Mourão questiona se é crime 'escrever bobagem' e diz que plano de golpe é 'fanfarronada'

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O senador e ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos-RS) chamou de "fanfarronada" o plano de golpe de Estado revelado pela Polícia Federal na Operação Contragolpe e disse que não havia apoio das Forças Armadas para que o objetivo fosse concretizado. Ele criticou o indiciamento de 37 pessoas realizado pela corporação, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apontado pelos policiais como o líder da organização criminosa, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

"Nós temos um grupo de militares, pequeno, a maioria militares da reserva, que em tese montaram um plano sem pé nem cabeça que eu nem consigo imaginar como uma tentativa de golpe. Tentativa de golpe tem que ter o apoio de parcela expressiva das Forças Armadas", disse o senador na sexta-feira, 22, em seu podcast Bom dia, Mourão.

Ele ainda minimizou as informações trazidas pela PF de que um grupo de militares tramou os assassinatos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

"Se meia dúzia, de três ou quatro, resolveu escrever bobagem, tudo bem. É crime escrever bobagem? Vou deixar para os juristas. Eu vejo crime quando você parte para a ação. Se tivesse feito uma emboscada contra o ministro Alexandre de Moraes, o presidente da República, disparado contra ele. Nada disso aconteceu. Ficou tudo no terreno da imaginação", acrescentou Mourão.

Juristas apontam que os atos descritos no relatório da Polícia Federal são suficientes para caracterizar os atos dos militares como tentativa de golpe, o que pela legislação brasileira é considerado crime. O entendimento, porém, não é unanimidade e há quem avalie que as ações do grupo se enquadram apenas como atos preparatórios e, portanto, não seriam passíveis de punição.

O ministro do STF Gilmar Mendes refutou essa última tese durante um congresso em São Paulo na quinta-feira, 21. "A tentativa de qualquer atentado contra o Estado de Direito, ela já é em si criminalizada, de modo que já é um crime consumado. Até porque, quando se faz o atentado contra o Estado de Direito e ele se consuma, o Estado já não mais existe", disse.

As investigações mostram que o planejamento da ruptura democrática contou com reuniões com a cúpula das Forças Armadas, rascunhos de minutas golpistas, planilha com detalhes do golpe, minuta de "gabinete de crise" que seria instalado após a ruptura e até o plano de envenenamento de Lula e de eliminar Moraes a bomba.

De acordo com o inquérito que embasou a Operação Contragolpe, deflagrada na terça-feira, 19, dois dias antes da conclusão do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado, o general da reserva Walter Braga Netto, homem forte do governo Bolsonaro, era uma peça-chave no plano de ruptura institucional. O ex-ministro tomou conhecimento sobre um plano para executar autoridades e seria o coordenador-geral de um "Gabinete Institucional de Gestão da Crise" caso o golpe ocorresse.

Segundo a PF, o general Mário Fernandes é o autor do plano "Punhal Verde e Amarelo", que continha um detalhamento para executar, em dezembro de 2022, o ministro Alexandre de Moraes e a chapa vencedora das eleições presidenciais daquele ano, formada por Lula e Alckmin.

A ação esperava o apoio operacional de "kids pretos", como são conhecidos os militares das Forças Especiais do Exército Brasileiro.

Em 12 de novembro, houve uma reunião na casa de Braga Netto na qual o "planejamento operacional para a atuação dos 'kids pretos' foi apresentado e aprovado".

Além do documento com o plano para matar Moraes, Lula e Alckmin, a PF localizou nos arquivos de Mário Fernandes um esboço de um decreto instituindo um "gabinete de crise", que seria deflagrado após as execuções das autoridades.

Em outra categoria

Os incêndios florestais que têm devastado parte do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e mataram ao menos 16 pessoas podem ser o desastre natural mais caro da história do país, segundo o governador Gavin Newsom.

"Acho que será [o maior desastre natural da história dos EUA] em termos dos custos associados a ele, em escala e escopo", afirmou Newson em entrevista à NBC News neste domingo, 12.

O governador acrescentou que as autoridades locais estão usando cães farejadores para procurar vítimas, e que o número de mortos provavelmente aumentará "muito mais".

Estimativas da AccuWeather colocam o custo econômico do incêndio entre US$ 135 bilhões e US$ 150 bilhões, embora os dados sejam preliminares e provavelmente mudem. Outros analistas estimaram perdas seguradas bem na casa dos bilhões de dólares.

A Moody's escreveu na sexta-feira, 10, que "a escala e a intensidade dos incêndios florestais do sul da Califórnia, e sua pegada geográfica, sugerem um preço impressionante em termos de custo humano e econômico", observando que "a produção perdida associada aos eventos até agora provavelmente excederá a de qualquer outro incêndio nos EUA por uma margem considerável".

No melhor cenário, a Moody's avalia que o impacto na atividade econômica seria de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões, "com potencial para aumentar significativamente".

O preço final, do ponto de vista econômico, pode ser comparado à destruição associada a grandes furacões. Fonte: Dow Jones Newswires

A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly, afirmou neste domingo, 12, que "todas opções estão na mesa" para responder às ameaças que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tem feito ao país, que incluem tarifas e até mesmo uma anexação do território canadense. "No momento todas as opções estão na mesa. Essa é a conversa que temos com os americanos, porque são decisões que poderiam ter um impacto devastador sobre os canadenses. A ameaça é real, e nós estamos trabalhando nela", disse Joly em entrevista ao canal CTV.

A chanceler canadense disse que vai a Washington na semana que vem para discutir o assunto com secretários do novo governo Trump e outros líderes do Partido Republicano.

Segundo Joly, o governo canadense está "reagindo à retórica de Trump" e pronto para retaliar os Estados Unidos caso o presidente eleito cumpra a promessa de impor tarifa de 25% sobre produtos do país vizinho.

Na sexta-feira, 10, a Bloomberg informou que o Canadá já tem preparada uma retaliação sobre produtos norte-americanos caso Trump cumpra suas ameaças.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversaram neste domingo, 12, sobre um cessar-fogo e libertação de reféns na guerra entre Israel e Hamas, um sinal da intensificação do esforço para chegar a um acordo antes da posse de Donald Trump na próxima semana.

As negociações mediadas no ano passado pelos Estados Unidos, Egito e Catar foram paralisadas em momentos em que pareciam próximas de um desfecho.

Ainda assim, nos últimos dias, autoridades dos EUA expressaram esperança de fechar um acordo.

A conversa deste domingo entre Biden e Netanyahu ocorreu enquanto o chefe da agência de inteligência estrangeira Mossad de Israel, David Barnea, e o principal conselheiro de Biden para o Oriente Médio, Brett McGurk, estavam na capital do Catar, Doha.

A presença de Barnea, confirmada pelo gabinete de Netanyahu, significava que autoridades israelenses de alto escalão, que precisariam assinar qualquer acordo, agora estão envolvidas em negociações. Fonte: Associated Press