Recursos da Lei Paulo Gustavo incentivam a abertura de cinemas no país

Cultura
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Localizada na região metropolitana de Manaus, a Aldeia Inhaã-bé, no Tarumã-Açu, tem sido utilizada como set de filmagens para produções nacionais e internacionais e recebido oficinas de cinema. No sábado (1) começou um novo capítulo na história da relação dos indígenas que vivem ali com a sétima arte. A partir desta data o local passou a contar com uma sala de exibição, o Cine Aldeia. “Toda vez que produções eram gravadas na aldeia, nós éramos cenário. Daí nasceu o desejo de sermos protagonistas da nossa história. Por meio do audiovisual e do cinema nós iremos contá-la”, explica a produtora indígena Thaís Kokama, que movida pelo interesse na área cursou Rádio e TV.

Um dos primeiros cinemas em aldeias indígenas no país e pioneiro na região Norte, o projeto Cine Aldeia foi financiado com recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG), via edital da Prefeitura de Manaus, por meio do Conselho Municipal de Cultura (Concultura).

Thaís salienta a importância da iniciativa para a inserção dos povos indígenas no setor audiovisual. O montante de R$ 100 mil foi utilizado para a construção do espaço e compra de equipamentos para exibições de filmes, mostras, festivais e iniciativas voltadas para a produção audiovisual.

A sala, com capacidade para cerca de 200 pessoas, irá exibir produções feitas por indígenas. Na inauguração houve a apresentação do documentário Traços da Resistência, dirigido e produzido por Thaís, e de oito curtas-metragens, que ficarão em cartaz no espaço nos primeiros meses deste ano.

Em mais um capítulo dessa história, no dia 2 de março, a entrega do Oscar será transmitida ao vivo no Cine Aldeia. Antes da cerimônia, no dia 28 deste mês, está programado um “ritual da vitória”, na torcida pela conquista do prêmio pelo filme Ainda Estou Aqui, indicado em três categorias (filme, atriz e filme internacional), na festa do cinema mundial. “É uma forma de celebrar o audiovisual brasileiro”, comenta Thaís.

Goiás

Em Anápolis, o antigo prédio onde já funcionaram o primeiro fórum da cidade e a prefeitura hoje abriga a primeira sala pública de cinema da cidade e do interior do estado de Goiás. O Cine Sibasolly, aberto em abril do ano passado, com recurso obtido via aprovação do projeto Cinema para Todos no edital municipal da Lei Paulo Gustavo, movimentou a vida cultural no município.

“A sala impactou o cotidiano das pessoas. Recebemos mostras nacionais e regionais, fizemos parcerias com cineastas da cidade e do estado. Para os cinéfilos é programação garantida toda semana, com exibições e conversa após o filme. A sala também vem sendo usada por outras linguagens também, apresentações musicais, oficinas, palestras, encontros, reuniões. Foi um ganho cultural”, relata o produtor responsável pela idealização e execução do projeto, Luiz Fragelli, da Território Cultural sobre o espaço localizado na Galeria Sibasolly, no Centro Cultural Ulysses Guimarães, na região central do município.

O projeto nasceu durante reunião do setorial de audiovisual da cidade para discutir a aplicação dos recursos da LPG. “A Lei é a responsável pela existência e construção da sala, sem ela não existiria nem a proposta”, frisa o agente cultural.

O recurso de R$ 121 mil foi utilizado para a adequação do espaço, que conta com 55 lugares, construção da cabine de projeção e de som e de um mini palco.

Com sessões gratuitas, o cinema opera regularmente às terças-feiras, cada semana com uma programação voltada a um segmento (clássicos, regional, local e nacional). Tem também parceria com a universidade local, com disponibilidade do espaço para exibições e mostras, e recebe alunos de escolas públicas para sessões, mediante agendamento.

“A sala fica no centro da cidade, então estamos revitalizando a região de alguma forma”, salienta Luiz.

Frequentadora do espaço, a psicóloga Ana Kelly Montalvão elogia a iniciativa. “Para os amantes do cinema, o Cine Sibassoly emergiu como um presente e um alívio em meio à carência cultural em Anápolis. A sala se tornou a estrela das minhas semanas, proporcionando a dose de arte e cultura que eu tanto necessitava. Desfrutar de filmes selecionados por um curador e aprofundar-me nas discussões sobre cada detalhe das produções é como descobrir um tesouro. Tudo isso gratuitamente”.

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, após hiato de dez anos, um dos mais tradicionais projetos de cinema itinerante do país, o RodaCine, voltou graças à Lei Paulo Gustavo (LPG). Desde a reestreia, em Jaguarão, na quinta-feira (30), o projeto já passou pelas cidades de São Lourenço do Sul (31), Pelotas (1) e Rio Grande (2). O roteiro ainda inclui Mostardas (07) e Tramandaí (14), todas no sul do estado.

Nestes municípios serão exibidos, em espaços públicos, curtas e longas-metragens e pilotos de séries gaúchas. A seleção inclui comédias, dramas, animações, infantis e documentários, em sessões com mediação de realizadores e agentes culturais.

"O retorno do Rodacine por meio do financiamento da LPG é um grande exemplo dos impactos positivos que as políticas públicas do Ministério da Cultura estão garantindo por todos os cantos do Brasil. Um projeto desta magnitude fortalece os arranjos produtivos locais, gera emprego e renda, promove a fruição das obras audiovisuais e aprofunda o propósito de garantir o direto à cultura para a população”, destaca a coordenadora do Escritório Estadual do MinC no Rio Grande do Sul, Mariana Martínez.

E acrescenta: “Neste terceiro ano de gestão, já observamos os frutos dos investimentos do Governo Federal na cultura. Somente nos municípios da região sul do estado, somando apenas a Lei Paulo Gustavo e os cinco anos de PNAB, o MinC investirá mais de R$ 37,7 milhões”.

Realização da Fundação de Cinema RS (Fundacine), a iniciativa é financiada com recursos da Lei Complementar nº 195/2022 (Lei Paulo Gustavo), por meio de edital estadual, do qual foram recebidos R$ 300 mil, e da Netflix Brasil.

Além dos filmes, também serão promovidas ações formativas, com palestras sobre temas vinculados ao ofício do audiovisual e políticas públicas, além de oficinas de introdução à linguagem audiovisual. Todas as atividades são gratuitas.

Em 2025, o RodaCine irá percorrer 20 municípios do interior do Rio Grande do Sul, exibindo exclusivamente produções gaúchas.

LPG

A Lei Paulo Gustavo representa o maior valor investido em cultura no país. O montante repassado pelo MinC foi de R$ 3,8 bilhões - com os rendimentos bancários chegou a R$ 4,1 bilhões. Estados, Distrito Federal e municípios utilizaram 95% dos recursos recebidos, o que corresponde a R$ 3,9 bilhões para a execução de ações e projetos culturais.

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

A força do turismo interno

Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

Turismo sustentável em alta

Outro destaque de 2025 é o crescimento do turismo sustentável. Projetos de hospedagem ecológica, trilhas com guias locais capacitados e parcerias com comunidades tradicionais estão se tornando diferenciais importantes na hora de escolher um destino.

A cidade de Bonito (MS), por exemplo, implementou um sistema de controle de visitantes em suas principais atrações naturais, equilibrando preservação ambiental e geração de renda para a população local.

Tecnologia e inteligência artificial como aliadas

A tecnologia também tem papel de protagonista na retomada do setor. Aplicativos de roteiros personalizados, guias virtuais com inteligência artificial e o uso de realidade aumentada em museus e atrações têm melhorado a experiência dos turistas e ajudado a descentralizar o fluxo de visitantes.

“A integração de ferramentas tecnológicas permite que o turista tenha mais autonomia, segurança e acesso a informações atualizadas em tempo real”, destaca Rafael Oliveira, pesquisador em turismo digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

Com a chegada do segundo semestre, o setor se prepara para a alta temporada e aposta na diversificação de roteiros e no fortalecimento do turismo de base comunitária como pilares de um crescimento duradouro.

O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.