Milei envia ministra ao Brasil para 1ª agenda de trabalho com governo Lula

Internacional
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O presidente da Argentina, Javier Milei, decidiu enviar a Brasília a chanceler Diana Mondino para a primeira agenda de trabalho, na segunda-feira, dia 15, com o governo Luiz Inácio Lula da Silva. A ministra das Relações Exteriores será recebida por seu homólogo, Mauro Vieira, no Itamaraty.

 

Como o Estadão revelou, a agenda era negociada para ocorrer ainda em abril e faltava apenas acertar uma data, agora marcada. A viagem ocorre no âmbito de uma aproximação entre os governos, ainda que os dois presidentes, rivais ideológicos, não tenham superado as rugas de campanha nem estabelecido uma relação direta e pessoal, no mais alto nível político.

 

A visita de Mondino será a primeira de um representante do primeiro escalão de Milei, com objetivo de discutir temas da agenda bilateral com o governo Lula.

 

Mondino desembarca em Brasília na noite de domingo, dia 14, e terá uma série de reuniões e almoço, além de declaração à imprensa, durante a manhã e a tarde da próxima segunda-feira.

 

Em fevereiro, Diana Mondino e o ministro da Economia, Luis Caputo, viajaram ao Brasil e até se encontraram com seus homólogos - Mauro Vieira e Fernando Haddad (Fazenda). No entanto, na ocasião tinham como objetivo principal representar a Argentina, respectivamente, nas reuniões do G-20 de chanceleres, no Rio, e de ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais, em São Paulo.

 

Ela também havia visitado Brasília, de forma reservada, antes da posse de Milei, no ano passado, ocasião em que veio trazer um convite para que Lula comparecesse à cerimônia, o que foi descartado por causa da série de ofensas e provocações entre os presidentes.

 

A ideia de reunião é passar a agenda entre os países em revista, passando por temas políticos e econômicos, a balança comercial, projetos conjuntos como a oferta para a compra do gás de Vaca Muerta, Mercosul, entre outros.

 

Diana Mondino virá acompanhada de dois embaixadores: o secretário de Relações Econômicas Internacionais, Héctor Marcelo Cima, e o subsecretário para Assuntos Americanos, Mariano Vergara.

 

O Brasil já enviou a Buenos Aires missões de técnicos governamentais para discutir agricultura, compra de gás e cooperação energética, e segurança, liderada pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos.

 

A secretária geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha, foi à capital argentina, conversar o secretário de Relações Exteriores da chancelaria argentina, embaixador Leopoldo Sahores. Eles realizaram uma reunião do Mecanismo de Coordenação Política Brasil-Argentina.

 

A visita de Mondino precede a chegada do novo embaixador escolhido por Milei para representá-lo em Brasília, o diplomata Guillermo Daniel Raimondi, ainda sem data prevista para assumir o posto.

 

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, afirmou que a relação entre as burocracias dos dois países transcorre dentro da normalidade, por causa de uma precaução prévia da diplomacia de buscar estabelecer canais de diálogo com ministros de Milei, para evitar um rompimento.

 

Segundo Bitelli, Milei recebeu um "choque de realidade" no cargo e foi alertado pelos industriais argentinos de que o futuro do setor no país dependia do Brasil. Ele relatou que agora o que se ouve do lado argentino é a intenção de explorar a relação com o Brasil.

 

Ele enxerga uma decisão do governo argentino de não aprofundar as divergências com Lula e entende que os episódios foram dramatizados, o que avalia ser uma tendência nas sociedades dos dois países.

 

O embaixador brasileiro enumerou gestos feitos pelo governo Lula em favor da Argentina nos últimos meses, como apoio a um empréstimo na CAF e uma nota de suporte à reclamação pela soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas.

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (PB), participa na segunda-feira, 21, Dia de Tiradentes, de eventos em Minas Gerais ao lado do governador Romeu Zema (Novo) e do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).

O dia de Motta vai começar às 9 horas, em Ouro Preto. O presidente da Câmara vai participar da cerimônia da Medalha da Inconfidência 2025, a convite de Zema.

O governador de Minas tenta pavimentar um caminho para a eleição presidencial de 2026 e é a favor da anistia para os condenados do 8 de Janeiro - tema que Motta deve enfrentar nas próximas semanas.

Ainda pela manhã da segunda-feira, Motta vai partir para São João del-Rei, para integrar as homenagens pelo 40º aniversário do falecimento do presidente Tancredo Neves. O deputado foi convidado pelo colega Aécio Neves.

A segunda agenda de Motta contará com três eventos: às 11h45, ele participa da visita ao túmulo do ex-presidente; às 12h30, da reabertura do Memorial Tancredo Neves, e às 13h15 de um almoço no Solar do Presidente.

Em meio ao debate sobre uma possível anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar a, pelo menos, seis pessoas sentenciadas por tentativa de golpe de Estado somente neste mês. As decisões se baseiam, principalmente, em laudos médicos que apontam condições graves de saúde ou no tempo de prisão preventiva já cumprido pelos réus.

O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

Resende cumpria pena na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, e teve a prisão convertida após sua defesa apresentar laudos que apontam sepse, necrose na vesícula e sequelas nos rins, pâncreas e fígado.

"O sentenciado no mês de fevereiro de 2025 teve alta do hospital do Paranoá, e não tem condições de permanecer no sistema prisional para tratar a sua saúde", diz o documento enviado ao STF.

A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

As decisões recentes ocorrem após a repercussão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos.

Ela foi presa por participação nos ataques e ganhou notoriedade após pichar, com batom, a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF, imagem que viralizou nas redes sociais. Após dois anos na cadeia, a cabeleireira teve sua prisão convertida em domiciliar no mês passado.

Débora foi condenada a 14 anos de prisão pelos mesmos crimes de outros réus, incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público.

A comoção gerada por seu caso motivou manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passaram a alegar desproporcionalidade na pena. Parte das críticas, porém, ignorava os crimes pelos quais ela foi efetivamente condenada, reduzindo sua participação ao gesto simbólico.

Em mensagem de Páscoa, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse neste domingo, 20, que a data remete à comemoração do renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. Segundo Lula, o momento é de reforçar os laços de união e de solidariedade.

"Hoje é o dia em que milhões de brasileiras e brasileiros, e pessoas em todo o mundo, comemoram o renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. É o momento em que nos encontramos - seja em uma celebração religiosa, seja em um almoço de família - para reforçar nossos laços de união e de solidariedade. E em que relembramos os ensinamentos de Jesus de que devemos sempre amar uns aos outros, construindo um mundo cada vez melhor e mais fraterno", escreveu, Lula em mensagem divulgada pelo governo federal.

Ao fim da publicação, Lula desejou um "feliz domingo de Páscoa".