Biden enaltece legado e passa tocha para Kamala Harris na primeira noite da Convenção Democrata

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Um esperado discurso de Joe Biden, um mês após desistir da corrida presidencial dos Estados Unidos, marcou a primeira noite da Convenção Democrata nesta segunda-feira, 19. Em uma fala enérgica, mas com tom de despedida, o presidente americano exaltou o legado de seu mandato, dividindo os créditos de seus feitos com sua vice-presidente Kamala Harris, para quem oficialmente passou a tocha da corrida presidencial.

 

Após ser apresentado pela sua esposa, Jill Biden, e pela sua filha Ashley, Biden repetiu "obrigado" dezenas de vezes ao subir ao palco da convenção, sendo recebido por gritos incessantes de "Thank you, Joe" ("Obrigada, Joe", em português) e "We love Joe" ("Amamos Joe"). Com uma fala firme e sem aparentes confusões, o democrata demonstrou uma postura diferente das dos últimos discursos e entrevistas, nos quais chegou a chamar Trump de seu vice-presidente.

 

"Tivemos um dos quatro anos de progresso mais extraordinários de todos os tempos, ponto final", disse Biden. "A covid não controla mais nossas vidas. Saímos da crise econômica para a economia mais forte do mundo inteiro... recorde de 16 milhões de novos empregos, crescimento recorde de pequenas empresas, mercado de ações recorde... salários em alta, inflação em baixa, muito em baixa, e continuando a cair", declarou. A multidão começou novamente a gritar "obrigado Joe!", ao que o democrata respondeu: "Obrigado, Kamala".

 

Biden declarou a apoiadores entusiasmados que eles têm uma "escolha fundamental" para fazer nas urnas em 5 de novembro, citando o que chamou de "uma agenda perigosa" de Donald Trump que ataca a liberdade e a democracia. "Trump diz que os Estados Unidos está perdendo, mas quem está perdendo é ele", afirmou.

 

O democrata chamou Kamala de "amiga próxima" e disse que escolhê-la como sua companheira de chapa foi a melhor decisão que ele já tomou. Ele também se comprometeu a ajudar a eleger a nova chapa democrática, prometendo ser o "melhor voluntário" que Kamala e Walz já viram.

 

Ele também usou seu discurso para falar sobre a guerra em Gaza, um assunto que poucos democratas mencionaram ao longo da noite. Biden prometeu "acabar com o sofrimento civil do povo palestino", e se referiu aos manifestantes que se reuniram em frente ao prédio onde está ocorrendo a convenção, para protestar contra o apoio dos EUA a Israel, afirmando que eles "têm um ponto".

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O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, protocolou um documento junto à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 1º, pedindo para sustar a ação penal julgada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) réu. O ex-presidente Jair Bolsonaro também tornou-se réu na mesma ação.

A sigla fundamenta a ação num trecho da Constituição que dá à Câmara o poder se sustar o andamento de uma ação penal enquanto o parlamentar mantiver o seu mandato.

A Constituição diz que esse procedimento só pode ser adotado em casos de crimes cometidos após a diplomação de um deputado. Para a aprovação, argumenta o advogado do PL, Marcelo Bessa, seriam necessários 257 votos.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República aceita pelo STF diz que, enquanto chefiava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem auxiliou Bolsonaro a deflagrar o "plano criminoso", descredibilizando as urnas eletrônicas e opositores no procedimento que teria culminado numa tentativa de golpe de Estado. Ramagem permaneceu no cargo até março de 2022.

A Polícia Federal afirma que ele se tornou um dos principais conselheiros do ex-presidente e articulou ataques ao STF. Trocas de mensagens apontaram, segundo as investigações, que Ramagem incentivava Bolsonaro a confrontar os ministros. A defesa do deputado classificou os indícios como "tímidos" e negou envolvimento dele em atos golpistas.

No documento, o PL alega que todos os supostos crimes imputados teriam sido consumados após a diplomação de Ramagem, que ocorreu em 19 de dezembro de 2022. "Porquanto o crime de organização criminosa armada, que possui natureza permanente, teria se estendido até janeiro de 2023, e os demais crimes imputados teriam ocorrido no dia 8 de janeiro de 2023", justifica o texto, assinado por Bessa.

Ramagem é acusado de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração do patrimônio público tombado.

Segundo a Constituição, uma vez recebida a representação, o pedido de sustação precisará ser analisado pela Câmara num prazo de 45 dias.

O líder do PL da Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), partiu em defesa de Ramagem. Em nenhum momento o PL vai abrir a mão das prerrogativas constitucionais na proteção de um homem probo

O deputado pediu o apoio dos demais parlamentares e disse que o a ação penal é uma "farsa". "É a possibilidade de o Congresso Nacional de sustar a ação penal e essa ação penal que nós sabemos é fruto de farsa e perseguição", afirmou.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) centralizou a comunicação sobre ações do governo federal em uma conta na plataforma X, antigo Twitter. Desde que o ministro Sidônio Palmeira assumiu a pasta, as publicações são feitas usando o perfil @govbr.

Antes, outros dois perfis continham informações sobre a gestão. No @SecomVc, a última postagem foi feita no dia 23 de janeiro. Já no @presidencia_BR, no dia 3 de fevereiro; um compartilhamento de anúncio realizado com a conta @govbr.

Procurada pelo Estadão, a Secom informou que a centralização das publicações nos canais do Governo do Brasil foi uma decisão adotada a partir de estudos técnicos. Somados, os perfis concentravam público superior ao dos perfis da Secom e da Presidência da República juntos.

A secretaria também informou que a estratégia, que busca otimização operacional e potencialização da presença digital, apresentou resultados positivos, e que as bases dos perfis @SecomVc e @presidencia_BR serão utilizadas em ações específicas.

É no perfil do Governo do Brasil que são anunciados os números do governo Lula e divulgadas iniciativas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e o programa Pé de Meia.

Sob Sidônio, a Secom também intensificou os gastos em campanhas publicitárias, principalmente em propagandas na televisão. Entre 1º de janeiro e 17 de março, foram 1.211 campanhas veiculadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva em rádio, televisão, internet, mídia digital (como televisões de elevador) e revista.

Em outro esforço para reverter índices ruins de popularidade, o governo federal promove nesta quinta-feira, 3, um evento para apresentar as ações dos dois primeiros anos da gestão. A agenda terá a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ministros de Estado, parlamentares, representantes da sociedade civil e outras autoridades. A solenidade tem como mote "O Brasil Dando a Volta Por Cima", apresentado em março por Sidônio.

O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), disse, nesta terça-feira, 1º, que pedirá autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que parlamentares possam visitar o general Walter Braga Netto na prisão. O ex-ministro do governo Bolsonaro foi preso no final do último ano por obstrução de Justiça em investigações que apuram a tentativa de golpe de Estado.

"Na reunião do colégio de líderes foi feita a solicitação, por vários senadores, para que o Senado pudesse se manifestar junto ao STF para que fosse autorizada a visita ao ministro Braga Netto. Eu fiz uma viagem e me comprometi com vossa excelência e com o colégio de líderes que iria acionar, a partir do Senado, o Supremo Tribunal Federal, para solicitar a possibilidade dessa audiência", disse o presidente do Senado no plenário.

A decisão veio após o senador Eduardo Girão (Novo) reiterar o pedido feito por ele e outros parlamentares para visitar Braga Netto, citando as visitas recebidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando estava preso.

"Na época que o Lula estava preso, todo dia era uma turma de gente visitando o Lula. Deputado, senador com megafone ia lá, falava e tudo, e agora, com Braga Netto, não é possível [...] Eu queria que o senhor falasse com o ministro Alexandre de Moraes, para que ele autorizasse os parlamentares da República do Brasil a poderem visitar", pediu Girão.

Alcolumbre acolheu o pedido do senador e afirmou que, agora, essa é uma preocupação do Senado.

Braga Netto foi apontado pela Procuradoria-Geral da República como um dos líderes da organização golpista e se tornou réu no processo que apura a tentativa de golpe de Estado.

De acordo com as investigações, ele reuniu militares das Forças Especiais do Exército em sua casa para planejar as ações do golpe. Ele e o general da reserva do Exército Brasileiro, Augusto Heleno, que foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro, formariam um "gabinete de crise" para conduzir o País após a deposição das autoridades eleitas, inclusive com planos de assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e de Moraes.

Durante o julgamento da Primeira Turma do STF que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete aliados réus por tentativa de golpe de Estado, a defesa de Braga Netto questionou a delação do tenente-coronel Mauro Cid dizendo que ele "mente e mente muito" e afirmou que a colaboração é inepta por ter sido firmada entre a Polícia Federal e o investigado, sem anuência do Ministério Público Federal.