Ataques aéreos de Israel atingem sul de Beirute e destroem rodovia que leva à Síria

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Israel realizou uma série de intensos ataques aéreos durante a noite nos subúrbios ao sul de Beirute, bastião do Hezbollah, devastado e agora desértico. Em outro ataque, as forças israelenses interromperam a principal travessia de fronteira entre o Líbano e a Síria, um ponto de passagem principal para dezenas de milhares de pessoas fugindo dos bombardeios israelenses no Líbano.

As explosões nos subúrbios de Beirute lançaram enormes colunas de fumaça para o céu e danificaram prédios a quilômetros de distância na capital libanesa. O exército israelense não comentou qual era o alvo pretendido, e não havia informações disponíveis imediatamente sobre vítimas. A Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou que houve mais de 10 ataques aéreos consecutivos na área.

O exército israelense disse na sexta-feira (4) que um ataque em Beirute no dia anterior matou Mohammed Rashid Skafi, chefe da divisão de comunicações do Hezbollah. O exército disse em um comunicado que Skafi era "um terrorista sênior do Hezbollah que era responsável pela unidade de comunicações desde 2000" e era "estreitamente afiliado" a oficiais de alto escalão do Hezbollah.

Segundo o site americano Axios, que cita responsáveis israelenses, Hashem Safieddine, possível sucessor de Nasrallah à frente do Hezbollah, era o alvo desses bombardeios. O Exército israelense não confirmou a informação.

Cinco prédios foram destruídos nos bombardeios e o Hezbollah proibiu o acesso ao local. "O chão tremeu sob nossos pés. O céu se iluminou", contou Mohammed Sheaito, um taxista de 31 anos.

O movimento libanês acusou Israel de ter realizado um ataque que "teve como alvo equipes da defesa civil que estavam retirando escombros e tentando recuperar feridos, matando um deles".

O ataque de sexta-feira, cerca de 60 quilômetros a leste, ao longo da fronteira Líbano-Síria, levou ao fechamento da estrada perto da movimentada Travessia de Fronteira de Masnaa. Dezenas de milhares de pessoas fugindo da guerra no Líbano cruzaram para a Síria nas últimas duas semanas usando essa estrada.

O ataque aéreo veio um dia depois de um porta-voz militar israelense dizer que o Hezbollah estava tentando transportar equipamento militar através da travessia da fronteira.

Acredita-se que o Hezbollah tenha recebido a maior parte de suas armas do Irã, por meio da Síria. O grupo tem presença dos dois lados da fronteira, região onde tem lutado ao lado das forças do presidente sírio Bashar al-Assad.

A nova onda de ataques veio após Israel avisar à população libanesa para se retirarem do sul do Líbano, provavelmente para a criação de uma zona-tampão, à medida que o conflito de um ano entre Israel e a milícia xiita libanesa Hezbollah escala.

Israel lançou uma incursão terrestre no Líbano na terça-feira, e suas forças têm estado em confronto com militantes do Hezbollah em uma faixa estreita ao longo da fronteira. Uma série de ataques antes da incursão matou alguns dos principais membros do grupo, incluindo o seu líder, Hasssan Nasrallah, que comandava o grupo desde sua criação, nos anos 1980.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, chegou sexta-feira a Beirute, onde se esperava que discutisse a guerra entre Israel e o Hezbollah com oficiais libaneses.

A visita de Araghchi a Beirute veio três dias depois que o Irã lançou pelo menos 180 mísseis em Israel, o último de uma série de ataques que rapidamente escalaram e ameaçam empurrar o Oriente Médio para mais perto de uma guerra em toda a região.

O Irã é o principal apoiador do Hezbollah e enviou armas e bilhões de dólares para o grupo ao longo dos anos.

Na capital iraniana, Teerã, o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, liderou as orações de sexta-feira e fez um discurso em que elogiou o recente ataque de mísseis do país a Israel e disse que o Irã estava preparado para realizar mais ataques se necessário.

Ele falou para milhares de pessoas no principal local de oração da capital, a mesquita Mosalla, que estava decorada com uma enorme bandeira palestina.

O ataque de sexta-feira na travessia da fronteira foi a primeira vez que esta importante travessia de fronteira foi cortada desde o início da guerra. A Segurança Geral Libanesa registrou 256.614 cidadãos sírios e 82.264 cidadãos libaneses cruzando para o território sírio entre 23 de setembro - quando Israel lançou um pesado bombardeio no sul e leste do Líbano - e 30 de setembro.

Há meia dúzia de travessias de fronteira entre os dois países e a maioria delas permanece aberta. O ministro dos trabalhos públicos do Líbano disse que todas as travessias de fronteira entre o Líbano e a Síria funcionam sob a supervisão do Estado.

Israel e o Hezbollah têm trocado fogo através da fronteira sul do Líbano quase diariamente desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023, em que 1.200 israelenses foram mortos e 250 foram levados reféns.

Enquanto isso, o exército israelense disse que realizou um ataque na quinta-feira em Tulkarem, um reduto militante na Cisjordânia ocupada, em coordenação com o serviço de segurança interna Shin Bet.

Israel declarou guerra ao Hamas na Faixa de Gaza em resposta ao ataque de 7 de outubro. Mais de 41.000 palestinos foram mortos no território desde então, e pouco mais da metade dos mortos foram mulheres e crianças, de acordo com autoridades de saúde locais. Quase 2.000 pessoas foram mortas no Líbano nesse tempo, a maioria delas desde 23 de setembro, de acordo com o Ministério da Saúde Libanês.

Combates no sul do Líbano

No dia seguinte ao início da guerra em Gaza entre Israel e Hamas, o Hezbollah abriu uma frente contra Israel em apoio de seu aliado palestino.

Após trocar disparos na fronteira diariamente durante quase um ano, Israel intensificou seus bombardeios no Líbano desde 23 de setembro e, na segunda-feira, iniciou uma ofensiva terrestre no sul do país, onde nove de seus soldados morreram em combates contra o Hezbollah.

Nesta sexta-feira, a milícia islamista afirmou ter disparado obuses contra militares israelenses na região libanesa fronteiriça de Marun al Ras.

O Exército israelense afirmou que seguiria infligindo "duros golpes" ao Hezbollah para permitir o retorno de 60.000 residentes fronteiriços deslocados pelos constantes disparos de foguetes do movimento libanês contra o norte de Israel.

Segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais, quase 2.000 pessoas morreram no Líbano desde outubro de 2023, entre elas pelo menos 1.110 desde 23 de setembro. O governo libanês calcula que cerca de 1,2 milhão de pessoas foram deslocadas.

Apesar dos apelos à moderação terem se multiplicado nos últimos meses, Israel e Hamas não conseguiram alcançar um cessar-fogo em Gaza. (Com agências internacionais).

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A um dia do julgamento do Supremo Tribunal Federal que decidirá, nesta terça, 22, se manda para o banco dos réus os acusados de integrarem o 'núcleo 2' da trama golpista que culminou no 8 de Janeiro, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal decidiu partir para o ataque. Em nota divulgada nesta segunda, 21, por meio de sua defesa, Silvinei Vasques diz ser alvo de 'relatório fraudulento para sustentar narrativa de interferência nas eleições presidenciais de 2022'.

Segundo Silvinei, a 31.ª Zona Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral/RN, na comarca de Campo Bom, produziu 'um relatório fraudulento e enviesado', documento que, afirmam seus advogados, foi utilizado para atribuir à corporação então dirigida por ele um esquema que teria interferido no segundo turno das eleições presidenciais - naquela ocasião, a PRF teria montado barreiras em série nas rodovias da região para dificultar o acesso de eleitores às urnas com intenção de prejudicar o petista Luiz Inácio Lula da Silva, adversário do então presidente Jair Bolsonaro.

Silvinei Vasques é um dos seis acusados do 'núcleo 2'. Nesta terça, 22, os ministros da 1.ª Turma do STF vão decidir se abrem ou não ação penal com base na denúncia da Procuradoria-Geral da República que atribui a ele cinco crimes - abolição violenta do Estado democráico de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Em fevereiro, o STF acolheu a denúncia contra o 'núcleo crucial' e mandou para o banco dos réus Bolsonaro e sete aliados. Todos negam ligação com atos extremistas. Ao todo, são 34 os acusados de participação no plano de golpe.

No 'núcleo 2', além de Silvinei, fazem parte da lista de denunciados o general da Reserva Mário Fernandes (ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência de Bolsonaro), Marcelo Câmara (coronel da Reserva, ex-assessor de Bolsonaro), Filipe Garcia Martins Pereira (ex-assessor especial de Assuntos Internacionais), Marília Ferreira de Alencar (ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão do delegado federal Anderson Torres) e Fernando de Souza Oliveira (delegado da PF, ex-secretário executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF).

Na resposta prévia à acusação ao Supremo Tribunal Federal, os advogados de Silvinei pediram, preliminarmente, que seja 'declarada a incompetência absoluta da Suprema Corte para apreciar e julgar o presente caso, com a consequente remessa dos autos à primeira instância'. Eles também questionam o ministro Alexandre de Moraes, relator, de quem pretendem a declaração de impedimento 'para apreciar e julgar o presente caso, resguardando-se a imparcialidade e a integridade do devido processo legal'.

Nesta segunda, 21, os advogados de Silvinei protocolaram junto ao gabinete do corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, representação para instauração de processo administrativo disciplinar em que imputam à juíza Erika Souza Corrêa Oliveira e ao técnico judiciário Bruno Teixeira da Silva 'inserção de dados falsos em documento público, alegação de que houve dificuldade de votação no período da manhã' no segundo turno do pleito de 2022.

Até a publicação deste texto, a reportagem do Estadão buscou contato com a magistrada e o técnico, mas sem sucesso. O espaço está aberto.

A representação - subscrita pelos advogados Anderson Almeida, Eduardo Pedro Nostrani Simão, Marcelo Rodrigues, Leonardo Vidal Guerreiro Ramos e Gabriel Jardim Teixeira - é amparada no 'Relatório de Atuação no Segundo Turno das Eleições Gerais de 2022 - Zona 31/TRE-RN'. O documento aponta que a presença de viaturas da PRF nas rodovias teria inibido o comparecimento de eleitores, 'sobretudo nas primeiras horas do dia'.

A defesa de Silvinei sustenta que o relatório 'é baseado exclusivamente em percepções empíricas de mesários, coletadas por meio de WhatsApp, sem método científico, sem acesso aos dados brutos, sem utilizar dados oficiais e com manipulação deliberada de informações'.

"Uma perícia técnica contratada pela defesa analisou os logs oficiais das urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral e identificou divergência de mais de mil eleitores entre os dados oficiais e os números apresentados no relatório", destacam os advogados do ex-diretor-geral da PRF.

Segundo eles, 'a análise conclui que não houve queda no comparecimento matutino e que a suposta inibição foi fabricada com base em dados parciais e distorcidos'. "A votação no segundo turno naquela zona eleitoral foi superior à do primeiro turno das eleições de 2022", afirmam.

Eles acentuam, ainda, que 'conforme registro nos sistemas da própria Polícia Rodoviária Federal, a juíza eleitoral responsável pela zona, Érika Souza Corrêa Oliveira, esteve pessoalmente no local de trabalho da PRF no dia das eleições de segundo turno e declarou que não identificou nenhuma irregularidade na atuação da PRF'.

A defesa de Silvinei vai sustentar perante o STF que ele foi alvo de 'uma fraude documental com fins políticos, que buscou dar aparência de legalidade a uma narrativa de interferência eleitoral sem qualquer respaldo nos fatos'.

"O uso desse relatório na investigação é gravíssimo e teria servido para justificar medidas como a prisão de Silvinei Vasques e sua inclusão em processos que apuram ataques à democracia", argumentam os advogados. "O relatório colaborou para induzir a erro os investigadores, a Procuradoria-Geral da República e o relator da petição no Supremo Tribunal Federal."

Em defesa preliminar perante o STF, Silvinei nega os crimes a ele atribuídos pela PGR. Seus advogados dizem que 'os fatos deduzidos na inicial são, na essência, manifestamente atípicos'. "Destaca-se que a atipicidade dos fatos descritos na denúncia está intrinsecamente ligada à sua inépcia formal. Em síntese, significa que a PGR não conseguiu apresentar uma narrativa clara e precisa, conforme exige o artigo 41 do Código de Processo Penal, devido à evidente atipicidade dos fatos imputados."

"Qual conduta criminosa o denunciado praticou?", questiona a defesa. "A resposta é óbvia: nenhuma. E o pior: os elementos indiciários amealhados durante o apuratório, tal como a denúncia ofertada pela PGR, não se desincumbiram do ônus de comprovar qualquer fato criminoso. A atipicidade da conduta é um elemento fundamental para evitar arbitrariedades e manter o respeito aos princípios do Direito Penal. Seja pela ausência de previsão legal, pela falta de ofensividade ao bem jurídico ou pela inexistência de dolo ou culpa, a atipicidade impede que o Direito Penal seja aplicado de forma abusiva ou desproporcional, que é, justamente, o que está sucedendo no caso em concreto."

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, sem previsão de alta. Segundo o boletim médico divulgado nesta segunda-feira, 21, ele apresenta "boa evolução clínica" e pressão controlada. Ainda não há previsão de alta.

O novo relatório médico informou que o ex-presidente segue em jejum oral, se alimentando via corrente sanguínea.

A equipe médica afirmou que Bolsonaro continua intensificando as sessões de fisioterapia motora e outras medidas de reabilitação.

Ele apresentou um episódio de alteração na pressão arterial, de acordo com o boletim do último sábado, 19.

Jejum de orações convocado por Michelle

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro convocou no domingo, 20, um jejum e orações em prol da recuperação o marido. Michelle pediu que os apoiadores do ex-presidente comecem o jejum nesta segunda-feira, estendendo o sacrifício até o próximo dia 28.

"Convoquem seus líderes, familiares e amigos", disse a ex-primeira-dama.

A cirurgia

Bolsonaro passou por uma cirurgia de cerca de 12 horas no último dia 13 para desobstruir uma dobra no intestino delgado que dificultava seu trânsito intestinal.

Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".

O ex-presidente foi atendido com urgência na sexta-feira, 11, após sentir fortes dores abdominais durante um evento do PL no Rio Grande do Norte. Ele foi levado de helicóptero a um hospital em Natal e, na noite do sábado seguinte, transferido para Brasília em uma aeronave equipada com UTI aérea.

Mensagem sobre o papa Francisco

Nesta segunda-feira, Bolsonaro lamentou na rede X a morte do papa Francisco. "O mundo e os católicos se despedem daquele que ocupava uma das figuras mais simbólicas da fé cristã: o Papa. Mais que um líder religioso, o papado representa a continuidade de uma tradição milenar, guardiã de valores espirituais que moldaram civilizações. Para o Brasil e o mundo, a figura do Papa sempre foi sinal de unidade, esperança e orientação moral. Sua partida nos convida à reflexão e à renovação da fé, lembrando-nos da força da espiritualidade como guia para tempos de incerteza."

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro convocou neste domingo, 20, um jejum e orações em prol da recuperação o marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Michelle pede que os apoiadores do ex-presidente comecem o jejum nesta segunda-feira, 21, estendendo o sacrifício até o próximo dia 28. "Convoquem seus líderes, familiares e amigos", disse a ex-primeira-dama.

Serão 7 dias de clamor", afirmou ela, em sua conta no Instagram, que inclui uma mensagem religiosa na mensagem.

Novo boletim medico divulgado aponta que o ex-presidente segue sem alimentação oral, mas com pressão arterial sob controle e boa evolução clínica. Não há previsão de alta da UTI do hospital DFStar.

Bolsonaro tem intensificado fisioterapia motora e as medidas de reabilitação.

No domingo passado, dia 13, Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia de 12 horas para retirar aderências do intestino e reconstruir a parede abdominal.

Foi a sétima desde o episódio em o ex-presidente, na época candidato ao Planalto, foi esfaqueado por Adélio Bispo de Oliveira, em 6 de setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais.