Debate Kamala versus Trump: como assistir, horário, regras e o que esperar dos candidatos

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Kamala Harris e Donald Trump e se encontrarão pessoalmente pela primeira vez nesta terça-feira, 10, pela disputa nas eleições norte-americanas. A partir das 21 horas (22 horas no horário de Brasília), os candidatos à presidência dos Estados Unidos participarão do único debate presidencial programado até novembro, que será realizado no National Constitution Center, na Filadélfia, Pensilvânia, e é organizado pela ABC News.

Em seu primeiro debate presidencial, este é o momento mais importante para Kamala desde que a democrata entrou na disputa justamente após o desempenho desastroso de Joe Biden no primeiro debate em junho. Já o ex-presidente Trump, o candidato republicano, participará de seu sétimo debate eleitoral geral desde 2016.

Onde assistir?

A ABC News, emissora organizadora, transmitirá o debate nos Estados Unidos. Outras emissoras norte-americanas, como CNN e CBS News, foram autorizadas a transmitir de forma simultânea. O Estadão contará com uma transmissão ao vivo. No Brasil, o debate também será transmitido pela CNN Brasil e pela GloboNews.

O âncora do World News Tonight, David Muir, e a âncora do Prime, da ABC News Live, Linsey Davis, moderarão o debate.

O debate terá duração de 90 minutos.

Regras seguem as mesmas

Nas últimas semanas, Trump deu a entender que não participaria do debate, argumentando que não confiava que a ABC News seria justa com ele, em um vai e vem sobre as regras do encontro. Mas, em 27 de agosto, ele disse em sua plataforma Truth Social que "chegou a um acordo" e confirmou que compareceria.

As campanhas discutiram sobre manter uma regra do debate de junho para que os microfones dos candidatos fossem desligados quando não fosse a vez deles de falar. Foi algo que a campanha de Biden, em junho, havia colocado como condição para sua participação.

Já a campanha de Kamala disse que queria que todos os microfones estivessem ligados, e a campanha de Trump defendeu "exatamente os mesmos termos" do debate de junho na CNN - embora o próprio Trump tenha dito que preferia ter os microfones "provavelmente ligados".

Mesmo assim, as campanhas concordaram em seguir com a regra sobre silenciamento de microfone.

Em uma carta para a ABC News, a qual o Washington Post teve acesso, Kamala concordou com as regras do debate de terça-feira, dizendo que deixaria de lado suas preocupações com microfones para garantir que o debate prosseguisse.

"A vice-presidente Harris, uma ex-promotora, será fundamentalmente prejudicado por esse formato, que servirá para proteger Donald Trump de trocas diretas com a vice-presidente", escreveu a campanha. "Suspeitamos que essa seja a principal razão para a insistência de sua campanha em microfones silenciados."

Além disso, os candidatos terão dois minutos para responder perguntas, bem como dois minutos para refutações. Eles também receberão um minuto adicional para acompanhamentos ou esclarecimentos. Notavelmente, os candidatos não poderão fazer perguntas uns aos outros. Bem como no último debate, não haverá plateia.

O histórico de Kamala e Trump

Do lado democrata, Kamala deverá recuperar seu passado como procuradora e adotar uma postura firme. Desde o debate nas primárias democratas em 2019, Kamala mostrou que consegue fazer ataque estratégicos contra figuras como o Trump, mas às vezes tem menos destreza em momentos não roteirizados.

Do lado republicano, Trump, conhecido pela animosidade, é um veterano imprevisível da televisão, que não precisa de muitos minutos para abandonar o roteiro estudado. "Vou deixá-la falar", disse Trump para a eleitores no início do mês. "Você pode ter todas as estratégias que quiser, mas sempre tem que se adaptar ao que tem à frente."

O primeiro debate de 2020 ficou marcado pelo comportamento efusivo de Trump falando mal de Biden, afastando tantos eleitores que suas pesquisas caíram consideravelmente depois disso.

Trump sabe que se saiu mal naquele debate e reconheceu isso em particular, de acordo com assessores. Mas sua equipe ainda teme que ele não consiga conter sua animosidade em relação à Kamala.

A última vez que ele debateu com uma mulher foi com Hillary Clinton, sua rival de 2016. Ele a chamou de "mulher desagradável" e a perseguiu no palco, mas seus assessores acharam que ele estava relativamente calmo para seus padrões.

Já o ponto mais baixo do desempenho de Kamala no debate primário de 2019 ocorreu quando a deputada Tulsi Gabbard, do Havaí, exigiu que ela se desculpasse por seu histórico como procuradora da Califórnia - um momento para o qual a campanha de Kamala a havia preparado, mas ao qual ela ainda teve dificuldade em responder de forma eficaz.

Imigração, economia e aborto

Para este debate, a equipe de Trump tem o objetivo de que público termine a noite com a impressão de que Kamala é responsável por cada ponto negativo do mandato de Biden, como os altos preços que eles estão pagando no supermercado, às guerras na Ucrânia e no Oriente Médio e aos imigrantes sem documentos que cruzam a fronteira.

A democrata tem a delicada tarefa de permanecer leal a Biden, mas também sutilmente se distanciar dele para mostrar uma campanha própria e autêntica.

Espera-se que Trump traga à tona as posições políticas mais liberais que Kamala defendeu em 2019, durante sua primeira campanha para presidente, mas desde então renunciou, incluindo seu apelo na época para proibir o fracking, que é visto como uma questão mortal na Pensilvânia, um Estado decisivo crucial.

Já Kamala deve desviar desses ataques lembrando aos eleitores como o país estava quando Trump entregou o poder a ela e a Biden e culpar Trump por pressionar os republicanos a matar a legislação que tinha como objetivo melhorar o sistema de imigração e fortalecer a segurança da fronteira.

A democrata provavelmente irá para a ofensiva em relação ao aborto - a área política que Trump vê como sua maior vulnerabilidade política. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Em outra categoria

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou da ausência de espaço para mulheres falarem durante inauguração do Hospital Universitário do Ceará. Após chamar a atenção do cerimonial, Lula interrompeu seu discurso e passou o microfone para a secretária de Saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho.

"Como o cara que fez o roteiro dessa festa aqui não colocou no papel, ele esqueceu de uma coisa fundamental. Esqueceu de que é preciso colocar uma mulher para falar, e não apenas homens", afirmou o presidente durante o evento nesta quarta-feira, 19.

A fala em defesa de espaço às mulheres ocorre uma semana após Lula ter dito que colocou uma "mulher bonita" na articulação política porque quer ter uma boa relação com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). A fala aconteceu no último dia 10.

"É muito importante trazer aqui o presidente da Câmara e o presidente do Senado. Porque uma coisa que quero mudar, estabelecer relações com vocês. Por isso, coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, porque não quero mais ter distância de vocês", disse o petista, se referindo à nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou nesta quarta-feira, 19, o acordo entre o deputado federal André Janones (Avante-MG) e a Procuradoria- Geral da República (PGR) para encerrar a investigação que apurou um esquema de "rachadinha" no gabinete do parlamentar. O deputado se comprometeu a pagar R$ 131 mil de indenização à Câmara dos Deputados e R$ 26,3 mil de multa.

Janones foi acusado em novembro de 2023 de ser o operador do crime. Ele foi gravado pedindo que funcionários arcassem com suas despesas pessoais. Na época, o deputado negou que tivesse cometido crime e afirmou que se tratavam de denúncias vazias.

No acordo com a PGR, o deputado reconheceu que, no início de 2019, "devido ao fato de estar com o nome negativado no SPC e Serasa", recorreu a um de seus assessores parlamentares - Mário Celestino da Silva Junior - e pediu um cartão de crédito para custear despesas pessoais.

A Polícia Federal (PF) apresentou o relatório final do inquérito em setembro de 2024 e indiciou o deputado pelos crimes de corrupção, associação criminosa e peculato. Com a assinatura do acordo, a PGR deixou de apresentar denúncia, e o deputado não responderá a um processo no STF.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta quarta-feira, 19, que cogita deixar o mandato de maneira definitiva, após o período de licença que pretende tirar da Câmara. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou o afastamento temporário do cargo, mas ainda não enviou o pedido à Mesa Diretora da Casa.

"Sim, positivo. Cogito. Eu só vou ter tranquilidade de voltar ao Brasil quando Alexandre de Moraes não for mais ministro da Suprema Corte ou estiver sendo posto no devido lugar dele. Fora isso, não tenho a possibilidade de voltar ao Brasil", afirmou o deputado em entrevista à CNN Brasil, ao ser questionado se poderia deixar o mandato definitivamente.

Mais cedo, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, havia dado uma previsão de quatro meses para o retorno do parlamentar ao Brasil. Segundo o dirigente partidário, Eduardo será o candidato da sigla ao Senado nas próximas eleições pelo Estado de São Paulo.

"Vai ser nosso senador por São Paulo. A previsão é voltar daqui a quatro meses", disse Valdemar em entrevista à CNN.

Eduardo Bolsonaro afirmou nas redes sociais que é alvo de perseguição, e criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e a Polícia Federal (PF). O deputado era cotado para presidir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

De acordo com o Regimento Interno da Câmara, parlamentares podem se licenciar, por tratamento de saúde, missões diplomáticas ou interesse particular. Quando o afastamento ocorre por interesse particular, como no caso de Eduardo, a licença é concedida sem remuneração. A legislação prevê que um deputado pode se afastar sem recebimento de salário por até 120 dias.

Apesar do anúncio, o deputado ainda não fez o pedido formal à Mesa Diretora. "Essas burocracias estão sendo feitas agora. Estou em contato com a minha assessoria, muita coisa para ver aqui ainda com relação a aluguel de casa, documentação, visto e, então, está meio que uma confusão aqui na minha vida. Neste momento, oficialmente, acredito que ainda não tenha sido impetrado o pedido de licença", disse Eduardo. A informação foi confirmada ao Estadão pela assessoria da Câmara.

O parlamentar afirmou ainda durante a entrevista que abriu mão de um "salário sensacional" e que sua situação financeira no país norte-americano não é "confortável". Eduardo recebe um salário de R$ 46.366,19.

Deputados do PSOL pediram à Mesa Diretora da Câmara que a licença de Eduardo seja negada e que a Casa declare abandono de mandato. Os parlamentares afirmam que o filho do ex-presidente "abusa das prerrogativas constitucionais" e que seu afastamento tem como objetivo "fugir da jurisdição brasileira e desempenhar atividades políticas no exterior, configurando, portanto, abandono de mandato". Eduardo está nos Estados Unidos desde fevereiro deste ano.