Furacão Milton: Brasileiros na Flórida relatam nervosismo e medo

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A comunidade brasileira na Flórida se prepara para a chegada do furacão Milton, que deve atingir a região de Tampa na noite de quarta-feira, 9. O local não é impactado por um furacão há mais de 100 anos, mas autoridades avisaram que este pode ser "o pior furacão de suas vidas".

Brasileiros entrevistados pelo Estadão relataram um clima nervoso na região, com supermercados lotados e estradas cheias na Flórida.

A analista de investimentos Guadalupe Pereira demorou oito horas de carro para sair de Wesley Chapel, cidade onde reside na região da baía de Tampa, para viajar até Atlanta, capital do Estado vizinho da Geórgia. Na estrada, Guadalupe relatou trânsito e confusão. "O trânsito estava devagar e vimos muitos acidentes envolvendo caminhões de conserto de energia e também transportes levando comida para a Flórida, todos com muita pressa".

O bairro que Guadalupe mora não precisou ser desalojado, apesar das instruções das autoridades para que outras zonas de Wesley Chapel fossem completamente abandonadas. Mas a brasileira optou por sair após fazer uma pesquisa com outros moradores do local. "Eu não vivo em uma zona que era obrigatória a saída, mas conversei com muitos moradores e a metade decidiu sair".

Guadalupe saiu da Flórida na noite de terça-feira, 8, e chegou a Atlanta nesta quarta-feira de manhã. A brasileira, que reside nos Estados Unidos há 20 anos, não sabe quando vai conseguir voltar para sua casa. "Terei que pesquisar daqui alguns dias se falta energia na região, se está inundada. Eu não estava tão apreensiva, mas minha filha ficou muito nervosa, o clima fica muito negativo, não tem comida, fica tudo fechado. Não tem porque ficar sem necessidade".

Além de seu emprego, Guadalupe também administra uma página na rede social Instagram sobre brasileiros que estão na região de Tampa. Ela tem compartilhado informações em português e inglês sobre como se proteger do furacão e endereços de abrigos na Flórida.

Brasileira na Flórida decide ficar

A advogada Juliana Furlan Zenti está entre os moradores que decidiram ficar na Flórida durante o furacão Milton. Juliana mora com seu marido e duas filhas em San Antonio, cidade na região da baía de Tampa em que a retirada não é obrigatória. "Não moramos em uma zona de risco e a nossa casa é mais nova e preparada para furacões de nível 3, então decidimos ficar".

Apesar da cidade ser uma zona de menos risco, Juliana preparou a sua casa para o possível impacto do furacão com a compra de placas de madeira para cobrir a casa. "Moramos em um local que tem muitas casas ainda em construção, então temos medo de que o material de construção atinja a nossa casa".

A advogada brasileira disse que toda a cidade se mobilizou por conta do furacão, com enormes filas nos supermercados e lojas de construção. Além dos suprimentos básicos, a procura por geradores de energia é alta. "A preocupação é ficar sem energia elétrica por cinco ou seis dias, então todos estão se preparando para isso", aponta Juliana.

Até terça-feira, a orientação era que os moradores poderiam sair de casa, mas nesta quarta-feira tudo está fechado na cidade e as escolas suspenderam as aulas.

A área metropolitana ao redor da baía inclui as cidades de Tampa, St. Petersburg e Clearwater, e abriga cerca de 3 milhões de pessoas. O furacão deve provocar ondas de 3 a 4,5 metros. O Milton também deve causar ventos que podem passar de 200 km/h, além de chuvas fortes e inundações.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, declarou que 51 dos 67 condados do Estado estão em estado de emergência. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu para que todos os cidadãos seguissem as orientações das autoridades.

Em outra categoria

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro convocou neste domingo, 20, um jejum e orações em prol da recuperação o marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Michelle pede que os apoiadores do ex-presidente comecem o jejum nesta segunda-feira, 21, estendendo o sacrifício até o próximo dia 28. "Convoquem seus líderes, familiares e amigos", disse a ex-primeira-dama.

Serão 7 dias de clamor", afirmou ela, em sua conta no Instagram, que inclui uma mensagem religiosa na mensagem.

Novo boletim medico divulgado aponta que o ex-presidente segue sem alimentação oral, mas com pressão arterial sob controle e boa evolução clínica. Não há previsão de alta da UTI do hospital DFStar.

Bolsonaro tem intensificado fisioterapia motora e as medidas de reabilitação.

No domingo passado, dia 13, Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia de 12 horas para retirar aderências do intestino e reconstruir a parede abdominal.

Foi a sétima desde o episódio em o ex-presidente, na época candidato ao Planalto, foi esfaqueado por Adélio Bispo de Oliveira, em 6 de setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (PB), participa na segunda-feira, 21, Dia de Tiradentes, de eventos em Minas Gerais ao lado do governador Romeu Zema (Novo) e do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).

O dia de Motta vai começar às 9 horas, em Ouro Preto. O presidente da Câmara vai participar da cerimônia da Medalha da Inconfidência 2025, a convite de Zema.

O governador de Minas tenta pavimentar um caminho para a eleição presidencial de 2026 e é a favor da anistia para os condenados do 8 de Janeiro - tema que Motta deve enfrentar nas próximas semanas.

Ainda pela manhã da segunda-feira, Motta vai partir para São João del-Rei, para integrar as homenagens pelo 40º aniversário do falecimento do presidente Tancredo Neves. O deputado foi convidado pelo colega Aécio Neves.

A segunda agenda de Motta contará com três eventos: às 11h45, ele participa da visita ao túmulo do ex-presidente; às 12h30, da reabertura do Memorial Tancredo Neves, e às 13h15 de um almoço no Solar do Presidente.

Em meio ao debate sobre uma possível anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar a, pelo menos, seis pessoas sentenciadas por tentativa de golpe de Estado somente neste mês. As decisões se baseiam, principalmente, em laudos médicos que apontam condições graves de saúde ou no tempo de prisão preventiva já cumprido pelos réus.

O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

Resende cumpria pena na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, e teve a prisão convertida após sua defesa apresentar laudos que apontam sepse, necrose na vesícula e sequelas nos rins, pâncreas e fígado.

"O sentenciado no mês de fevereiro de 2025 teve alta do hospital do Paranoá, e não tem condições de permanecer no sistema prisional para tratar a sua saúde", diz o documento enviado ao STF.

A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

As decisões recentes ocorrem após a repercussão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos.

Ela foi presa por participação nos ataques e ganhou notoriedade após pichar, com batom, a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF, imagem que viralizou nas redes sociais. Após dois anos na cadeia, a cabeleireira teve sua prisão convertida em domiciliar no mês passado.

Débora foi condenada a 14 anos de prisão pelos mesmos crimes de outros réus, incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público.

A comoção gerada por seu caso motivou manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passaram a alegar desproporcionalidade na pena. Parte das críticas, porém, ignorava os crimes pelos quais ela foi efetivamente condenada, reduzindo sua participação ao gesto simbólico.