Desembargadores do TRT do Rio condenados a até 20 anos de prisão receberam R$ 6,8 mi em propina

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O esquema de corrupção que levou à condenação de três desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da 1.ª Região (TRT1), no Rio de Janeiro, movimentou R$ 6,8 milhões entre 2017 e 2020, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Marcos Pinto da Cruz, Fernando Antônio Zorzenon da Silva e José da Fonseca Martins Junior foram condenados por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. A sentença da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi aplicada na última quinta, 13. O desembargador Antonio Carlos de Azevedo Rodrigues foi absolvido por unanimidade.

"O conjunto probatório revela-se coeso, harmonioso e evidencia a sincronia da ação de corruptos e corruptores no mesmo sentido da prática criminosa comum", afirmou a ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, no voto que foi seguido por todos os ministros.

O advogado Pierpaolo Cruz Bottini, que representa o desembargador Marcos Pinto da Cruz, disse que a "defesa confia na justiça e vai recorrer da decisão para que sejam esclarecidos alguns pontos, e, eventualmente, seguirá para o Supremo Tribunal Federal".

Até a publicação deste texto, a reportagem do Estadão havia pedido manifestação da defesa de Fernando Antônio Zorzenon da Silva e buscado contato com os advogados de José da Fonseca Martins Junior, mas sem sucesso. O espaço segue aberto.

Veja as penas impostas a cada desembargador:

- Marcos Pinto da Cruz - 20 anos e 3 meses;

- José da Fonseca Martins Júnior - 16 anos 3 meses;

- Fernando Antonio Zorzenon da Silva - 10 anos e 5 meses.

Segundo a investigação, os desembargadores montaram um esquema de corrupção em conluio com empresários, advogados e o ex-governador do Rio, Wilson Witzel, cassado em 2021.

Funcionava assim: organizações sociais e empresas que tinham valores a receber do Estado do Rio por serviços prestados em governos anteriores foram incluídas em um plano de execução de dívidas trabalhistas. Dessa forma, os pagamentos não eram repassados diretamente às empresas. O dinheiro era depositado em uma conta judicial.

O desvio acontecia por meio de escritórios de advocacia ligados aos desembargadores, segundo a PGR. De acordo com a denúncia, contratos fictícios entre as bancas de advogados e as empresas e organizações sociais eram usados para justificar pagamentos a título de honorários. Mas parte do dinheiro, na realidade, retornava aos magistrados.

As empresas e organizações sociais teriam interesse no esquema porque recebiam os pagamentos pendentes e ainda conseguiam uma certidão negativa de débitos trabalhistas.

Segundo a investigação, foram negociados R$ 13,5 milhões em propinas, do quais R$ 6,8 milhões foram efetivamente repassados aos magistrados.

Os desembargadores estão afastados dos cargos desde que foram presos temporariamente na Operação Mais Valia, em março de 2021. Juntos, eles receberam R$ 4,7 milhões líquidos de salários mesmo durante o período de afastamento. O STJ decidiu que os magistrados devem perder os cargos - a decisão só terá efeito depois que todos os recursos judiciais estiverem esgotados. Os desembargadores permanecem afastados e são remunerados normalmente.

As sentenças impostas pelo STJ devem ser cumpridas no regime fechado, mas as penas também só começarão a ser cumpridas ao final dos recursos. Os magistrados poderão recorrer em liberdade.

O processo teve como ponto de partida a delação premiada do ex-secretário estadual de Saúde do Rio Edmar Santos. Em um anexo de sua colaboração, ele afirmou que o desembargador Marcos Pinto da Cruz "indicou que o Estado deveria assumir as dívidas trabalhistas das OSs e, para isso, as OSs deveriam contratar uma advogada de nome Eduarda (Eduarda Pinto da Cruz, irmã do magistrado)". "Assim, resolveria as pendências trabalhistas dessas OSs. A grosso modo, os valores pagos a título de honorários de alguma forma retornariam para o desembargador", declarou o ex-secretário.

Na delação, Edmar Santos disse que parte da propina do desembargador Marcos Pinto da Cruz era repassada a Wilson Witzel. O processo em relação ao ex-governador tramita na primeira instância. O caso foi desmembrado e apenas os desembargadores, que têm foro privilegiado, foram julgados no STJ.

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O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou nesta segunda-feira, 10, que forças americanas realizaram bombardeios contra duas embarcações supostamente ligadas ao tráfico de drogas no Oceano Pacífico. Seis pessoas morreram no ataque em águas internacionais, de acordo com Hegseth.

"Nossa inteligência sabia que essas embarcações estavam associadas ao contrabando de narcóticos ilícitos, transportavam narcóticos e transitavam por uma rota de narcotráfico conhecida", disse Hegseth em uma postagem na rede social X, que incluía um vídeo dos barcos sendo atingidos.

O secretário de Defesa acrescentou que os bombardeios ocorreram o domingo, 9. Desde setembro, os Estados Unidos explodiram 17 barcos na região e mais de 70 pessoas foram mortas. As operações fazem parte de uma estratégia do governo Trump de combate ao narcotráfico que se concentra no Mar do Caribe.

"Como já dissemos antes, os ataques a embarcações de narco-terroristas continuarão até queo envenenamento do povo americano pare", apontou Hegseth nas redes sociais. Ele afirmou que a embarcação era "operada por uma Organização Terrorista Designada".

Esclarecimentos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, justifica os ataques alegando que os Estados Unidos estão em "conflito armado" com os cartéis de drogas, mas o governo republicano não forneceu evidências ou mais detalhes. Hegseth e o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, tiveram uma reunião com um pequeno grupo de líderes congressistas na última quarta-feira, 5, sobre a crescente campanha militar, em um dos primeiros contatos de membros do gabinete de Trump com o Congresso americano sobre o tema.

Até agora, republicanos no Capitólio estão em silêncio ou expressando confiança na campanha militar. Já os democratas disseram que o Congresso precisa de mais informações sobre como os ataques são conduzidos e a justificativa legal para ações que críticos dizem violar a lei internacional e dos EUA ao matar supostos traficantes de drogas em águas internacionais.

Na última quinta-feira, 6, senadores republicanos votaram para rejeitar uma legislação que teria limitado a capacidade de Trump de lançar um ataque contra a Venezuela.

Crise na Venezuela

Nos últimos meses, os Estados Unidos reuniram um grande contingente de navios de guerra, caças e aeronaves de vigilância na costa da Venezuela, em meio a uma campanha militar de Washington contra o que afirma serem organizações criminosas transnacionais.

Washington acusa o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, de liderar o chamado Cartel de Soles, classificado como organização terrorista pelo governo Trump. Segundo os EUA, Maduro é o responsável pelo envio de drogas ao território americano.

Por conta das acusações e o caráter bélico das operações no Caribe, analistas questionam se Washington pode de fato querer uma mudança de regime em Caracas. Em outubro, Trump autorizou operações da CIA contra a Venezuela e disse que estava considerando realizar ataques em terra contra cartéis do tráfico de drogas no país. O líder republicano ainda não tomou uma decisão sobre uma intervenção, mas o Pentágono e agências de inteligência ofereceram três alternativas de ação ao presidente Donald Trump.

A primeira opção envolveria ataques aéreos contra instalações militares venezuelanas, algumas das quais poderiam estar envolvidas no tráfico de drogas, com o objetivo de minar o apoio militar a Maduro. Se Maduro acreditar que não está mais protegido, pode tentar fugir - ou, ao se deslocar pelo país, tornar-se mais vulnerável à captura, dizem as autoridades. Mas os críticos dessa abordagem alertam que ela poderia ter o efeito oposto, fortalecendo o apoio ao líder sitiado.

Uma segunda abordagem prevê o envio de forças de Operações Especiais dos Estados Unidos, como a Força Delta do Exército ou o SEAL Team 6 da Marinha (principal unidade de resgate de reféns e contraterrorismo), para tentar capturar ou matar Maduro.

Nessa opção, o governo Trump buscaria contornar as proibições contra o assassinato de líderes estrangeiros argumentando que Maduro é, antes de tudo, o chefe de uma quadrilha de narcoterroristas, uma extensão dos argumentos usados para justificar os ataques aéreos dos EUA contra embarcações que, segundo o governo, transportam drogas.

O Departamento de Estado oferece uma recompensa de US$ 50 milhões (R$ 270 milhões) pela prisão ou condenação de Maduro. O governo Trump também pode argumentar que, como Maduro reprimiu a oposição e trabalhou para fraudar as eleições, ele não é o líder legítimo do país. O governo de Joe Biden se recusou a reconhecê-lo como presidente da Venezuela depois que ele declarou vitória no ano passado.

Uma terceira opção envolve um plano muito mais complexo para enviar forças antiterroristas americanas a fim de assumir o controle de aeroportos e de pelo menos alguns dos campos de petróleo e infraestrutura da Venezuela. Essas duas últimas opções acarretam riscos muito maiores para militares americanos em terra - sem mencionar os civis -, especialmente se a operação ocorrer em ambiente urbano como Caracas, a capital do país. (Com informações de agências internacionais)

Um tribunal de apelações de Paris decidiu liberar o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy da prisão e colocá-lo sob supervisão judicial, em anúncio realizado nesta segunda-feira, 10. A ação acontece menos de três semanas após Sarkozy começar a cumprir uma sentença de cinco anos por conspiração criminosa em um esquema para financiar sua campanha eleitoral de 2007 com fundos da Líbia.

Segundo o tribunal, Sarkozy será proibido de deixar o território francês e um julgamento de apelação deve ocorrer posteriormente.

Ele se tornou o primeiro ex-chefe de Estado francês em tempos modernos a ser enviado para trás das grades após sua condenação em 25 de setembro, mas nega qualquer irregularidade.

Durante a audiência realizada nesta segunda-feira, Sarkozy, falando da prisão La Santé em Paris via videoconferência, argumentou que sempre cumpriu todos os requisitos da justiça.

"Eu nunca imaginei que experimentaria a prisão aos 70 anos. Esta provação me foi imposta, e eu a vivi. É difícil, muito difícil", disse ele. Fonte: Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.