Zambelli: 'Bolsonaro perdeu por outro motivo e não por esse da arma'

Política
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse nesta quinta-feira, 27, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu a eleição presidencial de 2022 por "outro motivo" e não porque ela perseguiu um homem armada na véspera do segundo turno. Em entrevista a um podcast na segunda-feira, 24, Bolsonaro creditou o caso como responsável pela derrota.

"Eu acho que pode sim ter acontecido algum tipo de mudança de voto e pode ter influenciado. Mas eu não acho que tenha tido influência tamanha para tomar a eleição dele. Para mim, o Bolsonaro perdeu por outro motivo e não por esse da arma", afirmou Zambelli em entrevista à CNN.

Em participação ao podcast Inteligência Ltda. na segunda-feira, 24, Bolsonaro afirmou que Zambelli "tirou o mandato" dele ao perseguir Luan Araújo, um jornalista negro, com uma arma na mão no bairro dos Jardins, em São Paulo.

"Carla Zambelli tirou o mandato da gente. Aquela imagem da Zambelli perseguindo o cara... Aquilo fez gente pensar: 'Olha, o Bolsonaro defende o armamento'. Mesmo quem não votou no Lula, anulou o voto. A gente perdeu", afirmou Bolsonaro.

Na entrevista concedida à CNN, Zambelli disse que ficou "entristecida" com a declaração de Bolsonaro e que colocar a culpa da derrota no caso é um "peso muito grande".

"Essa declaração do Bolsonaro me deixou muito entristecida, é um peso muito grande para uma pessoa carregar, ainda mais uma pessoa como eu, que sou patriota, que tenho uma responsabilidade para com as pessoas e com o País", disse a deputada.

Zambelli afirmou também que o remorso pelo caso e as acusações de ter influenciado a eleição de 2022 são motivos pelo qual ela sofre de depressão profunda. A parlamentar disse ainda que se arrepende de ter "perdido a cabeça" no episódio.

"Eu me arrependo de ter feito isso porque eu poderia, simplesmente, ter voltado para o restaurante, ter me abrigado lá dentro e ter esperado esses caras irem embora", disse.

Na manhã desta terça-feira, 25, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para condenar Zambelli por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma de fogo.

Além de uma pena estipulada em cinco anos e três meses de prisão, a condenação pode resultar na perda do mandato da deputada federal. Apesar da maioria estar formada, o julgamento ainda não foi encerrado e a condenação não será imediata. Além disso, mesmo após o encerramento do julgamento, cabem recursos à sentença proferida.

A maioria dos ministros seguiu o entendimento do relator do caso, Gilmar Mendes. Seguiram o entendimento dele os ministros Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin e Dias Toffoli. Restam os votos de Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Luiz Fux, André Mendonça e Nunes Marques, que pediu vista dos autos.

Zambelli alega que tinha porte federal de arma no dia do caso e acredita que a condenação vai ser revertida. Nesta quarta-feira, 27, Bolsonaro, que não mantém contato com Zambelli por conta do episódio em que acredita ter motivado a derrota, classificou a decisão do STF como "injustiça".

"Injustiça. Uma injustiça com a Carla Zambelli. Pelo que eu sei, ela tem porte de arma [...] Um exagero. Não só a cassação do mandato, bem como o número de anos de prisão. Ela corre atrás de uma pessoa desarmada. Ela errou?", afirmou o ex-presidente, durante entrevista após decisão unânime do STF que o tornou réu por tentativa de golpe de Estado.

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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pediu neste domingo, 30, que o grupo terrorista Hamas se desarme. Caso os terroristas aceitem a demanda, os líderes do Hamas poderão deixar a Faixa de Gaza. Israel retomou seus bombardeios aéreos e sua ofensiva terrestre no enclave palestino no dia 17 de março, após uma frágil trégua de dois meses.

"Com relação ao Hamas em Gaza, a pressão militar funciona. Podemos ver que rachaduras estão começando a aparecer nas exigências do grupo nas negociações", declarou Netanyahu no início de uma reunião de gabinete. "O Hamas deve entregar suas armas. Seus líderes então poderão sair do território".

As declarações de Netanyahu coincidem com a tentativa dos países mediadores - Egito, Catar e Estados Unidos - de voltar a negociar um cessar-fogo e garantir a libertação dos reféns israelenses ainda mantidos em Gaza.

Nova proposta

Um oficial do gabinete político do grupo terrorista Hamas afirmou no sábado, 29, que o grupo aceitou nova proposta de cessar-fogo apresentada por mediadores do Egito. Israel recebeu o texto e enviou uma contraproposta em coordenação com os Estados Unidos.

Segundo a proposta, o grupo terrorista Hamas deve libertar cinco reféns israelenses vivos, em troca de 50 dias de trégua e a libertação de prisioneiros palestinos. Corpos de reféns de Israel também seriam devolvidos durante a trégua.

Ainda há 59 reféns israelenses no cativeiro do Hamas. Israel acredita que apenas 24 estejam vivos, mas deseja a volta dos corpos dos sequestrados para que os familiares enterrem propriamente seus entes queridos.

Por meio de relatos de reféns libertados, famílias de pelo menos 13 sequestrados receberam informações de que seus parentes estão vivos desde o início do cessar-fogo em janeiro. Alguns reféns apareceram em vídeos publicados pelo Hamas, como Evyatar David e Guy Gilboa-Dalal, levados à "cerimônia" de libertação dos outros sequestrados durante a primeira fase da trégua, em sinal claro de tortura psicológica.

O grupo terrorista também publicou um vídeo de despedida dos irmãos argentinos Eitan e Yair Horn antes da libertação de Yair no dia 15 de fevereiro. O Estadão entrevistou o pai dos argentinos, Itzik Horn, para uma reportagem especial de um ano da guerra entre Israel e Hamas.

O conflito começou no dia 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense e mataram 1,2 mil pessoas. Naquele dia, 251 israelenses foram sequestrados pelo grupo terrorista. Após o ataque, Israel iniciou uma ofensiva na Faixa de Gaza que deixou mais de 50 mil mortos no enclave palestino, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e não diferencia civis de terroristas.

Netanyahu desafia ordem do TPI

O primeiro-ministro de Israel anunciou neste domingo que irá viajar para a Hungria, no dia 2 de abril. A viagem irá desafiar uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Netanyahu por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.

Durante a visita, o primeiro-ministro de Israel deve se reunir com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, e outras altas autoridades húngaras. Ele retornará a Israel no dia 6 de abril.

A Hungria assinou o Estatuto de Roma, o tratado internacional que criou o TPI, em 1999 e o ratificou dois anos depois, durante o primeiro mandato de Orban. No entanto, Budapeste nunca promulgou a convenção associada ao Estatuto de Roma, por razões de conformidade com sua Constituição. Por isso, alega não ser obrigada a cumprir as decisões do TPI. (Com agências internacionais).

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a comentar sobre a possibilidade de tentar um terceiro mandato em 2030, o que é proibido pela Constituição americana. Em entrevista à NBC News, o republicano disse que "há métodos para fazer isso", sem esclarecer quais seriam.

Trump disse não estar "brincando" ao abordar a possibilidade de concorrer a mais um mandato presidencial, mas reforçou que "é muito cedo para pensar sobre isso". O presidente americano afirmou que há "muita gente querendo que ele tente ser presidente pela terceira vez. "Mas eu basicamente digo a eles que temos um longo caminho a percorrer, ainda é muito cedo", acrescentou.

A 22ª Emenda da Constituição dos EUA proíbe que uma pessoa ocupe a cadeira presidencial por três vezes, mesmo que não sejam consecutivas. Trump já presidiu os EUA no seu primeiro mandato entre 2017 e 2021, antes de retornar à Casa Branca neste ano.

O primeiro-ministro da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen, afirmou neste domingo (30) que os Estados Unidos não assumirão o controle do território insular, um dia depois de o presidente americano Donald Trump citar até a possibilidade de uso de força militar para tomar a ilha.

"O presidente Trump diz que os Estados Unidos ficarão com a Groenlândia. Deixe-me ser claro: os Estados Unidos não ficarão a Groenlândia. Não pertencemos a mais ninguém. Nós decidimos nosso próprio futuro", disse Nielsen em uma publicação no Facebook.

A Groenlândia é um território autônomo da Dinamarca que, como os Estados Unidos, faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Segundo Trump, a anexação do território seria uma questão de segurança nacional para os americanos.