Bolsonaro réu: o que dizem governistas e opositores sobre resultado do julgamento no STF

Política
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Logo que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) acolheu a denúncia e colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no banco dos réus, no início da tarde desta quarta-feira, 26, bolsonaristas publicaram mensagens de apoio ao líder e revolta pela decisão dos ministros, enquanto governistas comemoraram a abertura da ação penal contra o ex-chefe do Executivo.

A polarização pôde ser vista nos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter): os dois assuntos no topo do ranking da plataforma foram "Bolsonaro preso", com 62,7 mil posts, e "#BolsonaroTemRazao", com 14,1 mil publicações.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que "não foi Bolsonaro quem foi julgado", mas sim, "a democracia", afirmando que o "devido processo foi ignorado". O deputado esteve ao lado de Bolsonaro durante os mais de 40 minutos em que o ex-presidente se pronunciou à imprensa após a decisão da Turma em torná-lo réu.

O deputado federal Sanderson (PL-RS) também atacou a decisão dos ministros, afirmando a Corte está "a serviço do mal". "Seguimos em frente, porque no final o bem sempre vence o mal", escreveu. O deputado esteve presente no STF durante os dois dias de julgamento.

Outros parlamentares e políticos, como o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), seguiram na linha de que a ação penal por tentativa de golpe de Estado, na verdade, seria uma forma para impedir que Bolsonaro participe das eleições de 2026. O ex-presidente está inelegível até 2030 por duas condenações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Bolsonaro é o maior líder de oposição no Brasil e merece estar nas urnas em 2026. Deixa o povo decidir!", escreveu o correligionário.

O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) disse que a aceitação da denúncia é apenas "mais uma etapa da campanha contra Bolsonaro ser candidato em 2026". O delegado fez um convite na mesma publicação para os bolsonaristas comparecerem à manifestação em favor do réu, marcada para dia 6 de abril, na Avenida Paulista, em São Paulo.

Outros deputados, como Gustavo Gayer (PL-GO) e Bia Kicis (PL-DF), sustentaram a argumentação de que o julgamento teria sido "combinado", usando expressões como "cartas marcadas" e "vícios jurídicos".

"Como já era esperado nesse teatro judicial de péssima qualidade, a mais baixa Corte do Brasil torna réu o maior líder político da história brasileira pelo crime de despertar o povo do calabouço ideológico em que viviam", escreveu Gayer.

"Não causou surpresa a ninguém o recebimento da denúncia pela primeira turma do STF. Jair Bolsonaro e seus aliados já estão sentenciados", disse a deputada.

Já do outro lado, governistas comemoram a decisão da Primeira Turma, afirmando que esta quarta é um "dia histórico".

Líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE) afirmou que a decisão é "um passo importante para o fortalecimento da democracia e para mostrar que todos estão sujeitos à Justiça". "A impunidade não tem espaço em um Estado Democrático de Direito", completou.

"Bolsonaro é réu e precisa pagar por cada um dos seus crimes", escreveu o senador Humberto Costa (PT-PE). O parlamentar ainda citou o voto da ministra Cármen Lúcia, que, duramente, qualificando a denúncia da tentativa de golpe como muito séria, fez parâmetros com o regime militar do Brasil entre 1964 e 1989.

Deputado federal e ex-ministro do governo Lula, Paulo Pimenta (PT-RS) também citou o registro do ministro Flávio Dino sobre a ditadura militar. "Durante o julgamento dos criminosos que atacaram o país em 8 de janeiro, o ministro Flávio Dino foi claro e firme: não há espaço para tolerância com golpistas! Quem ameaça a democracia precisa ser responsabilizado", escreveu junto a um vídeo com a fala do ministro.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) afirmou que "é hora da Justiça ser feita e daqueles que atentaram contra a nossa democracia serem punidos".

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse considerar "muito significativo" que o processo tenha seguido o devido processo legal e os réus tenham amplo direito à defesa. "Tudo transcorrido no Estado Democrático de Direito que os réus tentaram abolir", ironizou.

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O líder do grupo libanês Hezbollah, Naim Kassem, disse neste sábado que, se os ataques de Israel ao Líbano continuarem e o governo libanês não agir para detê-los, o grupo acabará recorrendo a outras alternativas. O comentário foi feito um dia depois de Israel lançar um ataque à capital do Líbano pela primeira vez desde que um cessar-fogo encerrou a última guerra entre Israel e o Hezbollah em novembro. O ataque a Beirute ocorreu horas depois de dois foguetes terem sido disparados do Líbano em direção a Israel. O Hezbollah negou tê-los disparado.

"Nós cumprimos totalmente e não temos presença ao sul de Litani, mas Israel não cumpriu. Israel está realizando agressões todos os dias", disse Kassem em discurso televisionado na noite de sábado.

Kassem deveria fazer seu discurso na sexta-feira para marcar o Dia de Jerusalém, que geralmente é realizado na última sexta-feira do mês sagrado muçulmano do Ramadã. No entanto, foi adiado por causa dos ataques aéreos israelenses em diferentes partes do Líbano, incluindo um subúrbio da capital.

"Esses (ataques israelenses) não são violações. Eles são uma agressão que ultrapassou todos os limites", completou, acrescentando ainda que Israel parece estar pressionando o Líbano a normalizar as relações com ele, um movimento que o Hezbollah rejeita totalmente. "Israel não obterá em tempos de paz o que não foi capaz de obter na guerra", afirmou. "Que todos saibam que esta resistência (Hezbollah) está presente e pronta e, ao mesmo tempo, comprometida com o acordo."

Não houve resposta imediata das autoridades israelenses. Fonte: Associated Press.

O Hamas disse neste sábado que aceitou uma nova proposta de cessar-fogo em Gaza, feita pelo Egito e pelo Catar. No entanto, Israel afirmou ter feito uma contraproposta em "coordenação total" com o terceiro mediador, os Estados Unidos.

No início da semana, o Egito fez uma proposta para colocar o cessar-fogo de volta no eixo, após Israel retomar os ataques. Não ficou imediatamente claro se a proposta mudou antes de Khalil al-Hayyah, o líder do Hamas em Gaza, anunciar que havia sido aceita.

Segundo uma fonte egípcia ouvida pela Associated Press, o acordo consistiria na libertação de cinco reféns pelo Hamas, incluindo um americano-israelense, de Gaza, em troca de Israel permitir a entrada de ajuda no território e uma pausa de uma semana nos combates. Israel libertaria centenas de prisioneiros palestinos.

No sábado, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não deu detalhes sobre a contraproposta de Israel, que disse ter sido oferecida após Netanyahu ter realizado consultas na sexta-feira. Também no sábado, Israel ampliou suas operações terrestres na cidade de Rafah, no sul de Gaza, perto da fronteira com o Egito. Fonte: Associated Press.

O Governo de Unidade Nacional paralelo de Mianmar (NUG, na sigla em inglês), que coordena a luta popular contra os militares no poder, anunciou hoje um cessar-fogo parcial unilateral para facilitar os esforços de socorro ao terremoto. O anúncio informa que a Força de Defesa do Povo, seu braço armado, fará uma pausa de duas semanas nas operações militares ofensivas a partir de domingo nas áreas afetadas pelo terremoto.

O comunicado afirmou ainda que "colaboraria com a ONU e organizações não governamentais para garantir a segurança, o transporte e o estabelecimento de acampamentos temporários de resgate e médicos" nas áreas que controla. "Apelamos a todos os grupos étnicos e cidadãos para cooperar ativamente com o NUG e as forças revolucionárias no fornecimento de resgate de emergência abrangente e assistência de socorro às vítimas do terremoto", completou o anúncio.

O plano representa um desafio político aos militares, que restringiram fortemente os esforços de ajuda para mais de 3 milhões de pessoas deslocadas pela guerra, mesmo antes do terremoto. Simpatizantes da resistência pediram que os esforços de socorro incorporassem ajuda transportada livremente para áreas sob o controle do Governo de Unidade Nacional.

Não houve comentários imediatos dos militares sobre o anúncio, que foi divulgado pouco antes da meia-noite (no horário local). A mídia independente de Mianmar relatou que os militares continuaram os ataques aéreos em áreas controladas pela resistência, mesmo após o terremoto. Fonte: Associated Press.