Cinco fatos importantes que todos precisam saber sobre a coqueluche

Saúde
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A doença é uma infecção respiratória altamente contagiosa e pode afetar pessoas de qualquer idade, mas as complicações podem ser particularmente graves para bebês e crianças pequenas

O Estado de São Paulo está enfrentando um aumento significativo nos casos de coqueluche. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde, foram registrados 139 casos de janeiro ao início de junho, um aumento de 768,7% em comparação com o mesmo período do ano passado.

A coqueluche é uma doença infecciosa causada pela bactéria Bordetella pertussis, que afeta principalmente o sistema respiratório. Conhecida popularmente como tosse comprida, a doença é altamente contagiosa e pode ser particularmente perigosa para crianças menores de um ano, idosos e pessoas com condições de saúde debilitadas.

Sintomas

Segundo o Dr. Paulo Abrão, Diretor da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), “os sintomas iniciais da coqueluche incluem tosse seca, coriza, congestão nasal e febre, mas podem evoluir para acessos de tosse severa que dificultam a respiração, além de vômitos — durante ou após ataques de tosse — e fadiga”, afirma.

Além dos sintomas, a Sociedade Paulista de Infectologia destaca cinco fatos importantes que todos precisam saber sobre a coqueluche:

  1. A coqueluche pode afetar pessoas de todas as idades

Embora os bebês e as crianças pequenas estejam entre os mais afetados, adolescentes e adultos também correm o risco de serem infectados e de transmitirem a coqueluche. A bactéria que causa a doença é facilmente transmitida de pessoa para pessoa através de gotículas respiratórias (pequenas partículas no ar) liberadas pelo corpo ao tossir ou espirrar.

A doença é especialmente perigosa para bebês menores de um ano, pois ainda não completaram o ciclo vacinal, e gestantes no terceiro trimestre. Se expostos ou sintomáticos, recomenda-se que procurem um serviço médico o mais breve possível.

  1. A doença tem três estágios diferentes

Estágio 1 - Catarral: É a fase inicial da doença e é muito parecida com o quadro de outras infecções respiratórias. Os primeiros sintomas são coriza, febre baixa, tosse leve ou ocasional, lacrimejamento e falta de ar, especialmente em bebês.

Estágio 2 – Paroxístico: O termo paroxístico refere-se ao momento mais intenso de uma dor ou de uma crise, ou à intensificação repentina dos sintomas de uma doença. Neste estágio, é quando os pacientes apresentam a tosse intensa e o risco de transmissão da doença é maior.

Nos bebês com menos de seis meses, podem ocorrer episódios de apneia (parada momentânea da respiração que ocorre geralmente após as crises de tosse). Vômitos e exaustão podem ocorrer após as crises de tosse. Já entre as crises de tosse, muitas vezes os pacientes ficam com falta de ar e os olhos lacrimejando.

Estágio 3 – Convalescente: Nesta fase, a tosse começa a diminuir, assim como os riscos de transmissão da doença. A convalescença, em geral, dura de duas a três semanas. Porém, a recuperação pode demorar mais se ocorrerem outras doenças concomitantes.

  1. A coqueluche tem como característica uma tosse diferente das demais doenças respiratórias

Como explica o Dr. Paulo, “os pacientes com coqueluche têm crises de tosse em que não conseguem voltar a respirar normalmente. E então, depois que a tosse termina, eles respiram fundo para recuperar o fôlego, e é aí que surge um som parecido com um grito, muito característico da doença”.

A tosse é persistente e rápida, mas pode ser tão forte que, em alguns casos, pode levar ao vômito, além de deixar os lábios azulados pela falta de ar durante a crise. Os episódios de tosse podem ocorrer algumas vezes ao dia até várias vezes por hora e geralmente pioram à noite.

  1. A doença requer acompanhamento médico e o uso de antibióticos

O tratamento da coqueluche envolve o uso de antibióticos, que são mais eficazes quando administrados nas fases iniciais da doença. Além da medicação, outros cuidados de suporte também são importantes: descansar, aumentar a ingestão de líquidos, evitar alimentos ou situações irritantes (fumaça, poeira e produtos químicos) que podem desencadear ou piorar a tosse, e fazer refeições mais leves para ajudar a prevenir o vômito.

Em casos graves, a hospitalização pode ser necessária, especialmente para bebês ou crianças pequenas com sintomas graves. Os objetivos do tratamento são aliviar os sintomas, prevenir a ocorrência de complicações e reduzir o risco de espalhar a infecção.

“Sabemos que muitas pessoas recorrem, erroneamente, à automedicação. Mas é importante alertar que, especialmente na coqueluche, o uso de medicamentos para tosse normalmente não é recomendado. Os antibióticos são a melhor forma de tratar a doença. Por isso, é importante que um médico seja consultado o mais rápido possível e que o tratamento seja iniciado precocemente para reduzir a gravidade e a duração da doença”, alerta o Dr. Paulo.

  1. A melhor forma de prevenção é a vacina

A vacinação é a maneira mais eficaz de prevenir a coqueluche e suas complicações. No Brasil, a vacina tríplice bacteriana (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche, está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) e faz parte do calendário nacional de imunização infantil.

O esquema de vacinação infantil contra a coqueluche no Brasil contempla várias doses:

  • 1ª dose: aos 2 meses de idade
  • 2ª dose: aos 4 meses de idade
  • 3ª dose: aos 6 meses de idade
  • 1º reforço: aos 15 meses de idade
  • 2º reforço: aos 4 anos de idade

O SUS também oferece vacina específica para gestantes — a partir da 20ª semana e a cada gestação — e para profissionais de saúde que atuam em maternidades e em unidades de internação neonatal, atendendo recém-nascidos e crianças menores de um ano de idade.

“As mulheres grávidas devem tomar a dose da vacina a cada gestação, pois, além da própria proteção, também passarão os anticorpos para o bebê ainda no período de gestação, garantindo sua imunidade nos primeiros meses de vida até que ele complete o esquema vacinal contra a doença”, destaca Dr. Paulo.