CNJ abre processo para investigar desembargador indiciado na Operação Churrascada

Política
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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu nesta terça-feira, 11, por unanimidade, abrir um processo disciplinar para investigar administrativamente a conduta do desembargador Ivo de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo, indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, associação criminosa, advocacia administrativa e violação de sigilo funcional na Operação Churrascada. Os conselheiros também decidiram afastá-lo das funções até a conclusão do procedimento.

Ivo de Almeida já está afastado do trabalho por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde tramita a Operação Churrascada. O STJ decretou seu afastamento por um ano, prazo que vence em junho. Com a decisão do CNJ, ele não deve reassumir o cargo neste ano.

O advogado Átila Machado, que representa o desembargador, afirma que terceiros "vendiam a credibilidade" dele. Segundo o magistrado, seu nome foi usado por terceiros, pessoas do seu convívio, para negociar decisões, mas tudo sem que tivesse conhecimento. "As tratativas espúrias realizadas por terceiros não fizeram vacilar, em momento algum, o justo mister do desembargador", alegou o advogado na defesa prévia encaminhada ao CNJ.

Os policiais federais fizeram buscas no gabinete e na casa do desembargador, onde apreenderam R$ 170 mil em dinheiro vivo. A defesa alega que as movimentações financeiras de Ivo de Almeida estão declaradas e que sua evolução patrimonial é compatível com a renda. O dinheiro em espécie, segundo o advogado, é referente a pagamentos do restaurante da mulher dele.

O magistrado também é alvo de outra investigação, por suspeita de rachadinha. A PF identificou depósitos fracionados feitos por servidores na conta do desembargador. A defesa alega que o dinheiro foi repassado em uma campanha de doações de cestas básicas coordenada por ele na pandemia da covid-19. "Um ato de extrema bondade e cuidado com o próximo foi distorcido e demonizado à máxima potência", diz o advogado.

O processo disciplinar foi instaurado por sugestão do ministro Mauro Campbell Marques, corregedor do CNJ, que classificou as acusações da Polícia Federal como "contundentes" e "fortemente embasadas". Ele defendeu a apuração para aprofundar a análise do caso.

"Considero que esse conjunto de fatos indiciários reunidos em desfavor do senhor Ivo de Almeida foram capazes de configurar a chamada justa causa para a deflagração do procedimento administrativo disciplinar", disse o corregedor.

Em um voto de 50 páginas, Campbell Marques disse ver indícios de violação dos deveres de independência, prudência, imparcialidade, integridade, honra e decoro.

"A defesa não explicou a contento o comportamento processual de Ivo de Almeida ao realizar despachos de ofício proferindo decisões favoráveis em datas coincidentes com depósitos realizados na conta bancária de postos de gasolina pertencentes a operadores", argumentou.

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do CNJ, afirmou que o processo disciplinar não é uma "presunção de culpa", mas uma "oportunidade" para a defesa prestar esclarecimentos. "É abrir uma oportunidade para que os muitos pontos destacados no inquérito policial e enfrentados pelo advogado possam ser objeto da demonstração do exercício da defesa."

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O presidente americano Donald Trump assinou nesta terça-feira, 10, uma ordem executiva que convoca agências federais dos Estados Unidos a trabalhar com o departamento de Elon Musk, em um novo um esforço de corte de funcionários do governo federal. A assinatura foi antecedida por um encontro de Trump e Musk no Salão Oval da Casa Branca.

A ordem pede que os líderes da agência limitem a contratação a cargos "essenciais", preparem-se para grandes reduções de força e reduzam os preenchimentos após saídas de funcionários. A ordem inclui algumas exceções, como permitir mais contratações de pessoal de segurança nacional e de aplicação da lei.

Segundo a nova ordem executiva, acessada pelo jornal Washington Post, as agências só poderão contratar um novo funcionário para cada quatro que saírem, após o fim do atual congelamento de contratações federais.

O documento também observa que o pessoal e as funções "essenciais para a segurança nacional, segurança pública, aplicação da lei e aplicação da lei de imigração" estão isentos da ordem.

Trump colocou Musk no comando do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) para ajudar a eliminar desperdício, fraude e abuso nos gastos e reduzir a força de trabalho federal de mais de 2 milhões de pessoas.

No Salão Oval nesta terça-feira, o bilionário dono da Tesla e do X fez seus primeiros comentários públicos sobre seu trabalho de supervisão do departamento. Ele afirmou que quer adicionar "controles de senso comum" aos gastos federais e que o dinheiro do contribuinte deve ser gasto com sabedoria.

Musk, sem evidências, ainda declarou que alguns funcionários da agora extinta Usaid estavam recebendo "propinas". Ele disse que "algumas pessoas" na burocracia de alguma forma "conseguiram acumular dezenas de milhões de dólares em patrimônio líquido enquanto estavam nessa posição".

Ele também afirmou que alguns beneficiários de cheques da Previdência Social tinham até 150 anos.

Trump e Musk estão pressionando os funcionários federais a renunciarem em troca de incentivos financeiros, embora o plano esteja atualmente suspenso enquanto um juiz analisa sua legalidade.

O programa de demissão diferida, comumente descrito como uma aquisição, permitiria que os funcionários pedissem demissão e ainda recebessem até 30 de setembro. Autoridades do governo Trump disseram que mais de 65 mil trabalhadores aceitaram a oferta. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O Canadá nomeou um novo "czar do fentanil" do país, cumprindo a promessa feita ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para ajudar a evitar uma tarifa de 25% sobre as exportações do país com destino ao território americano.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, informou que escolheu Kevin Brosseau, com início imediato. Brosseau era o conselheiro adjunto de segurança nacional de Trudeau, após uma carreira na Polícia Montada Real Canadense e em outros postos.

"Brosseau trabalhará em estreita colaboração com os homólogos dos EUA e agências de aplicação da lei para acelerar o trabalho contínuo do Canadá para detectar, interromper e desmantelar o comércio de fentanil", de acordo com comunicado.

O Canadá está tomando medidas significativas para interromper a produção e o tráfico de fentanil ilegal, ampliando a capacidade de detecção nas entradas de fronteira para encontrar drogas e armas ilegais e reduzir o tempo de processamento de contêineres de carga, diz o governo. O país está ainda construindo um centro canadense de análise de drogas para avaliar amostras de drogas ilegais e identificar onde e como essas drogas são fabricadas.

Trudeau prometeu a Trump que nomearia um czar do fentanil e reforçaria os esforços para conter o fluxo de drogas ilegais para os EUA. Em troca, Trump proporcionou um adiamento temporário da tarifa de 25% que ameaçou impor às importações do Canadá e do México devido ao que ele disse serem medidas frouxas de segurança nas fronteiras dos dois vizinhos da América.

O papa Francisco afirmou nesta terça-feira, 11, que a política de deportações em massa adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é uma violação à dignidade humana. Em resposta, o chefe do governo americano para a fronteira, Thomas Homan, disse que o pontífice deveria cuidar "dos assuntos da Igreja Católica".

A crítica do papa foi registrada em uma carta aberta enviada aos bispos americanos. "Eu tenho acompanhado de perto a grande crise que está ocorrendo nos EUA com o início de um programa de deportações em massa", escreve Francisco na carta. "O que é baseado na força, e não na verdade sobre a igual dignidade de cada ser humano, começa mal e terminará mal", acrescenta.

Não foi a primeira vez que o papa Francisco se posicionou em defesa dos migrantes. Em diversas ocasiões, ele falou contra o que considera políticas migratórias não acolhedoras e não cristãs ao redor do mundo. Ele já havia criticado Trump durante as eleições do ano passado, mas esta foi a primeira vez que falou abertamente após o início do governo do republicano.

Após a publicação da carta, o chefe da fronteira de Trump, Thomas Homan, respondeu ao papa em uma coletiva de imprensa concedida na Casa Branca. "Quero que ele cuide dos assuntos do Vaticano e deixe a fiscalização das fronteiras conosco", afirmou.

"Querem nos atacar porque garantimos a segurança de nossas fronteiras? Há um muro ao redor do Vaticano, certo? Não podemos ter um muro ao redor dos Estados Unidos", acrescentou.

Na carta, o papa reconhece "o direito de uma nação de se defender e de manter as suas comunidades a salvo daqueles que cometeram crimes violentos ou graves enquanto estavam no país ou antes de chegarem", mas diz que deportar pessoas em situação de vulnerabilidade "prejudica a dignidade de muitos homens e mulheres, e de famílias inteiras".

Segundo especialistas, o tom adotado pelo pontífice na carta difere de outras críticas do papa aos EUA. "Isso aumenta a intensidade do conflito (de relacionamento entre EUA e Vaticano)", disse Massimo Faggioli, professor de teologia na Universidade Villanova, na Pensilvânia.

Trump promoveu uma abordagem conservadora e religiosa durante a campanha eleitoral e tem membros católicos no seu governo, como o vice-presidente J.D. Vance.

O presidente, que declarou que "Deus salvou" a sua vida quando um homem lhe disparou durante um comício na Pensilvânia em plena campanha eleitoral, ordenou por decreto a abertura de um Gabinete de Fé na Casa Branca, dirigido pela televangelista Paula White, sua conselheira espiritual.

"Isso mudou alguma coisa em mim", confessou o republicano durante um café da manhã de oração no Capitólio na semana passada. "Eu acreditava em Deus, mas agora sinto isso com muito mais força", declarou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)