Idealizado por Fefê Marques, Fabiano Nunes e Felipe de Paula, a Ocupa Garça é uma temporada que apresenta duas obras realizadas pelos artistas e produzidas pelo Núcleo de Criação Garça: Muita Água (03, 04 e 05 de outubro, 20h) e DEVORA (10, 11 e 12 de outubro, 20h), no Complexo Cultural Funarte SP. O hibridismo entre teatro e dança norteiam a linguagem do Núcleo, que traz à cena discussões urgentes sobre gênero, meio ambiente, classe e identidade.
O espetáculo Muita Água, que estreia na capital paulista, é uma potente ecoperformance nascida durante a maior catástrofe socioambiental do Rio Grande do Sul, em maio de 2024. Criado no contexto do desastre, o trabalho traz intensidade e urgência características de quem viveu aquele momento de perto. O espetáculo tem criação e direção assinada por Cibele Sastre, Juliana Vicari e Fabiano Nunes, que também assina texto e locução. Em cena, estão Cibele Sastre, Fabiano Nunes, Juliana Vicari, Fefê Marques e Carol Martins.
A performance é marcada pelo uso de uma trilha sonora composta por áudios gravados por Fabiano e finalizados pelo sound designer Phillip Schmeidt. Os textos do áudio entram como elemento central do espetáculo, reforçando a atmosfera de caos, excesso de informação e o turbilhão vivido pela população afetada. O texto é permeado pelo cruzamento de dados, notícias e impressões pessoais, mantendo o tom ácido e irônico, e transportando para a cena a intensidade marcada pelo período de crise.
“Senti uma necessidade física, fisiológica e mental de escrever sobre a catástrofe enquanto presenciava o que estava acontecendo. Foram registrados áudios que acompanhavam minha revolta com todas as desinformações e dados cruzados que estavam sendo compartilhados com as pessoas de fora do estado", reforça Fabiano Nunes.
O espetáculo nasceu, portanto, como uma dança-denúncia com o objetivo de contestar e denunciar versões equivocadas ou superficiais a respeito do desastre, mostrando que o que estava sendo replicado não correspondia com a realidade. Em cena, o público não apenas assiste, é provocado a refletir de forma ativa, sendo convocado a se posicionar diante do que vê. A proposta é romper a passividade, despertando não só emoção, mas também consciência crítica.
Muita Água também propõe repensar responsabilidades, sensibilidades e atravessamentos que envolvem a sociedade. O vínculo criado em cena amplia o entendimento de que as questões abordadas são de todos – cada pessoa, de alguma forma, está inserida no contexto apresentado.
Desde sua criação, Muita Água já passou por espaços e eventos do cenário cultural, como o Festival Porto Verão Alegre, o Festival Palco Giratório Sesc, a Mostra Urgente de Artes Cênicas da Zona Cultural, a Mostra Glênio Peres e iniciativas da Anistia Internacional no RS. Em 2024, também foi apresentada em formato de ecoperformance na Conferência Internacional Laban Rio, no Rio de Janeiro.
Sinopse
Muita Água é uma ecoperformance criada durante a maior catástrofe socioambiental do Rio Grande do Sul, que aconteceu em maio de 2024. O trabalho é inédito na capital paulista. Em forma de Dança-Teatro, a performance é narrada em tom ácido e acelerado, rememorando o cenário caótico daquele momento, onde informações desencontradas, fake news e negacionismos inundaram as redes sociais, e os gaúchos se viram, literalmente, desgovernados. O elenco traz experiências vividas nos abrigos, nos resgastes e no voluntariado, para o palco.
Catástrofe climática do Rio Grande do Sul é tema central de Muita Água, que estreia na capital paulista em curta temporada no Centro Cultural Funarte
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