Após saída israelense, palestinos voltam a Khan Yunis e encontram cidade irreconhecível

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Uma grande multidão de palestinos entrou na cidade de Khan Yunis, no sul de Gaza, nesta segunda-feira, 8, para salvar o que pudessem da vasta destruição deixada pela ofensiva de Israel, um dia depois de os militares israelenses anunciarem que estavam retirando suas tropas da cidade.

 

Aqueles que regressaram encontraram a sua cidade natal, a segunda maior de Gaza, irreconhecível, com milhares de edifícios destruídos ou danificados. Homens, mulheres e crianças percorreram ruas que foram transformadas em trechos de terra escavados por tratores, em busca de suas casas entre montes de escombros antes eram blocos de apartamentos e empresas. Em outros quarteirões, os edifícios ainda estavam de pé, mas eram estruturas ocas, carbonizadas e cheias de buracos, com os andares superiores parcialmente destruídos pendurados em precipício.

 

As cenas de destruição em Khan Yunis evidenciaram aquele que tem sido um dos ataques militares mais destrutivos e letais do mundo nas últimas décadas, que deixou vastas áreas da Faixa de Gaza inabitáveis para os seus 2,3 milhões de habitantes. O cenário também adiantou o que possivelmente acontecerá em Rafah, no extremo sul de Gaza, onde metade da população desabrigada do enclave está atualmente amontoada, se Israel prosseguir com os planos de invadi-la.

 

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, intensificou sua promessa de invadir Rafah, declarando em uma mensagem em vídeo nesta segunda-feira: "Isso vai acontecer. Há uma data", sem dar mais detalhes. Ele falou enquanto negociadores israelenses estavam no Cairo discutindo os esforços internacionais para mediar um acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas.

 

Magdy Abu Sahrour ficou chocado ao ver sua casa em Khan Yunis destruída. "Não consegui encontrar minha casa por conta de toda a destruição", disse ele, parado diante dos escombros. "Onde é minha casa, onde é minha casa? …É uma situação trágica."

 

Israel enviou tropas para Khan Yunis em dezembro, como parte de sua violenta ofensiva terrestre que ocorreu em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro e à captura de reféns no sul de Israel.

 

Muitos dos milhares que entraram em Khan Yunis a pé e em carroças nesta segunda-feira estão abrigados em Rafah desde que fugiram de suas casas. A saída das tropas lhes deu a oportunidade de ver os destroços das suas casas e recuperar alguns bens. Mas com a cidade agora inabitável, eles disseram que tinham poucas chances imediatas de voltar.

 

Estima-se que 55% dos edifícios na área de Khan Yunis - cerca de 45 mil construções - foram destruídos ou danificados, de acordo com os últimos números de dois investigadores nos Estados Unidos que têm utilizado imagens de satélite para monitorar a destruição durante a guerra - Corey Scher da City University de Nova York e Jamon Van Den Hoek da Oregon State University.

 

Mahmoud Abdel-Ghani, que fugiu para Rafah em dezembro, encontrou a sua casa e a dos seus vizinhos destruídas. "Muitas áreas, especialmente o centro da cidade, tornaram-se impróprias para a vida", disse ele.

 

Uma mulher escalou lajes de concreto desabadas no topo de uma montanha de destroços que já foi sua casa. Seu filho rastejou de quatro até um buraco sob os escombros e vergalhões retorcidos, removendo blocos de concreto.

 

"Não há palavras para descrever a dor dentro de mim", disse a mulher, com a voz embargada. "Nossas memórias, nossos sonhos, nossa infância aqui, nossa família - fomos criados com eles aqui… Tudo se foi." A mulher, que se identificou apenas pelo primeiro nome, Hanan, colocou em uma mochila alguns itens que encontrou, incluindo uma flor de plástico vermelha.

 

O Hospital Nasser, o principal de Khan Younis, foi destruído por dentro, com destroços espalhados pelas enfermarias e forros do teto caídos. A parte externa parecia praticamente intacta, mas a dimensão dos danos não ficou imediatamente clara. As tropas israelenses invadiram as instalações durante sua ofensiva, afirmando acreditar que restos mortais dos reféns estavam lá dentro, embora não tenham relatado ter encontrado nenhum.

 

Israel disse que Khan Younis era um importante reduto do Hamas e que suas operações no local mataram milhares de terroristas e realizaram grandes danos a uma vasta rede de túneis usados pelo Hamas para transportar armas e terroristas. O exército israelense também alegou ter encontrado evidências de que reféns foram mantidos na cidade. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em outra categoria

O Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu afastar por 60 dias o desembargador Marcelo Lima Buhatem, do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), por publicações de cunho político-partidário em redes sociais.

Segundo o CNJ, Buhatem compartilhou mensagens de grande alcance que questionavam a credibilidade dos sistemas judicial e eleitoral. Para o órgão, as publicações fomentaram a desconfiança social acerca da justiça, da segurança e da transparência das eleições.

Em outubro do ano passado, o desembargador chegou a ter suas redes sociais suspensas em uma decisão inédita do ministro Luis Felipe Salomão, então corregedor nacional de Justiça. Salomão alegou que o magistrado reincidiu na conduta, "mesmo depois de já instaurado procedimento investigatório" na Corregedoria.

Entre os conteúdos usados como base para o afastamento, está uma mensagem enviada por lista de transmissão no WhatsApp que associava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Comando Vermelho. Buhatem compartilhou uma reportagem sobre a visita de Lula a uma favela onde a polícia teria sido proibida de realizar operações e disse que "Lula é convidado de honra do Comando Vermelho".

Em outra postagem, o desembargador divulgou a capa do jornal Folha de S.Paulo com uma pesquisa do Datafolha publicada antes do primeiro turno de 2022, acompanhada do comentário: "Isso sim, tinha que está (sic) no Inquérito das Fake News! Ato contra democracia!". A Corregedoria Nacional do CNJ identificou ainda críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e conteúdo alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A defesa do desembargador afirmou que ele apenas curtiu postagens institucionais de Bolsonaro, sem fazer manifestações pessoais sobre o conteúdo. Sustentou ainda que as interações ocorreram em 2023, após o período eleitoral, o que afastaria a imputação de apoio à candidatura do agora ex-presidente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal afirma que os irmãos Alex Rezende Parente e Fábio Rezende Parente, empresários do ramo de construção investigados na Operação Overclean, montaram um "sofisticado e estruturado esquema de lavagem de capitais e ocultação patrimonial".

O Estadão pediu manifestação da defesa. Em nota na terceira fase da Overclean, deflagrada neste mês, o advogado Sebástian Mello, que representa os empresários, afirmou que "todos os fatos serão oportunamente esclarecidos perante as autoridades competentes, assim que tiverem pleno acesso à decisão e demais elementos dos autos".

A PF descobriu que, em novembro de 2024, eles constituíram três empresas offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal no Caribe, - a Lexpar Capital & Assets Corp, a Biopar Capital & Assets Corp e a Flap Jet Assets Management Corp.

"A criação dessas estruturas offshore denota o claro objetivo de dificultar o rastreamento dos recursos ilícitos e assegurar a blindagem patrimonial dos valores provenientes do esquema criminoso em investigação", afirma a PF em um relatório da Overclean.

Os investigadores agora buscam identificar o valor exato remetido ao exterior. Segundo a PF, o "caráter insidioso e complexo do método empregado" vem dificultando o trabalho.

A Polícia Federal tomou conhecimento das empresas a partir de mensagens encontradas no celular de Fábio e de documentos apreendidos na sede da empresa Larclean Saúde Ambiental Ltda.

Além da constituição das offshores, os empresários também teriam usado contratos particulares, conhecidos como "contratos de gaveta", para ocultar a propriedade de imóveis comprados com recursos ilícitos, segundo a PF.

Alex é apontado como "responsável por deliberações estratégicas do planejamento à execução das ações ilícitas". Fábio seria o operador financeiro e mentor do esquema.

Quando a primeira fase da operação foi deflagrada, em dezembro de 2024, policiais federais apreenderam R$ 1,5 milhão com Alex Parente em um jatinho em Brasília.

O inquérito da Operação Overclean foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) porque o deputado Elmar Nascimento (União-BA), que tem foro privilegiado, foi citado. Ele nega irregularidades e afirma que o parlamentar que indica emendas "não tem competência e nem se torna responsável pela execução das verbas e pela fiscalização das respectivas obras e serviços".

O procurador Bradson Tiberio Luna Camelo, procurador do Ministério Público de Contas da Paraíba (MPC-PB), citou a música sertaneja "Evidências", da dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó, para defender uma medida cautelar nesta sexta-feira, 18. Segundo Bradson, Allana Galdino, indicada ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), deve devolver verbas obtidas por suposta improbidade administrativa e não pode "negar as evidências e viver fingindo". Os valores apontados pela auditoria do TCE-PB são de R$ 646.972,40.

"Por fim, lembro de frase repetida reiteradamente por todos os conselheiros: Esse Tribunal julga fatos, não pessoas! Como na célebre canção, aqui no Tribunal de Contas do Estado, não podemos negar as aparências e disfarçar as evidências, não podemos viver fingindo", escreveu o procurador.

O Estadão procurou a defesa de Allana Galdino, mas não havia obtido um retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Allana Galdino foi indicada ao TCE-PB e teve o nome aprovado pela Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) no último dia 18 de março. Ela é filha do presidente da Casa Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos). A Justiça do Estado chegou a suspender a nomeação dela por indícios de nepotismo, mas a decisão foi revogada um dia depois.

O procurador do MPC-PB acusa Allana, através de uma auditoria do TCE-PB, de ter sido uma servidora fantasma quando trabalhou na Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). Além do caso, configurado como descumprimento da idoneidade moral, o MP diz que a indicação fere a proibição do nepotismo em cargos públicos, já que o pai foi o responsável por conduzir a sessão que aprovou o nome dela para a Corte de Contas.

Na representação enviada nesta sexta, Bradson pede que a nomeação e a posse de Allana sejam suspensas até que o pedido do MPC-PB seja julgado. O procurador também quer que o governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), e dois secretários dele forneçam explicações sobre a suposta atuação de Allana como "funcionária fantasma".

Caso o TCE-PB condene Allana a não poder assumir a Corte de Contas, Bradson também pediu que a filha do deputado devolva todo o dinheiro que recebeu enquanto esteve locada na Seplag.