Kamala se reúne com Zelenski e critica proposta de Trump sobre a Ucrânia

Internacional
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Em um momento em que o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia se encontra em uma encruzilhada partidária, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, atacou nesta quinta-feira, 26, qualquer sugestão de que Kiev deveria ceder território para alcançar a paz com Moscou, afirmando que isso seria "perigoso e inaceitável", durante uma reunião com o presidente ucraniano Volodmir Zelenski.

As declarações da candidata democrata foram críticas veladas às insinuações do candidato republicano Donald Trump e de seu companheiro de chapa, o senador J.D. Vance, de que a Ucrânia deveria chegar rapidamente a um acordo para pôr fim à guerra. "Essas não são propostas de paz", declarou Kamala. "Mais parecem propostas de rendição".

As falas de Kamala foram algumas das mais aprofundadas sobre sua visão de política externa desde que se tornou a candidata há dois meses. A vice-presidente rejeitou os apelos para que os Estados Unidos deixem de lado seu papel internacional e alertou que possíveis agressores podem se sentir encorajados se Putin vencer. "Os Estados Unidos apoiam a Ucrânia não por caridade, mas porque isso está em nosso interesse estratégico", declarou Kamala.

Trump, por sua vez, criticou a ajuda de Washington a Kiev, elogiou o presidente russo Vladimir Putin e culpou Zelenski pelo derramamento de sangue. Trump informou que se reunirá com o ucraniano nesta sexta-feira, 27, em Nova York, depois de dias de especulação sobre se eles se encontrariam.

Em um comunicado, o republicano respondeu Kamala afirmando que ele é "o único que pode acabar com a guerra". Referindo-se a Kamala e ao presidente americano Joe Biden, disse que "eles têm muito sangue nas mãos e não há fim à vista".

A tumultuada relação de Zelenski com Trump se deteriorou ainda mais esta semana. Trump disse que o líder ucraniano era "o melhor vendedor do mundo" por conseguir apoio dos Estados Unidos e reclamou que "continuamos dando bilhões de dólares a um homem que se recusa a fazer um acordo" para pôr fim à guerra.

As autoridades ucranianas têm se mostrado ansiosas para manter uma boa relação com quem quer que seja o próximo presidente dos Estados Unidos, seu maior e mais importante fornecedor de armas, fundos e outros tipos de apoio. Mas esses esforços correm o risco de cair na polarização da campanha presidencial, dividindo a discussão sobre uma guerra que costumava ser uma causa bipartidária aclamada em Washington.

Nesta quinta-feira, Biden decidiu desembolsar no total US$ 8 bilhões (R$ 43,5 bilhões, na cotação atual) para a Ucrânia. O presidente americano ainda pediu a realização de uma cúpula de alto nível na Alemanha com 50 países aliados da Ucrânia para discutir a defesa do país.

Zelenski obteve algum apoio bipartidário durante sua visita ao Capitólio dos EUA, onde foi recebido pelo líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e pelo líder da minoria, Mitch McConnell. O senador republicano Lindsey Graham disse que Zelenski pediu o uso de armas de longo alcance, como os mísseis Storm Shadow fornecidos pelo Reino Unido ou os sistemas ATACMS fabricados nos EUA, para "tirar o máximo proveito e trazer Putin à mesa" e melhorar a posição da Ucrânia nas negociações. "Se não tomarmos essa decisão fundamental esta semana, acho que o resultado para a Ucrânia será terrível", afirmou Graham.

Zelenski enfrenta uma situação muito mais tensa com Trump. A mais recente rodada de críticas começou no domingo, quando a revista The New Yorker publicou uma entrevista com Zelenski, na qual ele criticou J.D. Vance por ser "radical demais" ao sugerir que a Ucrânia precisa ceder parte de seu território para encerrar a guerra. Zelenski também desdenhou da afirmação de Trump de que poderia negociar rapidamente uma solução, dizendo: "Minha sensação é que Trump realmente não sabe como parar a guerra, mesmo que ache que sabe". Fonte: Associated Press.

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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro convocou neste domingo, 20, um jejum e orações em prol da recuperação o marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Michelle pede que os apoiadores do ex-presidente comecem o jejum nesta segunda-feira, 21, estendendo o sacrifício até o próximo dia 28. "Convoquem seus líderes, familiares e amigos", disse a ex-primeira-dama.

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Novo boletim medico divulgado aponta que o ex-presidente segue sem alimentação oral, mas com pressão arterial sob controle e boa evolução clínica. Não há previsão de alta da UTI do hospital DFStar.

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No domingo passado, dia 13, Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia de 12 horas para retirar aderências do intestino e reconstruir a parede abdominal.

Foi a sétima desde o episódio em o ex-presidente, na época candidato ao Planalto, foi esfaqueado por Adélio Bispo de Oliveira, em 6 de setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais.

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Ainda pela manhã da segunda-feira, Motta vai partir para São João del-Rei, para integrar as homenagens pelo 40º aniversário do falecimento do presidente Tancredo Neves. O deputado foi convidado pelo colega Aécio Neves.

A segunda agenda de Motta contará com três eventos: às 11h45, ele participa da visita ao túmulo do ex-presidente; às 12h30, da reabertura do Memorial Tancredo Neves, e às 13h15 de um almoço no Solar do Presidente.

Em meio ao debate sobre uma possível anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar a, pelo menos, seis pessoas sentenciadas por tentativa de golpe de Estado somente neste mês. As decisões se baseiam, principalmente, em laudos médicos que apontam condições graves de saúde ou no tempo de prisão preventiva já cumprido pelos réus.

O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

Resende cumpria pena na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, e teve a prisão convertida após sua defesa apresentar laudos que apontam sepse, necrose na vesícula e sequelas nos rins, pâncreas e fígado.

"O sentenciado no mês de fevereiro de 2025 teve alta do hospital do Paranoá, e não tem condições de permanecer no sistema prisional para tratar a sua saúde", diz o documento enviado ao STF.

A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

As decisões recentes ocorrem após a repercussão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos.

Ela foi presa por participação nos ataques e ganhou notoriedade após pichar, com batom, a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF, imagem que viralizou nas redes sociais. Após dois anos na cadeia, a cabeleireira teve sua prisão convertida em domiciliar no mês passado.

Débora foi condenada a 14 anos de prisão pelos mesmos crimes de outros réus, incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público.

A comoção gerada por seu caso motivou manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passaram a alegar desproporcionalidade na pena. Parte das críticas, porém, ignorava os crimes pelos quais ela foi efetivamente condenada, reduzindo sua participação ao gesto simbólico.