Biden telefona para Netanyahu para enfatizar necessidade de acordo diplomático

Internacional
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discutiram a esperada retaliação militar israelense contra o Irã em sua primeira ligação em mais de um mês nesta quarta-feira, enquanto o governo americano tenta convencer seu aliado mais próximo do Oriente Médio a não atingir as instalações petrolíferas ou nucleares de Teerã.

Biden reiterou seu "compromisso férreo com a segurança de Israel" e condenou o ataque de mísseis balísticos do Irã contra o território israelense na semana passada, disse um comunicado da Casa Branca. Uma autoridade de Israel disse que eles discutiram os planos de Israel de contra-atacar durante a ligação de meia hora.

Mas nem os EUA nem Israel sinalizaram que os dois líderes chegaram a um acordo sobre o ataque planejado. "Eles concordaram em permanecer em contato próximo nos próximos dias", disse o comunicado dos EUA.

Biden enfatizou a necessidade de "um acordo diplomático" para permitir que os civis israelenses e libaneses desalojados pelos combates retornem às suas casas, disse a Casa Branca. Ele instou Israel a minimizar as baixas civis em ataques aéreos contra Beirute e discutiu "a necessidade urgente de renovar a diplomacia" para conseguir um cessar-fogo em Gaza.

As autoridades dos EUA estão frustradas por terem sido, repetidamente, apanhadas de surpresa pelas ações militares de Israel em Gaza e no Líbano, e estão tentando evitar uma nova escalada.

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No último dia de sua viagem oficial à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dividiu seu mal-estar com o vazamento de uma pergunta feita pela primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, durante reunião com ele próprio e com o líder chinês, Xi Jinping, nesta terça-feira, 13. Em entrevista coletiva à imprensa, Lula disse ter sido ele a pedir ajuda ao líder chinês, para o que chamou de "questões digitais". Segundo o presidente, o pedido foi para que fosse enviada ao Brasil "uma pessoa de confiança" para discutir principalmente o TikTok.

Lula demonstrou irritação ao responder a perguntas de jornalistas sobre o assunto, e defendeu Janja. "Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança para a gente discutir a questão digital - sobretudo o TikTok", declarou o presidente. "E aí a Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e as crianças. Foi só isso."

Ainda segundo o presidente brasileiro, a resposta de Xi Jinping foi a de que o Brasil tem o direito e o poder de fazer a regulamentação das redes sociais e até banir a plataforma do País. De acordo com Lula, foi uma resposta "óbvia".

Nesta terça, 13, integrantes da comitiva brasileira em Pequim relataram ao portal G1 que a primeira-dama havia protagonizado um momento "constrangedor" ao pedir a palavra para falar com o líder chinês sobre a rede social, que considera ter um algoritmo favorável à direita. Segundo relatos, a fala de Janja teria "incomodado" autoridades chinesas que estavam presentes no encontro.

'Pessoal'

"A primeira coisa que acho estranho é como é que essa pergunta chegou à imprensa. Porque estavam só os meus ministros lá, o (Davi) Alcolumbre (presidente do Senado) e o (deputado) Elmar (Nascimento). Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa de um jantar muito confidencial e pessoal", declarou Lula ao ser questionado sobre o episódio. Segundo o petista, foi ele quem fez o pedido ao presidente chinês.

A fala de Janja é mais uma das controvérsias em que a primeira-dama se envolve desde o início deste terceiro mandato de Lula. Uma das principais críticas da oposição e mesmo de aliados do petista tem sido em relação à falta de transparência sobre custos em viagens internacionais.

Já nos primeiros dias do governo Lula 3, a primeira-dama criticou a galeria de fotos de ex-presidentes, no Palácio do Planalto, afirmando que alguns deles não mereciam estar ali, entre as imagens. A manifestação de Janja incomodou aliados e adversários.

Em 2023, o Estadão apurou que a primeira-dama vinha interferindo em questões de governo, em especial na publicidade, com poder de veto sobre campanhas. A mesma interferência estaria ocorrendo em assuntos da Economia.

Recado

Sem citar nomes de seu Ministério, Lula disse, na entrevista de ontem, que, em caso de incômodo durante a reunião com o líder chinês, teria bastado ao auxiliar pedir para sair do encontro. "Se algum ministro estivesse incomodado, deveria ter pedido para sair da sala, eu teria autorizado", afirmou o presidente.

A política chinesa para o universo digital é uma das mais rigorosas do mundo. O controle das redes sociais e de toda a internet é severo no país. O governo usa um sistema conhecido como "Grande Firewall" para vigiar e fiscalizar o uso. Os posts nas redes sociais costumam ser censurados, quando trazem críticas ao Partido Comunista Chinês ou defendem movimentos pró-democracia.

Ao falar sobre o pedido que fez ao líder chinês, Lula disse que o considerou "normal". "Foi uma coisa normal e ele vai mandar uma pessoa. Isso que importa. Não sei por que alguém achou que isso era novidade e foi falar para a imprensa. A pergunta foi minha e eu não me senti incomodado. O fato de a minha mulher pedir a palavra é porque ela não é cidadã de segunda classe, entende mais de rede digital do que eu", concluiu Lula.

O presidente deixou claro, ainda, que considera urgente que seja feita uma regulação do uso das redes sociais no País, diante dos "absurdos" que ocorrem na internet. "Não é possível a gente continuar com as redes sociais cometendo os absurdos que cometem, e a gente não ter a capacidade de fazer uma regulamentação", destacou o petista.

Debate

O debate sobre a regulação das redes sociais no Brasil voltou à tona este ano. Nos primeiros dias de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Advocacia-Geral da União (AGU) deram novos passos na discussão sobre a adequação das plataformas à jurisdição brasileira. Ao mesmo tempo, o Congresso Nacional está alheio ao tema desde o engavetamento do Projeto de Lei das Fake News, em 2023.

Relator do PL das Fake News, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), em entrevista ao Estadão, afirmou que a regulação das plataformas digitais só deve ser implementada se servir para fortalecer a liberdade de expressão. Para especialistas, cabe ao Legislativo, e não à Justiça ou ao Executivo, definir novas regras.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux votou nesta quarta-feira, 14, para condenar a deputada federal Carla Zambelli (PL) pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O voto de Fux concluiu o julgamento realizado na Primeira Turma. Zambelli foi condenada por unanimidade a 10 anos de prisão, além da perda do cargo de deputada federal.

Ela pode apresentar embargos de declaração após a publicação do acórdão. O recurso não tem poder de alterar a condenação, mas adia o trânsito em julgado do processo. Eventual prisão precisa ser autorizada pela Câmara dos Deputados.

A perda de mandato também teria que ser decidida pelos deputados. Porém, a jurisprudência do STF é que se a pena for superior a 120 dias de prisão em regime fechado, o próprio tribunal pode determinar a medida porque a Constituição prevê que o deputado perderá o mandato se faltar a um terço das sessões. Neste caso, cabe à Mesa Diretora da Câmara apenas declarar a perda de mandato.

Além de Fux e Moraes, votaram a favor da condenação os ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia, totalizando o placar de 5 votos a 0.

Procurada, a assessoria de Carla Zambelli ainda não se manifestou. Quando houve a formação da maioria pela condenação no dia 9 de maio, a parlamentar divulgou nota na qual externa sua "irresignação" e afirma que houve cerceamento da defesa e "inúmeras nulidades desprezadas". Ela também diz que a condenação é injusta porque não há "provas irrefutáveis e induvidosas".

Fux acompanhou o entendimento do relator do caso, Alexandre de Moraes. Em seu voto, Moraes disse que a deputada manteve uma "ligação umbilical" com o hacker Walter Delgatti com "objetivos antirrepublicanos". Delgatti foi condenado a 8 anos e três meses de prisão.

Ele e Zambelli terão que pagar R$ 2 milhões por danos materiais e morais coletivos. Moraes também estabeleceu multas individuais de cerca de R$ 2,1 milhão para a deputada e de aproximadamente R$ 520 mil para o hacker. Os valores exatos ainda serão calculados no processo.

Zambelli tentou interromper o julgamento até que a Câmara dos Deputados se manifestasse sobre seu caso, como aconteceu com o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), mas o pedido foi negado por Moraes na segunda-feira.

De acordo com a acusação do Ministério Público, Zambelli teria coordenado a invasão a sistemas do Poder Judiciário executada por Delgatti. No ataque ao sistema do CNJ, em 2023, foi emitido um mandado falso de prisão contra Moraes. "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", dizia o documento falso.

Foi produzido ainda um recibo de bloqueio de R$ 22,9 milhões em bens do ministro - valor equivalente à multa imposta ao Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, por questionar as urnas eletrônicas.

A denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República foi aceita pela Primeira Turma do STF no ano passado e o julgamento teve início na sexta-feira, 9. A PGR afirma que Carla Zambelli"comandou" e ajudou no "planejamento" do ataque cibernético. Walter Delgatti confessou os crimes.

A Polícia Federal (PF) apontou, no relatório final da investigação, que documentos apreendidos com a deputada correspondem, integral ou parcialmente, aos arquivos inseridos pelo hacker no sistema do CNJ, o que para os investigadores comprova que ela participou do ataque. Em seu voto, Alexandre de Moraes afirma que essa é uma "prova técnica irrefutável e demonstra, além de qualquer dúvida razoável, o envolvimento direto" da deputada nos crimes. A PF concluiu que o ataque foi planejado para colocar em dúvida a credibilidade do Poder Judiciário.

Walter Delgatti narrou à Polícia Federal que recebeu cerca de R$ 40 mil para tentar invadir os sistemas do Judiciário. Ele entregou comprovantes de transferências que somaram R$ 10,5 mil feitas por um ex-assessor da deputada. O restante, segundo o relato, teria sido entregue em espécie, em São Paulo. Os investigadores desmontaram parte do depoimento. A PF concluiu que os pagamentos do ex-assessor foram para comprar garrafas de uísque.

As únicas mensagens encontradas entre Carla Zambelli e Walter Delgatti são sobre Moraes. A deputada enviou dois áudios pedindo o endereço do ministro. Ela alega que sua mãe queria enviar uma carta ao magistrado.

A deputada também alegou que contratou o hacker para administrar seu site e redes sociais, mas assessores ouvidos na investigação negaram que ele tenha efetivamente prestado esses serviços.

Carla Zambelli responde a outro processo no STF por perseguir um homem com uma pistola na véspera do segundo turno das eleições de 2022. Há maioria formada para condenar a deputada por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo e cassar o mandato dela, mas o julgamento está suspenso por um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira, 14, uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes em descontos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em Presidente Prudente (SP). A operação foi autorizada pela 10.ª Vara Federal do Distrito Federal.

Nesta fase, a PF busca provas sobre a atuação de Cícero Marcelino de Souza Santos, apontado como operador financeiro da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), que recebeu mais de R$ 100 milhões do INSS.

Santos é suspeito de ter comprado veículos de alto valor com recursos da fraude aos aposentados.

A mulher dele, Ingrid Pikinskeni Morais Santos, também é alvo da operação. O Estadão buscou contato com as defesas, mas sem sucesso.

A Polícia Federal identificou que o presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes, transferiu mais de R$ 800 mil para Cícero Santos e para sua mulher por meio de empresas ligadas ao casal. Parte dos recursos foi repassada de volta ao dirigente da confederação.

A Polícia Federal afirma que o fluxo "irregular" de recursos "sugere um possível ciclo de lavagem de dinheiro, no qual os valores recebidos podem estar sendo redirecionados para camuflar a verdadeira origem".

"Esse comportamento, somado às ligações com associações de aposentados envolvidas em fraudes e com movimentações suspeitas de grandes quantias, reforça as suspeitas de irregularidades financeiras e desvios de dinheiro", aponta a PF sobre Santos.

Em um dos relatórios da investigação, a Polícia Federal afirma que Cícero Santos "seria um significativo elemento na estrutura criminosa e que, além de receber valores expressivos, teria transacionado com outros indivíduos suspeitos".

Santos também transferiu dinheiro para José Laudenor da Silva, que consta como sócio do ex-ministro José Carlos Oliveira, que comandou o Ministério do Trabalho e Previdência no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em duas empresas.

Ocorre que José Laudenor trabalha como auxiliar administrativo com salário de R$ 1,5 mil, o que levantou suspeitas da Polícia Federal de que ele seja um laranja.

Laudenor recebeu dinheiro de Cícero Santos e enviou e recebeu dinheiro do ex-ministro, "sem justificativa aparente", segundo a PF.

"Ao que ficou demonstrado, tais transações sugeriram a utilização de contas para movimentar recursos de terceiros e/ou atividades não declaradas, caracterizando possíveis indícios de burla/fracionamento e lavagem de dinheiro", apontou a Polícia Federal sobre as movimentações.

Na primeira etapa da Operação Sem Desconto, a Polícia Federal fez buscas em 211 endereços em 13 Estados e no Distrito Federal. Seis pessoas foram presas temporariamente.

COM A PALAVRA, AS DEFESAS

A reportagem buscou contato com as defesas, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestação (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.; Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.).