Lula promete a Erdogan apoiar ingresso da Turquia no Brics durante reunião no G7

Internacional
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu apoiar a entrada da Turquia como novo membro do Brics, bloco informal de coordenação política e econômica de países em desenvolvimento. Lula recebeu pedido do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, durante uma conversa à margem da reunião de líderes do G7, na Itália. Ele já havia sinalizado o interesse à Rússia e também recebeu sinal verde.

"Lula disse quer vai apoiar a demanda turca e afirmou que pretende fazer uma visita ao país localizado na região que conecta a Europa ao Oriente Médio", informou o Palácio do Planalto, agregando que o líder turco, por sua vez, confirmou presença na Cúpula do G-20, no Rio, em 18 e 19 de novembro.

A Turquia é considerada candidata a entrar na União Europeia desde 1999 e iniciou as negociações em 2005. O país vive um impasse desde ao menos 2018, por retrocessos democráticos, embora seja considerada uma nação parceira do bloco. Erdogan já sinalizou que poderia desistir do processo.

Após uma ampliação no ano passado, o Brics passou a receber ainda mais pedidos de países candidatos a se tornarem membros. A decisão deve ser tomada sempre por consenso e diversos líderes globais esperam que a Cúpula de Líderes de 2024 possa ter uma nova rodada de crescimento, embora o processo costume demorar e ser debatido por anos até se concretizar.

O processo de ampliação vem sendo patrocinado principalmente pela China, que busca fortalecer novos blocos internacionais como forma de contestar e enfrentar o poder econômico e geopolítico do G7, influenciado principalmente pelos Estados Unidos.

Embora diplomatas tentem minimizar a oposição e rivalidade, o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula e defensor do fortalecimento do chamado Sul Global, liderado pela China, já disse que o crescimento e o interesse pelo Brics mostra que o mundo não é mais "ditado" pelo G7.

Entre os países que já pediram adesão formal ou informalmente, além da Turquia, estão Colômbia, Venezuela, Cuba, Argélia, Paquistão, Tailândia e Indonésia. Mais de 40 países demonstraram interesse desde o ano passado, como a Nigéria.

Recentemente Lula prometeu patrocinar o ingresso da Colômbia no grupo, depois que a Argentina declinou do convite por decisão do presidente Javier Milei.

O Brics passou por uma ampla expansão no ano passado, o que não ocorria desde a entrada da África do Sul em 2011, e terá dez membros na cúpula de Kazan, na Rússia, entre 22 e 24 de outubro: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e os novos Irã, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

Reuniões bilaterais

Ainda na Itália, o presidente se reuniu reservadamente com o papa Francisco, com o presidente da França, Emmanuel Macron, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

O governo disse que Lula e Ursula trataram do Acordo Mercosul-União Europeia, travado desde o fim do ano passado por razões políticas, e do empoderamento feminino na política.

Com Macron, Lula tratou do combate ao garimpo ilegal e crimes transfronteiriços entre Brasil e Guiana Francesa, que são alvo de cooperação policial. Eles também trataram das celebrações do Ano do Brasil na França e do Ano da França no Brasil, para promoção de intercâmbio cultural.

"Juntos, continuaremos a enfrentar os grandes desafios do nosso tempo e a defender os valores universais que são a base das nossas democracias", registrou Macron.

Modi confirmou presença na Cúpula de Líderes do G20, a ser realizada no Brasil em novembro, segundo o governo brasileiro. No ano passado, Lula recebeu do premiê indiano, em Nova Délhi, a presidência do grupo que reúne as principais economias do mundo. O petista afirmou que pretende realizar nova visita à Índia.

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O ministro André Mendonça tomou posse nesta terça-feira, 25, como ministro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Tenho certeza que vai honrar a cadeira e a Justiça Eleitoral, com todos os compromissos democráticos que ela tem", disse a presidente da Corte, Cármen Lúcia. A cerimônia, como de costume, foi protocolar e sem discursos. Mendonça, que já era ministro substituto, passa a ocupar a vaga titular deixada pelo ministro Alexandre de Moraes no mês passado.

Compareceram à cerimônia os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. O ministro da Justiça Ricardo Lewandowski, o advogado-geral da União (AGU) e o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), vice-presidente da Câmara e membro da bancada evangélica, também compareceram. Mendonça é pastor e foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Supremo após a promessa de indicar um ministro "terrivelmente evangélico".

A Polícia Federal (PF) apresentou nesta terça-feira, 25, um relatório parcial no inquérito que investiga se o deputado federal André Janones (Avante-MG) operou um esquema de rachadinha na Câmara.

Uma das primeiras iniciativas da PF na investigação foi submeter ao Instituto Nacional de Criminalística os áudios em que o deputado pede doações de assessores para compensar gastos de campanha. Os peritos concluíram que a voz na gravação é de Janones. Ele já havia reconhecido a autenticidade dos áudios.

A gravação foi comparada com áudios extraídos das redes sociais dos deputados. Os peritos verificam minuciosamente elementos como padrões fonéticos, vícios de pronúncia e expressões recorrentes. O resultado foi uma correspondência quase integral - o penúltimo grau em uma escala que vai de -4 a +4.

O delegado Roberto Santos Costa, responsável pela investigação, finaliza agora a análise do material obtido a partir das quebras de sigilo bancário e fiscal do deputado e de seus assessores parlamentares.

Ele pediu acesso a todas as movimentações financeiras entre janeiro de 2019, quando Janones assumiu o primeiro mandato na Câmara, e janeiro de 2024.

Janones tem reiterado que a investigação do caso pelas autoridades competentes é o único caminho para provar que é inocente. Nas redes sociais, disse que já colocou as contas à disposição dos investigadores.

PF vê contradição em depoimentos de assessores e aponta indícios de rachadinha

O deputado foi arrastado para o centro de suspeitas de corrupção depois que os áudios vieram a público. Para a PF, a gravação já é um indício do crime de corrupção passiva. O objetivo agora é verificar se os repasses de fato aconteceram.

"As diligências concluídas até o momento sugerem a existência de um esquema de desvio de recursos públicos no gabinete do deputado", afirmou a Polícia Federal no pedido de quebra de sigilo enviado ao STF em fevereiro.

Assessores de Janones já foram ouvidos pela PF. Eles disseram que a gravação está fora de contexto e negaram a devolução dos salários, mas a Polícia Federal viu "inconsistências" e "contradições" nos depoimentos.

Alguns auxiliares relataram, por exemplo, que o deputado pediu doações para uma "caixinha espontânea" que seria usada cobrir despesas de campanha de assessores que viessem a se candidatar. Outros narraram que advogadas aconselharam Janones a abandonar a ideia.

Novos depoimentos serão marcados.

A Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT) divulgou, nesta terça-feira, 25, uma carta de retratação à diretoria da sigla após o grupo se desentender com a tesouraria petista sobre o orçamento eleitoral. Na mensagem, a Secretária Nacional da Juventude do Partido dos Trabalhadores, Nádia Garcia, afirma que a JPT confia inteiramente nas lideranças internas da legenda e o protesto feito na tarde da última segunda, 24, foi desproporcional.

A diretoria nacional do PT apresentou uma proposta de orçamento eleitoral às alas internas da legenda, que representam movimentos específicos do partido. No plano, a verba destinada a estas secretarias seria reduzida de 3% para 1% - o que desagradou a JPT, que escreveu uma carta à diretoria da sigla reclamando das dificuldades da transição geracional interna.

A redução da verba foi vista como uma tentativa de interditar a sucessão interna do partido no longo prazo e, no curto, inviabilizar as candidaturas que representam os movimentos LGBTIA+, sindical, cultural, da Juventude e da reforma agrária.

A nota de protesto, entretanto, foi mal recebida pela tesoureira do PT, Gleide Andrade, que viu a mensagem como "arrogante" e "desrespeitosa".

"O recado passado com as repetidas ações da Direção Nacional é o expresso objetivo de sufocar e impedir a transição geracional interna, de impedir que emerjam parlamentares pretos/as, LGBTs, ambientalistas, do campo e das periferias, indígenas e quilombolas", dizia a mensagem, veiculada no grupo de WhatsApp da Executiva Nacional do PT na última segunda-feira, 14, segundo a Folha de S. Paulo.

Em resposta, Gleide exigiu um pedido de desculpas pela estratégia da JPT que, nas palavras dela, adota uma "política de queimação baixa, nojenta, imunda". Para a tesoureira, as críticas eram descabidas à medida que nenhuma das secretarias internas apresentou uma contraproposta orçamentária - e limitou-se a criticar a ideia existente.

Após pressão interna por uma retratação pública, Nádia escreveu uma nova carta, a qual o Estadão teve acesso, em que dizia que "a Juventude do PT confia inteiramente na capacidade de formulação, proposição e transição geracional do Partido dos Trabalhadores, que reflete o número de jovens petistas eleitos nos últimos anos para o Legislativo e Executivo em todo o país".

No pedido de desculpas, Nádia negou que o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) ou a Executiva do PT tenham definido a distribuição definitiva dos recursos do Fundo Eleitoral deste ano. Ao todo, o PT deve receber cerca de R$ 604 milhões dos R$ 4,96 bilhões sancionados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nádia também admitiu que o tema só será discutido pela Direção Nacional da legenda. Na nota, ela afirma confiar no GTE e disse esperar que seu grupo seja representado na distribuição da verba.