Israel demite dois oficiais após morte de trabalhadores humanitários em Gaza

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As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram nesta sexta-feira, 5, que demitiram dois oficiais e repreenderam outros três por seus papéis nos ataques de drones em Gaza que mataram sete trabalhadores humanitários da ONG World Central Kitchen (WCK) em uma missão de entrega de alimentos, dizendo que eles haviam ignorado informações críticas e violado as regras de engajamento do Exército.

 

As conclusões da investigação de um general reformado sobre as mortes que ocorreram na terça-feira, 2, ressaltam um raro pedido de desculpas de Israel, que está sendo pressionado por aliados como os EUA por não fazer o suficiente para proteger os civis em Gaza em meio a guerra com o grupo terrorista Hamas.

 

O Exército apontou que os resultados da sua investigação foram entregues ao advogado-geral dos militares, que decidirá se os oficiais ou qualquer outra pessoa envolvida nas mortes devem receber mais punições ou ser processados. Um dos demitidos era major e o outro coronel. O oficial mais sênior era chefe do Comando Sul de Israel.

 

É provável que as conclusões renovem o ceticismo sobre a tomada de decisões dos militares israelenses. Grupos de ajuda humanitária e organizações de direitos humanos acusam as forças israelenses de disparos imprudentes contra civis durante o conflito, uma acusação que Israel nega.

 

"É uma tragédia", disse o porta-voz das FDI, o contra-almirante Daniel Hagari, aos repórteres. "É um evento sério pelo qual somos responsáveis e não deveria ter acontecido e vamos garantir que não aconteça novamente."

 

Investigação

 

As Forças de Defesa de Israel divulgaram nesta sexta-feira os resultados de sua investigação sobre o ataque, apontando que a decisão de realizar um bombardeio aéreo nos carros dos trabalhadores humanitários foi "executada em grave violação" dos procedimentos das FDI. O Exército israelense também afirmou que considera o ocorrido um "erro grave decorrente de uma falha grave devido a uma identificação errada" de que os veículos transportavam terroristas do Hamas.

 

Várias regras processuais foram quebradas, disse a IDF. Os operadores do drone que estava rastreando o comboio não foram informados do trajeto dos trabalhadores humanitários.

 

As FDI não sabiam que estavam atacando os trabalhadores da WCK e estavam convencidas de que tinham como alvo terroristas do Hamas, disse Yoav Har-Even, chefe do mecanismo de apuração e avaliação das FDI.

 

Embora os veículos da World Central Kitchen estejam marcados com o logotipo e o nome da organização em seus tetos, esse logotipo não era visível para as câmeras que rastreavam o veículo à noite, disse Har-Even - um fator chave na falha, acrescentou.

 

As forças israelenses identificaram um homem armado em um dos carros de ajuda durante uma operação para transferir ajuda humanitária do WCK para a Faixa de Gaza e depois identificaram um homem armado adicional, disse o comunicado de sexta-feira.

 

"Depois que os veículos saíram do armazém onde a ajuda foi descarregada, um dos comandantes presumiu erroneamente que os homens armados estavam localizados dentro dos veículos que os acompanhavam e que eram terroristas do Hamas. As forças não identificaram os veículos em questão como associados à WCK."

 

Esta decisão de atacar o primeiro veículo foi o resultado da classificação incorreta de um passageiro pela operadora de veículo aéreo não tripulado, disse Har-Even. O operador do drone continuou a atirar nos carros, um após o outro, quando viu pessoas correndo do primeiro carro que foi atingido.

 

As FDI apontaram que três regras processuais foram violadas: O plano oficial de coordenação não foi comunicado para todos os oficiais envolvidos na logística da operação, os alvos do ataque aéreo foram confirmados apenas pela visão de um homem armado, o que foi considerado um padrão insuficiente; e o bombardeio continuou de um carro para outro depois que o operador viu pessoas correndo do primeiro carro após o tiro.

 

A WCK enfatizou que seu comboio estava em coordenação com oficiais militares israelenses e tinha autorização para percorrer a rota. Na quinta-feira, 4, apelou a uma "investigação independente e de terceiros sobre estes ataques, incluindo se foram realizados intencionalmente ou violaram o direito internacional", acrescentando que tal inquérito era "a única forma de determinar a verdade do que aconteceu, garantir a transparência e a responsabilização dos responsáveis e evitar futuros ataques aos trabalhadores humanitários." (Com agências internacionais).

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A defesa do ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Garcia Martins pediu permissão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para circular livremente por Brasília entre segunda-feira, 21, e a quarta-feira, 23. A defesa de Martins também quer que ele não perca a liberdade condicional caso seja fotografado ou gravado por profissionais da imprensa.

Nesta quinta-feira, 17, Moraes permitiu que Filipe Martins possa acompanhar presencialmente o julgamento da Primeira Turma do STF na próxima terça-feira, 22. Neste dia, o colegiado vai começar a julgar se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-assessor e outras cinco pessoas por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Moraes garantiu a presença de Filipe Martins no julgamento e o autorizou a "se deslocar tão somente entre aeroporto, hotel e o local da sessão de julgamento". O desembargador Sebastião Coelho, que defende o ex-assessor, argumenta que ele deve ter o direito de circular pela capital federal, mas se resguardar no período noturno.

"Com o devido respeito, tal formulação impõe uma restrição mais severa do que aquela já observada pelo Requerente em sua comarca de origem (Ponta Grossa-PR), onde cumpre medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno, com monitoramento eletrônico, mas com possibilidade de circulação durante o período diurno dentro dos limites da comarca", disse Coelho.

Segundo o desembargador, caso Martins fique limitado a transitar entre o aeroporto, o hotel e o STF, o ex-assessor poderá ser submetido a "constrangimentos operacionais e jurídicos desnecessários, inclusive no acesso à alimentação, cuidados pessoais, reuniões com a defesa técnica ou deslocamentos imprevistos".

Ao ganhar o direito à prisão domiciliar, em agosto do ano passado, Martins teve que seguir medidas cautelares como o uso de tornozeleiras eletrônicas e a proibição de conceder entrevistas e a proibição de utilizar redes sociais, com uma multa de R$ 20 mil por publicação feita por ele.

O advogado de Filipe Martins pediu a Moraes que não o puna por "imagens, vídeos ou registros" feitos por pessoas comuns ou profissionais de imprensa. No último dia 7, o ministro do STF multou o ex-assessor em R$ 20 mil por ele aparecer em uma publicação de Sebastião Coelho feita em outubro do ano passado.

"Que seja integrada e esclarecida a decisão, com a inclusão expressa de ressalva quanto à responsabilização do Requerente por imagens, vídeos ou registros feitos por terceiros, inclusive profissionais da imprensa, para que tais exposições involuntárias não sejam interpretadas como violação das medidas cautelares impostas, sobretudo diante da publicidade inerente ao julgamento e da impossibilidade fática de controle sobre a circulação de registros audiovisuais em ambiente digital", solicitou o defensor.

Martins passou seis meses preso preventivamente durante a condução do inquérito dos atos golpistas. A justificativa foi de que ele teria tentado fugir do Brasil para escapar da investigação. O nome do ex-assessor constou em uma lista de passageiros do avião presidencial que decolou para Orlando, nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022. A defesa, posteriormente, defendeu que ele não embarcou e estava no Brasil naquele dia e o ex-assessor foi solto.

A PGR imputou a ele a confecção de uma das minutas do golpe, aquela que previa prender Moraes, o também ministro do STF Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), então presidente do Senado.

Além de Martins, a Primeira Turma do STF vai decidir, a partir das 14 horas da terça, se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Fernando de Sousa Oliveira, Marcelo Costa Câmara, Marília Ferreira de Alencar, Mário Fernandes e Silvinei Vasques.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um episódio de alteração da pressão arterial, que já foi controlado, segundo boletim médico divulgado no início da tarde deste sábado, 19. Ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, sem previsão de alta.

O relatório médico informou que o ex-presidente continua em jejum oral, se alimentando via corrente sanguínea, já que ainda não apresentou "movimentos intestinais efetivos". A equipe médica informou que serão intensificadas as sessões de fisioterapia motora e outras medidas de reabilitação.

O ex-presidente passou por uma cirurgia de cerca de 12 horas no último domingo, 13, para desobstruir uma dobra no intestino delgado que dificultava seu trânsito intestinal. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".

Bolsonaro foi atendido com urgência na sexta-feira, 11, após sentir fortes dores abdominais durante um evento do PL no Rio Grande do Norte. Ele foi levado de helicóptero a um hospital em Natal e, na noite do sábado seguinte, transferido para Brasília em uma aeronave equipada com UTI aérea.

A família Bolsonaro tem compartilhado registros do pós-operatório nas redes sociais. Na manhã deste sábado, a página de Bolsonaro no Instagram publicou um vídeo em que o ex-presidente agradece o apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que o acompanha durante a internação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é reprovado por 59,1% e aprovado por 37,1% dos eleitores paulistas, de acordo com levantamento da Futura Inteligência. Outros 3,8% dos entrevistados não souberam ou se abstiveram de opinar sobre a gestão petista.

Na avaliação de governo, a maioria (54,1%)considera a gestão ruim ou péssima. Apenas 17,7% consideram a administração do petista regular. O trabalho de Lula é avaliado como bom e ótimo por 27,2% dos entrevistados.

A condição econômica do País é vista como péssima para a maioria dos paulistas (65,1%), com destaque pouco satisfatório para o combate a alta dos preços e a criança de empregos. Contudo, a inflação é a terceira maior preocupação dos entrevistados (15,9%), sendo a primeira a saúde (26%), seguida da educação (21,8%).

O levantamento indica ainda que Lula tem desempenho inferior ao do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em termos de popularidade no Estado. O chefe do Executivo paulista tem aprovação de 66,9% dos eleitores ao mesmo tempo em que 48,2% dos paulistas que classificam sua gestão como ótima ou boa.

Outros Poderes

Assim como o presidente Lula, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) também registram avaliação negativa em São Paulo, embora em proporção menor. A reprovação do trabalho do Congresso Nacional chega a 49,9%. Apenas 13,8% dos eleitores consideram ótimo ou bom enquanto 32,1% avaliam como regular.

Já em relação ao STF, a maioria (46,4%) avalia o poder como péssimo. A porcentagem daqueles que acreditam que o trabalho está regular ou bom está próxima, sendo de 23,1% e 27%, respectivamente.

A pesquisa Futura Inteligência entrevistou 1.000 eleitores do Estado de São Paulo, com 16 anos ou mais e entre os dias 5 e 9 de abril. A abordagem utilizada foi a CATI (entrevista telefônica assistida por computador). Conta com uma margem de erro de 3,1 pontos porcentuais (p.p.) e índice de confiança de 95%.