Indústria do turismo incentiva a caçada aos golfinhos em Taiji

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A Proteção Animal Mundial e a Action for Dolphins revelam que 107 delfinários, localizados em 17 países, vendem atividades de entretenimento com golfinhos capturados na caçada em Taiji, no Japão. O relatório "Ondas do lucro: como a indústria do turismo se aproveita da caça aos golfinhos em Taiji" aponta ainda que até adestradores participam das ações de captura com o objetivo de orientar a seleção dos filhotes mais adequados para o adestramento.

 

Essa indústria, cruel para os golfinhos, se mantém ativa por meio da venda de ingressos. O estudo revela que as empresas Trip.com, Klook, Traveloka, TUI, GetYourGuide e Groupon estão entre as que ainda disponibilizam entradas para as atrações turísticas que utilizam golfinhos provenientes dessa caçada que ocorre, anualmente, no período de setembro a março.

 

"Golfinhos são inteligentes, socialmente complexos, sencientes e capazes de interpretar o que está acontecendo no ambiente, sentindo emoções como dor e medo. A temporada de caça é um período insuportável para os animais da região porque, além de lidar com a perda de membros do grupo, estão sujeitos à crueldade física e psicológica por estarem em um ambiente hostil, com ruídos das embarcações, redes de pesca e água avermelhada por conta do sangue de outros golfinhos", alerta Júlia Trevisan, coordenadora de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.

 

Júlia chama a atenção ainda que, se não bastasse esse cenário trágico, os golfinhos capturados ainda vão continuar sofrendo ao longo da vida em pequenos tanques com cloro e sem a possibilidade de realizar comportamentos naturais da espécie. 

 

"Os animais que são mantidos nos parques temáticos passam por uma rotina de treinamento bastante cruel e intensa. Muitas vezes são privados de comer para que o alimento seja a recompensa do treino. Ao longo do processo, esses animais aprendem a pular em argolas, erguer os treinadores pela nadadeira fora da água e a interagir com humanos recebendo alimento ou posando para fotos. Os golfinhos são animais silvestres e, por conta disso, não interagem naturalmente com humanos. É preciso lembrar que a nossa presença é um fator de ameaça e estresse para eles", afirma.  

 

A CEO da Action for Dolphins, Hannah Tait, explica que as empresas estão alertadas sobre a necessidade de implementar políticas de bem-estar animal. "Esse relatório expõe quais as empresas de viagens que estão lucrando com esta prática ultrapassada e brutal", avalia.

 

As duas organizações apelam às empresas citadas para que tomem medidas imediatas, implementando políticas robustas de bem-estar animal e cessando a promoção de todas as atividades de entretenimento com golfinhos.

Um levantamento da Proteção Animal Mundial mostra que 79% dos viajantes preferem ver golfinhos na natureza em vez de em cativeiro. E 82% defendem que as empresas não devem vender ingressos para atividades que causem sofrimento aos animais selvagens. Após o lançamento da campanha e do minidocumentário "Enganado por um sorriso" Minidocumentário "Enganado por um sorriso" (youtube.com), que mostra os bastidores do entretenimento com golfinhos, a Expedia parou de vender ingressos para esse tipo de atração.

 

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