruindo milhares de edifícios. (Com agências internacionais).

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O ex-presidente José Sarney está curado da covid-19 e liberado para participar de atividades pela equipe médica dele. O ex-presidente, diagnosticado com a doença na semana passada, vai completar 95 anos na próxima quinta-feira, 24.

Segundo o boletim médico divulgado pela assessoria do ex-presidente, Sarney teve uma boa evolução clínica e um exame realizado nesta quinta-feira, 21, atestou que ele não está mais com coronavírus.

"O ex-presidente José Sarney, diagnosticado com covid-19, apresenta evolução clínica favorável, com melhora importante de seu quadro geral. O exame para detecção do vírus SARS-CoV-2, realizado hoje, apresentou resultado negativo, reforçando a tendência de recuperação. Seguimos acompanhando de perto sua evolução e o liberamos para suas atividades", afirmou a equipe de Sarney.

Sarney foi diagnosticado com covid-19 na última quarta-feira, 16, e teve que cancelar agendas. Nesta segunda, ele participaria de uma cerimônia em Minas Gerais para lembrar os 40 anos da morte do presidente eleito Tancredo Neves, que morreu em 1985, antes de tomar posse do Executivo brasileiro.

Na semana passada, Sarney apresentou sintomas de resfriado e cansaço. Segundo os assessores do ex-presidente, ele também tossia e apresentava coriza.

"O ex-presidente está clinicamente estável, os exames estão dentro da normalidade, não foi necessário interná-lo, ele foi medicado e recomendado repouso por sete dias", dizia o boletim médico divulgado pela cardiologista Núbia Welerson Vieira na última quarta.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes rejeitou o pedido apresentado pela defesa do ex-assessor da Presidência Filipe Martins para que ele pudesse circular livremente por Brasília durante os dias em que acompanhará presencialmente o recebimento da denúncia pela Primeira Turma da Corte.

"A autorização para acompanhar o julgamento corresponde a excepcional alteração da situação do denunciado, em respeito ao princípio da ampla defesa, mas não significa uma verdadeira licença para fazer turismo ou atividades políticas em Brasília", escreveu Moraes ao negar o pedido.

O advogado de Martins, o desembargador aposentado Sebastião Coelho, argumentou a Moraes que o impedimento do seu cliente se locomover livremente por Brasília o "impõe uma restrição mais severa do que aquela já observada pelo Requerente (Filipe Martins) em sua comarca de origem".

A defesa ainda argumentou no pedido que a manutenção dessa restrição "contraria os princípios da proporcionalidade e da legalidade estrita das medidas cautelares" Segundo Coelho, a restrição de locomoção pode "gerar constrangimentos operacionais e jurídicos desnecessários, inclusive no acesso a alimentação, cuidados pessoais, reuniões com a defesa técnica ou deslocamentos imprevistos".

Moraes, por sua vez, rejeitou os argumentos e definiu que Martins deverá, limitar-se ao roteiro "aeroporto-hotel-sessão de julgamento-hotel", até seu retorno. O ministro ainda proibiu a divulgação de imagens da votação ou de seu deslocamento, mesmo que por terceiros, sob pena de multa e conversão mediata em prisão.

A um dia do julgamento do Supremo Tribunal Federal que decidirá, nesta terça, 22, se manda para o banco dos réus os acusados de integrarem o 'núcleo 2' da trama golpista que culminou no 8 de Janeiro, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal decidiu partir para o ataque. Em nota divulgada nesta segunda, 21, por meio de sua defesa, Silvinei Vasques diz ser alvo de 'relatório fraudulento para sustentar narrativa de interferência nas eleições presidenciais de 2022'.

Segundo Silvinei, a 31.ª Zona Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral/RN, na comarca de Campo Bom, produziu 'um relatório fraudulento e enviesado', documento que, afirmam seus advogados, foi utilizado para atribuir à corporação então dirigida por ele um esquema que teria interferido no segundo turno das eleições presidenciais - naquela ocasião, a PRF teria montado barreiras em série nas rodovias da região para dificultar o acesso de eleitores às urnas com intenção de prejudicar o petista Luiz Inácio Lula da Silva, adversário do então presidente Jair Bolsonaro.

Silvinei Vasques é um dos seis acusados do 'núcleo 2'. Nesta terça, 22, os ministros da 1.ª Turma do STF vão decidir se abrem ou não ação penal com base na denúncia da Procuradoria-Geral da República que atribui a ele cinco crimes - abolição violenta do Estado democráico de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Em fevereiro, o STF acolheu a denúncia contra o 'núcleo crucial' e mandou para o banco dos réus Bolsonaro e sete aliados. Todos negam ligação com atos extremistas. Ao todo, são 34 os acusados de participação no plano de golpe.

No 'núcleo 2', além de Silvinei, fazem parte da lista de denunciados o general da Reserva Mário Fernandes (ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência de Bolsonaro), Marcelo Câmara (coronel da Reserva, ex-assessor de Bolsonaro), Filipe Garcia Martins Pereira (ex-assessor especial de Assuntos Internacionais), Marília Ferreira de Alencar (ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão do delegado federal Anderson Torres) e Fernando de Souza Oliveira (delegado da PF, ex-secretário executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF).

Na resposta prévia à acusação ao Supremo Tribunal Federal, os advogados de Silvinei pediram, preliminarmente, que seja 'declarada a incompetência absoluta da Suprema Corte para apreciar e julgar o presente caso, com a consequente remessa dos autos à primeira instância'. Eles também questionam o ministro Alexandre de Moraes, relator, de quem pretendem a declaração de impedimento 'para apreciar e julgar o presente caso, resguardando-se a imparcialidade e a integridade do devido processo legal'.

Nesta segunda, 21, os advogados de Silvinei protocolaram junto ao gabinete do corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, representação para instauração de processo administrativo disciplinar em que imputam à juíza Erika Souza Corrêa Oliveira e ao técnico judiciário Bruno Teixeira da Silva 'inserção de dados falsos em documento público, alegação de que houve dificuldade de votação no período da manhã' no segundo turno do pleito de 2022.

Até a publicação deste texto, a reportagem do Estadão buscou contato com a magistrada e o técnico, mas sem sucesso. O espaço está aberto.

A representação - subscrita pelos advogados Anderson Almeida, Eduardo Pedro Nostrani Simão, Marcelo Rodrigues, Leonardo Vidal Guerreiro Ramos e Gabriel Jardim Teixeira - é amparada no 'Relatório de Atuação no Segundo Turno das Eleições Gerais de 2022 - Zona 31/TRE-RN'. O documento aponta que a presença de viaturas da PRF nas rodovias teria inibido o comparecimento de eleitores, 'sobretudo nas primeiras horas do dia'.

A defesa de Silvinei sustenta que o relatório 'é baseado exclusivamente em percepções empíricas de mesários, coletadas por meio de WhatsApp, sem método científico, sem acesso aos dados brutos, sem utilizar dados oficiais e com manipulação deliberada de informações'.

"Uma perícia técnica contratada pela defesa analisou os logs oficiais das urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral e identificou divergência de mais de mil eleitores entre os dados oficiais e os números apresentados no relatório", destacam os advogados do ex-diretor-geral da PRF.

Segundo eles, 'a análise conclui que não houve queda no comparecimento matutino e que a suposta inibição foi fabricada com base em dados parciais e distorcidos'. "A votação no segundo turno naquela zona eleitoral foi superior à do primeiro turno das eleições de 2022", afirmam.

Eles acentuam, ainda, que 'conforme registro nos sistemas da própria Polícia Rodoviária Federal, a juíza eleitoral responsável pela zona, Érika Souza Corrêa Oliveira, esteve pessoalmente no local de trabalho da PRF no dia das eleições de segundo turno e declarou que não identificou nenhuma irregularidade na atuação da PRF'.

A defesa de Silvinei vai sustentar perante o STF que ele foi alvo de 'uma fraude documental com fins políticos, que buscou dar aparência de legalidade a uma narrativa de interferência eleitoral sem qualquer respaldo nos fatos'.

"O uso desse relatório na investigação é gravíssimo e teria servido para justificar medidas como a prisão de Silvinei Vasques e sua inclusão em processos que apuram ataques à democracia", argumentam os advogados. "O relatório colaborou para induzir a erro os investigadores, a Procuradoria-Geral da República e o relator da petição no Supremo Tribunal Federal."

Em defesa preliminar perante o STF, Silvinei nega os crimes a ele atribuídos pela PGR. Seus advogados dizem que 'os fatos deduzidos na inicial são, na essência, manifestamente atípicos'. "Destaca-se que a atipicidade dos fatos descritos na denúncia está intrinsecamente ligada à sua inépcia formal. Em síntese, significa que a PGR não conseguiu apresentar uma narrativa clara e precisa, conforme exige o artigo 41 do Código de Processo Penal, devido à evidente atipicidade dos fatos imputados."

"Qual conduta criminosa o denunciado praticou?", questiona a defesa. "A resposta é óbvia: nenhuma. E o pior: os elementos indiciários amealhados durante o apuratório, tal como a denúncia ofertada pela PGR, não se desincumbiram do ônus de comprovar qualquer fato criminoso. A atipicidade da conduta é um elemento fundamental para evitar arbitrariedades e manter o respeito aos princípios do Direito Penal. Seja pela ausência de previsão legal, pela falta de ofensividade ao bem jurídico ou pela inexistência de dolo ou culpa, a atipicidade impede que o Direito Penal seja aplicado de forma abusiva ou desproporcional, que é, justamente, o que está sucedendo no caso em concreto."