Biden insinua que seu tio foi comido por canibais em Papua-Nova Guiné e irrita premiê do país

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criou uma saia justa com a Papua-Nova Guiné, na Oceania, após insinuar que um tio seu foi comido por "canibais" no país, durante a 2ª Guerra Mundial. No domingo, 21, o primeiro-ministro James Marape, acusou Biden de menosprezar a nação insular, que é um importante parceiro para os Estados Unidos nas ilhas do Pacífico.

 

O presidente americano sugeriu duas vezes, sem provas, na semana passada, que seu tio aviador do Corpo Aéreo do Exército, o segundo tenente Ambrose Finnegan Jr., tinha sido comido por canibais depois que o avião no qual estava caiu.

 

"Ele foi abatido na Nova Guiné e nunca encontraram o corpo porque costumava haver - havia muitos canibais, de verdade, naquela parte da Nova Guiné", disse Biden durante um discurso sobre tarifas de aço e alumínio em Pittsburgh no dia 17 de abril. Ele repetiu a mesma história mais cedo no mesmo dia, no memorial de Scranton.

 

Biden falou sobre o assunto em meio a uma crítica a Donald Trump por comentários que o ex-presidente teria feito chamando os americanos mortos em combate de "otários" e "perdedores". Trump nega ter dito isso.

 

Como reação, Marape acusou Biden de menosprezar a Papua-Nova Guiné. "As observações do presidente Biden podem ter sido um lapso linguístico; no entanto, o meu país não merece ser rotulado como tal", disse Marape em comunicado.

 

"A 2ª Guerra Mundial não foi obra do meu povo; no entanto, foram arrastados desnecessariamente para um conflito que não foi obra deles", acrescentou Marape. Ele também apelou para que os EUA "encontrem os seus mortos de guerra" nas selvas da Papua-Nova Guiné e "limpem os destroços da guerra".

 

"Os restos da 2ª Guerra Mundial estão espalhados por toda a Papua-Nova Guiné, incluindo o avião que transportava o tio do presidente Biden", disse Marape.

 

A declaração de Marape foi divulgada no mesmo dia em que ele se encontrou com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em Port Moresby para discutir a construção de relações mais estreitas. Os Estados Unidos vêm tentando criar uma parceria estratégica com o país, essencial para um eventual "cordão de isolamento" da China no caso de uma guerra. Marape já visitou duas vezes a Casa Branca.

 

Pentágono não tem provas

 

De acordo com uma agência do Pentágono, o tio de Biden morreu em 14 de maio de 1944, como passageiro de um avião das Forças Aéreas do Exército que, "por razões desconhecidas", caiu no Oceano Pacífico, na costa norte de Papua-Nova Guiné.

 

"Ambos os motores falharam em baixa altitude" e a ponta da aeronave "atingiu a água com força", afirma a agência. "Três homens não conseguiram emergir dos destroços e se perderam no acidente", dizem os registros do Pentágono.

 

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse na sexta-feira, 19, que Biden estava falando sobre a bravura de seu tio e de muitos militares dos EUA que colocaram suas vidas em risco. "Ele leva isso muito a sério. Seu tio, que serviu e protegeu este país, perdeu a vida servindo. E isso deve importar", disse.

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Em mensagem de Páscoa, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse neste domingo, 20, que a data remete à comemoração do renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. Segundo Lula, o momento é de reforçar os laços de união e de solidariedade.

"Hoje é o dia em que milhões de brasileiras e brasileiros, e pessoas em todo o mundo, comemoram o renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. É o momento em que nos encontramos - seja em uma celebração religiosa, seja em um almoço de família - para reforçar nossos laços de união e de solidariedade. E em que relembramos os ensinamentos de Jesus de que devemos sempre amar uns aos outros, construindo um mundo cada vez melhor e mais fraterno", escreveu, Lula em mensagem divulgada pelo governo federal.

Ao fim da publicação, Lula desejou um "feliz domingo de Páscoa".

O Supremo Tribunal Federal (STF) reagiu neste sábado, 19, às críticas feitas em artigo da revista The Economist que diz que o ministro Alexandre de Moraes tem "poderes excessivos" e que o tribunal enfrenta "crescentes questionamentos". Em nota assinada pelo presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, o STF defendeu a atuação de Moaes e negou que haja uma crise de confiança na instituição.

"O enfoque dado na matéria corresponde mais à narrativa dos que tentaram o golpe de Estado do que ao fato real de que o Brasil vive uma democracia plena, com Estado de direito, freios e contrapesos e respeito aos direitos fundamentais", afirmou o tribunal.

A revista inglesa afirmou que o Supremo poderia agravar sua crise de confiança diante dos brasileiros caso o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguisse na Primeira Turma do tribunal, em vez de ser levado ao plenário. O texto também fez críticas a Barroso, aos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, e apontou que Moraes tem "poderes excessivos" nas decisões da Corte.

Em resposta, o STF afirmou que o julgamento de ações penais contra autoridades segue o rito previsto no procedimento penal, que determina que esses casos sejam analisados pelas turmas, e não pelo plenário. "Mudar isso é que seria excepcional", destacou a nota assinada por Barroso.

Barroso rebateu a sugestão de suspender Moraes do julgamento de Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente ofendeu quase todos os integrantes do Supremo e, "se a suposta animosidade em relação a ele pudesse ser um critério de suspeição, bastaria o réu atacar o tribunal para não poder ser julgado". Ele ainda classificou Moraes como um juiz que "cumpre com empenho e coragem o seu papel, com o apoio do tribunal, e não individualmente".

O STF também negou que exista uma crise de confiança na instituição e citou dados do Datafolha, divulgados em março de 2024, para sustentar o argumento. Ao mencionar os dados, no entanto, Barroso usou o percentual atribuído ao Poder Judiciário como um todo, cuja confiança é maior, se comparada à da Corte, com 24% que confiam muito, 44% que confiam um pouco e 30% que não confiam.

Segundo a pesquisa, 21% dos entrevistados disseram confiar muito no Supremo, 44% confiam um pouco e 30% não confiam. Para a Corte, isso demonstra que a maioria da população mantém algum nível de confiança no tribunal.

A nota ainda destacou que decisões monocráticas citadas pela revista foram posteriormente ratificadas pelos demais ministros. Entre elas, a suspensão do X (antigo Twitter), que foi determinada pela ausência de representante legal da empresa no Brasil, e não por algum conteúdo publicado na plataforma. A medida foi revertida após a indicação de um representante.

"Todas as decisões de remoção de conteúdo foram devidamente motivadas e envolviam crime, instigação à prática de crime ou preparação de golpe de Estado. O presidente do Tribunal nunca disse que a Corte 'defeated (derrotou) Bolsonaro'. Foram os eleitores", declarou o STF.

Barroso afirmou ainda que, apesar de a reportagem citar "algumas das ameaças sofridas pela democracia" no País, deixou de mencionar as tentativas de invasão da sede dos três Poderes em Brasília nos ataques de 8 de janeiro por uma "multidão insuflada por extremistas" além das tentativas de explosão de bomba no STF e no aeroporto de capital. A nota cita ainda o plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), além do ministro Alexandre de Moraes.

"Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do leste Europeu à América Latina", concluiu Barroso.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue internado na unidade de terapia intensiva (UTI) uma semana depois da cirurgia realizada em 13 de abril. Um novo boletim médico divulgado pelo Hospital DF Star e compartilhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro neste domingo, 20, informa que inda não há previsão de alta da UTI, mas que o ex-presidente apresenta boa evolução clínica.

A nota do hospital ainda diz que Bolsonaro apresenta pressão arterial sob controle, após o episódio de alteração relatado no boletim deste sábado, 19. Ele permanece em jejum oral, ou seja, sem se alimentar pela boca, e tem intensificado a fisioterapia motora e as medidas de reabilitação.

No domingo passado, 13 de abril, Bolsonaro fez uma cirurgia de 12 horas para retirar aderências no intestino e reconstruir a parede abdominal.

A operação foi feita após o ex-presidente passar mal, dois dias antes, durante uma agenda no interior do Rio Grande do Norte. Bolsonaro teve uma obstrução devido a uma dobra intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal. Na cirurgia, a complicação foi desfeita. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".