Lula já prometeu afastar Juscelino Filho caso ministro fosse denunciado pela PGR

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em junho do ano passado que afastaria de seu governo o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, caso ele fosse denunciado. Nesta terça-feira, 8, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ministro por suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de emendas quando ele era deputado.

Na ocasião, quando a Polícia Federal (PF) havia indiciado Juscelino, Lula afirmou que ainda cabia etapas no rito processual, que agora poderá se tornar uma ação penal caso o Supremo Tribunal Federal (STF) decida aceitar a denúncia.

"O que eu disse para o Juscelino: a verdade só você sabe. Se o procurador indiciar você, você sabe que tem que mudar de posição. Enquanto não houver indiciamento, você continua como ministro. Tem que ser afastado (se for aceito o indiciamento)", disse Lula em entrevista ao UOL. Questionado diretamente se haveria o afastamento em caso de aceitação do indiciamento, Lula respondeu que sim. "Vai ser afastado. Ele sabe disso."

Até a publicação deste texto, o governo ainda não havia se posicionado sobre a denúncia.

Como mostrou a Coluna do Estadão na época do indiciamento, o presidente demonstrou, nos bastidores, desconforto com a situação. Lula considerou, no entanto, que o União Brasil deveria ser ouvido antes de qualquer decisão, já que o ministro é uma indicação do partido. Auxiliares palacianos ouvidos pela Coluna avaliaram que o melhor caminho seria o próprio partido manifestar interesse na substituição de Juscelino, ao menos até o fim das investigações, evitando assim rusgas entre o governo e a legenda.

Na semana seguinte ao indiciamento, Lula elogiou seu ministro, afirmando que estava "feliz" em tê-lo no governo. "Trabalho sempre com ideia que nenhum ser humano é totalmente mal, também tem coisa boa", afirmou Lula em uma entrevista para a Rádio Mirante News FM.

O caso apurado pela PF e transformado em denúncia diz respeito a práticas criminosas supostamente cometidas por Juscelino durante o mandato como deputado federal pelo União Brasil, partido pelo qual foi reeleito pelo Maranhão em 2022.

A investigação que levou à denúncia iniciou após reportagens publicadas pelo Estadão. Em janeiro de 2023, o jornal revelou que o ministro, quando deputado, destinou recursos do orçamento secreto para asfaltar uma estrada na cidade que passava pela fazenda da sua família.

Entre os mais de R$ 50 milhões indicados pelo então deputado em emendas do orçamento secreto na Câmara, pelo menos R$ 5 milhões foram destinados para asfaltar a estrada que leva a uma de suas propriedades particulares, uma fazenda em Vitorino Freire (MA). A irmã do ministro, Luanna Rezende, era prefeita do município de pouco mais de 30 mil habitantes.

As investigações sobre o possível desvio de verbas federais na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), responsável pelas obras, foi concluída em junho do ano passado pela PF, que imputou ao ministro os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A denúncia, primeira do procurador-geral Paulo Gonet contra um membro do primeiro escalão do governo Lula, é sigilosa e está em formato físico.

Quando foi indiciado pela Polícia Federal, o ministro negou irregularidades e alegou que a investigação "distorceu premissas".

Em nota nesta terça-feira, 8, os advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso e Francisco Agosti, que representam o ministro, disseram que ele "reafirma sua total inocência" e que o oferecimento da denúncia "não implica em culpa".

"Como deputado federal, no mandato anterior, Juscelino Filho limitou-se a indicar emendas parlamentares para custear a realização de obras em benefício da população. Os processos de licitação, execução e fiscalização dessas obras são de competência exclusiva do Poder Executivo, não sendo responsabilidade do parlamentar que indicou os recursos", diz a nota.

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As forças armadas de Israel atacaram o principal líder do Hamas em Gaza nesta terça-feira, 13, em um ataque aéreo que, se for bem-sucedido, marcará uma importante vitória militar em um momento em que o país está sob pressão para encerrar a guerra.

Uma autoridade israelense disse que o ataque tinha como alvo Mohammed Sinwar, que efetivamente assumiu o comando do Hamas em Gaza depois que Israel matou seu irmão, Yahya Sinwar, em outubro. Israel pode levar dias para determinar se o ataque foi bem-sucedido, afirmou outra autoridade.

Mohammed Sinwar foi responsável pela construção da ala militar do Hamas e era próximo do principal comandante do grupo terrorista designado pelos EUA, Mohammed Deif, que foi morto por Israel no ano passado.

Se Mohammed Sinwar estiver morto, isso significaria que todos líderes mais importantes do Hamas por trás do ataque de 7 de outubro foram eliminados.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve se encontrar com o novo presidente da Síria, Ahmed Al-Sharaa, quando o sírio viajar para Riad, a capital saudita, na quarta-feira, 14, de acordo com uma autoridade da Casa Branca.

Segundo uma autoridade síria, Sharaa espera garantir o fim das sanções americanas à Síria, que estão prejudicando a economia do país. O líder, um islamita anteriormente alinhado ao Estado Islâmico no Iraque e à Al-Qaeda, que ainda é considerado terrorista por Washington, renunciou a seus laços com o radicalismo e prometeu liderar um governo inclusivo.

Sharaa está tentando obter o apoio dos EUA para reconstruir a Síria após mais de uma década de guerra civil e autoridades do governo dizem que ele quer compartilhar com Trump sua visão de uma reconstrução no estilo do Plano Marshall, na qual empresas americanas e ocidentais venceriam a concorrência da China e de outras potências. Ele está entrando em contato com Israel por meio de intermediários e sinalizando disposição para permitir que empresas americanas de petróleo e gás operem no país.

O ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica morreu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos. A notícia foi confirmada nas redes sociais pelo atual presidente do país, Yamandú Orsi.

"Com profunda dor, comunicamos que faleceu nosso companheiro Pepe Mujica. Presidente, militante, referência e líder. Vamos sentir muito a sua falta, querido Velho. Obrigado por tudo o que nos deu e por seu profundo amor pelo seu povo", escreveu Orsi.

Ontem, em entrevista à imprensa uruguaia, a ex-vice-presidente e esposa de Mujica, Lucía Topolanski, havia revelado que o ex-mandatário estava em "fase terminal" de um câncer no esôfago e recebia cuidados paliativos para o alívio da dor. Segundo ela, a equipe médica fazia o possível para que Mujica se sentisse "da melhor maneira possível".

A causa oficial da morte ainda não foi divulgada.