Malafaia chama Motta de 'mentiroso' e acusa presidente da Câmara de agir em causa própria

Política
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O pastor Silas Malafaia voltou a criticar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na queda de braço que bolsonaristas travam para que o projeto de lei da anistia aos presos do 8 de Janeiro avance na Casa.

Em vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira, 8, o pastor bolsonarista chamou o presidente da Câmara de "mentiroso", por ter dito que, para não aumentar "uma crise institucional", conduzirá o tema "com a serenidade que ele requer" - se referindo à pressão dos parlamentares bolsonaristas para que o projeto, em benefício do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seja pautado.

"Ele falou que é contra a urgência do projeto da anistia porque isso tensiona os Poderes da República. Mentiroso. A anistia pertence ao Congresso Nacional, não pertence ao STF, nem a Lula e seu governo. Ele está enganando o povo brasileiro", disse o pastor, afirmando que o deputado está "a serviço de Alexandre de Moraes e de Lula".

O deputado foi procurado pelo Estadão para comentar as declarações do pastor, mas não se pronunciou.

Malafaia acusou Motta de pautar quatro projetos de lei, propostos pelo Judiciário, sem a assinatura dos líderes e sem pedido de urgência. Todos os projetos, entretanto, possuem requerimento de urgência assinados pelo líder do Republicanos, deputado Gilberto Abramo (MG), partido de Motta, e tramitaram pelas comissões temáticas da Casa. As propostas são relativas a criação de cargos comissionados, criação de Varas e mudança de nomenclatura de cargos.

O requerimento de urgência é um procedimento que acelera a tramitação de uma proposta legislativa, e cabe ao presidente decidir o que será votado no plenário da Casa.

Como os textos dispõem sobre o funcionamento interno de um Poder, é competência da Câmara iniciar a tramitação das propostas. São três projetos de autoria do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e um do Supremo Tribunal Federal (STF). No vídeo, o pastor afirmou que Motta está pautando os projetos porque "tem investigação da Polícia Federal contra ele e o pai dele". "Ele quer se proteger", acusou.

Pastor se referiu à Operação Outside, com segunda deflagrada pela Polícia Federal na última quinta-feira, 3, que investiga suspeitas de fraude, superfaturamento e desvio de recursos federais destinados a obras em Patos, no sertão da Paraíba. A cidade é administrada por Nabor Wanderley (Republicanos), pai de Motta. A prefeitura informou que nenhum de seus prédios foi alvo de busca e apreensão.

Como mostrou o Estadão, líderes e integrantes do Centrão dizem não acreditar que o projeto da anistia avance na Câmara, e veem os ataques de Malafaia contra Motta como "um tiro no pé".

Na Avenida Paulista, no último domingo, 6, no ato em que Bolsonaro reuniu 44,9 mil apoiadores, o pastor disse que Motta envergonha o "honrado povo da Paraíba" ao não pautar a anistia no plenário da Casa.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bloqueou um plano de Israel para atacar instalações nucleares no Irã, segundo informações do jornal americano The New York Times, em meio às negociações entre Washington e Teerã.

Os dois países, sem relações diplomáticas há mais de 40 anos, buscam um novo acordo sobre o programa nuclear do Irã depois que Trump retirou os Estados Unidos, durante seu primeiro mandato, de um pacto anterior sobre o tema.

Depois de uma primeira reunião em Omã na semana passada, o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e o ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, participarão de uma segunda rodada de negociações em Roma no sábado.

Ataque

Neste contexto, fontes do governo Trump explicaram ao jornal que Israel havia solicitado ajuda de Washington para efetuar um ataque em maio contra as instalações nucleares do Irã.

Segundo o NYT, o plano e sua possível execução foram avaliados pelo governo dos Estados Unidos por meses.

Porém, durante uma visita à Casa Branca do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu na semana passada, Trump disse ao israelense que não apoiaria um ataque.

Ao mesmo tempo, o presidente republicano anunciou de maneira surpreendente as negociações com o Irã sobre seu programa nuclear.

Desde sua posse em janeiro, Trump intensificou a pressão contra Teerã, com mais sanções e ameaças de uma ação militar caso os países não alcancem um acordo sobre a questão.

Estados Unidos, Israel e outros países ocidentais consideram que o programa nuclear do Irã busca o desenvolvimento da bomba atômica, o que Teerã nega.

Inspeção

Em meio as negociações entre Washington e Teerã, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, advertiu nesta quinta-feira que os países têm "pouco tempo" para alcançar um acordo sobre o programa nuclear iraniano.

"Estamos em uma fase crucial destas negociações importantes. Sabemos que temos pouco tempo, por isso quero facilitar este processo", disse Grossi em uma entrevista coletiva em Teerã ao lado do chefe da agência iraniana de energia atômica, Mohamad Eslami.

Segundo a AIEA, o Irã manteve o compromisso até o rompimento do acordo por Trump. Em seu relatório mais recente, a agência afirma que Teerã dispõe de urânio enriquecido a 60%, próximo dos 90% necessários para produzir uma arma atômica.

O diplomata argentino teve uma reunião na quarta-feira, 16, com Araqchi, que também lidera a delegação iraniana nas negociações com Washington. O chanceler de Teerã celebrou nesta quinta-feira uma "discussão útil" com Grossi.

"Nos próximos meses, a agência pode desempenhar um papel crucial na resolução pacífica da questão nuclear iraniana", afirmou. Mas em sua mensagem, o chanceler também alertou que "alguns criadores de problemas estão se reunindo para provocar o descarrilamento das negociações".

A acusação pareceu direcionada às mudanças de posição da administração de Donald Trump.

O enviado do governo Trump, Steve Witkoff, defendeu na segunda-feira, 14, limitar as capacidades de enriquecimento de urânio do Irã, mas um dia depois pediu o desmantelamento total do programa, o que representa uma linha vermelha para Teerã. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O ministro de Defesa de Israel, Israel Katz, disse nesta quarta-feira, 16, que tropas permanecerão nas chamadas zonas de segurança na Faixa de Gaza, no Líbano e na Síria "indefinidamente", o que pode complicar ainda mais as negociações com o Hamas sobre um acordo e a libertação de reféns.

As forças israelenses tomaram mais da metade de Gaza em uma campanha renovada para pressionar os militantes do Hamas a libertar reféns depois que Israel encerrou o cessar-fogo no mês passado.

Israel também se recusou a se retirar de algumas áreas no Líbano após um cessar-fogo com o grupo militante Hezbollah no ano passado, e tomou uma zona tampão no sul da Síria depois que os rebeldes derrubaram o presidente sírio, Bashar Assad, em dezembro.

Um apagão atingiu toda a ilha de Porto Rico nesta quarta-feira, 16, enquanto os moradores do território norte-americano, em sua maioria católicos, se preparavam para celebrar o fim de semana da Páscoa, disseram autoridades.

Todos os 1,4 milhão de clientes da ilha estavam sem energia, disse Hugo Sorrentini, porta-voz da Luma Energy, que supervisiona a transmissão e distribuição de energia. "A ilha inteira está sem geração", disse.

Enquanto isso, pelo menos 78.000 clientes ficaram sem água, com as autoridades alertando que a energia provavelmente não será totalmente restabelecida nas próximas 48 a 72 horas.

"Isso é inaceitável", disse Josué Colón, chamado czar da energia da ilha e ex-diretor executivo da Autoridade de Energia Elétrica de Porto Rico.

Não se sabia o motivo exato para o apagão, o mais recente de uma série de falhas de fornecimento de energia na ilha nos últimos anos. A governadora Jennifer González , que estava viajando, disse que as autoridades estavam "trabalhando com diligência" para resolver o problema.

Milhares de porto-riquenhos ficaram furiosos com a última queda de energia, ampliando os apelos para que o governo cancele o contrato com a Luma e a Genera PR, que supervisiona a geração de energia na ilha.