Eleições EUA: Ao coro de 'sim, ela pode', Obama diz que EUA estão prontos para Kamala

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O ex-presidente dos EUA Barack Obama encerrou a segunda noite da Convenção Democrata nesta terça-feira, 20, defendendo que Kamala Harris é a líder capaz de guiar o país para um futuro mais próspero e inclusivo. Em um discurso aguardado pelos democratas, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos exaltou o trabalho de Kamala, que se projeta para seguir seu legado ao tentar ser a primeira mulher negra no cargo.

 

Obama, que elevou Biden de um candidato presidencial secundário à vice-presidência, preparando-o para ganhar a Casa Branca em 2020, abriu seu discurso exaltando o legado do presidente americano. O discurso ocorre um mês após dias de tensão em meio à pressão para Biden renunciar, na qual Obama, enfatizava que queria proteger Biden e seu legado, o que chateou Biden.

 

"Posso dizer sem dúvida que minha primeira grande decisão como indicado acabou sendo uma das minhas melhores, e foi pedir a Joe Biden para servir ao meu lado como vice-presidente", declarou Obama, afirmando que tornou-se "irmão" de Biden. "A história se lembrará de Joe Biden como um presidente extraordinário que defendeu a democracia em um momento de grande perigo."

 

Elogios foram replicados para Kamala. "Nesta nova economia, precisamos de um presidente que realmente se importe com os milhões de pessoas em todo o país que acordam todos os dias para fazer o trabalho essencial, muitas vezes ingrato, de cuidar dos nossos doentes, limpar nossas ruas e entregar nossos pacotes - e defender seu direito de negociar melhores salários e condições de trabalho", disse. "Kamala será essa presidente."

 

Enquanto discursava, Obama recebia como resposta do público, gritando em coro: "Sim, ela pode".

 

Ao traçar o cenário das eleições, Obama pregou a união nacional e apontou Donald Trump como figura divisiva, fazendo eco ao discurso da convenção de 2016, quando passou o bastão para Hillary Clinton, que seria derrotada pelo republicano.

 

"Donald Trump quer que pensemos que este país está irremediavelmente dividido entre nós e eles", disse. "E ele quer que você pense que ficará mais rico e seguro se apenas der a ele o poder de colocar essas outras pessoas de volta em seus lugares. É um dos truques mais antigos da política. De um cara cujo ato, sejamos sinceros, ficou bem obsoleto", declarou Obama, que em seguida afirmou que os Estados Unidos não precisam de mais quatro anos de "arrogância, trapalhadas e caos".

 

Considerado o maior orador vivo do Partido Democrata, Barack Obama foi escalado para "virar a página". Sob o tema "Uma Visão Ousada Para o Futuro dos Estados Unidos", esta noite faz a transição entre a despedida de Joe Biden, o grande destaque da segunda-feira, e a ascensão de Kamala Harris, que aceitará formalmente a nomeação na quinta.

 

"Agora, a tocha foi passada e cabe a todos nós lutar pela América que queremos. E não se enganem, vai ter luta", disse Obama, que assim como sua esposa, Michelle, foi firme ao tentar moderar as expectativas do Partido Democrata após semanas que tiveram um semblante de energia renovada com a nomeação de Kamala. O ex-presidente americano convocou democratas a convencerem "o maior número possível de pessoas" a votarem.

 

"O outro lado sabe que é mais fácil jogar com os medos e o cinismo das pessoas, sempre foi. Eles dirão que o governo é inerentemente corrupto, que sacrifício e generosidade são para otários. Já que o jogo é manipulado, não tem problema pegar o que você quer e cuidar do seu. Esse é o caminho fácil. Temos um diferente", afirmou.

 

Kamala conseguiu energizar a base democrata, avançou nas pesquisas e tornou a disputa mais competitiva. Apesar do impulso que se seguiu à desistência de Joe Biden, a ideia de continuidade está na mira dos republicanos.

 

Michelle Obama também subiu ao palco

 

A fala do ex-presidente americano foi precedida por um discurso de sua esposa, Michelle Obama, que descreveu Kamala como "uma das pessoas mais qualificadas de todos os tempos" a concorrer para a Casa Branca.

 

"E ela é uma das mais dignas - uma homenagem à mãe dela, à minha mãe e provavelmente à sua mãe também", disse a ex-primeira dama, ao conectar a história de sua mãe, Marian Robinson, que faleceu no dia 31 de maio aos 86 anos, com a de mãe de Kamala.

 

"Kamala Harris e eu construímos nossas vidas nesses mesmos valores fundamentais. Embora nossas mães tenham crescido em um oceano de distância, elas compartilhavam a mesma crença na promessa deste país", disse Michelle.

 

A ex-primeira dama ainda abordou o racismo de frente, fazendo uma referência direta a um comentário que Donald Trump fez sobre imigrantes ilegais aceitando "empregos de negros". "Quem vai dizer a ele que o emprego que ele está procurando atualmente pode ser um desses empregos de negros?", questionou Michelle, provocando gritos entre a plateia.

 

Descrevendo a presidência de Trump como "uma liderança retrógrada", Michelle foi firme ao acusar o republicano de fazer "tudo o que estava ao seu alcance para tentar fazer as pessoas nos temerem". "Veja, sua visão limitada e estreita do mundo o fez se sentir ameaçado pela existência de duas pessoas trabalhadoras, altamente educadas e bem-sucedidas que por acaso são negras", disse.

 

Michelle ainda foi incisiva aos democratas ao firmar que a disputa de novembro ainda não é uma luta ganha. "Considere isso como seu pedido oficial: Michelle Obama está pedindo - não, estou dizendo a vocês - para fazer alguma coisa." A multidão irrompeu em cânticos de "faça alguma coisa".

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Em mensagem de Páscoa, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse neste domingo, 20, que a data remete à comemoração do renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. Segundo Lula, o momento é de reforçar os laços de união e de solidariedade.

"Hoje é o dia em que milhões de brasileiras e brasileiros, e pessoas em todo o mundo, comemoram o renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. É o momento em que nos encontramos - seja em uma celebração religiosa, seja em um almoço de família - para reforçar nossos laços de união e de solidariedade. E em que relembramos os ensinamentos de Jesus de que devemos sempre amar uns aos outros, construindo um mundo cada vez melhor e mais fraterno", escreveu, Lula em mensagem divulgada pelo governo federal.

Ao fim da publicação, Lula desejou um "feliz domingo de Páscoa".

O Supremo Tribunal Federal (STF) reagiu neste sábado, 19, às críticas feitas em artigo da revista The Economist que diz que o ministro Alexandre de Moraes tem "poderes excessivos" e que o tribunal enfrenta "crescentes questionamentos". Em nota assinada pelo presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, o STF defendeu a atuação de Moaes e negou que haja uma crise de confiança na instituição.

"O enfoque dado na matéria corresponde mais à narrativa dos que tentaram o golpe de Estado do que ao fato real de que o Brasil vive uma democracia plena, com Estado de direito, freios e contrapesos e respeito aos direitos fundamentais", afirmou o tribunal.

A revista inglesa afirmou que o Supremo poderia agravar sua crise de confiança diante dos brasileiros caso o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguisse na Primeira Turma do tribunal, em vez de ser levado ao plenário. O texto também fez críticas a Barroso, aos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, e apontou que Moraes tem "poderes excessivos" nas decisões da Corte.

Em resposta, o STF afirmou que o julgamento de ações penais contra autoridades segue o rito previsto no procedimento penal, que determina que esses casos sejam analisados pelas turmas, e não pelo plenário. "Mudar isso é que seria excepcional", destacou a nota assinada por Barroso.

Barroso rebateu a sugestão de suspender Moraes do julgamento de Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente ofendeu quase todos os integrantes do Supremo e, "se a suposta animosidade em relação a ele pudesse ser um critério de suspeição, bastaria o réu atacar o tribunal para não poder ser julgado". Ele ainda classificou Moraes como um juiz que "cumpre com empenho e coragem o seu papel, com o apoio do tribunal, e não individualmente".

O STF também negou que exista uma crise de confiança na instituição e citou dados do Datafolha, divulgados em março de 2024, para sustentar o argumento. Ao mencionar os dados, no entanto, Barroso usou o percentual atribuído ao Poder Judiciário como um todo, cuja confiança é maior, se comparada à da Corte, com 24% que confiam muito, 44% que confiam um pouco e 30% que não confiam.

Segundo a pesquisa, 21% dos entrevistados disseram confiar muito no Supremo, 44% confiam um pouco e 30% não confiam. Para a Corte, isso demonstra que a maioria da população mantém algum nível de confiança no tribunal.

A nota ainda destacou que decisões monocráticas citadas pela revista foram posteriormente ratificadas pelos demais ministros. Entre elas, a suspensão do X (antigo Twitter), que foi determinada pela ausência de representante legal da empresa no Brasil, e não por algum conteúdo publicado na plataforma. A medida foi revertida após a indicação de um representante.

"Todas as decisões de remoção de conteúdo foram devidamente motivadas e envolviam crime, instigação à prática de crime ou preparação de golpe de Estado. O presidente do Tribunal nunca disse que a Corte 'defeated (derrotou) Bolsonaro'. Foram os eleitores", declarou o STF.

Barroso afirmou ainda que, apesar de a reportagem citar "algumas das ameaças sofridas pela democracia" no País, deixou de mencionar as tentativas de invasão da sede dos três Poderes em Brasília nos ataques de 8 de janeiro por uma "multidão insuflada por extremistas" além das tentativas de explosão de bomba no STF e no aeroporto de capital. A nota cita ainda o plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), além do ministro Alexandre de Moraes.

"Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do leste Europeu à América Latina", concluiu Barroso.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue internado na unidade de terapia intensiva (UTI) uma semana depois da cirurgia realizada em 13 de abril. Um novo boletim médico divulgado pelo Hospital DF Star e compartilhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro neste domingo, 20, informa que inda não há previsão de alta da UTI, mas que o ex-presidente apresenta boa evolução clínica.

A nota do hospital ainda diz que Bolsonaro apresenta pressão arterial sob controle, após o episódio de alteração relatado no boletim deste sábado, 19. Ele permanece em jejum oral, ou seja, sem se alimentar pela boca, e tem intensificado a fisioterapia motora e as medidas de reabilitação.

No domingo passado, 13 de abril, Bolsonaro fez uma cirurgia de 12 horas para retirar aderências no intestino e reconstruir a parede abdominal.

A operação foi feita após o ex-presidente passar mal, dois dias antes, durante uma agenda no interior do Rio Grande do Norte. Bolsonaro teve uma obstrução devido a uma dobra intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal. Na cirurgia, a complicação foi desfeita. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".