João Campos, prefeito do Recife, é lançado candidato à presidência do PSB

Política
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O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, anunciou na quinta-feira, 6, a candidatura do prefeito do Recife (PE), João Campos, para sucedê-lo na liderança do partido. A decisão foi comunicada durante reunião do Diretório Nacional, que ocorreu de forma presencial e virtual.

João Campos, que tem 31 anos, deve ter seu nome apresentado no 16º Congresso Nacional do PSB, marcado para os dias 30 e 31 de maio e 1º de junho, em Brasília. Siqueira defendeu a escolha como parte de uma renovação interna.

"Um jovem muito promissor, que tem na sua juventude uma maturidade extraordinária, esta é uma mudança geracional necessária e que aponta para uma perspectiva muito positiva para o PSB", afirmou.

A reunião contou com a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, do ministro do Empreendedorismo, Márcio França, e dos governadores Renato Casagrande, do Espírito Santo, e João Azevêdo, da Paraíba.

Siqueira elogiou Campos por sua atuação política e capacidade de comunicação num cenário de polarização. "Com a juventude que João representa e um programa moderno que conseguimos construir na autorreforma do PSB, acredito que o partido se projeta com força para futuras disputas", disse.

O presidente do PSB também destacou que João Campos se adapta bem ao ambiente digital e tem domínio sobre novas formas de comunicação. "Acredito que à frente do partido, com o apoio de todos os companheiros, como aconteceu comigo, João cumprirá um papel importante em favor do crescimento do partido."

Siqueira aproveitou a ocasião para se despedir do cargo. Ele está à frente da sigla desde 2014, quando assumiu após a morte do ex-governador Eduardo Campos. "O agradecimento que faço hoje é comovido. Estou feliz, sei que cometi erros, peço desculpas por eles porque somos humanos e, naturalmente, ninguém é perfeito, muito menos eu", afirmou.

O dirigente ressaltou que, apesar das mudanças de liderança, o partido segue fortalecido. "São as pessoas que fazem a instituição, mas a instituição vai subsistir e continuar sua história, nada obstante às pessoas que são importantes, mas que partem ou deixam suas funções, como é o meu caso em maio próximo", disse.

Durante a reunião, também foram aprovadas as datas dos congressos municipais, estaduais e nacional do partido em 2025. Os encontros zonais, municipais e distritais ocorrerão entre 1.º e 31 de março, e os estaduais entre 1.º e 30 de abril.

O tema central do 16.º Congresso Nacional será "Brasil - Potência Criativa e Sustentável", com debates sobre conjuntura política, fortalecimento do partido para as eleições de 2026, economia verde e multilateralismo.

O evento também contará com uma homenagem ao pianista Arthur Moreira Lima, filiado ao PSB, que morreu em outubro de 2024, e ao ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela.

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O presidente do Equador, Daniel Noboa, busca a reeleição como mandatário do país e quer se manter mais quatro anos no poder. Para as eleições que acontecerão no domingo, 9, ele lidera as pesquisas de intenção de voto, depois de ter assumido o cargo há um ano e quatro meses com a promessa de aplicar "mão dura" ao crime que mergulhou o país no medo e na violência.

Sob o regime de Noboa, o Equador enfrentou cortes de energia no último trimestre de 2024, que chegaram a durar até 14 horas por dia sem energia. A medida custou perdas de US$ 7,5 bilhões nos setores comercial e produtivo, segundo associações empresariais do país. Sem apresentar dados, autoridades equatorianas atribuíram a situação a uma seca severa.

A crise energética fez com que a popularidade do presidente caísse de 52% em agosto para 36% no início deste ano. Apesar dos desafios, no entanto, ele segue na ponta da atual eleição, seguido por Luisa González, do partido de esquerda Revolução Cidadã. Os restantes 14 candidatos têm menos de 2% de intenção de voto e os indecisos totalizam cerca de 24%.

"O Equador já mudou e quer continuar mudando", defendeu ontem, no encerramento de sua campanha. Anteriormente, Noboa disse que políticos que se incomodam com seu trabalho contra o crime organizado, fazem parte das máfias.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) condenou a Ordem Executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impõe sanções aos oficiais do tribunal, além de prejudicar o trabalho "independente e imparcial". Em declaração publicada nesta sexta-feira, o TPI promete "continuar fornecendo justiça e esperança a milhões de vítimas inocentes de atrocidades em todo o mundo, em todas as situações".

"Apelamos aos nossos 125 Estados-Membros, à sociedade civil e a todas as nações do mundo para que se unam pela justiça e pelos direitos humanos fundamentais", pediu em nota oficial.

A presidente da Comissão da União Europeia (UE), Ursula von der Leyen, escreveu em publicação no X, antigo Twitter, que o trabalho do TPI deve prosseguir livremente a luta contra a impunidade global. "A Europa sempre defenderá a justiça e o respeito ao direito internacional", disse.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu que sancionar o TPI "ameaça a independência do Tribunal e prejudica o sistema de justiça criminal internacional como um todo", também em postagem no X.

O governo Donald Trump enviou um total de 111 brasileiros deportados no voo que chega nesta sexta-feira, dia 7, ao Brasil. O contingente é maior do que o anterior. Em janeiro, um voo com 88 nacionais removidos dos Estados Unidos abriu uma crise diplomática entre os países.

O avião fretado pelo governo dos EUA decolou ainda na madrugada, às 2h da manhã, de Alexandria, Louisiana, e fez uma parada técnica pela manhã em Aguadilla, Porto Rico. A segunda decolagem ocorreu por volta das 10h, com destino direto a Fortaleza (CE).

A previsão é que o Airbus A320 da GlobalX, de prefixo N276GX, aterrisse por volta das 16h no Aeroporto Internacional de Fortaleza.

Após procedimentos de imigração e acolhimento por parte do governo federal, outra aeronave da Força Aérea Brasileira vai levar, excepcionalmente, os deportados até o Aeroporto Internacional de Confins, em Minas Gerais - tradicional destino desses voos desde 2018.

O governo brasileiro e autoridades dos EUA no Brasil monitoram em tempo real este deslocamento aéreo. Pela primeira vez, como uma experiência, o voo com os deportados foi direcionado ao Ceará, por causa da posição geográfica mais próxima dos EUA, a fim de encurtar a operação.

Autoridades dos dois países vão avaliar posteriormente esse modelo de operação com chegada no Ceará. A priori, o governo federal não pretende manter uma linha da FAB até Confins para os próximos voos, e rejeita a possibilidade de buscá-los com avião militar em território americano, como outros países anunciaram e já fizeram.

Mudanças

O governo brasileiro pediu mudanças na operação aérea e faz preparativos por causa do recrudescimento da política migratória de Trump, que promete deportações em massa. Os EUA contabilizam cerca de 38 mil brasileiros com ordem final de deportação. Eles não possuem mais direito a recurso.

A rota Louisiana-Porto Rico-Ceará é nova. Os voos passaram por alterações logísticas sugeridas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva para abreviar o tempo que os deportados viajam sujeitos a estarem algemados e acorrentados pelos pés.

Embora a medida seja praxe por parte das autoridades americanas, durante o primeiro voo sob a gestão Trump, realizado em 24 de janeiro, houve uma série de problemas e tumulto na aeronave, que tinha problemas no sistema de ar-condicionado, e fez paradas no Panamá e em Manaus (AM).

O governo protestou contra a aplicação de algemas e correntes nos passageiros, indiscriminadamente, e dentro do território brasileiro, e queixou-se dos relatos de maus tratos e agressões por parte dos agentes de segurança dos EUA.

Desde então, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, fez ao menos três reuniões - duas no Itamaraty e uma no Palácio do Planalto. Ele é o atual chefe do posto.

Em uma das conversas, Escobar lamentou os problemas com o voo de janeiro, um pedido de desculpas, segundo testemunhas do encontro relataram ao Estadão. O episódio foi mantido em sigilo.

Relação discreta

O Itamaraty quer uma relação discreta e pragmática que não abale a cooperação, embora tenha divergências de métodos. Do lado da embaixada, há apreensão com as novas práticas da gestão Trump e temor de Washington possa se incomodar.

As mudanças foram combinadas ao longo desta semana, em reuniões do grupo de trabalho sobre os voos de deportação. Participaram autoridades do Itamaraty, do Ministério da Justiça e Segurança Pública e da Polícia Federal, representando o Brasil. Pelos EUA, participaram representantes da Embaixada em Brasília e do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês).

O governo Lula quer abreviar ao máximo os voos e enfatizou que não vai aceitar que os deportados sejam mantidos algemados e acorrentados a partir do pouso no destino final, em solo brasileiro. Embora o espaço aéreo do País também esteja sob jurisdição nacional, a diplomacia entende que a última palavra sobre medidas de segurança a bordo durante o sobrevoo deve ser do comandante da aeronave americana.

O primeiro grupo de brasileiros deportados dos EUA na era Trump chegou no aeroporto de Confins (MG) no dia 25 de janeiro

O primeiro grupo de brasileiros deportados dos EUA na era Trump chegou no aeroporto de Confins (MG) no dia 25 de janeiro Foto: FAB/Reprodução

O governo também tem pedido para que a lista de passageiros seja compartilhada pelo ICE com mais antecedência, a fim de que a Polícia Federal possa fazer checagens necessárias, e já começou a acompanhar o embarque in loco, nesta sexta-feira, por meio de um diplomata do Consulado-Geral do Brasil em Houston, no Texas.

O Brasil passou a aceitar receber os deportados, em regras acordadas diplomaticamente em 2018 e 2021, para evitar que ficassem detidos por mais tempo nos EUA, já sem chances de reverter o processo e permanecer.

O governo Lula trata a operação como uma "repatriação" e montou um esquema de recepção e apoio, que mobiliza também o governo cearense. Os deportados serão recepcionados em postos de acolhimento humanizado, em Fortaleza e Confins, onde receberão assistência social, acesso à internet e carregador de celular para contato com familiares, bem como orientações de saúde e busca de trabalho.