O que a Polícia Federal tem de informações contra Braga Netto; veja motivos

Política
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A Polícia Federal acusa o general Walter Braga Netto, preso preventivamente neste sábado, 14, de ter participação direta no plano de tentativa de golpe de Estado. Segundo relatório da PF, o vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) organizou em sua casa uma reunião para discutir planos do golpe, pressionou militares de alta patente a aderir a empreitada, apoiou financeiramente uma tentativa de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e ainda tentou ter acesso à delação premiada do general Mauro Cid para interferir na investigação. A defesa de Braga Netto ainda não se pronunciou.

Como mostrou o Estadão, Moraes vê que há "fortes indícios" de que ele tenha contribuído em "grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente" para o plano que visava manter o ex-presidente Bolsonaro no poder.

Reunião na casa de Braga Netto para planejar o golpe

Segundo a PF, militares que planejavam o assassinato de Moraes, Lula e Alckmin se reuniram no dia 12 de novembro de 2022 para planejar impedir a posse de Lula.

Poucos dias antes, no dia 9, o general Mário Fernandes elabora e imprime o planejamento operacional, chamado de "punhal verde e amarelo" usando uma impressora no Palácio da Alvorada, residência presidencial.

Após a reunião do dia 12, Cid conversa com o major Rafael Martins de Oliveira. Nessa troca de mensagens, Cid estima que precisaria de R$ 100 mil para custear a logística do plano. Cid diz também afirma que estariam arregimentando pessoas do Rio de Janeiro para o apoio do ato.

O plano seria consumado no dia 15 de dezembro. No dia seguinte ao golpe, aponta relatório da PF, seria instalado um gabinete de crise, que ficaria sob comando dos generais Braga Netto e Augusto Heleno.

Coação a militares para participar do golpe

Braga Netto tentou coagir militares para participar da tentativa de golpe de Estado ao longo do mês de dezembro de 2022, aponta a PF. O principal foco era o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, e o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior.

Depoimentos dados à Polícia Federal apontam que Bolsonaro reuniu-se com Freire Gomes e apresentou argumentos jurídicos que permitiriam uma ruptura democrática. O general então recusou a proposta.

Esse plano também foi apresentando para o então comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, que também recusou. Apenas o comandante da Marinha à época, Almir Garnier Santos, aderiu a empreitada golpista.

Naquele mês Braga Netto determinou ao ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros que ele fizesse ataques a Freire Gomes, orientou a atacar o então comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, a quem adjetivou de "traidor da pátria" e pediu que elogiasse Garnier.

Em outra conversa com Ailton Barros, no dia 14 de dezembro, Braga Netto atribuiu a culpa "do que está acontecendo" a Freire Gomes e diz que ele é "omisso e indeciso". Barros diz para oferecer a cabeça do ex-comandante aos leões e Braga Netto concorda. "Oferece a cabeça dele. Cagão", escreveu.

Braga Netto tentou atrapalhar as investigações

Além de pressionar Freire Gomes e Baptista Júnior a participarem da empreitada golpista, Braga Netto atuou para tentar obter informações que estavam no acordo de delação premiada feita por Mauro Cid.

A Polícia encontrou um documento na mesa do coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto em que haveria respostas dadas por Cid a alguém. As perguntas tocam em temas relativos a investigação da tentativa de golpe.

"O contexto do documento é grave e revela que, possivelmente, foram feitas perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial, as quais foram respondidas pelo próprio, em vermelho Braga Netto teria agido para atrapalhar o inquérito", diz a PF.

Braga Netto ainda procurou os pais de Mauro Cid para ter mais informações sobre a delação. Nessa conversa, os pais de Cid negaram conteúdos sobre a delação divulgados na imprensa.

Mauro Cid implicou Braga Netto em sua colaboração premiada. A delação estava sob ameaça de rescisão, até que o tenente-coronel mudou de estratégia e resolveu entregar o ex-ministro, em depoimento prestado diretamente a Alexandre de Moraes, em novembro.

Documento encontrado com assessor de Braga Netto diz que 'Lula não vai subir a rampa'

A Polícia Federal encontrou na mesma mesa do coronel Peregrino um documento que preparava a chamada "operação 142", que teria como fim anular a eleição, estender mandatos, trocar todos os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e impedir que Lula subisse a rampa.

O nome da operação faz alusão ao artigo 142 da Constituição, que trata de emprego das Forças Armadas e passou a ser usado por bolsonaristas com uma interpretação distorcida para fomentar a ruptura institucional.

O manuscrito registrou "interrupção do processo de transição", "anulação das eleições", "substituição de todo TSE" e "preparação de novas eleições". Tinha, ainda, a anotação "Lula não sobe a rampa".

Braga Netto financiou tentativa de golpe

A PF também diz que Braga Netto financiou a ação golpista dos oficiais das Forças Especiais do Exército, os "kids pretos". O general teria entregado recursos aos golpistas em uma sacola de vinho. A informação foi repassada por Cid.

O dinheiro teria sido entregue ao major Rafael Martins de Oliveira, preso na Operação Contragolpe, e serviria para o "financiamento das despesas necessárias a realização da operação".

Em depoimento, Mauro Cid afirmou, segundo o próprio Braga Netto, o dinheiro "havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio". A Polícia Federal não identifica quem teria enviado o dinheiro.

"Braga Netto também teria atuado de forma direta e pessoal no financiamento das ações ilícitas, fornecendo recursos financeiros em uma sacola de vinho, ratificando sua atuação preponderante na execução dos atos criminosos", afirma a PF.

General já ameaçou processo eleitoral de 2022 e disse que pleito daquele ano só poderia acontecer se houvesse voto impresso

O Estadão revelou que em julho de 2021, Braga Netto usou um interlocutor político para enviar um recado ao presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). Braga Netto pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022, se não houvesse voto impresso e auditável.

Ao dar o aviso, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Bolsonaro repetiu publicamente a ameaça de Braga Netto no mesmo dia. "Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições", afirmou Bolsonaro a apoiadores, naquela data, na entrada do Palácio da Alvorada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Mais 135 brasileiros repatriados dos Estados Unidos chegaram neste sábado, 15, ao País. Em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), o quarto voo com imigrantes deportados desde o começo do ano pousou em Fortaleza e depois desembarcou no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.

Minas Gerais costumava ser o destino dos voos com deportados dos Estados Unidos, mas o governo decidiu mudar a rota para reduzir o tempo que os brasileiros passam algemados depois que o tratamento dado aos imigrantes abriu uma crise diplomática entre Brasília e Washington. As algemas foram retiradas já na parada em Fortaleza.

De volta à Casa Branca, Donald Trump fechou o certo contra os 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos e intensificou as prisões como parte da operação para deportação em massa. Estima-se que 230 mil brasileiros estão em situação irregular nos Estados Unidos. Desses, 38 mil estão sob ordem de deportação, sem possibilidade de recurso.

No primeiro voo de deportação da era Trump, as imagens de brasileiros algemados em território nacional e as denúncias de maus tratos por parte das autoridades americanas levaram o governo a pedir explicações sobre o tratamento considerado degradante.

Depois do episódio, o chefe da embaixada americana, Gabriel Escobar, pediu desculpas em reunião a portas fechadas. E autoridades dos dois países se reuniram para discutir os próximos voos com deportados.

José Maria Ferreira da Costa, um dos deportados, afirmou que a tentativa de imigrar para os Estados Unidos não valeu a pena. Ele ficou detido por quatro meses após cruzar a fronteira. "A gente nos Estados Unidos é tratado muito mal dentro da prisão. Passa muita fome, é muito maltratado. É uma situação muito desagradável para um pai de família, uma mãe de família, com suas crianças. Não desejo para ninguém", relatou no desembarque em Minas Gerais.

Em Fortaleza, os deportados receberam os primeiros atendimentos antes de seguir para Minas Gerais, origem de boa parte dos imigrantes. A operação envolve os ministérios de Direitos Humanos e Cidadania, Relações Exteriores, Justiça e Segurança Pública e Defesa, além da Polícia Federal.

De acordo com o governo brasileiro, os repatriados recebem alimentação, água, orientações para regularizar os documentos e apoio logístico para retornar a suas cidades de origem. No aeroporto de Confins, uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais e psicólogos estava à disposição dos deportados.

Com o voo deste sábado, o total de repatriados dos Estados Unidos desde o começo do ano chega a 498, segundo informações do governo. O País tem recebido deportados com frequência desde 2018, em acordo com os EUA para reduzir o tempo que os brasileiros ficam detidos por imigração ilegal.

Dentre os deportados, dois foram presos pela Polícia Federal já na parada em Fortaleza por estarem com mandado de prisão em aberto no Brasil: um, de Rondonópolis (MT), foi condenado por homicídio e porte ilegal de arma; outro, de Contagem (MG), cometeu um roubo e havia fugido da prisão.

Uma forte tempestade atingiu várias regiões dos Estados Unidos neste fim de semana, provocando tornados, incêndios e ventos extremos. Pelo menos 17 pessoas morreram e centenas de casas foram destruídas. O Estado mais afetado foi o Missouri, onde 11 mortes foram confirmadas após tornados durante a madrugada deste sábado, 15. Em Arkansas, três pessoas morreram e 29 ficaram feridas em oito condados. No Texas, três pessoas morreram em colisões causadas por uma tempestade de poeira.

Os ventos chegaram a 130 quilômetros por hora, causando incêndios em Oklahoma, Texas, Kansas, Missouri e Novo México. Mais de 130 focos de fogo foram registrados apenas em Oklahoma, onde 300 casas foram danificadas ou destruídas. O governador Kevin Stitt afirmou que 266 mil hectares já foram queimados. Em Texas e Oklahoma, milhares de pessoas ficaram sem energia após os ventos derrubarem linhas de transmissão e tombarem caminhões em rodovias.

O Serviço Nacional de Meteorologia emitiu alertas para tornados, incêndios e nevascas. Em Estados do norte, como Minnesota e Dakota do Sul, a previsão é de nevascas com ventos de 100 quilômetros por hora e acúmulo de até 30 centímetros de neve. Fonte: Associated Press.

Os bombardeios americanos contra alvos dos rebeldes houthis no Iêmen mataram pelo menos nove civis e feriram outros nove em Sanaa, capital do país, segundo informou neste sábado, 15, Anees al-Asbahi, porta-voz do ministério da saúde controlado pelo grupo.

Imagens que circulam na internet mostram colunas de fumaça preta sobre a área do complexo do aeroporto de Sanaa, que inclui uma extensa instalação militar. Moradores relataram que pelo menos quatro ataques aéreos atingiram o bairro Eastern Geraf, no distrito de Shouab, ao norte da capital. "As explosões foram muito fortes", disse Abdallah al-Alffi, morador da região. "Foi como um terremoto."

Nasruddin Amer, vice-chefe do escritório de mídia dos houthis, afirmou que os bombardeios não vão dissuadir o grupo, que promete retaliar contra os Estados Unidos. "Sanaa continuará sendo o escudo e o apoio de Gaza e não a abandonará, não importam os desafios", acrescentou em mensagem nas redes sociais.

O presidente Donald Trump anunciou a operação enquanto passava o dia no Trump International Golf Club em West Palm Beach, Flórida. O ataque foi realizado exclusivamente pelos EUA, segundo uma autoridade americana, sem participação de Israel ou do Reino Unido, países que também já bombardearam alvos houthis no passado.

A operação ocorre poucos dias depois de os houthis anunciarem que retomariam ataques contra embarcações israelenses em águas próximas ao Iêmen, em resposta ao bloqueio de Israel a Gaza. Segundo o grupo, as ameaças valem para o Mar Vermelho, o Golfo de Áden, o Estreito de Bab el-Mandeb e o Mar Arábico.

O escritório de mídia dos houthis afirmou que os ataques americanos atingiram "um bairro residencial" no distrito de Shouab. Para os houthis, as agressões elevam seu perfil em um momento em que enfrentam problemas econômicos e intensificam a repressão aos dissidentes e trabalhadores humanitários em meio à guerra civil que há uma década desestrutura o país mais pobre do mundo árabe.

Os bombardeios acontecem duas semanas após Trump enviar uma carta aos líderes iranianos oferecendo um caminho para retomar conversas bilaterais sobre o programa nuclear do Irã. Ao mesmo tempo, o presidente americano adotou uma postura mais dura ao reinstituir a designação de "organização terrorista estrangeira" para os houthis e prometeu responsabilizar Teerã pelas ações do grupo rebelde, como parte de sua estratégia de "pressão máxima" contra o regime iraniano. Fonte: Associated Press.