STF manda afastar presidente da Assembleia Legislativa da Bahia do cargo

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira, 10, o afastamento do deputado estadual Adolfo Menezes (PSD) do cargo de presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Assumiu interinamente a 1ª vice-presidente, Ivana Bastos (PSD).

O relator considerou que a decisão do Tribunal de Justiça da Bahia que manteve a recondução de Menezes ao cargo, que cumpre um terceiro mandato na presidência da Assembleia, violou o entendimento firmado pelo STF sobre a reeleição para as Mesas Diretoras do Poder Legislativo estadual.

O deputado afirmou em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, que "todos sabiam de uma possível decisão do Supremo" e que a defesa dele vai avaliar a possibilidade recorrer da decisão.

Procurada pelo Estadão, a Assembleia Legislativa da Bahia não se pronunciou sobre decisão do ministro do STF.

O Supremo definiu, em dezembro de 2022, o limite de uma única reeleição ou recondução para a formação das Mesas das Assembleias Legislativas eleitas após janeiro de 2021. Ou seja, as eleições ocorridas até 7 de janeiro de 2021, data de publicação da ata de julgamento da ADI 6524, não devem ser computadas para fins de inelegibilidade em novos pleitos posteriores.

O deputado Adolfo Menezes foi eleito, pela primeira vez, para ocupar o cargo de presidente da Mesa Diretora da Assembleia da Bahia em 1º de fevereiro de 2021, com mandato até fevereiro de 2023. Ou seja, Menezes tomou posse após o entendimento do STF sobre o número de reeleições para o cargo.

Seguindo a decisão da Corte, Adolfo Menezes concluiu o primeiro mandato e foi reconduzido como presidente da Alba em fevereiro de 2023, com mandato até o dia 1º deste mês. Dois dias depois, no dia 3, o atual presidente se apresentou novamente como candidato para um terceiro mandato, o que é vedado pelo entendimento do STF.

Com base na decisão, o deputado estadual Hilton Coelho (PSOL), que disputou a eleição para Mesa Diretora da Assembleia contra Menezes alegou, em reclamação ao STF, que Adolfo Menezes foi eleito para a presidência do Legislativo estadual em 2021, reconduzido em 2023 e, neste ano, eleito para o terceiro mandato consecutivo.

Ao avaliar o caso, o ministro Gilmar Mendes lembrou que, em 2022, o Supremo vedou a recondução ilimitada de integrantes da Mesa Diretora do Poder Legislativo estadual. Além disso, de acordo com o ministro, "a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa da Bahia ao chancelar a candidatura do deputado Adolfo Menezes para, assim, concorrer à reeleição da presidência da referida Casa Legislativa, ofendeu a autoridade das decisões desta Corte, porquanto culminou-se no terceiro mandato consecutivo de presidente do Poder Legislativo daquele Estado".

Em decisão liminar, Gilmar Mendes determinou o afastamento de Menezes até o julgamento do mérito da reclamação.

"Feitas essas considerações e sem prejuízo de melhor análise por ocasião do julgamento de mérito, a mim me parece que a reeleição sucessiva de Adolfo Menezes ao cargo de presidente da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia ao terceiro biênio consecutivo ofende o entendimento estabelecido no julgamento das ADIs 6688, 6698, 6714 e 7016, que assentaram a impossibilidade de reeleição ilimitada ao mesmo cargo da mesa diretora do Poder Legislativo", afirmou o ministro na decisão.

Adolfo Menezes diz que recebeu "com tranquilidade" a decisão. "Recebo com tranquilidade, até porque todos vocês são testemunhas que todas as vezes que eu me manifestei, no próprio dia de eleição, em todas as minhas entrevistas, nós já sabíamos, a Casa toda sabia, de uma possível decisão do Supremo a respeito da minha recondução pela terceira vez", afirmou.

Segundo o presidente afastado da Assembleia, a defesa avalia a possibilidade de um recurso ao Supremo.

"Eu estou preparado para tudo. Os advogados vão ver se cabe algum recurso, alguma contestação. Essa decisão do ministro vai ser levada ao plenário da Corte, me parece que já no dia 28, e vamos ver o que acontece. Caso eu não fique, com toda tranquilidade, como a decisão dele não anula a eleição, só pede explicações e me afasta temporariamente, vamos ver, torcer para a deputada Ivana ficar como vice-presidente", afirmou.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que o Hamas talvez "não cumpra o prazo para liberação de reféns" israelenses, que se encerra no próximo sábado. Durante coletiva de imprensa, o republicano afirmou que, "se o Hamas não soltar os reféns até sábado (15), tudo pode acontecer", sem fornecer mais detalhes. Trump também ressaltou que espera a libertação total dos reféns israelenses, sem liberações graduais e pontuais, como as que vêm sendo feitas atualmente.

O presidente americano também recuou de declarações anteriores e afirmou que os Estados Unidos não irão "comprar" a Faixa de Gaza, como havia sugerido na semana passada. Segundo ele, o país pretende controlar o território "de maneira eficiente" e "assegurar a paz no local". "Não vamos comprar Gaza, pois não há razão para comprá-la", acrescentou. No domingo, 9, Trump havia dito estar "comprometido em comprar e ser dono de Gaza".

Trump garantiu que os Estados Unidos trabalharão para restaurar a paz no Oriente Médio, especialmente por meio do controle da Faixa de Gaza pelos americanos. "Os palestinos vão viver de maneira segura em outro lugar que não seja Gaza. Eles não serão mais mortos pelo Hamas e vamos passá-los para um local lindo em que viverão em paz", afirmou. "Conheço o povo palestino muito bem e eles querem paz."

O republicano também anunciou planos de longo prazo para a região, incluindo a construção de complexos de hotéis e escritórios após o fim do conflito entre Israel e Hamas. "Quando Gaza se desenvolver, muitos empregos serão gerados por lá" para o povo palestino, completou.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, deu nesta terça-feira, 11, um ultimato para que o Hamas entregue os reféns israelenses mantidos na Faixa de Gaza até o sábado, 15. Caso contrário, ele afirma que a guerra na Faixa de Gaza será retomada, com combates intensos. A ameaça foi feita um dia depois de o Hamas alegar que Israel descumpriu termos do cessar-fogo e suspender a libertação.

"Se o Hamas não devolver os reféns até o meio-dia de sábado, o cessar-fogo terminará e o Exército de Israel retomará combates intensos até que o Hamas seja finalmente derrotado", disse Netanyahu em mensagem de vídeo publicada nas redes sociais.

"À luz do anúncio do Hamas de sua decisão de violar o acordo e não libertar nossos reféns, ontem (segunda, 10) à noite ordenei que a IDF reunisse forças dentro e ao redor da Faixa de Gaza. Essa operação está sendo realizada neste momento. Ela será concluída em um futuro muito próximo", acrescentou o premiê.

Em paralelo, o presidente americano, Donald Trump, que também exigiu que o grupo terrorista liberte os reféns no fim de semana, disse que não acredita que o Hamas cederá à pressão, o que levaria ao colapso da trégua.

No pronunciamento, o primeiro-ministro israelense também saudou o papel de Trump na pressão para libertar os reféns e sua "visão revolucionária do presidente para o futuro de Gaza".

Netanyahu estava ao lado de Trump quando ele sugeriu que os Estados Unidos deveriam assumir o controle da Faixa de Gaza, deslocando os palestinos de forma

permanente. A ideia foi rechaçada até mesmo por aliados dos EUA.

Na segunda-feira, 10, Trump já tinha dito que o cessar-fogo deveria ser cancelado, caso o Hamas não libertasse o restante dos reféns israelenses até sábado.

Nesta tarde, no entanto, o presidente americano aparentou pessimismo. "Tenho um prazo até sábado, mas não acho que [eles agirão antes] desse prazo", disse ele na Casa Branca ao receber o rei Abdullah II da Jordânia.

O grupo terrorista, que acusa Israel de violar o acordo de cessar-fogo, disse ontem que a próxima liberação de reféns seria adiada por tempo indeterminado. A troca dos israelenses sequestrados no atentado de 7 outubro por prisioneiros palestinos é parte do frágil cessar-fogo em vigor na Faixa de Gaza. Até agora, o Hamas entregou 16 dos 33 reféns que devem ser libertos nesta primeira etapa do acordo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou nesta terça-feira, 11, retomar os combates na Faixa de Gaza, a menos que seus reféns em Gaza sejam libertados.

O cessar-fogo foi questionado, pois o Hamas alega que Israel violou as principais cláusulas, o que o levou a cancelar a libertação de mais três reféns no próximo sábado, dia 15.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encorajou o governo israelense a pedir a libertação dos reféns restantes, em vez dos três programados para serem libertados na próxima troca.