Naiara Azevedo revela diagnóstico de menopausa prematura aos 28 anos; Entenda a condição

Saúde
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A cantora Naiara Azevedo, 35, compartilhou recentemente sua experiência com a menopausa prematura, diagnosticada aos 28 anos. Em um depoimento, a sertaneja contou que os primeiros sinais surgiram com um calor intenso e inexplicável, como se o pescoço estivesse "pegando fogo". À medida que os sintomas se intensificaram, ela também enfrentou insônia, ganho de peso rápido e alterações de humor, além de ressecamento da pele e vaginal.

“Parecia que estava tudo descompensado e acontecia ao mesmo tempo. Fui indicada a um ginecologista que depois de fazer uma investigação me diagnosticou com menopausa precoce”, revelou a Naiara que compartilhou que casos semelhantes foram encontrados em sua família, tanto no lado materno quanto paterno. 

Além disso, a cantora aproveitou para alertar mulheres sobre a importância de buscar um especialista ao perceber qualquer alteração no corpo, por menor que seja. “A menopausa não é reversível, mas é tratável", afirmou. 

Entenda a menopausa 

A menopausa precoce tem afetado um número crescente de mulheres antes dos 50 anos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), esse quadro atinge uma em cada 100 mulheres antes dos 40 anos e uma em cada 1.000 antes dos 30 anos. 

Esse avanço é preocupante, já que a condição traz diversas implicações para a saúde, além de, muitas vezes, dificultar o sonho de mulheres que querem engravidar mais tarde - tendência que vem acontecendo com frequência. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, a idade média para maternidade era de 27,7 anos e em 2070 pode chegar a 31,3 anos.

Para Alessandra Rascovski, endocrinologista e diretora clínica da Atma Soma, muitas mulheres passam a se preocupar com a menopausa somente quando os sintomas batem à porta. “Muitas não se atentam para a questão hormonal e, ao colocarem em prática o projeto de ter filhos, acabam se surpreendendo com a dificuldade gerada pela queda na produção de óvulos”.

Menopausa precoce ou prematura: existe diferença?

A menopausa precoce tem a mesma definição da menopausa comum: é caracterizada pela redução da função ovariana e, consequentemente, pela queda da produção de estrógeno. “O que diferencia a menopausa comum em relação à precoce é somente o corte de idade”, ressalta Alessandra.

Segundo a especialista, em relação aos sintomas, a lista de indicativos também é semelhante. “Além da interrupção da menstruação, incluem-se ondas de calor, suores noturnos, secura vaginal, diminuição da libido, dor nas articulações, cansaço muscular, irritabilidade, falhas na memória, ansiedade, entre outros”.

A diretora clínica explica ainda que, apesar de existir a crença de que quem menstrua mais jovem acaba entrando na menopausa mais cedo, estudos mostram que a idade da menarca em relação à menopausa é consideravelmente menos relevante. “Há outros pontos envolvidos na ocorrência da condição precoce, como doenças autoimunes, cirurgias, tratamentos contra o câncer, como quimioterapia, questões ambientais, estilo de vida, infecções virais e disruptores endócrinos - substâncias presentes em plásticos, agrotóxicos, aromatizantes, corantes e conservantes”. 

O histórico familiar também deve ser considerado. “Se a mãe teve uma menopausa precoce ou tardia, há uma maior probabilidade de a filha seguir o mesmo padrão”, destaca a médica. Ela ressalta ainda que a genética desempenha um papel significativo na longevidade da função ovariana, que está diretamente ligada ao que é herdado da mãe.

Para além disso, existe ainda uma diferença entre menopausa precoce e menopausa prematura, como é o caso de Naiara Azevedo. “De forma respectiva, uma acontece abaixo dos 45 anos, enquanto a outra é considerada quando ocorre antes dos 40 anos”, explica a endocrinologista, que relata um caso vivido em seu consultório: “Já tive uma paciente entrando na menopausa prematura com 28 anos”. Segundo Alessandra, esses são casos em que a reposição hormonal é mais do que indicada, pois seus reflexos serão mais duradouros, principalmente ao levar em consideração que hoje a expectativa de vida é mais alta. 

Reserva ovariana e fertilidade: importância do monitoramento hormonal 

Rascovski ressalta a importância de monitorar os hormônios desde cedo. “Flutuações hormonais podem comprometer o sonho da maternidade, além dos reflexos que a própria menopausa pode causar, como o impacto na saúde dos ossos e aumento do risco de doenças cardiovasculares”.

Em relação ao desejo de aumentar a família, a médica enfatiza a necessidade do acompanhamento da reserva ovariana, que pode ser avaliada por meio do exame do hormônio antimulleriano (AMH) - produzido pelos folículos ovarianos . “Embora útil para estimar a quantidade de folículos antrais, o AMH não deve ser interpretado de forma isolada, pois não avalia a qualidade dos óvulos nem prediz com precisão a fertilidade futura”, explica. 

Já o FSH (hormônio folículo-estimulante) pode apresentar níveis elevados durante a fase folicular. “Isso significa que um resultado isolado não é suficiente para confirmar o diagnóstico de menopausa”. 

Usualmente, a determinação clínica desse período é baseada na ausência de menstruação por 12 meses consecutivos (amenorreia). No entanto, muitas mulheres utilizam o DIU hormonal, “o que pode suprimir o sangramento menstrual e dificultar a avaliação apenas com base no fluxo menstrual”, avalia Alessandra. 

Ao detectar precocemente a queda da atividade ovariana, os médicos recomendam o congelamento de óvulos. Contudo, segundo a especialista, essa decisão não deve ser baseada exclusivamente no hormônio antimulleriano. “É essencial considerar outros fatores, como a idade da paciente, a qualidade dos óvulos e o contexto clínico individual. Um AMH baixo não significa infertilidade imediata, assim como um AMH alto não garante fertilidade”. 

A interpretação dos exames hormonais durante a transição menopausal pode ser desafiadora, especialmente devido às variações significativas que ocorrem ao longo do ciclo menstrual. “Por isso, é fundamental que sejam avaliados os resultados, histórico clínico e familiar, e sintomas apresentados pela paciente, garantindo um acompanhamento mais preciso e individualizado”, conclui Alessandra Rascovski.