Protestos expõem divergências na abertura da convenção Democrata

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Milhares de manifestantes de 200 grupos diferentes marcharam nesta segunda, 19, nas ruas de Chicago na abertura da Convenção Nacional Democrata, que oficializará Kamala Harris como candidata do partido. Os ativistas defendem uma agenda progressista mais radical, criticam o apoio irrestrito dos EUA a Israel e expõem divergências internas que podem impedir uma vitória em novembro

 

"Não é mais suficiente apenas se posicionar contra (Donald) Trump", disse Ellie Feyans-McCool, que viajou de Minnesota para participar da marcha e disse que ainda não decidiu se votará em Kamala - o voto não é obrigatório nos EUA.

 

Chicago tem uma das maiores comunidades palestinas dos EUA. Além de se oporem ao que veem como cumplicidade de Biden com o massacre em Gaza, os manifestantes também defendem outros pontos da agenda progressista, como o acesso ao aborto, os direitos da população LGBT+ e a crise climática, temas emblemáticos para os democratas.

 

Terceira maior cidade dos EUA, Chicago tem sido um reduto do partido há décadas. Por isso, os seus problemas com criminalidade e corrupção são apontados pelos republicanos como exemplo, às vezes quase distópico, de governos democratas. Além disso, o Estado de Illinois faz parte da "muralha azul", crucial para a vitória de Biden na última eleição.

 

Com a desistência do presidente, o partido se uniu rapidamente em torno de Kamala, que avança sobre Donald Trump nas pesquisas. Mas, para muitos ativistas, o crescimento não é suficiente para conter a indignação com a guerra em Gaza. "Nada mudou", disse Hatem Abudayyeh, presidente da Rede da Comunidade Palestina dos EUA, que organiza os protestos.

 

Guerra

 

O grupo é composto por centenas de organizações, incluindo estudantes. Os ativistas dizem que aprenderam as lições da convenção republicana, em julho, em Milwaukee, que teve protestos pouco expressivos, e esperam multidões maiores esta semana.

 

Do outro lado, o Israeli American Council (IAC) pretende chamar atenção para os reféns mantidos pelo Hamas. O grupo expressou frustração com a autorização dada aos protestos em Chicago. "O IAC garantiu um terreno privado para a manifestação de hoje, que contará com a exposição de artistas israelenses", disse o executivo do grupo, Elan Carr.

 

Em meio às divergência, a cidade anunciou que colocará à disposição um pequeno parque próximo ao United Center para manifestações. É possível que outros grupos ou pessoas que não tenham solicitado permissão ou anunciado planos de protestar possam aparecer na cidade.

 

O prefeito Brandon Johnson disse que Chicago está preparada para os protestos. Já o governador de Illinois, J.B. Pritzker, que chegou a ser cotado para vice de Kamala, afirmou que os protestos pacíficos são bem-vindos. "O mais importante é o Partido Democrata não excluir as pessoas e não impedi-las de se expressar", disse.

 

O primeiro protesto, realizado na noite de domingo, reuniu centenas de pessoas que pediam garantias adicionais aos direitos da população LGBT+ e acesso ao aborto, assim como o fim da guerra em Gaza. A marcha, que foi acompanhada de perto pela polícia, terminou sem conflitos. A polícia de Chicago disse que duas pessoas foram presas sob a acusação de resistência e danos ao patrimônio público. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro convocou neste domingo, 20, um jejum e orações em prol da recuperação o marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Michelle pede que os apoiadores do ex-presidente comecem o jejum nesta segunda-feira, 21, estendendo o sacrifício até o próximo dia 28. "Convoquem seus líderes, familiares e amigos", disse a ex-primeira-dama.

Serão 7 dias de clamor", afirmou ela, em sua conta no Instagram, que inclui uma mensagem religiosa na mensagem.

Novo boletim medico divulgado aponta que o ex-presidente segue sem alimentação oral, mas com pressão arterial sob controle e boa evolução clínica. Não há previsão de alta da UTI do hospital DFStar.

Bolsonaro tem intensificado fisioterapia motora e as medidas de reabilitação.

No domingo passado, dia 13, Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia de 12 horas para retirar aderências do intestino e reconstruir a parede abdominal.

Foi a sétima desde o episódio em o ex-presidente, na época candidato ao Planalto, foi esfaqueado por Adélio Bispo de Oliveira, em 6 de setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (PB), participa na segunda-feira, 21, Dia de Tiradentes, de eventos em Minas Gerais ao lado do governador Romeu Zema (Novo) e do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).

O dia de Motta vai começar às 9 horas, em Ouro Preto. O presidente da Câmara vai participar da cerimônia da Medalha da Inconfidência 2025, a convite de Zema.

O governador de Minas tenta pavimentar um caminho para a eleição presidencial de 2026 e é a favor da anistia para os condenados do 8 de Janeiro - tema que Motta deve enfrentar nas próximas semanas.

Ainda pela manhã da segunda-feira, Motta vai partir para São João del-Rei, para integrar as homenagens pelo 40º aniversário do falecimento do presidente Tancredo Neves. O deputado foi convidado pelo colega Aécio Neves.

A segunda agenda de Motta contará com três eventos: às 11h45, ele participa da visita ao túmulo do ex-presidente; às 12h30, da reabertura do Memorial Tancredo Neves, e às 13h15 de um almoço no Solar do Presidente.

Em meio ao debate sobre uma possível anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar a, pelo menos, seis pessoas sentenciadas por tentativa de golpe de Estado somente neste mês. As decisões se baseiam, principalmente, em laudos médicos que apontam condições graves de saúde ou no tempo de prisão preventiva já cumprido pelos réus.

O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

Resende cumpria pena na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, e teve a prisão convertida após sua defesa apresentar laudos que apontam sepse, necrose na vesícula e sequelas nos rins, pâncreas e fígado.

"O sentenciado no mês de fevereiro de 2025 teve alta do hospital do Paranoá, e não tem condições de permanecer no sistema prisional para tratar a sua saúde", diz o documento enviado ao STF.

A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

As decisões recentes ocorrem após a repercussão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos.

Ela foi presa por participação nos ataques e ganhou notoriedade após pichar, com batom, a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF, imagem que viralizou nas redes sociais. Após dois anos na cadeia, a cabeleireira teve sua prisão convertida em domiciliar no mês passado.

Débora foi condenada a 14 anos de prisão pelos mesmos crimes de outros réus, incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público.

A comoção gerada por seu caso motivou manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passaram a alegar desproporcionalidade na pena. Parte das críticas, porém, ignorava os crimes pelos quais ela foi efetivamente condenada, reduzindo sua participação ao gesto simbólico.