Gladson diz ao STJ que apartamento de R$ 6 milhões não é propina: 'É do meu pai'

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), negou nesta terça-feira, 5, que tenha recebido de propina um apartamento de R$ 6 milhões localizado nos Jardins, em São Paulo. Ele disse que o imóvel foi adquirido por seu pai, o empresário Eládio Cameli, para ter um lugar para ficar em São Paulo durante o tratamento de um câncer.

Gladson depôs ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por vídeoconferência nos autos do processo em que é acusado de corrupção passiva, organização criminosa, peculato, fraude à licitação e lavagem de dinheiro.

A ação foi aberta com base nas investigações da Operação Ptolomeu, que atribui ao governador a liderança de um esquema de corrupção e desvio de contratos públicos.

O processo tramita no STJ, Corte que detém competência constitucional para investigar governadores. Gladson nega irregularidades em sua gestão e alega ser vítima de "perseguição".

A ação gira em torno de um contrato da Secretaria de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano do Acre com a empresa Murano Construções, em maio de 2019, no primeiro mandato do governador, para a manutenção de prédios públicos.

Os investigadores identificaram que, um dia após a assinatura do contrato, a Murano fechou uma parceria com a empresa Rio Negro, administrada por Gledson Cameli, irmão do governador, que teria recebido quase R$ 2 milhões.

Para os investigadores, está claro que houve um acerto para a contratação indireta da empresa do irmão do governador e uma tentativa de ocultar sua participação para não chamar atenção de órgãos de investigação e controle.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), houve ainda superfaturamento e sobrepreço do contrato, estimados em R$ 11,7 milhões.

Uma das provas consideradas centrais pela Polícia Federal (PF) é a compra de um apartamento, avaliado em R$ 6 milhões, no bairro dos Jardins, em São Paulo.

Os investigadores identificaram que o imóvel foi pago pela empresa do irmão do governador após receber transferências de uma outra companhia, a Seven Construções e Empreendimentos, que por sua vez recebeu dinheiro da Murano Construções, detentora de mais de R$ 30 milhões em contratos com o Governo do Acre.

"É inequívoco que Gladson Cameli e sua esposa, Ana Paula Correia da Silva Cameli, são os reais proprietários do apartamento de luxo e, assim, beneficiários diretos de vantagem indevida em decorrência do cargo público ocupado pelo atual governador do Acre", afirmou a PF em um relatório da investigação.

Questionado sobre o apartamento, arrematado na planta, o governador negou ser o proprietário do imóvel. Segundo Gladson, o apartamento foi comprado pelo pai dele, o empresário Eládio Cameli, para ter um lugar para ficar em São Paulo durante o tratamento de um câncer.

Eládio Cameli também é investigado na Operação Ptolomeu. Segundo a PF, órgãos do Poder Executivo teriam sido "instrumentalizados" para atender a interesses privados da família. O governador negou interferências de familiares em sua gestão.

O contrato considerado suspeito foi fechado pelo ex-secretário de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano,

o engenheiro Thiago Rodrigues Gonçalves Caetano, que responde ao mesmo processo. O governador afirmou no depoimento que o engenheiro foi nomeado para o cargo por sua "capacidade técnica".

A Operação Ptolomeu foi fatiada em nove inquéritos. Já são dezenas de suspeitos e milhares de páginas de documentos. Gladson Cameli é o principal investigado.

Em outra categoria

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, discursou Howard University nesta quarta-feira, 6, em Washington, após ligar para o presidente eleito Donald Trump e conceder a derrota nas eleições presidenciais americanas na tarde desta quarta-feira, 6.

Kamala inicia o discurso agradecendo a sua família, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu companheiro de chapa, o governador de Minnesota, Tim Walz.

"As pessoas estão sentindo e vivenciando uma série de emoções agora, eu entendo. Mas devemos aceitar os resultados desta eleição", disse Kamala. "Hoje mais cedo falei com o presidente eleito Trump e o parabenizei por sua vitória", apontou Kamala, em meio a vaias de plateia após o nome do presidente eleito ser mencionado.

Kamala também apontou que a administração Biden irá ajudar Trump e sua equipe no processo de transição. "Embora eu esteja concedendo esta eleição, não concedo os valores que contribuíram para esta campanha", disse Kamala. "A luta pela liberdade, pelas oportunidades, pela justiça e pela dignidade de todas as pessoas não acabou."

Ligação para Trump

Segundo um assessor da candidata democrata, Trump e Kamala discutiram a importância de uma transição pacífica de poder. Já Steven Cheung, um porta-voz da campanha de Trump, descreveu o telefonema de Kamala para Trump como cordial.

"O presidente Trump reconheceu a vice-presidente Harris por sua força, profissionalismo e tenacidade durante toda a campanha, e ambos os líderes concordaram sobre a importância de unificar o país", disse Cheung em uma declaração.

O republicano garantiu a vitória segundo as projeções da Associated Press (AP) após vencer no Estado do Wisconsin, contabilizando 277 delegados no colégio eleitoral. Para um presidente ser eleito nos EUA, 270 delegados são necessários.

Neste momento, Trump tem 292 delegados após a AP projetar a vitória do ex-presidente em Michigan. Arizona, Nevada, Alasca e Maine são os Estados que a AP ainda não projetou um vencedor. O republicano lidera nos três primeiros e Kamala deve vencer no Maine.

Derrota

A derrota foi um balde de água fria na campanha de Kamala Harris, que se animou na reta final da eleição com algumas pesquisas que deram a vice-presidente numericamente à frente de Trump em alguns Estados-pêndulo. A realidade, no entanto, provou que as estatísticas subestimaram a força eleitoral do republicano pela terceira vez consecutiva.

A democrata apostou na força do voto feminino para tentar derrotar Trump, usando principalmente o tema como a legalização do aborto para mascarar o alto custo de vida e o pessimismo do americano com a economia que ela herdou do presidente Joe Biden, que desistiu da reeleição em julho após uma performance ruim em debate contra Trump e preocupações sobre sua idade.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também deve discursar nesta quarta-feira. Segundo a Casa Branca, Biden telefonou para Kamala e Trump nesta tarde e parabenizou a ex-colega de chapa pela "campanha histórica", e o ex-rival, pela vitória.

O presidente disse também ao sucessor que está comprometido com uma transição tranquila e ressaltou a importância de que ambos trabalhem para unificar o país. Biden convidou Trump para uma reunião na Casa Branca.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, parabenizou Donald Trump por telefone após a vitória do republicano nas eleições americanas, segundo a Casa Branca. Biden disse durante a ligação que estaria comprometido a "uma transição suave" e enfatizou "a importância de unir o país". No comunicado, o presidente convidou Trump para um encontro no breve futuro para tratar da transição.

O atual presidente fará um pronunciamento à nação na quinta-feira para falar sobre os resultados da eleição e o próximo governo. Biden também enviou seus parabéns para Kamala Harris por sua "campanha histórica".

Os Republicanos lideram a disputa pela Câmara dos Representantes, mas o controle da casa segue em aberto, com mais de 50 cadeiras ainda a serem definidas. Projeções apontam 199 cadeiras para os republicanos e 180 para os democratas, com 56 ainda a serem definidas.

Para controlar a casa, um partido precisa de 218 assentos. Fonte: Associated Press.