Fundação ligada à USP diz que vai aperfeiçoar transparência sobre emendas

Política
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Após o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberar o repasse de emendas parlamentares à Fundação Faculdade de Medicina (FFM), a entidade informou que vai aperfeiçoar a transparência sobre a aplicação dos recursos.

O diretor-presidente da FFM, Arnaldo Hossepian Junior, afirma ao Estadão que a instituição está à disposição dos órgãos de controle. "A FFM reitera seu compromisso de aperfeiçoar, cada vez mais, a publicidade e a transparência de suas ações no manuseio de recursos públicos, algo sempre escasso, sobretudo na área da saúde."

A FFM é uma entidade sem fins lucrativos que atua em apoio às atividades da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e do Hospital das Clínicas, maior complexo hospitalar da América Latina.

A fundação foi citada em um relatório da CGU sobre organizações não governamentais e entidades do terceiro setor que, segundo a Controladoria-Geral da União, não adotam mecanismos adequados de transparência ou não divulgam informações sobre a aplicação de verbas de emendas parlamentares.

Dino liberou o dinheiro após a própria Controladoria-Geral da União informar que a FFM promoveu ajustes e agora cumpre integralmente as exigências para receber os recursos. A decisão também beneficia outras oito entidades.

"Consoante atestado pela CGU, não existe, no atual momento, impedimento de repasses de emendas pelos Ministérios setoriais", escreveu o ministro.

A CGU concluiu que a Fundação Faculdade de Medicina "disponibiliza página de transparência de fácil acesso", com informações sobre as emendas parlamentares empenhadas entre 2020 e 2024, "e, portanto, cumpre os requisitos de transparência".

Flávio Dino é relator de uma ação sobre a distribuição das emendas parlamentares. O ministro estabeleceu critérios de transparência e rastreabilidade que precisam ser cumpridos pelo Congresso ao direcionar os recursos. Também cobrou adequações de ONGs e entidades do terceiro setor que recebem dinheiro público. O objetivo é permitir o monitoramento da aplicação das emendas.

Mais cedo, Dino convocou uma audiência de "contextualização e conciliação" para avaliar o cumprimento das decisões do STF sobre o tema. A reunião com representantes do Executivo e do Legislativo foi marcada para 27 de fevereiro. O ministro formulou 15 questionamentos e aguarda respostas na reunião. Em paralelo, e também por ordem do ministro, a Polícia Federal investiga se houve irregularidades na liberação das emendas.

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Milhares de manifestantes se reuniram em várias cidades dos EUA nesta quarta, 5, para protestar contra as primeiras ações do governo de Donald Trump, criticando desde a repressão à imigração até o retrocesso nos direitos de pessoas transgênero e uma proposta de transferência forçada de palestinos da Faixa de Gaza.

Manifestantes exibiam cartazes denunciando Trump, Elon Musk e o Projeto 2025, um plano de direita radical para o governo e sociedade dos EUA. "Democracia não é um esporte para espectadores! Faça algo", dizia um cartaz segurado por um manifestante em Filadélfia.

Os protestos são fruto de um movimento organizado online. Sites e redes sociais divulgaram chamadas para a ação com mensagens como "rejeitar o fascismo" e "defender nossa democracia". Em Lansing, Michigan, cerca de 1.000 pessoas se reuniram em temperaturas abaixo de zero. Uma das manifestantes fez um cartaz retratando Musk manipulando Trump com o braço esticado, evocando um gesto interpretado por alguns como uma saudação nazista.

Em Columbus, Ohio, manifestantes gritaram: "Acorda, EUA! Pare o golpe em andamento!". Em várias cidades, os protestos criticaram Musk e o Departamento de Eficiência Governamental. "DOGE não é legítimo", dizia um cartaz na escadaria do Capitólio Estadual em Jefferson, Missouri. "Por que Elon tem suas informações da Previdência Social?"

Membros do Congresso expressaram preocupações de que a participação do DOGE no sistema de pagamentos do governo dos EUA possa causar riscos à segurança ou erros em pagamentos de programas como Previdência Social e Medicare. Em Montgomery, Alabama, centenas protestaram contra ações estaduais e federais contra a comunidade LGBTQ+.

Quando Elon Musk lançou o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), o presidente da Câmara, Mike Johnson, previu grandes mudanças na administração de Trump. Três semanas depois, a mudança é uma disrupção sem precedentes: desmantelando programas de longa data, gerando indignação pública e desafiando o papel do Congresso.

Trabalhadores do governo são pressionados a se demitir, agências estão sendo fechadas, o financiamento federal foi temporariamente congelado e informações sensíveis do Departamento do Tesouro foram abertas à equipe DOGE de Musk, em uma violação de privacidade.

"Isso é uma erosão da nossa democracia", disse Brian Riedl, conselheiro econômico republicano. Trump nomeou Musk para mexer nos bastidores da democracia americana. O Congresso tem mostrado pouca capacidade de conter o Doge, enquanto uma série de processos judiciais exige intervenções para parar o desmonte do governo. "O que quer que o Doge esteja fazendo, certamente não é o que a democracia parece", afirmou Chuck Schumer, líder democrata do Senado.

Musk e Trump estão desafiando as normas e tentando reduzir o tamanho do governo federal. Embora o Congresso tenha o poder de financiar operações do governo, Trump está testando a ideia de "impedir" fundos federais. Alguns republicanos dizem estar confortáveis com a pausa de certas operações federais, como a USAID, e o fechamento do Departamento de Educação está nos planos. "Temos supervisão", disse o senador Thom Tillis.

A suspensão de fundos para a USAID está sendo vista como um teste para a Lei de Controle de Impugnação, enquanto Doge acessou informações privadas do Tesouro. Na segunda-feira, a juíza Loren L. AliKhan criticou as ações da administração, afirmando que violam a separação de poderes.

A senadora Patty Murray expressou preocupação sobre como o Congresso avançará para financiar o governo até 14 de março, questionando se o governo seguirá a legislação. Quando questionado sobre a autoridade de Trump para fechar agências, Johnson afirmou: "Não tenho todas as respostas."

A CIA confirmou nesta quarta, 5, que ofereceu pacotes de rescisão para funcionários que se demitirem voluntariamente, sendo este o último grupo de trabalhadores visado pela iniciativa do presidente Donald Trump para transformar o governo federal. Um porta-voz da CIA se recusou a informar quantas pessoas receberam as ofertas ou se há um prazo para a decisão.

O Escritório de Gestão de Pessoal de Trump já ofereceu a milhões de trabalhadores federais cerca de 8 meses de salários caso aceitem deixar seus postos até amanhã. A CIA e outras agências de segurança nacional estavam inicialmente isentas, mas as ofertas da CIA sugerem que poucos setores do governo escaparão da reformulação do republicano.

Trump sempre criticou as agências de inteligência dos Estados Unidos, e seu novo diretor da CIA, John Ratcliffe, prometeu grandes mudanças, afirmando que a CIA se afastou de seu foco original em inteligência coletada por humanos. Em comunicado, a CIA afirmou que as ofertas de rescisão fazer parte de um esforço de Ratcliffe para agir rapidamente "a fim de garantir que a força de trabalho da CIA seja responsiva às prioridades de segurança nacional da Administração".

Desde que assumiu o cargo no mês passado, Trump iniciou uma tentativa de reduzir e reformular várias agências federais, principalmente a USAid, que foi amplamente desmontada por Trump e por Elon Musk, líder do chamado Departamento de Eficiência Governamental do republicano. Especialistas em segurança nacional alertaram que cortes profundos na CIA e em outras agências podem colocar vidas em risco ao prejudicar suas missões ou reduzir o fluxo de inteligência entre os EUA e seus aliados.